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Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva

Print version ISSN 1517-5545

Rev. bras. ter. comport. cogn. vol.11 no.1 São Paulo June 2009

 

ARTIGOS

 

Controle de estímulos, modelagem do comportamento verbal e correspondência no “Otelo” de Shakespeare

 

Stimulus control, shaping of verbal behavior and correspondence in Shakespeare’s “Othello”

 

 

Ana Karina Leme Arantes1; Júlio César Coelho de Rose2

Universidade Federal de São Carlos

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Pesquisadores de diversas áreas têm analisado obras literárias devido ao seu eminente conteúdo psicológico. Interpretações comportamentais de peças de ficção são raras, e quando analistas do comportamento estudam obras literárias, geralmente analisam o comportamento do autor/artista ou servem-se dessas obras para ilustrar fenômenos comportamentais. Ao recorrer à ficção como objeto de análise, leva-se em conta que os personagens ali descritos comportam-se, em última instância, obedecendo aos mesmos controles a que estariam expostas pessoas reais em condições naturais. Peças teatrais referem-se quase exclusivamente ao comportamento verbal de suas personagens, sendo pertinente analisar os controles sobre suas falas. Foram verificadas contingências que dão conta da relação funcional entre respostas verbais e estímulos controladores no encadeamento de comportamentos intraverbais de resolução de problemas, usando como objeto de estudo personagens da peça “Otelo” de Shakespeare. Procedeu-se a análise funcional de respostas verbais identificando instâncias de comportamento e verificando antecedentes e conseqüentes relevantes à emissão de determinadas respostas.

Palavras-chave: Comportamento verbal, Mentira, Análise funcional, Peça teatral, Shakespeare.


ABSTRACT

Researchers have analyzed literature for its evident psychological content. However, behavioral interpretations of fictional plays are rare because, when behaviorists study works of literature, they often analyze the behavior of the author/artist or use it to illustrate behavioral phenomena. With fiction as a subject for analysis, one has to consider that the characters described in the piece ultimately behave under the same controls as do real people under natural conditions. Theater plays revolve, almost exclusively, around the verbal behavior of characters, and then it is relevant to analyze the controls on their speeches. Using characters from the play “Othello” by W. Shakespeare as subject, contingencies were verified to show functional relationships between verbal responses and control stimuli in the intraverbal chained behaviors of problem solving. Functional analyses of verbal responses were made through the identification of behavior instances and verification of antecedents and consequents relevant to the emission of specific responses.

Keywords: Verbal behavior, Lie, Functional analysis, Theater play, Shakespeare.


 

 

“... a tragédia é a imitação, não de homens, mas de ações, de vida, da felicidade e da infelicidade (pois a infelicidade resulta também da atividade), sendo o fim que se pretende alcançar o resultado de uma maneira de agir e não de uma maneira de ser. Os caracteres permitem qualificar o homem, mas é de sua ação que depende sua infelicidade ou felicidade (...). Sem ação não há tragédia.”

Aristóteles, Poética.

 

Não seria exagerado dizer que sem comportamento não há tragédia (nem infelicidade, nem felicidade, nem vida...). Ao recorrer a uma obra literária como objeto de análise, leva-se em conta que os personagens ali descritos são verossímeis na medida em que se comportam obedecendo aos mesmos controles e sob as mesmas contingências a que estariam expostas pessoas reais em situações naturais. Desse ponto de vista, a Análise do Comportamento pode recorrer ao estudo de obras de ficção como ilustração de relações de controle sobre comportamentos. Skinner (1957) utilizou-se amplamente de exemplos literários para ilustrar relações de controle sobre o comportamento verbal. Outras instâncias de análise de exemplos literários são fornecidas por Amorim (2001), Dougan (1987), Guilhardi (2001), Passos (2003) e Hübner, Miguel e Michael (2005).

Particularmente interessantes, neste sentido, são os personagens shakespeareanos. Muitos críticos (por exemplo, Bloom, 1998; Bradley, 1904; Heliodora, 1997) sustentam que a importância de Shakespeare como autor teatral encontra-se em grande parte na sua capacidade de criar personagens que pareçam reais. Dado que os personagens shakespeareanos são aparentemente reais, teorias e conceitos psicológicos podem ser aplicados para interpretar sua psique e seu comportamento. Os conceitos psicológicos empregados nestas interpretações são, de modo geral, psicanalíticos: uma breve pesquisa na literatura disponível mostra uma quantidade relativamente grande de interpretações de obras de ficção tendo como base as teorias psicanalíticas. Interpretações comportamentais de personagens shakespeareanos são raras, apesar do interesse que o próprio Skinner revelou por este tipo de análise (veja, por exemplo, Skinner, 1934; 1939; 1957).

Se os personagens teatrais são constituídos principalmente por suas falas, uma interpretação comportamental deveria buscar uma análise funcional do comportamento verbal dos personagens, baseando-se em elementos do contexto da peça para identificar a possível história de contingências (história de reforçamento ou comportamental) que poderia ter levado ao comportamento verbal emitido pelos personagens. O objetivo deste estudo é usar um texto de Shakespeare, o “Otelo”, para analisar o controle de estímulos sobre instâncias de comportamento verbal de dois dos principais personagens, Otelo e Iago.

Nesta análise vamos considerar, de acordo com Skinner (1957), que o responder verbal é um operante estabelecido por reforçamento mediado pelo comportamento de um ouvinte. Analisando possíveis antecedentes e conseqüentes da resposta verbal, Skinner identificou tipos básicos de operantes verbais, que se distinguem pelo tipo de estímulo discriminativo e pelo tipo de reforçador. Para os propósitos deste trabalho são relevantes os operantes verbais que Skinner denominou de tato, mando, ecóico e intraverbal. Normalmente os filósofos e lingüistas consideram que a fala refere-se a algo do mundo. Na terminologia skinneriana isto caracteriza um operante verbal sob controle de estímulo não verbal (algum objeto, propriedade ou evento do mundo externo ou interno ao falante), estabelecido através de reforçamento generalizado, o que Skinner chamou de “tato”. Um dos méritos da análise de Skinner é mostrar que este é apenas um dos tipos de comportamento verbal e que muito do que costumamos denominar “fala”, ocorre segundo outros controles que não necessariamente “objetos/coisas do mundo”. Por exemplo, boa parte do comportamento verbal de qualquer falante é controlada por estímulos discriminativos verbais, sob reforçamento generalizado. Trata-se de fala sob controle de fala anterior (da própria pessoa ou de outra), o operante denominado “intraverbal”. Assim, uma pessoa que diz, por exemplo, que César atravessou o Rubicão, não pode estar sob controle discriminativo do evento que esta sentença descreve, já que nenhum falante de hoje pode ter tido contato com César e suas ações. Tal fala está provavelmente sob controle de comportamento verbal anterior e constitui o que Skinner denomina “intraverbal”. Muitos dos nossos conceitos verbais são desta forma, de tal modo que um estímulo verbal como “César” é discriminativo para muitas respostas (adquiridas na escola, através da leitura de livros, etc.) tais como “atravessou o Rubicão”, “alea jacta est”, “até tu, Brutus”, etc. Outro operante sob controle de estímulos verbais antecedentes é o que Skinner denomina “ecóico”, em que uma pessoa repete a fala de outra, ou seja, há uma correspondência ponto a ponto3 entre a resposta verbal e o estímulo verbal, correspondência esta que não existe no intraverbal. Tatos, intraverbais e ecóicos são estabelecidos e mantidos por reforço generalizado. Um outro importante operante verbal, que Skinner denominou “mando”, é, ao contrário, estabelecido e mantido por reforçadores específicos e não está sob controle de estímulos discriminativos particulares, mas sim de condições relevantes de privação ou estimulação aversiva. Em outras palavras, o mando é o operante verbal que produz reforçadores que atendem às “necessidades” ou “desejos” do falante, envolvendo ordens, pedidos, perguntas, que são exemplos de comportamentos verbais que produzem conseqüências específicas e não, portanto, generalizadas.

Skinner (1957) considera que a questão da verdade está relacionada ao controle de estímulos sobre o tato e à natureza do reforçamento. O reforçamento generalizado permite que o controle da resposta seja feito pelo estímulo, independentemente das privações (“necessidades” ou “interesses”) do falante, possibilitando que a resposta verbal seja verídica, objetiva. Na medida em que a resposta é também controlada por reforçadores específicos ou por medidas especiais de reforço generalizado, os interesses do falante passam a contaminar a precisão e objetividade da resposta, tornando a fala enviesada, subjetiva ou mentirosa. A mentira é um elemento importante da trama de Otelo. A mentira de Iago, para envolver Otelo em suas intrigas, a mentira de Desdêmona para seu pai, que a permite fugir para se casar com Otelo, as mentiras de Otelo para alcançar a confissão da traição de Desdêmona… Cabe aqui perguntar por que as pessoas, homens e mulheres, se valem do uso de mentiras para induzir os outros a fazerem o que se deseja? Quais as contingências que se estabelecem nas relações entre as pessoas que fortalecem o uso da mentira como forma de interação social?

Na peça “Otelo”, as mentiras de Iago têm o efeito de alterar o controle de estímulos sobre o comportamento verbal do personagem Otelo, enfraquecendo a relação dos tatos com os estímulos do ambiente e ensejando cadeias de intraverbais que, em vez de contribuir para uma descrição correta da situação e para uma solução dos problemas de Otelo, levam a comportamentos cada vez mais inadequados, precipitando a tragédia.

A seguir, analisaremos alguns trechos centrais da peça, procurando mostrar como a análise funcional do comportamento verbal poderia ser usada para interpretar a interação entre Iago e Otelo. Esta análise será apresentada em três partes. Primeiramente, será feito um breve resumo da história de Shakespeare, tomando como base a interpretação de Heliodora (1997). Essa sinopse tem como meta inteirar minimamente o leitor das contingências em que estão inseridos os personagens cujos comportamentos serão analisados. A segunda parte trata de uma breve revisão de conceitos relevantes para a análise comportamental que se pretende fazer e finalmente, a última parte faz uma análise dos trechos da peça “Otelo” em que são evidenciados os estímulos controladores do comportamento verbal dos personagens Otelo e Iago.

“Otelo, o Mouro de Veneza” foi provavelmente escrita em 1604, logo após a composição de “Hamlet” e é tida como uma das grandes obras de Shakespeare. Conhecida como “a tragédia do ciúme”, a obra “gira em torno do casamento excepcionalmente romântico de duas pessoas que mal se conhecem e que, com grande diferença de idade, pertencem a culturas completamente diferentes” (Heliodora, 1997, p 21). É nessa peça, ainda, que aparece a figura do “honesto Iago” – que de honesto, como se verá, não tem nada – personagem que, através de intrigas, precipita o ciúme de Otelo e o leva à ruína.

Não se deve, entretanto, tomar Otelo como um personagem fraco e ingênuo, pronto a acreditar em fofocas e manipulável facilmente por Iago. O que está implícito no enredo de Shakespeare é o choque entre duas culturas diametralmente opostas e que acabará por tornar o fim dessa história tão trágico. De um lado, Iago, imerso na sociedade super sofisticada de Veneza, cujos hábitos de hipocrisia e de concessão moral são ventilados pelo próprio Shakespeare em passagens como: “Conheço bem os costumes de nosso país. / Em Veneza, as mulheres deixam que o céu veja as loucuras que não ousam mostrar aos maridos” (Ato II / Cena 3). Bradley comenta, sobre o Iago, que “em nenhum outro lugar a maldade é retratada com tanta maestria quanto no personagem de Iago” (Bradley, 1991, p 123). De outro lado situa-se Otelo, cujos valores “são mais fundamentais, mais primitivos, mais violentos, mais absolutos do que jamais poderia ocorrer a Iago que alguém pudesse acalentar” (Heliodora, 1997, p 24). Otelo cai na armadilha de Iago porque “simplesmente não ocorre a ele, homem de total integridade, que alguém possa mentir sobre assunto tão sério quanto seria a infidelidade de Desdêmona: a figura idealizada se estilhaça porque o Mouro acredita piamente em Iago” (Heliodora, 1997, p 24). Tendo esse pano de fundo psicológico, Shakespeare tece um enredo cheio de intrigas e desencontros, em que o experiente Otelo é “convencido” por Iago de que sua jovem esposa Desdêmona o trai. Enlouquecido pelo ciúme, o mouro entre num crescendo de pensamentos confusos sobre a fidelidade e o amor da esposa, que culmina, na cena final, no assassinato de Desdêmona e subseqüente suicídio de Otelo.

Controle de Estímulos

Todo comportamento ocorre em determinadas circunstâncias, ou num determinado contexto. Quando esse contexto sofre alterações, o comportamento também tende a alterarse. Por exemplo, ao escutarmos o telefone tocando em casa, geralmente vamos até ele e o atendemos. Já quando escutamos o telefone tocando em outro lugar, como na casa de um amigo ou em uma loja qualquer, não respondemos da mesma forma. Segundo Baum (1999), o estímulo é tudo o que se refere ao contexto em que o comportamento ocorre, e o controle é aquilo que muda a probabilidade de ocorrência da resposta, ou seja, o que a torna mais ou menos freqüente naquele determinado contexto. O controle de estímulo, porém, só se estabelece quando as conseqüências da resposta são reforçadoras, ou seja, graças a uma história comportamental ou de reforçamento. Ao escutarmos o telefone em nossa casa, nós o atendemos porque fomos anteriormente reforçados por fazer isso. Assim:

“a ocasião em que o comportamento ocorre, o próprio comportamento e suas conseqüências estão interrelacionados (...). Como resultado de seu lugar nessas contingências, um estímulo presente quando uma resposta é reforçada adquire certo controle sobre tal resposta”. (Skinner, 1974, p 66).

Há diversas variáveis que podem afetar a precisão do controle de estímulos. Além das variáveis físicas mais evidentes (os limites do espectro de cores visíveis ao olho humano, dos sons audíveis etc.), há também as variáveis do próprio estímulo (força, intensidade, propriedades etc.) e aquelas devidas à história do indivíduo ou aos seus níveis de privação. A “interpretação” que uma pessoa faz de um determinado estímulo pode estar ligada tanto à história anterior de reforçamento de uma resposta a esse estímulo, quanto às regras que o sujeito adquire sobre como responder a esse estímulo. Isso acontece porque “não estamos apenas atentos ao mundo que nos cerca; respondemos a ele de maneiras idiossincráticas por causa do que já aconteceu quando estivemos antes em contato com ele” (Skinner, 1974, p 67).

Skinner propõe que há duas maneiras pelas quais as variáveis controladoras e as respostas se relacionam: “(1) a força de uma única resposta pode ser, e usualmente é, função de mais de uma variável e (2) uma única variável usualmente afeta mais de uma resposta” (Skinner, 1957, p 227). Quando operantes verbais que são estabelecidos separadamente combinam-se em uma ocasião específica, a força da resposta pode ser aumentada. Da mesma forma, várias propriedades de estímulos diferentes podem controlar uma única resposta. Disso não se segue que o controle de estímulos de um dado evento verbal não pode ser completamente rastreado, apenas significa que se deve ter certeza de que todas as variáveis relevantes serão levadas em conta para uma completa análise. Um grupo de respostas pode também ser fortalecido na presença de apenas um estímulo controlador. Essa espécie de “grupo temático” (Skinner, 1957) elimina a necessidade de se repetir uma determinada resposta, diminuindo a reação aversiva a esse tipo de comportamento. Uma criança que deseja que a mãe deixe-a sair para brincar no quintal pode emitir o conjunto de mandos e de autoclíticos “ah… deixa, vai…”; “só um pouquinho!”; “por favor?!” e assim por diante. Grupos de respostas sob o mesmo controle podem, ainda, ser reconhecidos como “atitudes” ou “opiniões”. Quando uma resposta desse grupo é emitida, as outras respostas previsivelmente também são prováveis e quando uma delas é fortalecida, todas as outras respostas desse grupo se fortalecem.

Também o comportamento verbal será mais ou menos provável de acordo com cada circunstância ou contexto e dependerá também do controle de estímulos, sendo sujeito às mesmas condições de limitação. Algumas variáveis que podem estar relacionadas a esse controle são: variáveis do próprio estímulo, nível de privação (variáveis motivacionais), história de reforço, contingências sociais, regras, variáveis do ouvinte ou audiência, estímulos privados do próprio falante, etc.

Modelagem do comportamento verbal

Skinner (1957) definiu o comportamento verbal como o comportamento operante cuja conseqüência é mediada por outra pessoa. Essa pessoa, que produz o evento reforçador para a resposta do falante, é o ouvinte. Como em muitos dos operantes, o comportamento verbal precisa ser modelado até atingir sua forma eficiente, pelo mesmo processo de reforçamento diferencial de aproximações sucessivas das respostas desejadas4. A instância responsável por essa modelagem, no caso do comportamento verbal, é, portanto, o ouvinte.

Muito do que as crianças aprendem a falar se dá pelo processo de modelagem: quando o bebê emite vocalizações do tipo “mmm...” a mãe provavelmente lhe sorri, mantém contato visual ou físico, aumentando a probabilidade de respostas de vocalização. Gradativamente, os adultos vão exigindo que a criança emita vocalizações cada vez mais próximas de sons conhecidos e de palavras, até que a criança emita o som “mããã...” e logo depois diga a palavra “mamã”. Analogamente à modelagem da fala infantil, pode-se modelar o comportamento verbal de uma pessoa para que atinja uma determinada topografia (como no treino de pronúncia de uma língua estrangeira ou de dicção), ou uma freqüência de resposta desejada (dizer “obrigado” todas as vezes que o garçom vem até a mesa) e até mesmo o conteúdo da fala. As contingências de reforçamento arranjadas pelo ouvinte ou pela comunidade verbal em relação a um determinado “conteúdo da fala” podem modelar o comportamento do falante de modo que ele emita respostas verbais que se relacionem com esse conteúdo.

Correspondência

A relação entre o comportamento verbal e o comportamento não verbal (ou vice-versa), ou entre o que uma pessoa diz e o que ela faz, tem sido estudada com o nome de correspondência. Para alguns autores (Baer, William, Osnes & Stokes, 1984; Ribeiro, 1989, Lattal & Doepke, 2001 e Beckert, 2005, por exemplo), o controle verbal do comportamento (digo que vou fazer algo e realmente o faço) é um exemplo de controle de estímulos e tem importância na auto-regulação do comportamento de um indivíduo Correspondência, então, pode ser definida como um “comportamento complexo em que elementos múltiplos devem ocorrer para que o comportamento seja reforçado” (Beckert, 2005, p 230). Outras explicações, ainda, consideram a correspondência como um caso de comportamento governado por regras, em que o comportamento verbal serve como um estímulo discriminativo para o comportamento não verbal que se segue (por exemplo, Catania 1982 e Zettle, 1990). Segundo a maioria das teorias a respeito da correspondência, o fazer pode ser mudado sem que se manipulem diretamente as contingências sob as quais o comportamento se mantém, mas apenas aplicando contingências de reforço ao comportamento verbal correspondente. Tal técnica de treino de correspondência seria responsável pela maior parte das mudanças de comportamento observadas na clínica comportamental.

A correspondência entre comportamento verbal e eventos relatados parece ser importante para a aquisição de repertórios de autocontrole, já que o dizer anterior pode exercer um controle discriminativo sobre o fazer posterior. Segundo Skinner (1953), no autocontrole, o que uma pessoa diz pode afetar variáveis ambientais que alteram a probabilidade de emissão da resposta não verbal (fazer). Quando a correspondência falha – o falante diz que fez uma coisa e não a fez (o que chamamos de “mentira”) ou quando se promete um comportamento que não é emitido – criase uma contingência aversiva para o ouvinte. Por isso o reforço social para a emissão de comportamentos correspondentes é amplamente responsável pela aquisição e manutenção de tais comportamentos em uma comunidade. Porém, pesquisas (p. ex., Ribeiro, 1989 e Baer, William, Osnes & Stokes, 1984) têm mostrado que o reforço contingente ao relato de que se fez algo pode aumentar a não correspondência, no sentido de que a freqüência de emissão de respostas com o mesmo tipo de conteúdo verbalizado pode aumentar, mesmo que esse conteúdo não seja correspondente ao evento ambiental anterior (Lloyd, 2002).

 

Análise dos Comportamentos Verbais de Otelo e Iago

1. Ato II / Cena 3

Contexto da cena: Desdêmona e Cássio conversam.Cássio pede a ela que interceda por ele no caso da briga. Chegam Iago e Otelo e observam de longe o final da conversa. Cássio sai antes que eles se aproximem.

Iago: Ah! Não estou gostando nada disso!

Otelo: Que estás dizendo?

Iago: Nada meu senhor... ou se... não sei o quê...

Otelo: Não era Cássio quem acaba de despedir-se de minha mulher?

Iago: Cássio meu senhor? Sem dúvida que não. Não posso acreditar que fugisse assim como um criminoso vendo nossa chegada.

A verbalização de Otelo (“Não era Cássio quem acaba de despedir-se de minha mulher?”) é um tato evocado pela visão de Desdêmona com Cássio. Transformar o tato em uma pergunta pode estar sob controle da insinuação anterior de Iago (“Não estou gostando nada disso”) e, nesse caso, exerce função de mando, cujo reforçador seria esclarecer Otelo sobre o significado da observação de Iago. Este, por sua vez, ao emitir a resposta à pergunta de Otelo – portanto um intraverbal – continua fazendo insinuações sobre o caráter de Cássio, através de um tato distorcido, uma mentira (“Cássio meu senhor? Sem dúvida que não”), pois o próprio Otelo viu, pode comprovar que era Cássio quem estava conversando com sua mulher. O efeito do comportamento verbal de Iago sobre Otelo será o de alterar suas respostas a dicas subseqüentes do ambiente. Vai enviesar, nos episódios seguintes, a maneira como Otelo tateará (inadequadamente) os acontecimentos posteriores. Ao perguntar a Otelo sobre o envolvimento anterior de Cássio com Desdêmona, Iago fornece uma dica a Otelo, que vai subsidiar as verbalizações posteriores deste.

2. Ato II / Cena 3

Contexto da cena: Desdêmona pede a Otelo que aceite as desculpas de Cássio e o receba para uma conversa. Otelo nega o pedido de Desdêmona. Desdêmona sai. Iago pergunta se Cássio conhecia o amor de Otelo quando este estava cortejando Desdêmona. Otelo confirma e acrescenta que Cássio serviu de intermediário na sua corte a Desdêmona.

Iago: É verdade?

Otelo: É verdade! Sim, é verdade... Notas alguma coisa nisso? Não é ele Honesto, Iago?

Iago: Honesto, meu senhor?

Otelo: Honesto! Sim, honesto!

Iago: Meu senhor, quanto àquilo que sei!

Otelo: Que estás pensando?

Iago: Estou pensando, meu senhor?

Otelo: “Estou pensando, meu senhor!” Pelo céu é o meu eco, como se encerrasse em seu pensamento algum monstro por demais horrível para ser visto! ... Queres dizer alguma coisa! ... Agora há pouco ouvi dizeres que não gostavas disso – foi quando Cássio deixou minha mulher. De que é que não estavas gostando? Depois, quando te disse que ele estava a par de meus segredos, durante todo o curso de meus amores, exclamaste: “É verdade?” ... e tuas sobrancelhas se contraíram fazendo enrugar tua fronte em forma de bolsa, como se tivesses querido encerrar em teu cérebro alguma concepção horrível. Sei que estás cheio de afeto e de honradez e que pesas as tuas palavras antes de proferi-las, é por isso que as tuas reticências me assustam mais ainda, pois tais modos de conduzir-te são perfídias habituais num patife desleal e mentiroso, mas num homem justo e honesto são revelações veladas que escapam de um peito incapaz de dominar a própria emoção.

Note que o estímulo fornecido por Iago não tem nenhuma propriedade que o torne explicitamente negativo para Otelo, não há nenhuma referência direta ao relacionamento de Desdêmona com Cássio. Tal estímulo é vago e, portanto, a resposta de Otelo deve estar sendo controlada por outra variável provavelmente advinda da história de contingências nas interações entre Otelo e Iago. Tendo ambos, ao longo do enredo, mantido um relacionamento em que as insinuações de Iago vão sendo aceitas por Otelo como relatos correspondentes aos eventos, este tende a tomar como afirmações verdadeiras tidas as insinuações de Iago. Assim, as palavras de Iago se tornaram, ao longo da história de interações (e de contingências) entre eles, estímulos para os quais Otelo tende a atentar.

Otelo tem, agora, um problema criado pelo SD (estímulo discriminativo) de Iago: “E qual é o teu pensamento, Iago?”. Para solucioná-lo ele busca outras informações que o ajudem a clarificar a natureza do estímulo discriminativo verbal fornecido por Iago (“É verdade?”). Otelo emite o mando: “Não é ele honesto, Iago?”, procurando por estímulos mais fortes, mais claros. Porém Iago deliberadamente continua a fornecer dicas ambíguas, praticamente neutras, isto é, apenas repete o que Otelo diz em suas perguntas. Essa cadeia de intraverbais produzida por Otelo e ecoada por Iago transforma-se num problema sem solução, pois as dicas produzidas não são estímulos capazes de controlar respostas que levem a uma boa solução do problema de Otelo. Ele começa então a rastrear o ambiente à procura de outros SDs que possam resultar em respostas mais efetivas: as sobrancelhas contraídas, a fronte enrugada de Iago, a sua entonação ao falar, etc, tornam-se estímulos importantes para Otelo. No intuito de retirar de Iago dicas mais precisas, Otelo emite um mando – “Se gostas de mim, mostra-me teu pensamento” – acompanhado de uma motivação para que Iago revele o que realmente pensa sobre Cássio (“se gostas de mim...”). Na fala subseqüente de Otelo, ele continua estabelecendo condições para que Iago o conseqüencie com a solução do problema da honestidade de Cássio. Os mandos de Otelo têm uma função de operação estabelecedora (OE), mudando o valor reforçador das conseqüências do comportamento de Iago. “Se” ele for honesto, “então” dirá a Otelo qual sua verdadeira intenção. Por outro lado, apresenta também conseqüências aversivas para o caso de Iago não estar sendo honesto. A conjugação desses dois eventos aumenta a probabilidade de emissão de respostas que reforcem os mandos de Otelo por dicas efetivas da parte de Iago.

Iago afirma que Cássio é honesto. Suas afirmações, literalmente, asseguram Otelo de que não há motivo para suspeita. Mas ele afirma com hesitações, que Otelo, já enviesado pelo episódio anterior, toma como insinuações de que Iago sabe algo mais do que está dizendo. Iago desencadeia uma seqüência intraverbal de Otelo, que tem início com um tato, uma descrição do que Iago acabara de fazer: “é o meu eco”. Este comportamento verbal de Otelo, dá a dica para uma seqüência (intra)verbal, em que cada elo da cadeia fornece dica para a verbalização (pensamento) subseqüente.

3. Ato IV / Cena 1

Contexto da cena: Iago e Otelo conversam.

Iago: E se vos dissesse que o vi ultrajarvos? Ou que o ouvi dizer... Existem canalhas no mundo que, quando com suas solicitações importunas ou com suas comédias de paixão persuadem ou seduzem alguma dama, não podem conter-se e acabam contando o que deveriam calar...

Otelo: Disse ele alguma coisa?

Iago: Disse, meu senhor. Mas podeis ficar certo de que nada disse que não possa ser desmentido sob juramento.

Otelo: Que foi que ele disse?

Iago: Por minha fé, que tinha... Não sei o que fez...

Otelo: Como? Como?

Iago: Que se deitara...

Otelo: Com ela?

Iago: Com ela... em cima dela... como quiserdes...

Otelo: Deitar-se com ela! Deitar-se em cima dela! ... Dizer que se deitou com ela, pode bem ser uma calúnia... Deitou-se com ela! Isso é repugnante! ... O lenço... confissões... o lenço! ... Que confesse e que seja enforcado pelo trabalho! Tremo só de pensar isso. A natureza não se deixa invadir assim pela sombra da paixão sem uma grande causa. Não são palavras que me agitam assim... Fora! ... Narizes... ouvidos e lábios! Será possível? ... Confissão? ... Lenço? ... Ó diabos! ... (cai em transe).

Otelo emite um tato inadequado dos eventos precedentes e das reações de Iago. O controle de estímulo mostra-se inadequado: os eventos ambientais estão pouco ou não estão de todo relacionados com o comportamento verbal emitido por Otelo. Tomando estímulos neutros ou ambíguos ele constrói uma cadeia de intraverbais que não o ajudam a entender as relações entre os eventos antecedentes. Pelo contrário, levam-no a uma interpretação que não pode ser empiricamente comprovada pelas relações entre eventos antecedentes no ambiente de Otelo. Nessa passagem, Otelo exige explicitamente que Iago descreva os comportamentos de Cássio. Iago, porém, continua fazendo uma apresentação gradual dos estímulos verbais, exigindo um controle cada vez mais refinado das respostas de Otelo; um controle por propriedades cada vez mais específicas dos SDs fornecidos. Esse controle extremo leva novamente Otelo a produzir uma cadeia de comportamentos intraverbais inefetivos na solução do problema da fidelidade de Desdêmona. Tais intraverbais são estabelecidos por relações entre estímulos que não condizem com a relação que poderia realmente produzir uma resposta-solução para o problema. Desse modo, Otelo gera uma cadeia praticamente interminável de intraverbais encadeados, só interrompida por seu súbito desmaio.

Nesta alta taxa de intraverbais encadeados, Otelo se engaja na “ruminação” de um problema para o qual não tem informação suficiente (ou seja, não tem estímulos discriminativos para as respostas que possam levá-lo a uma solução eficaz). O insucesso em solucionar o problema pode resultar no excessivo controle por intraverbais, tornando impossível tatear eventos e relações entre eventos produzindo uma cadeia lógica (que costumamos chamar de “raciocínio”) que possa levar uma resposta para o problema.

4. Ato IV / Cena 1

Contexto da cena: Continuação da cena anterior.

Iago: Cássio esteve aqui. (…) mandei que ele voltasse daqui a pouco para falar comigo, o que ele me prometeu. Ficai escondido para que possais observar melhor e prestai atenção às zombarias, aos escárnios e aos notórios desdéns que residam em cada região de sua face, pois eu o farei repetir a história: onde, como, quantas vezes, há quanto tempo e quando se deitou e propõe-se se deitar novamente com vossa esposa. Torno a repetir: prestai atenção somente aos gestos dele. (…) (Otelo se afasta) Agora vou fazer perguntas a Cássio a respeito de Bianca, uma dona de casa que, vendendo seus favores, compra pão e vestidos. É uma criatura que está apaixonada por Cássio. ( …) Quando ele ouve falar dela, não consegue refrear o excesso de riso... ele está chegando. Quando ele sorrir Otelo ficará louco e o ciúme ignaro que sente interpretará os sorrisos, os gestos e as condutas despreocupadas do pobre Cássio completamente ao contrário. (Cássio entra.) Como estais passando agora, tenente?

Cássio: Pior ainda, pois vós me dais um título cuja privação me mata.

Nesta cena, podemos ver claramente como Iago já chegou ao auge do controle exercido sobre Otelo, manipulando até mesmo qual propriedade do estímulo deve ser considerada por este. O que acontece na cena será descrito na Table 1.

 

 

Na Tabela 1 podem-se ver os dois níveis de ação em que a cena acontece: de um lado, Otelo, que seguindo as ordens explícitas de Iago, está sob controle de uma única propriedade do estímulo, o estímulo visual – a visão de Cássio e Iago conversando; e de outro lado, o episódio verbal real entre Iago e Cássio, em que Iago manipula a ação de Cássio para que seus gestos sirvam de estimulação visual a Otelo. Nessa cena, chega ao máximo refinamento a modelagem que Iago faz no comportamento verbal de Otelo, pois aqui o Mouro fica sob total controle de apenas uma das propriedades do estímulo, gerando uma interpretação completa-mente enviesada do que está realmente acontecendo. Esse controle se faz através da ação de Iago, que exigindo de Otelo respostas cada vez mais sob controle de suas regras faz com que este interprete os eventos exatamente de acordo com o plano que traçara no início da peça. Esse controle o levará a uma confiança quase cega nos relatos de Iago sobre o caráter de Desdêmona, culminando no assassinato dela por Otelo.

Ao atentar somente para os estímulos visuais da conversa entre Iago e Cássio, parte importante da interpretação que Otelo dá à cena é controlada por estímulos privados, ou seja, por intraverbais fornecidos por Iago ao longo de toda a história anterior de interações entre ele e Otelo. Tendo acesso somente a uma parte do estímulo, Otelo pode usar dicas anteriores para completar a “solução do problema”, i. é, para interpretar a cena, de acordo com a visão anterior que ele já havia feito de Cássio. Com isso, Iago acaba por fornecer a Otelo a prova que ele tanto queria, da traição de Cássio com Desdêmona.

 

Considerações Finais

A análise das contingências apresentadas na peça de Shakespeare permite inferir quais os estímulos que podem estar controlando os comportamentos de Iago e de Otelo. O exame das cenas apresentadas neste estudo mostra que é possível, para o analista do comportamento, recorrer ao exercício de interpretação de obras de ficção para descobrir indícios sobre prováveis conjuntos de estímulos que possam controlar operantes verbais.

Nas verbalizações de Otelo e Iago vê-se nitidamente o percurso de Iago para modelar o comportamento verbal de Otelo, fornecendo reforçamento diferencial contingente a verbalizações cada vez mais claras sobre a desconfiança que ele sentia de Desdêmona, procedendo a um treino de não-correspondência: Iago consistentemente reforça as respostas de Otelo de emitir verbalizações cujo conteúdo expresse sentimentos de dúvida ou de desconfiança em Desdêmona. Ou seja, nesse processo, Iago faz com que Otelo emita relatos cada vez menos correspondentes com os estímulos presentes em seu ambiente e cada vez mais sob controle de suas próprias estimulações privadas – a interpretação que ele faz das evidências, das falas e dos comportamentos de Cássio e de Desdêmona – altamente influenciadas pelas regras dadas por Iago. Esse tipo de reforçamento do conteúdo da fala, independente de sua correspondência com o estímulo discriminativo presente no ambiente do falante parece ser similar ao observado, por exemplo, na clínica comportamental, quando o cliente relata acontecimentos sob controle do reforçamento ou punição do terapeuta mais do que sob controle do fato em si.

Outro ponto a ser observado é a interação dos comportamentos verbais de Iago e Otelo: as verbalizações deste servem como reforçadores para o comportamento de Iago de fazer insinuações sobre Desdêmona e Cássio (ou seja, aumentam a taxa de emissão dessas respostas) e ainda funcionam como SDs para suas verbalizações subseqüentes, em que emite tatos cada vez mais distorcidos sobre a traição de Desdêmona, até chegar ao ponto de relatar acontecimentos absolutamente inverossímeis (que viu Cássio contar sobre seu romance com a mulher de Otelo, etc.). Otelo por sua vez, tem tanto suas respostas reforçadas por Iago por emitir relatos de desconfiança e ciúme, quanto por ficar sob controle de propriedades do estímulo manipuladas por Iago. Otelo, ainda, controla o comportamento de Iago no sentido de que manipula estímulos reforçadores e aversivos para que ele lhe dê informações cada vez mais precisas sobre os comportamentos de sua mulher. Toda essa interação entre os comportamentos verbais dos dois personagens confirma a hipótese de que “os mesmos objetos e eventos podem entrar nas contingências como estímulos antecedentes, como conseqüências ou ambos” (Guerin, 1992, p 34).

É interessante salientar que Iago manipula o comportamento de Otelo praticamente sem agir sobre o ambiente físico, mas principalmente manipulando o comportamento verbal. Servindo como agente mediador, Iago torna-se praticamente a única comunidade verbal disponível a Otelo e, portanto, a única instância que dispõe as contingências e sua única fonte de reforçamento. O efeito dessa audiência formada apenas por Iago é o de controlar tanto a força quanto a probabilidade de emissão de respostas de Otelo, ou seja, de manipular totalmente o modo como ele interage com seu ambiente, com as outras pessoas e com sua própria estimulação interna.

 

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Endereço para correspondência
Ana Karina Leme Arantes
Rodovia Washington Luís, km 235
13565-905, São Carlos, SP, Brasil
E-mail: ana.arantes@gmail.com

Recebido em: 30/10/2007
Aceito para publicação em: 21/7/2008

 

 

1 Aluna de Doutorado do Programa de Pisicologia, Laboratório de Estudos do Comportamento Humano, Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos.
2 Professor Doutor Titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos.
3 “Correspondência ponto a ponto”, neste contexto, quer dizer que o ouvinte repete a fala do falante exatamente como foi proferida. Um exemplo típico de correspondência ponto a ponto é a imitação. A resposta é reforçada quando repete com exatidão o estímulo anterior, seja ele um som ou um gesto.
4 Com certeza, grande parte das respostas (verbais e não-verbais) é aprendida pela gradação de unidades simples até unidades mais sofisticadas de resposta. Todavia, as respostas "finais" podem ser emitidas já de início, mesmo havendo baixa probabilidade de ocorrência, como o próprio Skinner afirma (Skinner, 1953).
Agradecimentos: Este trabalho foi desenvolvido como monografia de bacharelado da primeira autora sob orientação do segundo autor, e contou com o apoio do PRONEX/FAPESP (Processo nº 2003/09928-4).