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Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva

versión impresa ISSN 1517-5545

Rev. bras. ter. comport. cogn. vol.9 no.2 São Paulo dic. 2007

 

ARTIGOS

 

Conseqüências da interpretação funcional de termos psicológicos 1

 

Consequences of the functional interpretations of psychological terms

 

 

Bruno Angelo Strapasson2 ; Kester Carrara3; Jair Lopes Júnior4

Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Campus de Bauru

 

 


RESUMO

A Análise do Comportamento (AC) tem-se beneficiado de uma determinada modalidade de interpretação operacional de termos/expressões desenvolvido(a)s em outros sistemas da Psicologia e áreas afins. O modelo skinneriano de interpretação operacional de termos de outras teorias constitui-se da análise do contexto em que teóricos e pesquisadores emitem os termos/expressões analisados. Trata-se, portanto, da análise do comportamento verbal de psicólogos. Inúmeros exemplos dessa prática podem ser encontrados na obra de Skinner e são recorrentes nos diversos periódicos da AC. Neste artigo, discutem-se as implicações dessas análises para a sobrevivência da AC enquanto prática cultural, para o aperfeiçoamento conceitual, teórico e tecnológico da AC e para o ensino da AC. Com base nessas análises, propõe-se que a interpretação de termos de outras teorias seja considerada um programa de pesquisa importante e receba maior atenção dos analistas do comportamento.

Palavras-chave: Behaviorismo Radical, Interpretação funcional, Tradução, Análise operacional.


ABSTRACT

The Behavior Analysis (BA) has benefited in the past and continues to benefit from a specific kind of operational interpretations of terms/expressions developed in other systems of Psychology and similar areas. The Skinnerian model of the operational interpretation of terms of other theories consists of the analysis of the context where theoreticians and researchers emit the analyzed terms/expressions. Therefore, these interpretations are analysis of the verbal behavior of psychologists. Innumerable examples of this practice can be found in the workmanship of Skinner and are recurrent in diverse periodics of the BA. In this article we argue the implications of these analyses for the survival of the BA as a cultural practice, for the conceptual, theoretical, and technological perfectioning of the BA and for teaching BA. Based on these analyses, it can be argued that the interpretation of terms of other theories should be considered an important program of research and should receive greater attention from the behavior analysts.

Keywords: Radical Behaviorism, Functional interpretation, Translation, Operational analysis.


 

 

Uma característica marcante, por vezes indicada como definidora, do Behaviorismo Radical (a filosofia que embasa a Análise do Comportamento- AC) de Skinner é sua rejeição às chamadas explicações mentalistas do comportamento (Carvalho Neto, 2000, p. 108). O termo “mentalista”, para Skinner, tem um sentido relativamente amplo e parece indicar não apenas eventos que, na linguagem cotidiana, chamamos de mentais, ou que teóricos da psicologia identificam como pertencendo a um plano mental (qualitativamente diferente do físico), mas se refere também a qualquer tentativa de explicação do comportamento que utilize, em sua proposição, eventos em outros níveis de observação que não o do comportamento (cf. Skinner, 1950/1999), sejam eles mentais, neurológicos, espirituais, etc (cf. Carvalho Neto, 2000). Entre os principais problemas que surgem de explicações mentalistas, estão a noção de que, ao inferir eventos mediadores do comportamento e atribuir status de agente causal a tais eventos, localizados em níveis diferentes de análise, atrasaríamos o desenvolvimento de uma ciência que tenha o comportamento como objeto de estudo (e.g. Skinner, 1938/1991, 1945/1984, 1950/1999, 1987), o que, por sua vez, acarretaria dificuldades na criação de tecnologias úteis para a resolução de problemas humanos (e.g. Skinner, 1953/1965, 1957, 1987, 1990).

Contudo, evitar explicações mentalistas não significa abandonar a leitura da produção das tradições psicológicas que se utilizam delas. O próprio Skinner (1953/1965) defendia que o conhecimento produzido por outras teorias não deveria ser ignorado, e o apelo de Marr (1984), Branch (1992, p. 3), Staddon (1993, p. 491), Hawkins e Forsyth (1997), De Rose (1999, pp.71-72) e Green (2006, p. 1) seguem nesse sentido. Segundo Marr (1984), “outras concepções teóricas contribuíram e continuarão contribuindo muito em desafiar a análise do comportamento que, aceitando esses desafios, irá fortalecer sua própria posição ou, se necessário, abandoná-la” (p. 361). A justificativa para darmos maior atenção às produções de outras teorias remete a, pelo menos, dois argumentos: a) apesar de assumir entidades iniciadoras do comportamento, internas ao organismo, as teorias mentalistas só podem inferir essas entidades ou estados a partir de eventos comportamentais e, portanto, trazem dados que podem ser de interesse da AC (De Rose, 1999, p. 72) e b) ao diagnóstico de Krantz (1971) de que a AC estaria, já há algum tempo, isolada das outras áreas da psicologia, ignorando suas produções ao invés de se beneficiar delas de forma heurística.

Apesar de Krantz (1971) indicar certo isolamento da AC no início da década de 70, alguma mudança nessa postura começa a ser indicada não muito tempo depois. Hineline (1984), num editorial do Journal of the Experimental Analysis of Behavior (JEAB) faz um apelo para que os temas abordados pelos analistas do comportamento envolvam o debate com outras proposições teóricas: “Eu gostaria que [o JEAB] incluísse artigos que desenvolvem e clarificam relações entre a análise do comportamento e a pesquisa de outras tradições científicas” (p. 1). Pelo menos outros quatro editoriais do JEAB fizeram um apelo à diversificação de temas abordados pelos analistas do comportamento (Zelier, 1977; Nevin, 1980; Fantino, 1988; Green, 2006), e o próprio Skinner faz diversas dessas incursões durante sua trajetória acadêmica, desde sua tese de doutorado, na qual analisou o uso da expressão “reflexo” em textos acadêmicos da psicologia e fisiologia (Skinner, 1931/1999), até o final de sua carreira (e.g. Skinner, 1945/1984, 1954/1999, 1957, 1980, 1989).

O presente artigo pretende expor, brevemente, algumas das características comuns de interpretações funcionais de termos psicológicos, tais como as desenvolvidas por Skinner, e defender que o exercício dessas interpretações pode constituir um programa de pesquisas na AC.

 

Bases de uma interpretação comportamental: a análise operacional dos termos psicológicos

No início de sua carreira, mais precisamente com a publicação do livro Behavior of Organisms em 1938, Skinner mantinha uma postura quase paradoxal quanto a interpretações de termos de outras teorias ou do senso comum. Ao mesmo tempo em que realizava algumas dessas interpretações, como é o caso da sua tese de doutorado (Skinner, 1931/1999) em que sugere uma interpretação reducionista do reflexo (ele reduz a noção de reflexo em termos comportamentais), ele advoga o abandono de termos aparentemente incompatíveis com sua proposição (adotando, assim, uma postura eliminativista), sejam eles termos de outras teorias ou do senso comum (folk psychology):

Em se abordando um campo definido, para propósitos de descrição científica, nós esbarramos, de começo, na necessidade de um conjunto de termos. A maioria das linguagens está bem equipada a esse respeito, mas não para nossa vantagem.... A maioria desses termos [os do senso comum e os de outras teorias psicológicas] deve ser evitada na descrição científica do comportamento, mas não pelas razões comumente dadas. Não é verdade que eles não podem ser definidos... A objeção importante ao vernáculo na descrição do comportamento é que muitos desses termos implicam esquemas conceituais. Isso não significa que nós devemos abandonar completamente o discurso ordinário em uma ciência do comportamento. O único critério para a rejeição de um termo popular é a implicação de um sistema ou de uma formulação estendida para além das observações imediatas. (Skinner, 1938/1991, pp.6-8)

Posteriormente, em 1945, por ocasião do simpósio sobre operacionismo organizado por Boring, Skinner expõe formalmente uma teoria diferente sobre a interpretação de termos psicológicos. A análise então proposta por Skinner demarcou, no âmbito da constituição da Análise do Comportamento, simultaneamente, sua oposição a determinadas práticas lingüísticas de tratamento de termos usualmente presentes nos diferentes modelos teóricos da Psicologia, a saber, o Operacionismo Clássico, bem como a defesa de um estudo estritamente funcional do comportamento verbal, na qual a análise do significado dos termos psicológicos dar-se-ia em termos de identificação das contingências, ou seja, da descrição das condições funcionalmente relacionadas com a ocorrência (emissão) dos termos (Day, 1969; Flanagan, 1980; Moore, 1981; Tourinho, 1995). Desse modo, Skinner se afasta tanto do reducionismo como do eliminativismo. Não é mais necessário se referir aos sistemas que subjazem ao conceito e explicá-los (reduzi-los) em termos comportamentais, ou abandonar (eliminar) os conceitos e substituí-los por termos comportamentais; avalia-se não o conceito em si, mas o comportamento verbal do cientista que o propõe. Decorre daí que a interpretação comportamental de termos de outras teorias é limitada. Ela é limitada na medida em que raramente são analisados todos os usos de um termo ou expressão. Cada uso diferente deveria resultar em uma interpretação diferente, uma vez que é determinado por diferentes relações comportamentais. Assim, a interpretação comportamental de termos de outras teorias não pretende criar um equivalente comportamental desses termos mas, sim, tem uma função heurística na investigação de relações comportamentais possivelmente negligenciada pelos analistas do comportamento até agora.

Segundo Flanagan (1980), a análise operacional advogada por Skinner mantinha clara oposição ao dualismo expresso nas teses do Behaviorismo Metodológico. Esta versão de Behaviorismo expressava uma tradução das teses do operacionismo que:

Começa pré-teoricamente com a visão que dentre as coisas que as pessoas fazem algumas são públicas, abertas e conspícuas, o resto são privadas, mentais e inconspícuas. Considerando que apenas termos que se refiram à primeira classe de eventos podem ser operacionalmente definidos, apenas eles são cientificamente explicáveis, de modo aceitável, pela Psicologia. Embora os eventos privados se constituam em objeto de atenção científica, o cientista comportamental, por razões epistemológicas, se recusa a atentar para tais eventos. O resultado líquido dessa resistência epistemologicamente motivada, de acordo com Skinner, é que o pseudo-cientista usurpa, de modo radiante, dos restos rejeitados do domínio comportamental e continua a tratá-los de maneira pré ou anti-científica. Eventos privados são vistos como espontâneos, como externos às leis científicas, como criações do livre arbítrio e como objetos exclusivos do conhecimento “privado”. O cientista comportamental, nessa visão, pode esclarecer o andar, um reflexo patelar, a salivação e o piscar de olhos, mas as coisas mais importantes que as pessoas fazem, i.e., sentir e pensar, apenas podem ser compreendidas com sucesso (se é que podem) pelo indivíduo ou pelo metafísico. (Flanagan, 1980, p. 8)

O foco da análise operacional advogada por Skinner concentra-se em obstruir a perpetuação de mitos derivados de uma interpretação dualista da ação do mundo sobre um organismo, interpretação essa fundamentada na distinção entre o mundo físico e o mundo não-físico. Tal modalidade de análise operacional impõe a necessidade de se reconhecer que eventos físicos singulares podem estimular um organismo de vários modos distintos, dependendo da constituição deste e de sua capacidade de ser estimulado por diferentes formas de energia e de matéria. Assim, tanto tradições lingüísticas que admitem distinções entre dados sensoriais e percepção, como aquelas que diferenciam pensamentos e idéias, mostram-se convencidas de que “as coisas não são o que parecem” (Skinner, 1953/1965; p. 276) e estariam amparadas em argumentos dualistas refratários à análise operacional de Skinner, a saber, à tradução comportamental por ele proposta para os termos psicológicos.

Chuva é algo que nós vemos fora da janela, ou ouvimos no telhado, ou sentimos contra a face. Qual das formas de estimulação é a chuva? Deve ter sido difícil supor que alguma resposta discriminativa pudesse identificar um evento físico. Conseqüentemente deve ser tentador dizer que identificava uma sensação transitória mas unitária do evento. Eventualmente, a forma menos equívoca – estimulação por meio do contato com a pele – foi identificada como a mais próxima da realidade. Uma forma vagamente vista em uma sala escura não está “realmente lᔠaté que alguém possa tocá-la. Mas essa não é uma solução inteiramente satisfatória. A estimulação que surge pelo contato pode não estar em perfeito acordo com a originada visual ou auditivamente, e nós podemos não querer identificar uma forma com a realidade com exclusão das outras. Entretanto, ainda há psicólogos que argumentam a favor da prioridade de uma das formas de estimulação e, portanto, insistem na diferença entre experiência e realidade. (Skinner, 1953/1965, p. 276).

Em acréscimo, Skinner salienta que a diversidade dos modos de ação dos eventos físicos sobre um organismo é igualmente registrada nas ações contingentes a tal estimulação:

A chuva é uma coisa da qual se pode correr, pegar nas mãos para beber, preparar colheitas para receber, ou chamá-la ‘chuva’. Qual resposta é feita pela ‘chuva em si mesma’? A solução foi construir compreensões passivas da chuva, que supostamente não tinham nada a ver com respostas práticas. Ao que nos diz respeito, o problema está disposto por reconhecer que muitas respostas verbais e não verbais surgem sob controle de uma dada forma de estimulação. (Skinner, 1953/1965; p. 277).

Para o Behaviorismo Radical, a defesa de interpretações funcionais dos termos psicológicos presentes em distintos modelos teóricos da Psicologia é mantida, mesmo reconhecendo-se as limitações de se basear tais interpretações inteiramente na parte privada (não pública) de eventos complexos: “O reforçamento diferencial não pode ser feito contingente às propriedades da privacidade. Esse fato é de extraordinária importância na avaliação de termos psicológicos” (Skinner, 1945/1984, p. 550) o que tem implicações para a análise do comportamento verbal. Entretanto, essas implicações já foram discutidas em outros textos (Skinner, 1945/984, 1957) e não será abordada aqui, por ora, a constatação de que mesmo os termos que parecem se referir a eventos puramente privados são de interesse ao analista do comportamento é suficiente.

Meramente a título de exemplificação, poderíamos mencionar as principais características de uma interpretação comportamental de termos usualmente presentes em distintos modelos teóricos da Psicologia, fazendo referência a um artigo publicado em 1961, no qual Skinner argumentou em defesa dos princípios que orientavam a proposição das máquinas de ensino:

Nós podemos definir termos como ‘informação’, conhecimento e ‘habilidade verbal’ com referência ao comportamento do qual se infere a sua presença. Nós podemos então, ensinar diretamente o comportamento. Ao invés de ‘transmitir informação a um estudante’ nós podemos simplesmente ajustar o comportamento que é tido como sinal de que ele possui informação. Ao invés de ensinar o ‘conhecimento de francês’ nós podemos ensinar o comportamento do qual se infere tal conhecimento. Ao invés de ensinar a ‘habilidade de leitura’ nos podemos ajustar o repertório comportamental que distingue uma criança que sabe ler de uma que não sabe. (Skinner, 1961/1999; p. 223)

Cabe-nos, enfim, especificar as vantagens e o alcance de uma análise operacional dos termos psicológicos nos moldes preconizados por Skinner. Em última instância, tais atributos (as vantagens e o alcance) deveriam ser julgados em termos da consistência com a qual a interpretação comportamental dessas expressões viabilizaria um tratamento da noção de significado consistente com a constituição de uma ciência do comportamento humano comprometida com a previsão e o controle de seu objeto de estudo.

Skinner, de modo enfático e reincidente, sustenta que:

Uma vantagem considerável é obtida ao se considerar, de modo franco, termos, conceitos, construtos e assim por diante, na forma como eles são observados – ou seja, como respostas verbais. Não há perigo em incluir no conceito aqueles aspectos da natureza que ele sinaliza... Significado, conteúdos e referências devem ser encontradas entre os determinantes, não nas propriedades, da resposta. A questão “o que é comprimento?” parece ser satisfatoriamente respondida listando as circunstâncias sob as quais a resposta “comprimento” é emitida (ou melhor, dando uma descrição geral dessas cirscunstâncias) ... O que nós queremos saber no caso dos termos tradicionais da psicologia é, primeiro, as condições de estimulação específicas sob as quais eles são emitidos (isso corresponde a “encontrar os referentes”) e, segundo (e essa é uma questão muito mais importante e sistemática), porque cada resposta é controlada por essa condição correspondente. A última não é necessariamente uma questão genética. O indivíduo adquire linguagem pela sociedade, mas a ação reforçadora da comunidade verbal continua a exercer um importante papel em manter as relações específicas entre respostas e estímulos as quais são essenciais para o adequado funcionamento do comportamento verbal. Como a linguagem é adquirida, contudo, é apenas uma parte de um problema muito maior. (Skinner, 1945/1984, pp. 548-549).

A interpretação comportamental constitui-se, portanto, como produto de uma interpretação funcional do comportamento verbal de propor termos e conceitos no contexto de uma determinada comunidade como, por exemplo, um modelo teórico da Psicologia.

 

Análise de termos mentais como análise do comportamento verbal

Ao assumirmos que analisar conceitos de outras teorias é analisar o comportamento verbal dos proponentes desses conceitos, evitamos dificuldades que poderiam facilmente ser atribuídas a um programa de pesquisa como este.

Em primeiro lugar, diferenciamos a tradução de termos de outras teorias da mescla ou união de teorias. Ao analisar conceitos de outras teorias não pretendemos, como exposto acima, aderir às implicações desses conceitos ou mesmo forçar adaptações da AC no sentido de acomodar o conceito tal como ele é exposto na teoria de origem. A tradução de tais termos define-se pela identificação e análise das contingências que levam a proposição dos conceitos5. Um projeto dessa natureza não produz traduções fiéis de termos da linguagem cotidiana ou psicológica em termos comportamentais. O próprio Skinner indica que a tradução de um termo mental modifica o sentido do termo original e defende que não seria sábio propor definições exaustivas dos sentidos originalmente atribuídos aos termos mentais (1974, pp. 17-18). O behaviorista se interessa pelos usos que outros profissionais fazem dos termos mentais, não por aquilo que comumente se concebe como o referente de tais termos, sendo essa tarefa plenamente compatível com a proposta behaviorista radical de ciência.

Entretanto, muitos dos conceitos que poderão vir a ser objeto de “tradução”, tal como este artigo propõe, referem-se ao que na AC chamamos de eventos privados. A tradução desses termos e conceitos merece uma consideração especial. Um dos principais diferenciais da AC é que os analistas do comportamento assumem que a natureza dos eventos privados é a mesma da dos eventos públicos; ambos são partes de contingências e, portanto, são comportamentos de organismos. O fato de certos eventos estarem localizados sob a pele de um organismo ou de que apenas uma pessoa possa ter acesso a ele, não dá a tais eventos qualquer natureza especial. Contudo, a prática comum da AC é a de examinar o comportamento apenas na medida em que a previsão e controle deste sejam viáveis. Desse modo, ainda que seja possível assumir que o comportamento pode ser decomposto em três elos (eventos antecedentes públicos, eventos privados e respostas públicas do organismo) devemos, com o objetivo de atingir previsão e controle, analisar “o terceiro elo em função do primeiro” (Skinner, 1953/1965, p. 35; 1984, p. 578). Essa postura é útil por diversos motivos, mas dificulta o estudo experimental dos eventos privados. Como poderiam então os analistas do comportamento examinar eventos privados?6 Neste caso, o recurso utilizado é a interpretação. Porém, não é qualquer interpretação que se admite; a interpretação deve ser baseada na extrapolação dos resultados experimentais para situações em que ainda não temos condições de colocar sob controle experimental (Skinner, 1971/2002, pp. 22-23; 1984, p. 578). As diversas incursões de Skinner no campo dos fenômenos sociais, comportamento verbal e autoconhecimento são exemplos de tais interpretações e atestam a compatibilidade dessa prática com a filosofia behaviorista radical.

 

Análise de termos mentais e possibilidades de interface entre disciplinas

Para caracterizar adequadamente a tradução de termos mentais cabe, ainda, diferenciar essa agenda de pesquisa da interface entre a AC e outras disciplinas científicas. Entendemos aqui por interface entre disciplinas científicas as propostas de utilização de conhecimentos de outras áreas da ciência, em conjunto com a AC, para melhor compreensão do comportamento dos organismos. O próprio Skinner identificava pelo menos três disciplinas científicas que poderiam contribuir para nos aproximarmos de uma compreensão mais completa do comportamento. São elas: a etologia, parte da antropologia – mais especificamente a antropologia cultural – (Skinner, 1990) e a fisiologia (Skinner, 1974, 1975, 1989). À etologia caberia identificar as contingências de sobrevivência que atuaram sobre as espécies, dotando-as dos respectivos repertórios comportamentais específicos da espécie; a antropologia cultural seria responsável pela identificação de contingências culturais que selecionaram as diversas práticas culturais que influenciam os humanos e à fisiologia restaria preencher duas lacunas temporais na explicação do comportamento: a lacuna entre o estímulo e a resposta e a lacuna entre as conseqüências às quais o organismo é exposto e a mudança resultante em seu comportamento (Skinner, 1974; 1975, p. 43; 1989, p. 18). Outros autores indicam, também, como diversas disciplinas científicas podem contribuir para a compreensão do comportamento dos organismos em um sentido amplo (e.g. Kennedy, Caruso & Thompson, 2001, sobre genética e neurologia; Moore, 2002, Timberlake, Schaal & Steinmetz, 2005, sobre neurociência comportamental; Brady, 1991, 1993 quanto à farmacologia) ou mesmo para o avanço da AC enquanto disciplina científica (e.g. Branch, 2006). Contudo, uma diferença importante entre a cooperação de disciplinas científicas e a tradução de termos merece ser apontada. Em primeiro lugar, a colaboração de disciplinas científicas na produção de conhecimento sobre o comportamento é útil apenas na medida em que aumenta as possibilidades de predição e controle; ela não é, em nenhum momento, uma necessidade para validação lógica da AC (Moore, 2002, p. 261), ou seja, essa cooperação não traz implicações importantes para os pressupostos do Behaviorismo Radical, enquanto a adoção de conceitos mentais sem o devido cuidado traria grandes dificuldades conceituais e filosóficas. A interpretação funcional de conceitos mentais visa interpretar a emissão desses termos apenas no nível comportamental, preservando assim a coerência epistemológica da AC. Ambos os empreendimentos (interpretação funcional e cooperação) não são mutuamente excludentes (em muitos casos são necessárias traduções de conceitos para a colaboração entre disciplinas científicas) e, apesar de desejáveis, nenhum deles compromete a AC enquanto uma ciência independente do comportamento (no sentido de que são condição para a continuidade da AC).

A colaboração entre disciplinas científicas aumenta as possibilidades de sínteses comportamentais, tornando nosso conhecimento sobre o comportamento mais completo. No entanto, traduções de termos de outras teorias não produzem necessariamente essas conseqüências: analisar, por exemplo, como o “prestar atenção” pode ser entendido pelos analistas do comportamento, apesar de importante, não torna necessariamente, nosso conhecimento sobre o comportamento mais completo. As conseqüências de se traduzirem termos de outras teorias será o tema da próxima seção.

 

Conseqüências da análise de termos mentais

Parece clara, neste momento, a possibilidade da tradução de termos mentais para a linguagem da AC. Contudo, resta ainda responder o que é central neste artigo: Quais são as conseqüências das traduções desses termos? Acreditamos que são pelo menos três as conseqüências principais dessas traduções, a saber: 1) aumentar a disseminação da AC e suas chances de sobrevivência enquanto prática cultural; 2) rever, desafiar e aprimorar aspectos teóricos e metodológicos da filosofia behaviorista radical, da análise experimental do comportamento e da análise aplicada do comportamento, com implicações para as tecnologias derivadas dessas três áreas e, por fim, 3) criar recursos para o ensino da AC e áreas afins.

1- O estudo de conceitos de outras teorias como estratégias de disseminação da AC.

Skinner desenvolveu uma terminologia bastante peculiar ao seu projeto de ciência, terminologia esta que privilegia a especificação de relações ambiente-organismo em detrimento de entidades mentais iniciadoras, o que caracteriza o mentalismo. Contudo, o uso dessa terminologia pode ter criado uma dificuldade de aceitação da proposta Behaviorista Radical. Hineline (1980, 1984, ver também Chiesa, 1994) - argumenta que, de maneira geral, a linguagem mentalista é predominante em nosso cotidiano, constituindo também um elemento central na comunidade verbal da Psicologia (com poucas exceções, como é o caso da AC) e de áreas afins. Caso essa afirmação for correta - e acreditamos que é - ela impediria que a AC fosse selecionada, entre as outras propostas teórico-metodológicas, apenas sob um critério de efetividade. Seguindo a mesma linha de raciocínio, Marr (1984), Staddon, (1993) Hawkins e Forsyth (1997) e De Rose (1999, pp. 71-72) defendem que os analistas do comportamento deveriam permanecer atentos às agendas de pesquisa dos outros campos de estudo da Psicologia como, por exemplo, a Psicologia do Desenvolvimento ou a Psicologia Cognitiva, pois estas proporcionam uma infinidade de questões sobre o fenômeno humano que podem servir, quando analisadas, para:

(a) demonstrar o caráter comportamental dos problemas e termos tradicionais (b) promover uma formulação alternativa e empiricamente baseada dos problemas tradicionais o que, de modo geral, traz consigo uma análise efetiva dos fenômenos psicológicos/ comportamentais e (c) promove a oportunidade para o desenvolvimento metodológico na análise do comportamento em geral e na análise do comportamento verbal em particular. (Leigland, 1996, p. 112)

Nessa perspectiva, podemos supor que a análise comportamental de termos mentais pode ser vista, também, como uma postura política dessa ciência com o objetivo de alcançar um maior número de leitores e adeptos. Sabendo-se que “a evolução da análise do comportamento depende do contexto cultural e tecnológico que o cerca” (Shimp, 1993, p. 483), o exame behaviorista radical de termos mentais torna-se uma necessidade para a aceitação dessa ciência em comunidades verbais que não compartilham do mesmo vocabulário (como é o caso do senso comum, das diversas propostas teórico-metodológicas da própria psicologia e de categorias profissionais afins à mesma). Dessa forma, ao analisar em profundidade tais termos, os analistas do comportamento poderiam contribuir para criar as condições para a sobrevivência da AC enquanto prática cultural.

2- O estudo de conceitos de outras propostas teórico-metodológicas como forma de aperfeiçoamento conceitual, teórico e tecnológico na Análise do Comportamento.

Segundo Leigland (1996), a interpretação funcional de um termo mental tem ao menos duas funções principais: (1) colocar os analistas do comportamento em contato direto e efetivo com o amplo espectro de temas e problemas de campos abrangentes da filosofia, da psicologia em geral e do senso comum e (2) expandir possibilidades metodológicas da AC em geral e da análise do comportamento verbal em particular. Essas duas funções parecem ser justificativas suficientes se investir em um programa de pesquisas como esse (cf. Leigland, 1996). Entretanto, pelo menos outras três conseqüências do exercício de traduções funcionais podem ser indicadas. Essas traduções parecem ter implicações sobre aspectos específicos da AC: sobre o Behaviorismo Radical, sobre a pesquisa básica e/ou sobre algumas tecnologias derivadas da AC.

Quanto aos aspectos filosóficos, a interpretação de um termo mental para a linguagem comportamental deve indicar e explorar as conseqüências dessa análise para a adequação ou não dos elementos ligados ao termo original com as categorias filosóficas do Behaviorismo Radical. Tais indicações podem acontecer por meio da discussão de vários aspectos, como a viabilidade pragmática do estudo, a manipulação e a previsão dos comportamentos envolvidos, ou mesmo por meio da avaliação de se o fenômeno em questão é passível de ser estudado apenas sob os métodos usualmente utilizados pelos analistas do comportamento. Esta última possibilidade teria implicações para a independência da AC de outras ciências ou mesmo sobre a insuficiência de seus métodos na tentativa de ser uma legítima ciência do comportamento. Poderia, talvez, indicar se a análise de tal conceito ou termo lança luz sobre o comprometimento da AC com alguma das categorias da filosofia que tradicionalmente são vinculadas ao Behaviorismo Radical. Nesse sentido, a tradução de uma expressão mental como a “faculdade de prestar atenção”, enquanto um mecanismo de seleção de estímulos, desafia os analistas do comportamento a propor alternativas que não envolvam argumentos como a capacidade limitada do organismo de responder aos estímulos presentes em uma situação, pois, ao fazê-lo, ela admite que, ao menos quanto ao prestar atenção, a AC seria dependente da fisiologia para propor uma explicação completa. Felizmente, alternativas a esse argumento estão disponíveis na literatura (Skinner, 1953/1965, pp. 122-123; Sério, Andery, Gioia & Micheletto, 2002).

Quanto à pesquisa básica, uma análise de um termo mental deve indicar implicações da interpretação desse termo para a criação de novas agendas de pesquisa ou reformulação das já existentes, de modo que (a) novas questões experimentais sejam formuladas, guiando parte do desenvolvimento experimental ou (b) incluindo novas estratégias metodológicas que explorem um tema já pesquisado. Um exemplo de questão experimental influenciada por outra proposição teórica seria a pesquisa sobre correspondência dizer-fazer/fazer-dizer, que foi desafiada pelas propostas de A. R. Luria sobre “auto-regulação”. (cf. Israel & O’Leary, 1973; Israel, 1978). Quanto à criação de novas estratégias, a própria análise de termos de outras teorias, quando abordada sob um viés experimental, constitui bom exemplo, aprimorando o desenvolvimento de metodologias de análise do comportamento verbal, nesse caso do comportamento verbal de cientistas (Leigland, 1996; ver também Leigland, 2002a)

Quanto às tecnologias da AC, uma tradução comportamental pode indicar quais tipos de problemas práticos poderiam ser mais bem compreendidos pela adoção de algumas metodologias subjacentes ao termo psicológico analisado. Outra possibilidade é avaliar as implicações do uso de metodologias comportamentais na compreensão de certos fenômenos práticos que vinham sendo negligenciados pelos analistas do comportamento, mas não pela teoria mentalista que se está analisando. A discussão sobre o déficit de atenção e hiperatividade, por exemplo, ficou durante um longo tempo sob domínio das Neurociências e da Psicologia Cognitiva, talvez porque o próprio conceito de atenção, que neste transtorno estaria teoricamente em déficit, era reconhecido como um conceito cognitivista que poucas vezes foi alvo de avaliações comportamentais. Apenas recentemente procedimentos estritamente comportamentais têm sido considerados na explicação de tal fenômeno (cf. Sagvolden, Johansen, Aase & Russell, 2005, e as discussões que se seguiram à publicação desse artigo).

3- Interpretações de termos mentais como recurso adicional no ensino de Análise do Comportamento e de disciplinas relacionadas.

Uma outra contribuição que resulta do exercício dessas interpretações se remete diretamente ao ensino e acontece de duas maneiras: 1) criando recursos para a explicação da AC de termos mentais em aulas de AC. Por exemplo, por ocasião de uma aula sobre a AC (ou mesmo sobre a caracterização de diferentes modalidades de “behaviorismos”), dúvidas sobre quais interpretações sobre o “prestar atenção” ou outros temas são compatíveis com a AC surgem com freqüência e, nestas circunstâncias, o acesso, pelo professor, às produções de pesquisas direcionadas para a tradução ora advogada neste artigo seria de inconteste relevância. Ainda quanto ao ensino, 2) disponibilizar interpretações baseadas na AC, enquanto produto de programas de pesquisa, para serem apresentadas em aulas de outras disciplinas cumpriria relevante função de recurso didático para o aluno de Psicologia. Neste caso, disciplinas como, “Processos psicológicos básicos”, “Emoção e cognição”, ou mesmo as muito comuns disciplinas de “desenvolvimento” poderão contar com interpretações mais sistematizadas dos temas de suas aulas sob a ótica da AC.

 

A tradução de termos mentais enquanto programa de pesquisa na AC

Uma vez que a tradução de termos mentais pôde ser identificada como uma prática corrente na AC, que suas características principais foram delineadas e que suas principais conseqüências foram sugeridas, pode-se defender, agora, que a prática dessas traduções torne-se um programa de pesquisa legítimo na agenda futura da AC.

A agenda de pesquisa de uma disciplina científica caracteriza-se pelas prioridades que a área dá a determinados temas de pesquisa. As orientações de uma agenda de pesquisa passam necessariamente pelos objetivos explicitados por cada disciplina e são influenciados por diversos fatores culturais, desde políticas públicas de fomento à pesquisa até a preocupação com problemas práticos do cotidiano. Segundo Skinner, os principais objetivos de uma ciência como a AC são a previsão e controle do comportamento. Para alcançar esse objetivo, diversos programas de pesquisa foram desenvolvidos nas últimas décadas. Um bom exemplo de programa de pesquisa nesse sentido é a tentativa de explicação do comportamento verbal através de relações estritamente comportamentais. Sem a adequada interpretação comportamental do que cotidianamente chamamos de “linguagem” os analistas do comportamento teriam pouco a dizer sobre o comportamento humano (Keller & Schoenfeld, 1950/1973; De Rose, 1994) e até hoje pesquisas empíricas, tanto na área aplicada como na básica, bem como análises interpretativas são desenvolvidas na tentativa de alcançar a efetiva previsão e controle do comportamento verbal (Leingland, 2002b).

Apesar de as traduções de termos mentais não serem hoje uma exigência para a validação da AC enquanto ciência, as conseqüências apresentadas na seção anterior parecem ser justificativas suficientes para a adoção destas propostas como um programa importante a ser empreendido. Afinal, se a prática de traduções pode ampliar a disseminação e aumentar as chances de sobrevivência da AC enquanto prática cultural, ela deve ser objeto de empenho dos analistas do comportamento7.

Entretanto, se aceitarmos que a prática da AC (a utilização dos métodos da AC em pesquisa e intervenção e formalização de interpretações baseados no behaviorismo radical) pode ser interpretada como uma prática cultural e se os analistas do comportamento pretendem analisar e intervir também sobre práticas culturais, devemos encontrar meios de avaliar o impacto das medidas utilizadas para promover a sobrevivência dessa prática. No que concerne ao presente trabalho, devemos desenvolver meios de avaliar o impacto das traduções de termos mentais para a sobrevivência e disseminação da AC. Como metodologicamente podemos fazê-lo é ainda uma pergunta que precisa ser respondida, mas a adoção, como metas a serem alcançadas, das conseqüências do programa de pesquisa apontadas neste trabalho podem ser um primeiro passo para o desenvolvimento de tais metodologias.

Uma última e importante ressalva é ainda necessária. Apesar de a interpretação de termos mentais poder ser considerada um programa de pesquisas da AC, ela constitui apenas um exercício conceitual/teórico que não será suficiente, sozinho, para o crescimento e sobrevivência da AC. As oportunidades que análises desse tipo trazem para as áreas de pesquisa básica e aplicada devem ser aproveitadas (i.e. devem ser realizadas as pesquisas instigadas por essas traduções – ver Leigland (1996) para uma discussão sobre dificuldades metodológicas na realização de pesquisas empíricas sobre o uso de termos mentais na descrição de interações organismo-ambiente) para que a efetiva ampliação da AC enquanto prática cultural cientificamente relevante se efetive. A Análise Experimental do Comportamento e a Análise Aplicada do Comportamento têm muito a ganhar com o resultado das análises funcionais aqui mencionadas e que fundamentam um modelo de interpretação comportamental. Na hipótese de as oportunidades criadas por esse programa de pesquisa serem aproveitadas, poderemos mais facilmente explicar o comportamento humano complexo de forma mais completa.

 

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Recebido em: 23/09/2007
Primeira decisão editorial em: 27/02/2008
Versão final em: 25/03/2008
Aceito em: 25/03/2008

 

 

1Os autores agradecem à FAPESP (bolsa de mestrado, proc. 06/53396-5) e ao CNPq (bolsa produtividade, proc. 304075/2005-1) pelo apoio recebido.
2Mestre em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Campus de Bauru. E-mail: brunoastr@gmail.com
3Docente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho; bolsista de produtividade CNPq.
4Doutor em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo e professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
5Uma vez que conceituar é um comportamento verbal, potencialmente, todo tipo de contingência verbal pode ser identificada: tatos (quando o pesquisador parece se referir a dados empíricos, ou às formulações verbais que os sintetizam – tabelas, gráficos, etc), mandos (quando por ex. um pesquisador age sob influência de uma corporação que o financia), intraverbais (quando por ex. um conceito é criado para adjetivar outro), etc.
6Afinal, uma vez que se pretenda traduzir conceitos de outras teorias para a linguagem behaviorista radical deve-se ter disponível alguma alternativa de interpretação nessa teoria.
7Ao menos para Skinner essa era uma tarefa importante na consolidação de seu projeto científico. Em uma carta de 17 de novembro de 1932 ele indica a tradução de termos psicológicos como importante para pelo menos dois de seus projetos na construção de uma ciência do comportamento: Behaviorismo Vs. Psicologia: Dar, a todo tempo, suporte à metodologia behaviorista. Definições operacionais de todos os conceitos psicológicos; não publicar muito. Teoria do conhecimento (apenas científica): Definição de conceitos em termos de comportamento. Uma ciência descritiva do que acontece quando as pessoas pensam. Relacionar com trabalho experimental. Incluir uma teoria do significado. Publicar tardiamente. (Skinner, 1979, p. 115)