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Revista Mal Estar e Subjetividade

versão impressa ISSN 1518-6148versão On-line ISSN 2175-3644

Rev. Mal-Estar Subj. v.7 n.1 Fortaleza mar. 2007

 

RELATÓRIOS DE PESQUISA

 

Profissão perigo: percepção de risco à saúde entre os catadores do Lixão do Jangurussu

 

 

Sylvia CavalcanteI; Márcio Flavio Amorim FrancoII

IProfessora do Mestrado em Psicologia da Universidade de Fortaleza. Doutora em Psicologia Ambiental pela Université Louis Pasteur, Strasbourg, França. End.: Rua Vilebaldo Aguiar, 95, apto. 1002. Fortaleza, CE. CEP: 60190-780. E-mail: sylviac@unifor.br
IIEspecialista em Gestão Escolar, mestre em Psicologia pela Universidade de Fortaleza. End.: Rua Tenente Benévolo, 1178. Fortaleza, CE. CEP: 60100-160. E-mail: lemmarcio@yahoo.com.br

 

 


RESUMO

Este estudo descreve as dificuldades de trabalho vivenciadas por um grupo de catadores de lixo aproveitável num lixão situado na malha urbana de Fortaleza, segundo a óptica desses sujeitos. Correlaciona o ambiente de catação com os fatores de risco e danos à saúde relacionados a esse tipo de ocupação. Fundamentados na observação livre da atividade e em entrevistas não-estruturadas, os resultados evidenciaram uma atividade perigosa e insalubre, embora, muitas vezes, se constitua a única forma de sobrevivência para um grande número de pessoas. Os dados revelaram ainda que os catadores utilizam estratégias defensivas para minimizar e acobertar os riscos presentes no ambiente da catação de lixo, para poderem dar continuidade à sua rotina de trabalho.

Palavras-chave: catadores de lixo, percepção de risco, ambiente ocupacional, condições de trabalho, saúde coletiva.


ABSTRACT

This study describes the work difficulties lived by a group of garbage pickers at a non-treated garbage depository situated in the city of Fortaleza, according to these individuals' own point of view. It correlates the environment of the pickers with the risk factors and to the health damage related to this type of occupation. Based on an open observation of the activity as well as on non-structured interviews, the results show a hazardous and unhealthy activity, although many times it constitutes the only source of income to a large number of people. The data revealed yet that garbage pickers use defensive strategies in order to minimize and shield them from the risks present on the environment of the garbage-picking, so they can continue their everyday work activities.

Keywords: garbage pickers, risk perception, occupational environment, work conditions, community health.


 

 

Introdução

Com a aceleração dos processos de industrialização, urbanização e crescimento demográfico, ocorreu um aumento tanto em quantidade como em diversidade da produção dos resíduos sólidos que passaram a abrigar, em sua composição, elementos sintéticos e perigosos à saúde em virtude das novas tecnologias incorporadas à vida cotidiana. Conseqüentemente, a gestão e a destinação final do lixo passaram a exigir mais tratamento e meios adequados para a sua eliminação ou transformação física (Figueiredo, 1995; Rigotto, 2002).

Na busca de soluções, várias técnicas para coleta, processamento e disposição final dos resíduos foram geradas ou alteradas, incluindo a criação de aterros controlados, usinas de incineração e compostagem, depósitos de lixo urbano ou lixões e a reciclagem, acompanhada ou não da coleta seletiva do lixo, prática apontada pelos ambientalistas como o meio mais viável no aproveitamento dos resíduos (Lima e Ribeiro, 2000; Calderoni, 1997).

Na prática, observa-se nas cidades de nosso país uma política de evacuação final do lixo em ambientes degradados situados nos vazios da malha urbana. São geralmente terrenos baldios, quintais e córregos que, em face do acúmulo progressivo de resíduos, constituem o embrião dos futuros lixões (Fadini e Fadini, 2001).

De acordo com Lima e Silva, Guerra e Mousinho (1999), o lixão é uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, sem nenhum critério técnico, caracterizado pela descarga do lixo diretamente sobre o solo, sem qualquer tratamento prévio, colocando em risco o meio ambiente e a saúde pública.

Essa problemática evidencia, principalmente, preocupações de duas ordens: uma que se relaciona à quantidade de detritos gerados, à destinação final do lixo e às possíveis implicações ambientais, e outra que aponta para uma realidade mais complexa, que é a atração da população pobre para a atividade da catação de lixo, provocada por seu alto grau de empobrecimento e pela falta de perspectiva.

Este artigo descreve a rotina de trabalho dos catadores de um lixão da Grande Fortaleza, bem como apresenta seus relatos de enfrentamento dos riscos associados a esta ocupação e explicita as estratégias de defesa utilizadas por estes trabalhadores para minimizar os perigos ocupacionais e ambientais que ameaçam a sua saúde.

 

Contaminação do meio-ambiente e da saúde humana a partir dos lixões

A exposição da saúde humana e ambiental aos agentes danosos a partir dos lixões ocorre de duas formas: pelo modo direto, quando há um contato estreito do organismo humano com agentes patogênicos presentes no lixão, e pelo modo indireto, por meio da amplificação de algum fator de risco, que age de forma descontrolada sobre o entorno e por três vias principais, a saber: a ocupacional, a ambiental e a alimentar.

A via ocupacional particulariza-se pela contaminação dos catadores, que manipulam substâncias consideradas perigosas sem nenhuma proteção. Embora atinja uma parcela reduzida da população, esta via manifesta a forma mais agressiva de contaminação (Gonçalves, 2005).

A via ambiental caracteriza-se pela dispersão dos agentes contaminadores pelo ar, advindos da putrefação de restos alimentares e de animais mortos, infestação do chorume1 nos corpos d'água superficiais ou infiltração no lençol freático em solos permeáveis e pela produção de gás metano em virtude da decomposição dos resíduos ou proliferação de bactérias anaeróbias, o que, "além de contribuir para o efeito estufa (...), pode criar verdadeiras bombas" (Lima e Ribeiro, 2000, p. 53).

Por fim, há a via alimentar, caracterizada pela contaminação dos catadores ou residentes próximos aos lixões em virtude da ingestão de restos de comida encontrados e de animais que freqüentam este espaço e se alimentam dos resíduos in natura em disputa com os humanos, Ao interagirem com a cadeia alimentar, esses animais poderão transmitir doenças, tanto àqueles de sua espécie como ao homem, elo final dessa cadeia (Nunesmaia, 2002).

 

O Lixão do Jangurussu

Na década de 1970, com o aumento da população urbana, acelerou-se ainda mais o aumento do consumo e, conseqüentemente, a produção de resíduos em Fortaleza. A falta de planejamento municipal acompanhada de pouco investimento em Educação Ambiental, bem como do congestionamento dos aterros resultou na insuficiência para o atendimento da destinação final do lixo (Santos, 1990).

Para preencher esta lacuna, foi criado, em 1978, nos arredores de Fortaleza-CE, o Lixão do Jangurussu, para o armazenamento dos detritos urbanos da Capital e das sedes municipais adjacentes, que funcionou até meados 1998. A pressão das comunidades vizinhas em luta por melhores condições sanitárias fez com que a Prefeitura Municipal, em parceria com o Governo do Estado do Ceará, conseguisse desativar este lixão.

Além da questão sanitária propriamente dita, a imagem de uma metrópole com um sistema de disposição de lixo tão rudimentar prejudicava o turismo e impedia investimentos internacionais. Era também forte empecilho à internacionalização do aeroporto local, situado na circunvizinhança, uma vez que a quantidade de urubus que sobrevoava o lixão podia tornar os pousos e decolagens perigosos.

A partir deste momento, o Município inaugurou outra sistemática de disposição de resíduos, criando um aterro sanitário em Caucaia, localidade situada a noroeste de Fortaleza que, pela orientação oposta ao campo de aviação, se constituiu numa área mais adequada à destinação final do lixo.

Ademais, na área onde estava situado o Lixão do Jangurussu, criou-se o Complexo do Jangurussu, destinado ao tratamento e beneficiamento do lixo advindo da zona urbana, contando para isso com uma usina de reciclagem, em sistema de cooperativa.

A simples criação deste complexo, freqüentado por catadores cooperados e não cooperados, não impediu que surgisse, dentro de seu próprio pátio, uma "rampa" de lixo conhecida hoje como "Lixão do Jangurussu", homônimo ao lixão desativado em 1998. Este novo "lixão" emergiu desde a fundação do complexo, a partir das sobras dos resíduos urbanos que não são beneficiados nas esteiras da cooperativa.

 

Processo histórico-excludente dos catadores de lixo

A exploração da força de trabalho dos catadores possui raízes históricas que podem ser encontradas na figura do pobre, outrora camponês, nos espaços urbanos das cidades medievais. Percebidos pela sociedade feudal como um "corpo marginal", este grupo, em conseqüência do êxodo rural, teve papel expressivo na criação dessas cidades, embora tenha sido destituído de seus direitos mais elementares. Com a ascensão do capitalismo e da cidade burguesa surgida da Revolução Industrial, passou então a ser considerado "massa sobrante" (Schmitt, 1990).

Nesse contexto, os catadores dos lixões aparecem como herdeiros natos de um processo histórico que tende a reproduzir a sua condição de excludente. Como atesta Juncá (2001, p. 62):

Em 1857, um poema chamado "O vinho dos trapeiros", de Charles Baudelaire, já fazia referência à atividade do catador. No Brasil, é a figura do velho 'garrafeiro', do começo do século XX, que se expande com o desenvolvimento da sociedade industrial e vai criando novos personagens: o(a) catador(a) de rua (...) de depósitos e aterros, os(as) cooperados(as).

De acordo com a Pastoral do Povo de Rua (2003), praticamente, são três os tipos de catadores de lixo: os chamados de "formiguinhas" ou catadores de rua que recolhem os detritos diretamente dos logradouros ou dos usuários, podendo ser vistos separando o lixo das lixeiras nas calçadas das cidades com sua inseparável carrocinha; os que trabalham em usinas de triagem, incineração e desidratação e, por fim, os que trabalham diretamente nos lixões recolhendo materiais aproveitáveis específicos, como alimentos, papel, papelão, alumínio, vidro etc. dos lixões e que são consumidos por estes sujeitos ou posteriormente vendidos aos donos de depósitos de lixo.

A tarefa principal dos grupos de catadores citados consiste em abastecer empresas formalmente constituídas, que processam esses materiais para fabricação de outros produtos ou os exportam, objetivando quase sempre a comercialização.

 

Perigos que cercam os catadores nos lixões

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, no ano de 2002, havia 200 mil catadores vivendo e trabalhando em lixões espalhados em todo o País.

O comum, nestes ambientes, é que os catadores de lixo trabalhem por dinheiro sem contrato ou assistência médica, revelando traços semelhantes aos dos demais grupos excluídos da sociedade brasileira, expondo-se a riscos e "cargas" responsáveis por danos à saúde do trabalhador (Laurell e Noriega, 1989).

Os riscos relacionados ao ambiente e à atividade de coleta de resíduos sólidos urbanos parecem estar bem definidos para a comunidade científica em geral. As vias de intoxicação, a toxidade e os danos à saúde e ao ambiente, através deste local e atividade, aparecem hoje como conhecimento claro e bem constituído por estudos afins, evidenciando os riscos presentes (Porto, Junca, Gonçalves e Filhote, 2004; Velloso Santos e Anjos,1997; Gonçalves, 2005).

Os mais freqüentes agentes presentes nos resíduos sólidos e nos processos de manuseio do lixo, capazes de interferir na saúde humana e no meio ambiente, são, de acordo com o estudo realizado por Ferreira e Anjos (2001), os abaixo descritos:

Agentes físicos: Gases e odores emanados dos resíduos; materiais perfurocortantes, tais como vidros, lascas de madeira; objetos pontiagudos; poeiras, ruídos excessivos, exposição ao frio, ao calor, à fumaça e ao monóxido de carbono; posturas forçadas e incômodas;

Agentes químicos: Líquidos que vazam de pilhas e baterias; óleos e graxas; pesticidas/herbicidas; solventes; tintas; produtos de limpeza; cosméticos; remédios; aerossóis; metais pesados como chumbo, cádmio e mercúrio.

Agentes biológicos: Microorganismos patogênicos: vírus, bactérias e fungos.

Os acidentes de trabalho nesse tipo de ambiente geralmente acontecem em decorrência da precarização e falta de condições adequadas de trabalho, traduzidos em ferimentos e perdas de membros por atropelamentos e prensagem em equipamentos de compactação e veículos automotores, além de mordidas de animais (cães, ratos) e picadas de insetos. A questão estética, nem sempre lembrada, é bastante importante, uma vez que a visão desagradável dos resíduos pode causar desconforto e náusea nesses trabalhadores (Ferreira e Anjos, 2001).

Outro bloco de possibilidades de risco à saúde e qualidade de vida desses catadores refere-se às questões psicossociais. Segundo Gesser e Zeni (2004), a história de vida dos catadores de materiais recicláveis é marcada pela vergonha, humilhação e exclusão social; sua ocupação é sentida como sendo desqualificada e carente de reconhecimento pela sociedade.

 

Percepção de risco e psicologia

Segundo Porto (2000, p.8), o risco, de maneira genérica, pode ser entendido como

Toda e qualquer possibilidade de que algum elemento ou circustância existente num dado processo e ambiente de trabalho possa causar dano à saúde, seja através de acidentes, doenças ou do sofrimento dos trabalhadores, ou ainda através da poluição ambiental.

O campo da Psicologia, mais especificamente o terreno da Psicologia Ambiental em diálogo com outras disciplinas, em especial com a Psicologia Social, também contribui para este debate, ao propor a abordagem do risco a partir da perspectiva da inter-relação pessoa-ambiente.

Como nos alerta Pinheiro (2003, p. 302), o fenômeno psicológico não pode ser compreendido como produção estranhamente "psíquica'', distanciada das relações sociais e ambientais, a partir das quais nós elaboramos nossa existência. Para esse autor, toda Psicologia "é, de certo modo, forçosamente ambiental".

Assim, a contribuição da Psicologia Ambiental nessa questão é possibilitar maior compreensão ao "cidadão comum, perplexo e inseguro diante de um desenvolvimento científico e tecnológico intenso e alucinante, que modifica substancialmente a paisagem dos assentamentos humanos" (Pinheiro, 2003, p. 302).

Os riscos ambientais decorrentes da ação humana constituem um aspecto da complexa interação das pessoas com o meio ambiente. Nesse sentido, o conhecimento desses riscos está diretamente associado às reações que envolvem a percepção dos indivíduos e as suas experiências e vinculações com seu espaço de vida.

Para Pinheiro (2003), o conhecimento acerca do ambiente está carregado de experiências e visões do mundo vivido, fundamentais para se conhecer o significado da percepção e dos valores, pois os indivíduos constroem seu espaço perceptivo por meio do contato direto e íntimo com a paisagem vivida.

Com relação aos riscos no trabalho, comumente chamados de riscos ocupacionais, estes têm encontrado um espaço cativo nas discussões a respeito da saúde e segurança dos trabalhadores, sendo abordados por uma diversidade de enfoques teóricos, alguns especialmente tecnicistas e outros que adotam uma perspectiva que privilegia os aspectos sociais.

Originalmente, os estudos de percepção de risco como disciplina cientificamente organizada surgem justamente da relação dialógica entre a recente Psicologia Ambiental e a Psicologia Social, a partir dos estudos de Slovic, Fischhooff e Lichtenstein (1980), sobre a forma como as pessoas perceberam os riscos advindos do acidente nuclear de Three Miles Island (desastre radioativo um pouco menor que Chernobyl), ocorrido em 1979, e sobre as estratégias que desenvolveram para viverem lá.

Nesse aspecto, a percepção de risco é vista por Lima (2005, p. 203) como a "forma que os não especialistas (referidos freqüentemente como leigos ou público) pensam sobre o risco e refere-se à avaliação subjetiva do grau de ameaça potencial de um determinado acontecimento ou atividade", envolvendo sempre uma fonte de risco, uma dimensão de incerteza e uma avaliação do valor das perdas potenciais.

Sejam os riscos de caráter ambiental ou ocupacional ou mesmo de qualquer outra natureza, para Navarro e Cardoso (2005, p. 26), os processos subjetivos devem ser considerados quando se busca compreender o enfrentamento ou não das situações de risco por determinadas pessoas. Para as autoras, a percepção de risco depende de uma multiplicidade de fatores, como do contexto e da inserção da pessoa em um determinado evento, da função ocupada em determinado espaço social, dos aspectos culturais, da personalidade, da história de vida, das características pessoais e da pressão e/ou demandas do ambiente.

 

Métodos

No intuito de descobrir a complexidade da percepção de risco dos catadores e as relações com o contexto no qual esta é produzida, utilizamos uma metodologia caracteristicamente qualitativa como forma de captar o ponto de vista e o imaginário dos catadores sobre as várias possibilidades de risco experimentado no ambiente do lixão durante o desenvolvimento de sua atividade.

Realizamos jornadas de observação livre, com base num acompanhamento direto e intensivo, valendo-nos de entrevistas não-estruturadas e adaptadas à realidade deles, de forma a prevalecerem a espontaneidade e a informalidade durante as conversas, bem como a não indução de respostas.

Para melhor compreender a situação em estudo, fizemos uso também de um diário de campo, no qual registramos todos os fatos considerados relevantes não colhidos pelas técnicas utilizadas.

 

Cenário da pesquisa

À medida que adentrávamos em nosso setting de estudo, ou seja, o "Lixão do Jangurussu", rampa formada depois da instauração do Complexo do Jangurussu e situada em seu interior, conforme explicitado anteriormente, observamos que ao redor desta montanha de lixo de seis metros de altura estão dispostos pequenos casebres, cuja maioria é habitada por catadores de lixo.

Inseridos neste ambiente, percebemos ainda que toda a área onde o Complexo do Jangurussu está situado é cercada por um muro de três metros de altura, com um aramado repleto de sacos de lixo, que mais parecem bandeirolas dando boas-vindas aos visitantes.

Chocou-nos a enorme variedade de detritos espalhados. Era impressionante a quantidade de plásticos e fuligem que pairava no ar, provocando um desconforto em nossos olhos, bem como era fétido e desagradável o odor que se alastrava por toda a área do lixão, incomodando-nos durante a primeira visitação.

Pudemos detectar também a presença de inúmeros catadores vasculhando entre os detritos, em local somente autorizado para a descarga de lixo. Interessante que, neste espaço reservado aos caminhões, há uma placa com os seguintes dizeres: "Proibido trânsito de pedestres - Risco de acidente", que é completamente desconsiderada.

Os catadores não contam com nenhum abrigo para a proteção contra as intempéries, muito menos com um serviço de saúde visando ao atendimento ambulatorial.

 

Participantes do Estudo

As condições insalubres constatadas nos motivaram a direcionar nossa atenção para os catadores autônomos que trabalham a céu aberto, dentro do enfoque da percepção de risco ambiental e ocupacional.

Elegemos como informantes aqueles trabalhadores que se ocupavam integralmente da garimpagem de recicláveis na rampa, e que dependiam exclusivamente desta ocupação como meio de sobrevivência.

Levamos em conta, também, o tempo de trabalho do catador nesta ocupação (mínimo de dois meses), e o fato de o próprio ou um parente próximo já ter vivenciado problemas de saúde relacionados à atividade de catação.

Portanto, em função dos critérios estabelecidos, fizemos uma escolha não aleatória de cinco sujeitos, dentre estes, três catadores veteranos, com dois anos ou mais de trabalho no lixão, e dois catadores novatos, com menos de um ano nessa atividade, que puderam descrever as impressões que possuíam do seu ambiente ocupacional.

 

Procedimentos

Fizemos uso da técnica de observação livre dos catadores, que consistiu em acompanhar, passo a passo, por um período integral, a sua rotina de trabalho. A observação, na definição de Lakatos e Marconi (1986, p. 65), "é uma técnica de coleta de dados para conseguir informações que utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade". A utilização dos sentidos, aliada ao exame dos fatos, é de importância vital, uma vez que se vivencia a interação de pessoas. O que interessa, portanto, é "expressar o que se vê, ouve e sente" (Lakatos e Marconi, 1986, p. 65).

Foi uma observação da vida real, uma vez que se realizou no ambiente em que ocorre o fenômeno, em seu período habitual de funcionamento, "registrando-se os dados à medida que foram ocorrendo espontaneamente" (Lakatos e Marconi, 1986, p. 83).

Durante o período de observação, foram realizadas entrevistas abertas e individuais - quatro com catadores que não dependiam dos representantes dos donos de depósito (sucateiros) e uma com um sujeito que dependia desses representantes - direcionadas por três eixos: um que identificava o informante, abordando idade, nível educacional, procedência e tempo dedicado ao trabalho de catação; outro que objetivava a caracterização de um dia típico do seu processo de trabalho, no qual foram abordadas as experiências relacionadas à sua atividade, e um terceiro eixo que procurava captar a percepção de risco à saúde destes trabalhadores e as estratégias de defesa utilizadas, bem como o que achavam de bom ou ruim em sua ocupação.

A coleta de dados foi realizada entre os meses de setembro e outubro de 2006.

 

Análise dos Dados

Privilegiamos em nossa análise o contexto ocupacional e social no qual os catadores de recicláveis estão imersos, sem contudo esquecer as condições ambientais a que estão expostos. Tais elementos são condições indispensáveis para o conhecimento da percepção de risco destes indivíduos, por isso importou sobremaneira sua compreensão. Nesse sentido, Minayo (1994, p. 227) assinala que "a interpretação final dos dados partirá do aparente caos das informações recolhidas no campo para fazer delas, ao mesmo tempo, uma revelação de sua especificidade de concepção e de participação nas concepções dominantes, e, mais que isso, de expressão da visão social de mundo".

 

Resultados e discussão

Considerando os dados dos cinco sujeitos pesquisados, apenas um deles é do sexo feminino. Esta informante e dois outros já têm mais de três anos no trato com os detritos do lixão. Os dois restantes são jovens recém-iniciados nesta ocupação, portanto trazem consigo certa inexperiência com esse tipo de atividade. Todos, quando encontrados por nós, gozavam de relativa saúde e assentiram em participar da investigação. Dois desses trabalhadores são nativos de Fortaleza, os demais vieram de outros lugares do Ceará. Todos são alfabetizados e chegaram ao trabalho de catação no lixo, revelando uma trajetória de exclusão social, denunciada pelas atividades exercidas anteriormente : empregada doméstica, agricultor, trabalhador braçal, peão de boiadeiro e caseiro.

O processo de trabalho dos catadores, chamado por eles de "casqueiragem", é divido em três fases. A primeira consiste em coletar materiais recicláveis ou de interesse próprio, tais como utensílios e alimentos, em meio a toda espécie de resíduos descarregados pelos caminhões em pequenos lotes; a segunda fase dá-se com o armazenamento do material recolhido num espaço individual delimitado pelo catador; finalmente, ocorre o momento da comercialização destes materiais junto aos intermediários.

Os instrumentos de coleta utilizados são: baldes e sacos - apelidados de bergues - que, estando totalmente cheios, chegam a quase dois metros de altura; forcados, chamados de ciscadores ou casqueiros, utilizados para retirar, remover os objetos, separá-los e, por fim, há o carrinho-de-mão, quando o possuem, para o transporte do material recolhido.

Todos os entrevistados elegeram como maior vantagem do trabalho no lixão os ganhos ali obtidos, considerados como superiores aos recebidos em profissão anterior. Outro benefício, segundo eles, é a autonomia na gestão do tempo.

Através da observação in loco, pudemos constatar que a exposição dos catadores aos agentes ambientais danosos ocorre comumente por meio da inalação, do contato dérmico, da contaminação por alimentos, além dos riscos ocupacionais a que estão sujeitos, tais como acidentes diversos, cortes, atropelamentos por tratores e caminhões.

Consoante os riscos, constatamos, como maior perigo existente nesta ocupação, a possibilidade de cortarem a pele com materiais perfurocortantes, tais como cacos de vidros, lâminas e lascas de madeira encontradas entre os detritos. Uma fala confirma:

O maior perigo daqui, rapaz, é da gente se cortar, fazer um estrago grande na pele, é por isso que a gente bota tudo que é pano em cima de nóis, pra num ferir (...) acontece que quando o casquerador bate na sacola de lixo, então, o vidro escapa e salta pra cima do sujeito (...) quando pega, dói pra caramba (Bento, catador há sete anos).

Uma doença ocupacional comumente associada a esse meio e freqüentemente relatada pelos catadores em pauta diz respeito às micoses, aparecendo mais freqüentemente nas mãos e pés, onde as vestimentas colocadas umas sobre as outras estabelecem condições favoráveis para o desenvolvimento de microorganismos.

Outro perigo detectado refere-se aos incêndios, que podem ser desencadeados em razão do uso de cigarros artesanais pelos catadores e pela presença de inúmeras embalagens de pilhas e aerossóis espalhados no local, que entram em contato com materiais inflamáveis, tais como estopas sujas de gás, lubrificantes e outros materiais perigosos.

Pra você vê o perigo, né. Uma vez, de repente, tava tudo enquanto era saco incendiando, foi um Deus nos acuda. Era um galão cheio de óleo pegando fogo, se espalhando e nós correndo daquelas chama (...) nem pensaram em apagar, todo mundo saiu de perto, aí, falaram que foi fulano que jogou uma bitoca de cigarro lá em cima (Bento).

Além da exposição ambiental a agentes físicos, químicos e biológicos, os perigos desta ocupação englobam ainda os fatores ergonômicos, com referência às limitações e às dificuldades do trabalho de catação, tal como o ato contínuo de vergar o corpo para apanhar o lixo ou carregar peso excessivo, como bem descreveu a Ana, catadora há seis anos.

Cansa demais minha coluna, num sabe. Fico toda arriada, dolorida, tem dia que é uma luta pra sair de casa e vir para cá. Sinto que a cada dia vou enferrujando mais um pouquinho. É essa posição da gente de ficar em pé o dia todo, pegando carga pesada, levando saco daqui pra aculá (...) mesmo, com carrinho de mão pra levar esses bagulho, num adianta muita coisa, porque a gente já tá toda enferrujada.

Outro contexto de risco diz respeito à presença dos caminhões, o que se explica pela maneira desorganizada de os motoristas locomoverem a pá-viradeira, quando descarregam o lixo, ou manobrarem os veículos sem levar em conta a presença dos catadores.

Dia desses, quando me aproximei da caçamba, esperando o lixo descarregar, o motorista fez uma manobra pirigosa demais. Como o carro tava numa ribanceira, ele derrapou duma vez e saiu de marcha ré; na corrida, pra me salvar, acabei cortando o pé com o casquero, foi um corte horrive, mas, num fui pro hospital, só tomei uns antibiótico (Carlos, catador há três anos).

Os agentes danosos podem ter sua ação ampliada por certas posturas e hábitos adotados pelos catadores, tais como o horário e a qualidade do alimento ingerido, o tabagismo e o consumo de álcool que resultam em efeitos deletérios à sua saúde, bem como aumentam os riscos de acidentes.

Por diversas razões, o mero conhecimento do perigo, por esses sujeitos, não é suficiente para transformar seus hábitos e posturas em ação preventiva. A primeira razão é a convivência dos catadores num processo habitual de trabalho atravessado pela precariedade e pela degradação ambiental que naturaliza os riscos, uma vez que esses sujeitos chegam ao ponto de desconsiderar o efeito resultante. Isto pode ser constatado neste depoimento de Bento:

Todo mundo sabe que pode pegar doença aqui no lixão, é picada de inseto, é fogo, é vidro, tem muita coisa prejudicando a saúde, eu, por exemplo, já tive dengue duas vez, tenho certeza que eu peguei aqui e cada vez eu saio mais forte dela (...) de tanto o cara apanhar, acaba ficando amaciado, acostumado de tanta lombada, tem hora que a gente nem liga mais.

Por outro lado, quando ocorre algum dano mais sério com algum colega, a tendência adotada pelos catadores é tomar algumas precauções, mas apenas por um curto período, até voltarem ao comportamento habitual.

Eu fico cabreiro, num sabe, procuro saber logo o que foi que aconteceu, se o peão tava sem bota, desprotegido, se foi um corte fundo (...) eu fico assim meio cabreiro. Quando vêm me contar que alguém se adoentou a ponto de ficar entrevado por muitos dias, vou me protegendo melhor, evito pegar nisso ou naquilo. Dá o que pensar (...) então, a gente acha que já se conscientizou, aí, passa um mês e a gente vai esquecendo e começa a fazer as coisa, cada um, do seu jeito (Carlos).

Entre os catadores novatos, que não possuem muita experiência na ocupação, a sua exposição ao perigo foi explicada por motivos bastante convencionais, tais como o desejo de ganhar rapidamente mais dinheiro e competir com os colegas. Entre estes, a desinformação quanto aos danos à sua saúde é ainda maior:

Não vim pra cá de bobeira não, já vi muita gente ganhando dinhero aqui na rampa, não tem que fazer corpo mole não, (...) eu também vim pra ganhá dinhero, já tô garantindo o meu (...) aqui, quem entra na chuva, é pra se molhar, num fica olhando pros lado, pra quem está adoentado (Estevão, catador há nove meses).

Se o perigo é uma realidade constantemente visível para os catadores do lixão, há que se buscar, então, modos de enfrentá-lo ou mascará-lo. Nesse contexto, a atuação da ideologia defensiva é eficaz a ponto de encobrir qualquer indício de medo no discurso dos trabalhadores.

Com referência ao processo e ambiência de catação, os relatos sobre o perigo e o medo seguem no sentido da minimização, negação ou inversão das sensações como formas de lidar com a possibilidade real de infortúnios:

(...) aqui as pessoas só se cortam com caco de vidro, como você tá vendo. Mas num é nada demais, acho que num dá tanto probrema, né? Quando alguém se corta, ele vai e, bota cachaça em cima e, a ferida num infecciona, se infeccionar, ele vai no posto e, lá eles dão antibiótico, depois, já ta pronto é pra outra (Carlos).

Tal asserção aparece de modo marcante nas falas da maioria dos entrevistados, quase sempre relatadas na terceira pessoa, como se o problema não lhes pertencesse. Essa estratégia de defesa é deveras importante para esses trabalhadores, uma vez que transferem para os colegas a possibilidade de contaminarem-se com o lixo.

Outra estratégia de defesa bastante utilizada, principalmente pelos catadores masculinos, consiste na exacerbação da virilidade e no desejo de aventurar-se em situações que desafiam o perigo, tal como aponta a fala abaixo:

O cara tem que se aventurar na vida, num tem gente que escala montanha e trabalha em cima de um edifício alto, correndo risco de vida? Acho que isso tá no sangue, essa vontade de mexer com coisa arriscada, de lidar com coisa bruta.(...) eu mesmo, sempre tive atração por coisa perigosa (...) acho que se eu num tivesse vindo parar aqui, nesse lixão, teria sido policial, ia correr atrás de bandido (...) no fundo, tudo é arriscado na vida, a gente num tem muita escolha não nessa vida (Dário, catador há onze meses).

O raciocínio revelado por declarações semelhantes é bastante primário: perigosa ou não, a catação precisa ser realizada, pois é meio de sobrevivência. Assim, os impactos negativos da catação do lixo na saúde desses trabalhadores são perfeitamente visíveis pela forma como enfrentam os riscos presentes nesse ambiente, ao lidarem de maneira precária e ao fazerem pouco caso desses agravos.

 

Considerações finais

De maneira geral, os informantes entrevistados apresentaram opiniões distintas, caracterizadas tanto pela preocupação quanto pela indisfarçável indiferença em relação aos riscos presentes no espaço do lixão.

Alguns participantes tinham plena consciência da existência dos perigos naturais e artificiais subjacentes ao seu ambiente ocupacional. Em contrapartida, outros não demonstraram bom nível de informação sobre as possíveis conseqüências que a catação de lixo pode trazer à sua saúde, não transparecendo, em seus discursos, preocupação com as possíveis adversidades e os efeitos a curto e longo prazo que esta atividade possa lhes acarretar.

Foi possível vislumbrar postura fatalista, mais ou menos generalizada entre os informantes, a de que "ninguém empata uma coisa ruim de acontecer", em face dos possíveis danos que podem ocorrer, implicando na aceitação do perigo e da impossibilidade de mitigar os seus efeitos.

Em razão de o lixo ser visto como fonte primária de sobrevivência e a saúde como uma condição indispensável para o trabalho, constatamos, nos discursos dos catadores, a evidente utilização de estratégias defensivas face aos riscos presentes em seu ambiente ocupacional. As estratégias mais comuns foram a minimização, a negação, a dissimulação e compensação dos danos que já sofreram, sofrem ou ainda poderão sofrer no ambiente do lixão.

Verificamos, também, que os conhecimentos que os informantes possuem dos riscos evidenciados, muitas vezes, não guardam nenhuma relação com os seus agentes causadores. As informações sobre os efeitos adversos decorrentes da catação do lixo são, sobretudo, oriundas da experiência pessoal, da observação dos colegas de trabalho e dos relatos dos casos vivenciados por amigos ou conhecidos, nos quais os eventos de adoecimento acarretaram sintomas graves.

Acima de tudo, observamos que este modo de trabalho vai aos poucos minando a segurança, pela naturalização das ameaças existentes nesse contexto, pela banalização de falhas minimizadas pelas estratégias de defesa.

Aqueles que labutam na catação do lixo não usufruem de direitos trabalhistas nem previdenciários, o que corrobora a afirmação destas pessoas de que esta é uma atividade dura e humilhante, permanecendo ali somente por não terem uma oportunidade laboral que condiga com a sua realidade social e econômica.

Os resultados apontam, portanto, para uma rotina extenuante no ambiente do lixão em consonância com os achados de estudos nacionais sobre a temática e com a experiência de pobreza que os sujeitos do estudo vivenciam em sua comunidade. Os dados revelaram uma situação de extrema penúria, indicadora da necessidade de se desenvolverem ações educacionais e sanitárias apropriadas ao perfil e aos comportamentos da população em estudo, relacionadas aos riscos decorrentes da catação de lixo.

 

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Recebido em 1º de fevereiro de 2007
Aceito em 23 de fevereiro de 2007
Revisado em 9 de março de 2007

 

Notas

1. Chorume: líquido que escoa de locais de disposição do lixo, gerado a partir da umidade e da decomposição dos resíduos e também das chuvas (Lima e Silva et al, 1999).

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