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Revista Mal Estar e Subjetividade

versão impressa ISSN 1518-6148versão On-line ISSN 2175-3644

Rev. Mal-Estar Subj. v.4 n.2 Fortaleza set. 2004

 

RELATÓRIO DE PESQUISA

 

Os cursos de psicologia de Minas Gerais e a presença da psicanálise na disciplina psicopatologia*

 

 

Ilka Franco Ferrari

Doutora em Psicologia pela Universidade de Barcelona, ES. Professora na graduação e na pós-graduação em Psicologia da PUC Minas; Psicanalista membro aderente da Escola Brasileira de Psicanálise Seção MG. End.: Av. Prof. José Renault, 526 , São Bento, Belo Horizonte, MG, CEP 30350-760. e-mail: francoferrari@terra.com.br

 

 


RESUMO

Este trabalho é resultado da análise dos planos de ensino e das ementas de disciplinas que privilegiam o estudo da Psicopatologia nos cursos de Psicologia do estado de Minas Gerais. O interesse recai sobre a existência de conteúdos psicanalíticos nessas disciplinas, bem como na forma como os mesmos são desenvolvidos, nos 42 cursos de Psicologia deste estado. A forte presença da Psicanálise na rede pública e, também, em vários cursos universitários de Minas não passa desapercebida. Entre elogios e críticas, esse acontecimento tem encontrado compreensão à luz da peculiar participação dos "mineiros" na Reforma Psiquiátrica, já que buscaram destacar o conceito de cidadania e a clínica do sujeito, enlaçando a psiquiatria, a psicanálise e a dimensão sociopolítica, em complexa elaboração das idéias de Pinel e Kraepelin, Freud e Lacan, Foucault e Basaglia. Não se pode ignorar, todavia, que o próprio Freud via a psicanálise como o começo de uma nova psicopatologia, fundamental e indispensável para a compreensão do normal, e não como uma ciência auxiliar da psicopatologia. É evidente, ainda, que Lacan começa seu ensino a partir das contribuições do estruturalismo, leva a hipótese estrutural até suas últimas conseqüências, mas, a partir dos anos 1970, em seu último ensino, faz mudanças significativas em sua proposta clínica. Parte de uma pesquisa mais ampla sobre "psicopatologia e psicanálise", este estudo coloca em discussão o que tem acontecido nesse campo de conhecimento e traz a contribuição de importantes psicanalistas sobre o tema, favorecendo a reflexão sobre a formação acadêmica desse profissional do século XXI, século que escancara novas formas de mal-estar na cultura.

Palavras-chave: Psicanálise; psicopatologia; cursos de Psicologia; Minas Gerais; Universidade.


ABSTRACT

This work is a result of the analysis of the educational plans and of the disciplines summaries that privilege the study of the Psychopathology on the courses of Psychology Minas Gerais state. The interest falls again on the existence of psychoanalytical contents into these disciplines, as well as in the form as the same ones are developed on the 42 courses of Psychology of this state. The strong presence of the Psychoanalysis in public net and also in some universities courses of Minas does not pass unnoticed. Between critical and compliments, this event has found understanding to the light of the peculiar participation of the "mineiros" in the Psychiatric Reform, since they searched to detach the concept of citizenship and the clinic of the subject, enlacing psychiatry, the psychoanalysis and the sociopolitical dimension, on a complexed elaboration of the ideas of Pinel and Kraepelin, Freud and Lacan, Foucault and Basaglia. It can not be ignored however that Freud saw the psychoanalysis as the start of a new psychopathology, basic and indispensable for the understanding of the normal one, and not as an auxiliary science of the psychopathology. It is evident still, that Lacan starts his teachings from the contributions of the structuralism, taking the structural hypothesis until last consequences, but from the years 1970's in his last teaching, he makes significant changes in his clinical proposal. Part of one ample research on "psychopathology and psychoanalysis", this study places in quarrel what has happened on this field of knowledge and brings the contribution of important psychoanalysts to the subject, favoring reflection over the academic formation of this century XXI professional, a century that shows new forms of discontentment in the culture.

Keywords: Psychoanalysis; psychopathology; courses of Psychology; Minas Gerais; University.


 

 

A idéia de estudar o ensino da "psicopatologia psicanalítica"1, em Minas Gerais, surgiu no contexto de uma pesquisa mais ampla.

No ano de 2003, a PUC Minas estabeleceu uma parceria com dois pesquisadores da Universidade de Barcelona, os professores Adolfo Jarne Esparcia2 e Hebe Tizio3, para o desenvolvimento de uma pesquisa sobre "psicopatologia e psicanálise", na qual o que se busca é, exatamente, enfrentar o desafio que supõe a pergunta sobre as conseqüências da superposição da psicopatologia com a psicanálise, principalmente naquilo que diz respeito às estruturas clínicas desenvolvidas por Lacan. Conforme se conhece, Lacan dizia que suas estruturas eram freudianas e, sendo assim, a referida pesquisa conta com três segmentos: um momento de estudo dos usos que Freud fazia do termo psicopatologia; o cenário da "psicopatologia psiquiátrica" da época freudiana; o primeiro ensino de Lacan e suas "estruturas clínicas". É evidente que, ao trabalhar essas questões, o segundo ensino de Lacan acabará por ser considerado, ainda que sob a forma de algumas citações.

O fato de trabalhar em uma universidade em que o curso de Psicologia, de forma clara ou implícita, privilegia a psicanálise - segundo queixas, reclamações, denúncias de alunos - significa estar diante de situações muito peculiares. Os momentos de discussões objetivando reformas curriculares são um bom exemplo. Nesses momentos, é usual que aconteçam discussões sobre a "alocação" da psicanálise, não só nos períodos do curso, mas, também, como parte do conteúdo de certas disciplinas. A disciplina Psicopatologia geral II, do curso de Psicologia da PUC Minas, unidade Coração Eucarístico, que é conhecida como Psicopatologia psicanalítica em função de seu conteúdo, ainda que no currículo seu nome seja Psicopatologia geral II, não deixa de ser questionada nessas ocasiões. Isso porque existem outras disciplinas que abordam as neuroses, as psicoses e as perversões e, dessa forma, são também freqüentes as queixas dos alunos sobre a superposição de conteúdos, a repetição de textos, etc. Os alunos deste curso, ao final do mesmo, não poupam críticas sobre a superposição, dizem do desânimo nas aulas, nos estudos... Por volta do 4º período, já começam as queixas de haver psicanálise em quase tudo que se estuda...

Um dos argumentos que têm sido utilizados para o questionamento da permanência de Psicopatologia II, na grade curricular, diz respeito à questão de que "estrutura clínica", parte de seu conteúdo programático, não é psicopatologia e, conseqüentemente, são apontadas possibilidades desses conteúdos serem estudados em outras disciplinas. Esse fato, que não é novo, não aconteceu em somente uma situação, foi o que alimentou a idéia da pesquisa apresentada aos professores de Barcelona e aceita por eles.

Ao observar o que se passava no curso de Psicologia da PUC Minas, unidade Coração Eucarístico, no entanto, surgiu a pergunta sobre a forma de funcionamento dos outros cursos de Psicologia do estado de Minas Gerais, estado que, segundo se comenta, tem sua rede pública de saúde fortemente influenciada pela psicanálise. O movimento próprio do desejo de saber um pouco além do cotidiano em que se está inserido levou, então, a esta outra pesquisa sobre o ensino da psicanálise como conteúdo programático da disciplina Psicopatologia.

O currículo de um curso, com tudo o que implica do ideal de formação nele contido e que pode ser observado nos ementários das disciplinas, como se sabe, acaba por não refletir aquilo que realmente acontece dentro da sala de aula, a exemplo do curso da unidade Coração Eucarístico, que tem um currículo bem equilibrado e nele não se nota o predomínio da psicanálise. Foram, no entanto, os ementários das disciplinas Psicopatologia, para os casos de cursos que ainda não implantaram o período em que essa disciplina se localiza, ou os planos de ensino da referida disciplina, o material utilizado para este estudo. Isso porque os planos de ensino ou o conteúdo programático de uma disciplina fazem parte do que se considera como dados oficiais de uma instituição de ensino.

 

Algumas peculiaridades de Minas Gerais

Quando se lê Roudinesco e Plon (1944/1998) dizendo que é muito evidente a grande influência da psicanálise no mundo "psi" do Brasil, primeiro país onde se colocou em prática, na América Latina, o ensino de Freud, não se pode ignorar que, segundo Barreto (1999), o surgimento da psicanálise é recente em Minas Gerais, quando o compara aos outros estados. Fato inegável, no entanto, é a existência de muitos profissionais que se intitulam psicanalistas, na rede pública do estado.

Uma maneira de compreender esse fenômeno é olhá-lo à luz da "Reforma Psiquiátrica" mineira. Como se sabe, as Minas Gerais, descobertas pelos "bandeirantes paulistas", no final do século XVI, acolhendo, depois, os portugueses e escravos africanos que buscavam ouro e diamantes, desde o tempo do Império está envolvida, ativamente, nos movimentos políticos do país. Sua participação na Reforma Psiquiátrica não poderia ser diferente. Para Barreto (1999), o que distingue a forma de participação dos mineiros no processo da Reforma é o enlace de três eixos básicos: a psiquiatria, a psicanálise e a dimensão sociopolítica, em uma complexa audiência com Pinel e Kraepelin, Freud e Lacan, Foucault e Basaglia. O autor reconhece que esse foi um exercício teórico e prático tenso, difícil, que tentava colocar em destaque o conceito de cidadania e a clínica do sujeito, fundando um trabalho clínico e uma prática nos quais se levasse em conta a subjetividade.

O mundo da psiquiatria mineira, marcado pelo constrangimento de seus manicômios e pela política mercantilista que imperava nos hospitais, organizou, em 1979, o "III Congresso Mineiro de Psiquiatria", objetivando denunciar as condições da assistência psiquiátrica pública e privada de Minas e apontar os caminhos para sua reestruturação. A opinião pública foi mobilizada e pessoas como Basaglia, Castel e Foucault foram convidadas a participar das discussões (Ferrari, 2001).

Os movimentos reformistas surgiam dentro da própria Associação Mineira de Psiquiatria, pois dali saíam trabalhos que questionavam o saber e o corporativismo psiquiátrico, o que levou ao rompimento com a clínica psiquiátrica tradicional e fez muito viva a articulação com a psicanálise de orientação lacaniana. Nas palavras de Lobosque e Abou-yo (1998, p. 249), profissionais atuantes no movimento da Reforma, "a psicanálise tem o costume de encontrar-se afastada das experiências políticas incisivas e claramente de esquerda como a nossa. Vale ressaltar, no entanto, a fertilidade desta rara articulação". Pode-se dizer que presença da psicanálise na rede pública mineira teve sua face bem marcada, principalmente depois de 1992, período em que a coalizão política que apoiava a reforma subiu ao poder e, junto com ela, levou vários psicanalistas que já vinham apoiando os movimentos políticos de oposição.

É verdade que todo esse movimento não foi sem conseqüências, até mesmo para os cursos de Psicologia, já que houve um momento da luta antimanicomial em que os psicólogos começaram a ter participação importante (Ferrari, 2001). A psicanálise lacaniana, sem dúvidas, começou a ser mais estudada depois da Reforma, principalmente em situações nas quais a psicose estava envolvida e Lacan era chamado a repetir, por meio da boca de muitos, "a necessidade de não se recuar diante da psicose". Em Minas, como se ouve comentar, os currículos do curso de Psicologia, de forma geral, abordam a psicanálise e, conforme escreve Rosa (2001) a respeito de sua experiência em São Paulo, é muito comum que a psicanálise esteja presente tanto em "seus eixos teóricos - Psicanálise I, II, etc.- quanto nas disciplinas temáticas em que está inserida de forma menos evidente, ou seja, onde se lê Psicomotricidade, Psicopatologia, Psicologia do Desenvolvimento, será possível ler 'Psicanálise'" (Rosa, 2001, p. 1). O que também acontece em Minas é que, dependendo da abordagem teórica do supervisor, "a psicanálise estará ou não presente nos estágios supervisionados, tanto os de atendimento clínico como os de atendimento à comunidade (na escola, nas instituições)", (Rosa, 2001, p. 1).

No exemplo já citado a partir do curso de Psicologia da PUC Minas, unidade Coração Eucarístico, e sem a intenção de generalizar o que se passa nesta instituição, há anos que os alunos se queixam de que ali a psicanálise apaga a psicologia e leva a uma dificuldade naquilo que chamam de "identidade profissional", ou seja, ao final do curso, eles não sabem trabalhar como psicólogos e não podem dizer que são psicanalistas. A queixa de que isso se deve ao currículo utilizado não se justifica, como também já se escreveu, já que um estudo do mesmo mostra equilíbrio entre os diversos campos de conhecimento aplicados à Psicologia (Ferrari & Silva, 1993).

Não se pode deixar de mencionar, e é até importante dizer, que o curso da PUC Minas sempre foi reconhecido como formador de bons clínicos e que, na rede pública de saúde mental, são encontrados vários, para não dizer muitos, profissionais ali graduados. Rede pública esta, nos últimos anos, marcada pela psicanálise de orientação lacaniana, conforme já foi observado.

 

As informações obtidas sobre os cursos mineiros

O site do Ministério da Educação e Cultura foi consultado para busca de dados e dele retirou-se uma lista onde constavam, em janeiro de 2004, 43 cursos de Psicologia em Minas Gerais. Ao verificar, uma vez mais, a lista, em maio do mesmo ano, ali apareciam 45 cursos. Ao conferir os nomes das instituições, já na primeira consulta, verificou-se que alguns deles se repetiam e o motivo da repetição não era claro. Diante desse fato, consultou-se o MEC e a informação obtida resumia a questão em um "erro de duplicidade no sistema" (segundo o atendente), informação confirmada pela secretaria do CRP - 4ª região. Essas respostas mais desorientavam que informavam e, assim, por meio de um novo contato com o MEC, obteve-se a resposta de que a repetição se relacionava com a diferenciação de habilitações e diplomas oferecidos pelas instituições, informação esta confirmada pela Secretaria de Educação Superior.

Ao se verificar, então, as habilitações e os diplomas oferecidos, concluiu-se que há 29 instituições de ensino superior que ministram o curso de Psicologia em Minas Gerais. Esse número foi obtido considerando que a instituição é contada a cada vez que ela aparece com cursos na mesma cidade ou em cidades diferentes (a exemplo da PUC Minas, que tem cursos em mais de uma cidade e três cursos em Belo Horizonte) e considerando, ainda, que se contou a instituição uma só vez, mesmo que ela se repetisse porque oferecia mais de um tipo de diploma: bacharelado, específico referente à profissão - psicólogo e licenciatura.

Para a obtenção dos planos de ensino ou das ementas de cada curso, também se fizeram necessárias várias tentativas de contato com as instituições e, em algumas delas, o contato foi feito diretamente com as chefias ou membros de colegiado, por telefone ou e-mail. Dado interessante é que todas as instituições, após terem ciência do motivo do pedido desse material, mostravam-se solidárias, se comprometiam com seu envio por e-mail e, somente duas delas, situadas em Belo Horizonte, pediram que se fosse até o local para buscá-lo. Ao final, no entanto, somente 17 instituições forneceram material para o referido estudo.

A partir da organização do material recebido observou-se que, em alguns cursos, a presença da psicanálise fica melhor esclarecida pela bibliografia existente no plano de ensino e não pela ementa, por exemplo, no do Centro Universitário do Triângulo (UNIT), na disciplina Psicopatologia infantil. Ali também se observa que a forte referência é Melaine Klein e Winnicott, não havendo referências a Freud ou Lacan.

No Centro Universitário do Leste de Minas (Unileste), em uma disciplina denominada Transtornos Psicopatológicos I, com ementa que não menciona a psicanálise, surgem Laplanche e Pontalis no Vocabulário de Psicanálise e a Introdução à Psicopatologia Psicanalítica, de Kusnetzoff, como indicação bibliográfica. Dado que vale a pena mencionar é que nessa instituição se indica a leitura da tese de Lacan. Embora não se conheça o uso que se faz dessa tese, nesse contexto, esta parece ser uma indicação que combina com o conteúdo jasperiano da ementa. São freqüentes os comentários de que Lacan, em sua tese, é jasperiano. O que não se diz, com muita freqüência, é que Lacan usa o conceito de "processo", retirado de Jaspers, de forma inusitada, ou seja, para explicar a paranóia, e cria uma classificação de paranóia de que outros autores ainda não haviam falado, a "paranóia de autopunição".

O Centro Universitário Newton Paiva, na disciplina Psicopatologia Geral II, menciona, de forma explícita, o estudo das "estruturas clínicas", ainda que nessa disciplina também se estude a chamada "personalidade psicopática" e as "síndromes mentais". A peculiaridade que se observa é a bibliografia psicanalítica destinada a tal estudo: Obra completa de Freud e Antônio Quinet, no livro A descoberta do Inconsciente, o qual, sem dúvida, é um bom livro para se estudar a neurose. Nessa bibliografia aparece, também, a indicação do livro A querela dos diagnósticos, no qual há uma coletânea de textos de autores psicanalistas, inclusive de Lacan com seu escrito sobre A psiquiatria inglesa e a guerra. Conforme se pode observar, entretanto, até mesmo pelo título do livro, são textos que abordam a questão do diagnóstico, tanto na psiquiatria quanto na psicanálise, muito úteis, mas nos quais a preocupação central não é com as estruturas clínicas, o que parece ser o foco da ementa ou, pelo menos, é o que se pode entender de sua leitura.

As Obras Completas de Freud são indicadas na disciplina Psicopatologia Geral I, do curso do Centro Universitário da Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC), sem especificação de texto algum, a partir de uma ementa que focaliza fenomenologia, nosologia e semiologia psiquiátrica, estudo da CID-10 e do DSM-IV.

Na Universidade Federal de Minas Gerias - UFMG, a disciplina Psicopatologia II apresenta ementa com presença da fenomenologia psiquiátrica e da psicanálise. Os autores de referência psicanalítica são Freud e Lacan. Se, para Freud, são citadas as obras completas e não são especificados os textos, para Lacan foi reservada a época de sua tese de doutorado, momento em que ele ainda não se dizia psicanalista. Como há, na ementa, referência à fenomenologia, são válidos, para esta situação, os comentários já tecidos sobre o que se passa no Centro Universitário do Leste de Minas (Unileste).

Em relação à PUC Minas, observa-se que, nos cursos de Betim, São Gabriel e Poços de Caldas, a psicanálise não é estudada dentro da disciplina Psicopatologia, como ocorre também nas disciplinas oferecidas nos cursos da Faculdade Pitágoras de Montes Claros e na Universidade Federal de São João Del Rey (UFSJ). O curso da PUC Minas da cidade de Arcos menciona, na ementa, o estudo da "nosologia na perspectiva psicanalítica", dentro da disciplina Psicopatologia II, em meio a uma curiosa distribuição de conteúdo programático que envolve as implicações da psicopatologia com a Filosofia, a Psicologia e a prática psicológica e que, fenomenologicamente, só estuda as psicoses e perversões. Essa divisão leva a pensar na possibilidade de que será a "nosologia psicanalítica" aquela destinada a estudar as neuroses... Vale dizer que este estudo só se realizou pelas ementas, já que a disciplina será oferecida no 6º período, ainda não implantado.

Somente na unidade Coração Eucarístico existe uma disciplina de Psicopatologia toda psicanalítica. Trata-se da Psicopatologia II, com ementa claramente psicanalítica e bibliografia que contempla a ementa proposta. O que chama a atenção é o fato de que, embora a ementa seja a mesma, a referência bibliográfica não o é, ainda que Jacques Lacan e Freud, os dois principais autores de referência, tenham seus textos especificados. No turno da noite, essa disciplina contempla autores leitores de Freud e Lacan (Lacan só é citado, diretamente, no Seminário 1), enquanto no turno da manhã a referência recai nos autores de origem, ou seja, Freud e Lacan, este último citado em quatro de seus importantes Seminários: 3, 4, 5 e 11. De todas as instituições estudadas, esta é a única onde, nitidamente, Psicopatologia I tem a orientação fenomenológica psiquiátrica, enquanto a Psicopatologia II se orienta na vertente psicanalítica. Pode-se destacar ainda a existência de uma disciplina optativa, Psicopatologia Infanto-juvenil, na qual são estudados aspectos orgânicos e psíquicos da excepcionalidade e em que há referência à psicanálise.

No Instituto Superior de Ensino e Pesquisa de Ituiutaba (ISEPI), as duas disciplinas de psicopatologia oferecidas não se dedicam a considerar estudos psicanalíticos, estando voltadas para a fenomenologia psiquiátrica e para o estudo da CID-10.

O curso da Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC), em Barbacena, que apresenta a previsão de duas disciplinas de psicopatologia, tem, na Psicopatologia I, longa bibliografia psicanalítica, embora esta não seja sua única orientação. Nela, Freud e Lacan são citados como autores a serem considerados, embora também sejam mencionados textos de M. Klain e Winnicott, ainda que em número menor. A Psicopatologia II apresenta orientação psiquiátrica e só será ministrada no primeiro semestre de 2005.

A Psicopatologia I, que é oferecida na Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE), deixa implícita a possibilidade de algum estudo psicanalítico, quando se refere a "tipos de diagnóstico" e "aparelho psíquico e as atividades psíquicas". Nenhuma referência bibliográfica relativa ao campo da psicanálise é, no entanto, mencionada. A Psicopatologia II também não parece abordar esta teoria, já que, além de não conter textos psicanalíticos na bibliografia indicada, inicia voltada para o conceito de personalidade e distúrbios da personalidade.

A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) estabeleceu, em seu currículo, o estudo de três disciplinas de psicopatologia: Psicopatologia geral I, Psicopatologia geral II e Psicopatologia infantil, sendo esta última disciplina optativa. Parece deixar claro que, na primeira, a psicanálise não será estudada e, nas outras duas, pela análise da bibliografia indicada, ela está presente, principalmente na Psicopatologia II.

É na Psicopatologia II que o curso da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) deixa espaço para o estudo da psicanálise, mais especificamente das estruturas clínicas.

Desses dados apresentados e relativos às instituições que enviaram o material que lhes foi pedido, o que se considera essencial, no momento, é constatar a presença do ensino da psicanálise em disciplinas de psicopatologia e, também, constatar que, na PUC Minas, unidade Coração Eucarístico, realmente, a ênfase na psicanálise parece ser maior. É, ainda, marcante o fato de que a referência à "psicopatologia psicanalítica" não deixa de lado o que se denominou "estruturas clínicas", ponto às vezes questionado, conforme já se mencionou.

Um dado interessante, para ser pensado, é aquele relativo ao fato de que apenas nos cursos da PUC Minas, unidade Coração Eucarístico, e da UNIPAC - Barbacena, entre os estudados, há uma longa bibliografia de Freud e Lacan, na qual são especificados os textos freudianos a serem abordados, já é freqüente aparecer as Obras Completas como referência (exceção da Psicopatologia II , estudada na UFU, em que, por se utilizar um único texto freudiano, Neurose e psicose, ele é especificado). Valerá a pena dedicar-se, posteriormente, a refletir sobre essa questão, pois Freud falava, usava o termo "psicopatologia", enquanto em Lacan isso já não é evidente.

 

Algumas contribuições sobre a questão Psicopatologia e Psicanálise

Desenvolver uma pesquisa sobre a complexa relação que parece existir entre psicanálise e psicopatologia é defrontar-se com muitas perguntas e, conseqüentemente, um bom caminho para avançar é a interlocução com outros profissionais. Dessa forma, no início de 2004, decidiu-se enviar duas perguntas, por e-mail, para alguns psicanalistas conhecidos e reconhecidos no ambiente "psi". Uma delas, já bem discutida por psicanalistas de várias gerações, "O que você pensa sobre o ensino da psicanálise na Universidade?", interessava para o contexto das atuais pesquisas realizadas, mas, também, por todas as questões presentes no discurso contemporâneo, em que a psicanálise é levada a um forçamento de legalização. A outra pergunta, "Há uma psicopatologia psicanalítica? Se há, como circunscrevê-la em Freud e Lacan?", está diretamente relacionada ao tema pesquisado, conforme se pode observar.

A seguir, são descritas as respostas obtidas para a segunda pergunta, já que ela é a que mais interessa nesse contexto.

Para o belga Alfredo Zenoni (comunicação pessoal, 25 de fevereiro de 2004), doutor em psicanálise, Membro da Associação Mundial de Psicanálise (AMP) e conhecido por seus trabalhos em instituições, não há dúvida de que existe uma psicopatologia psicanalítica, ainda que Lacan não empregue a noção de psicopatologia, mas, sim, a de "tipos de simptomas". A estrutura, diz ele, é um modo de subjetivação e, por isso mesmo, a noção de psicopatologia está subvertida na psicanálise, já que desde o ponto de vista psicanalítico não há normalidade. Dessa forma, pode-se dizer que há três estruturas subjetivas da "patologia" humana, no sentido de que é justamente por isso que se pode dizer que o ser falante, como tal, está louco. Isso porque, segue Zenoni, Lacan já dizia que todo mundo delira, o que favorece que se diga que todo mundo é patológico, segundo três modalidades subjetivas diferentes: neurose, psicose e perversão.

Já para Margarita Alvarez (comunicação pessoal, 12 de março de 2004), diretora da biblioteca do Campo Freudiano da Escola Lacaniana de Psicanálise (ELP), Espanha, instituição da Associação Mundial de Psicanálise (AMP), o que lhe parece é que a orientação lacaniana não utiliza o termo "psicopatologia", mas se serve de termos como "sintoma" e "clínica analítica", porque "psicopatologia" remete à noção de enfermidade mental, o que supõe um ideal de saúde. Como se sabe, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a idéia de saúde implica que o indivíduo viva em total bem-estar físico, psíquico e social e, como se sabe, desde Freud, em Mal-estar na civilização, o mal-estar é ineliminável da vida humana. Para Margarita, de Freud a Lacan, o que muda é a noção de sintoma. Em Freud e também no chamado primeiro Lacan, com sua clínica estrutural, o sintoma remete ao conflito psíquico que deveria ser eliminado. No último Lacan, na clínica dos nós, o sintoma remete à modalidade de gozo do sujeito, portanto ineliminável, e do que se trata é de modificar a relação do sujeito com o sintoma, para que seja um sintoma "vivível".

Fabián Schejtman, argentino membro da EOL, Escola de Orientação Lacaniana, e da AMP, que esteve em Salvador, Bahia, de 8 a 12 de abril de 2004, para o seminário intitulado Clínica do sintoma e topologia dos nós, responde a esta pergunta (comunicação pessoal, 18 de abril de 2004) de forma que se pode denotar sua complexidade: "(...) las preguntas que formulás... ¡darían para un seminario entero! De todos modos, puedo decirte a modo de síntesis que Lacan se refirió explícitamente a la 'psicopatología psicoanalítica' en Función y campo de la palabra y del lenguaje en psicoanálisis (p. 258 de la versión castellana de los Escritos)". Quando se estuda o que ali está escrito, o que se encontra é Lacan falando sobre a "psicopatologia da vida cotidiana" freudiana. Lá está o ato falho como um discurso exitoso, "lindamente polido", e o lapso de linguagem como aquilo que "faz falta para que um bom entendedor encontre o que necessita". Ainda na página 258, Lacan fala sobre a questão do sintoma em Freud, de como Freud, "para admitir um sintoma na psicopatologia psicanalítica, neurótico ou não, exige uma superdeterminação que constitui um duplo sentido, símbolo de um conflito defunto", o que é bem diferente de outras formas de psicopatologia. Isso porque, mostra Lacan, Freud "nos ensinou a seguir no texto das associações livres a ramificação ascendente dessa estirpe simbólica para situar, através dela, os pontos onde as formas verbais se entrecruzam com os nós de sua estrutura" e, assim, o sintoma se resolve por meio da análise da linguagem, "porque ele mesmo está estruturado como uma linguagem, porque é linguagem que deve ser liberada". Desse modo, o que aqui se vê, na referência mencionada por Fabián, é o Lacan do primeiro ensino, conforme afirmou Margarita, logo acima.

O e-mail de Miquel Bassols (comunicação pessoal, 20 de março de 2004) expressa a forma direta de dizer o que pensa que lhe caracteriza. Coordenador da Seção Clínica da ELP de Barcelona juntamente com Hebe Tizio e, também, membro da AMP, Miquel afirma que a clínica estrutural na qual distinguimos neurose, psicose e perversão é um saber clínico herdado da psicopatologia psiquiátrica, mas se distingue dela, exatamente por não fazer distinção entre normal e patológico. O que há é uma clínica psicanalítica que funciona unicamente no caso a caso e na possibilidade de que um caso se converta em paradigma, já que, ao seguir a orientação lacaniana, deve-se falar do "matema" psicanalítico em lugar do "patema" descrito pela psicopatologia clássica ou atual, esta dos "transtornos mentais". Isso porque o "matema psicanalítico" funda um saber do sujeito por sua posição relativa ao gozo em seu fantasma, e não na descrição do sintoma.

Após descrever essas formas de tratar a existência de uma "psicopatologia psicanalítica", o que se nota é que, dentro da própria Associação Mundial de Psicanálise, AMP, o tema é uma questão. Pode-se dizer que a unanimidade se refere ao fato de que, se ela existe, é bem diferente do que usualmente se conhece sob a denominação de psicopatologia. Esses dados, associados ao que falou Zenoni, ou seja, de que para a psicanálise não existe a normalidade e, sim, três modos subjetivos de patologia, neurose, psicose, perversão, parecem justificar o fato de que o ensino da psicanálise não entre nos currículos de Psicologia, em disciplinas de Psicopatologia. Isso porque a neurose, a psicose e a perversão já estão presentes nas disciplinas de iniciação à psicanálise, nos mais introdutórios textos freudianos que envolvem a formalização, a construção desse campo de conhecimento. Uma idéia que é recorrente, em meio a tanta falta de clareza, é a preocupação dos alunos em distinguir, então, o normal e o patológico, ou o normal da neurose, já que a psicose, para eles, sem dúvida, é patológica.

 

Com Freud e Lacan

Parece incontestável que os estudiosos da psicopatologia, ainda que não comunguem com as idéias de Freud, acabam por reconhecer que ele teve papel importante na base de todo o desenvolvimento nosográfico atual e na concepção de delírio como cura. Com o modelo psicopatológico de defesa - sim, vale recordar, Freud empregava o termo psicopatologia -, ainda no século XIX, vai delimitando, a partir das respostas que o sujeito dá frente àquilo que lhe resultava intolerável, o campo das neuroses e das psicoses. Essas distinções são realizadas, como bem se sabe, por meio do estudo da libido e de seus mecanismos genéricos na organização do quadro clínico. Se os mecanismos de forclusão, recalque, desmentido ou renegação podem ser encontrados descritos em Freud, não foram, no entanto, considerados por ele como organizadores das três estruturas. Os mecanismos de bejahung e verwerfung são apresentados, sem dúvida, como importantes nas formas de subjetivação.

Conforme lembra Lavigne (1995), em psicanálise nunca é apresentado um mecanismo incondicionado, ou seja, reduzido a um automatón. Mesmo que Lacan tenha falado, por exemplo, de forclusão, ele também dizia que nela havia a insondável decisão do ser. Insondável decisão do ser, levando à repetida frase de que o sujeito é responsável por seu pathos e a estudos para se entender como alguém pode eleger a psicose, como alguém pode não querer jogar o jogo da impostura paterna, mecanismo em que a bejahung e a verwerfung são cartas decisivas. Dizer "sim" ao simbólico é, sem dúvida, dizer "sim" a um semblante, já que o pai, por definição, é um impostor e o psicótico não admite essa impostura. De acordo com Lavigne (1995), tudo indica que a preocupação a respeito da relação de um mecanismo com um consentimento, ou seja, com o que implica as constantes eleições que fazem os sujeitos, foi o que fez Lacan escrever um livro sobre Ética.

Ética que, desde Freud, supõe o modo singular do sujeito e não faz referência a nenhum modelo uniforme ou a um tipo ideal.

Conforme escreve Mazzuca (2003), em Freud a Ética do desejo chega a ser apresentada até mesmo de uma forma bem radical, pois, em determinado momento, supõe eliminar todos os recalques que separam o desejo da via da ação, já que o desejo, força originária do sistema inconsciente, deve ser assumido conscientemente. É verdade, no entanto, que Freud vai falar que depois de liberar o recalcado, alguns impulsos são satisfeitos e servem de fonte da ação, enquanto outros são rechaçados pelo sujeito porque entram em conflito com princípios morais.

Lacan também, ao longo de seu ensino, passa pela afirmação de que não se deve ceder ante o desejo, deve-se atuar segundo o desejo, para chegar a uma forma de modular esse caráter absoluto do desejo. Isso porque, como imperativo categórico, o desejo implica riscos, fica a serviço da pulsão de morte, tal como se observa em Antígona. Assim, o desejo em psicanálise não é o desejo puro, mas modulado pela decisão do sujeito que deve fazer-se responsável de seu desejo e de seu gozo. Dentro de tal perspectiva, pode-se dizer que há uma ética das neuroses, das psicoses e da perversão, há modalidades subjetivas, modos de ser, posições diferentes do sujeito em relação ao desejo, ao gozo, à fantasia e à realidade. Há, na psicanálise, uma ética que não se inclui entre as éticas hedonistas que são chamadas éticas dos bens, do bem supremo, as quais supõem que, guiando-se pelo bem, obtém-se o bem-estar, a felicidade. Como se pode ver, esta é, em todos os casos, uma psicopatologia bem diferente.

Pelo que parece, psicopatologia não é mesmo um termo utilizado por Lacan e também não o é a expressão "estruturas clínicas", tão popularizada no meio "psi". Como informa Mazzuca (2000), Lacan jamais utilizou a expressão "estruturas clínicas" e, sim, "estruturas subjetivas" ou "modalidades do sujeito" ou, para referir-se a seu retorno a Freud, "estruturas freudianas". Pode-se dizer que sua primeira clínica, a "freudiana", é a clínica do desejo, do sujeito, sujeito com seu desejo insatisfeito, impossível e prevenido, com seus modos subjetivos de constituição e funcionamento. É uma clínica do Outro fazendo parte da estrutura do desejo porque este é sempre o desejo do Outro e, nesse sentido, é a clínica do social. Clínica estruturalista, cuja essência é a diferença, a oposição, neste caso, presença ou ausência do significante Nome do Pai e, por isso, diz-se que ela é descontinuista, categorial, já que implica classificação.

A segunda clínica lacaniana, que começa a ser mais falada nas universidades mas ainda não aparece de forma clara em nenhum dos programas estudados, está aí, no entanto, para ensinar que parar na primeira clínica pode ser uma séria omissão. Essa segunda clínica difere, supõe transformações, já que comporta um novo conceito de sintoma: sintoma como gozo de uma letra. Dessa forma, baseia-se em uma clínica dos gozos e dos tipos de sintoma, sendo, assim, uma clínica autista, porque o sintoma é autista. Surge a diferença entre sintoma e "sinthome", pois "sinthome" é o sintoma colocado em função de enlaçar, articular o gozo autista na relação com o Outro. Essa é a clínica borromeana.

Nessa clínica borromeana, fundada a partir da generalização do conceito de forclusão, bem como do conceito de Nome do Pai e até sua substituição pelo chamado ponto de capitonê, parte-se do princípio de que pode ou não haver nós de ligação e, quando os há, eles podem ou não ser borromeos. Por não implicar uma classificação, ela foi chamada de elástica, gradual, durante as Conversações de Arcachon (1997). Existem casos em que há o ponto de capitonê pela presença do Nome do Pai, com a operação da metáfora paterna, e outros em que o capitoneado se dá por outros elementos ou até não se dá, o que foi denominado "nebulosa", em Arcachon (1997), porque, apesar de constituir um conjunto, seus elementos não têm articulação entre si. Entre os dois extremos há uma série de possíveis arranjos e, assim, diz-se que ela é continuísta, gradual. A função do Nome do Pai e do sintoma é a mesma, ou seja, dar nós de modo que real, simbólico, imaginário não fiquem soltos.

É possível constatar que este grupo de pesquisa tem um longo caminho pela frente, principalmente se nesse caminho são incluídas as contribuições aos modos de se trabalhar a psicanálise dentro do contexto universitário. É bem provável que esses acontecimentos nos cursos de graduação se deva, também, à forma como o ensino de Freud e Lacan foi chegando à comunidade acadêmica e às traduções de suas obras. O que resta concluir é que, da mesma maneira que um dia Lacan disse que retornou a Freud, forma de dizer dos desvios existentes em sua obra, parece ser importante, então, que se comece a retornar a Lacan.

 

Referências

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Recebido em 05 de junho de 2004
Aceito em 21 de junho de 2004
Revisado em 10 de agosto de 2004

 

 

* Os dados obtidos por meio das ementas e bibliografia dos planos de curso enviados pelas instituições foram organizados em tabelas, esses dados complementares podem ser obtidos pelo leitor através da autora do artigo, que detêm os dados completos da pesquisa e poderá disponibiliza-los na íntegra.

Notas

1 Trabalho realizado com a cooperação da bolsista de iniciação científica, Camila Alvarenga.
2 Doutor em Psicologia pela Universidade de Barcelona (U.B.), E.S., Mestre em Criminologia e Execução Penal pela Universidade Autônoma de Barcelona, ES., Vicedecano da Faculdade de Psicologia da Universidade de Barcelona (U.B.), psicopatólogo, professor na graduação e pós-graduação da U.B.
3 Doutora em Psicologia pela Universidade de Barcelona (U.B.), E.S., psicanalista Analista da Escola (A.E.) do Campo freudiano, coordenadora da Seção Clínica da Escola Lacaniana de Psicanálise (E.L.P.), em Barcelona, professora na graduação e pós-graduação da U.B.

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