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Revista Mal Estar e Subjetividade

Print version ISSN 1518-6148On-line version ISSN 2175-3644

Rev. Mal-Estar Subj. vol.8 no.1 Fortaleza Mar. 2008

 

DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS EM 2007

 

Percepção dos catadores do lixão do Jangurussu em face dos riscos ambientais e ocupacionais à saúde

 

 

Márcio Flávio Amorim Franco

Orientadora:
Profª. Drª. Sylvia Cavalcante
Examinadores:
Profª. Drª. Regina Heloísa Mattei de Oliveira Maciel
Prof. Dr. João Bosco Feitosa dos Santos (UECE)
Data: 26/02/2007

 

RESUMO

O presente estudo tem por finalidade descrever as dificuldades de trabalho vivenciadas por um grupo de catadores de lixo aproveitável num lixão situado na malha urbana de Fortaleza, segundo a óptica dessas pessoas. Procura também correlacionar o ambiente de catação com os fatores de risco e danos à saúde relacionados a esse tipo de ocupação. A partir de uma metodologia qualitativa fundamentada na observação livre da atividade e em entrevistas não estruturadas, os resultados encontrados se mostraram condizentes com os estudos nacionais sobre a temática, evidenciando uma atividade perigosa, insalubre e cansativa, embora muitas vezes, se constitua a única forma de sobrevivência para um grande numero de pessoas que não conseguiram ingressar no mercado de trabalho formal. Os dados coletados revelaram ainda que os catadores entrevistados utilizam estratégias defensivas para minimizar e acobertar os riscos presentes no ambiente degradante da catação de lixo, no qual, a partir de um viés otimista procuram diminuir a gravidade desses riscos para poderem dar continuidade à sua rotina de trabalho. Desse modo, a situação vivenciada pelos sujeitos em foco mantém estreita relação com o estado de pobreza que este grupo experimenta em sua comunidade, obrigando-o a sujeitar-se a uma ocupação precária e socialmente estigmatizada em sua luta pela sobrevivência.

Palavras-chave: catadores de lixo, risco ambiental, risco ocupacional, condições de trabalho, saúde ocupacional.

 


 

A liberdade de ser, aprender e ensinar na escola cristã

 

 

Lúcio Gomes Dantas

Orientador:
Prof. Francisco Silva Cavalcante Júnior, PhD
Examinadores:
Profª. Drª. Tereza Gláucia Rocha Matos
Prof. Dr. José Arvedo Flach (UniLasalle)
Data: 27/08/2007

 

RESUMO

A educação cristã dialógica e libertadora é abordada aqui como espaço democrático na liberdade de ser, aprender e ensinar, valorizando a autoformação em que os atores sociais nela envolvidos, sobretudo o docente, possam ser realmente o que são, com suas expressões autênticas, efetivas e libertadoras, como propõe Paulo Freire. Nesse sentido, buscou-se compreender a percepção que o professor tem de seus alunos e como isto influencia nas suas práticas em sala de aula. Estes professores estão inseridos numa escola cristã católica no Nordeste do Brasil, que tem como objetivo principal atender alunos em situação de vulnerabilidade social e está voltada para a educação formal desses alunos. Foi realizada uma investigação científica qualitativa do tipo etnográfica, constituída como um estudo de caso, em que o autor inseriu-se como pesquisador participante. Foram colaboradores deste trabalho doze professores, na qualidade de co-pesquisadores etnógrafos, que escolheram doze alunos em situação de vulnerabilidade social e, através da pesquisa etnográfica, puderam conhecer os contextos culturais desses estudantes. Esses professores participaram de um grupo de Terapia Cultural no modelo de George e Louise Spindler, em Círculos de Letramentos criados por Cavalcante Junior, onde puderam dialogar acerca da cultura dos alunos, bem como de sua própria cultura, e como esta influencia nos relacionamentos, sobretudo, em sala de aula. Durante a produção de dados e através dos encontros de Terapia Cultural, a reflexão foi inerente, sempre subsidiando as narrativas coletadas, que foram se alterando durante o trabalho de campo. Ademais, o diário de campo, as entrevistas semi-estruturadas e a análise documental foram utilizados para dar maior profundidade à coleta de dados. Ao participarem do grupo de Terapia Cultural, os professores, em unanimidade, perceberam-se nos contextos dos alunos, resgatando seus próprios valores, compreendendo, enfim, como suas ações são interagidas pela cultura do outro. Essa intervenção metodológica propiciou aos professores a construção de si, pelas narrativas de suas vidas, como propõe Marie-Christine Josso, em atitude reflexiva retomada na conscientização das práticas escolar e pedagógica, visando a mudanças de comportamentos, atitudes e suposições. Isso tornou-os mais conscientes das realidades culturais, tanto aquelas trazidas pelo aluno como as alojadas no interior de cada docente participante desta pesquisa. Dessa forma, as abordagens narrativas e autobiográficas evocadas a partir da imersão no campo e das fotos apresentadas a cada encontro como, registro cultural, trouxeram para esses professores a possibilidade de novas compreensões acerca de suas práticas pedagógicas. Durante a terapeutização desse professor, oportunizou-se a rememoração de suas histórias de vida: sua infância, sua adolescência, sua formação inicial na docência, enfim, a reconstrução de si mesmos. Constitui-se, assim, a identidade do professor-sujeito em sua formação, sem prescindir da presença dos demais nesse construto. Por fim, foi significativa a contribuição desta experiência para o pesquisador mestrando, na qualidade de gestor escolar, pois à medida que avançava o processo da Terapia Cultural, a sua auto-reflexão tornava-se imprescindível. Como gestor-pesquisador-reflexivo, com a escuta ao professor de um outro lugar, na Terapia Cultural, romperam-se as hierarquias, permitindo a realização de uma escuta plena do grupo e da própria consciência do ser educador. Portanto, essa pesquisa, foi transformadora também para o pesquisador.

Palavras-chave: educação cristã, formação docente, histórias de vida, terapia cultural, pobreza.

 


 

O estado em que o sujeito encontra-se diante das perdas ou desinvestimentos objetais: uma leitura em Freud, Wládia Guimarães Pereira

 

 

Wládia Guimarães Pereira

Orientador:
Prof. Dr. Henrique Figueiredo Carneiro
Examinadores:
Profª. Drª. Karla Patrícia Holanda Martins
Profª. Drª. Marta Yolanda Del Valle Gerez Ambertín (Univ. de Tucumán)
Prof. Dr. Mauricio Fernández Arcila (Univ. de Antioquia)
Data: 18/09/2007

 

RESUMO

As afecções clínicas contemporâneas nos levam a investigar as novas formas de sofrimento psíquico, ou seja, as versões que o sujeito da atualidade utiliza para evidenciar o seu mal-estar. Para tanto, tomando como base a relação entre sujeito e objeto, propostas pela psicanálise, esta dissertação tem por objetivo investigar como se estabelecem as perdas objetais em nossos dias. Assim apresentamos três tempos subjetivos: a perda, o luto e a melancolia. A perda como um momento em que o objeto desaparece do campo de investimento do sujeito, o luto quando o sujeito consegue desligar-se do objeto desinvestido, para investir em novos objetos e a melancolia onde finalmente o sujeito não realiza este desenlace e perde-se no vínculo com o objeto. Trabalhamos com a hipótese de haver um outro tempo subjetivo no qual o sujeito não estruturou um trabalho de luto e nem tampouco se apresentou como um sujeito melancólico. Estamos tratando de um momento transitório entre a perda do objeto e as respostas encontradas pelo sujeito para subjetivar suas perdas, o que denominamos de melancolização. Esta passagem subjetiva conduz ao sujeito estar em contato com as perdas estruturais do início do desenvolvimento, diferenciando-se assim de um estado psicopatológico. Deste modo, visitamos os textos freudianos que tratam sobre o tema, assim como os textos de Karl Abraham e Ferenczi, pois trazem uma infinidade de indicações sobre o assunto evidenciando conceitos fundamentais para nosso trabalho; Abraham com a introjeção, a incorporação e as etapas pré-genitais da libido e Ferenczi com seu conceito de trauma, introjeção e incorporação. Concluímos, assim, trazendo três casos clínicos: Rabinovich (1989), Ambertin (2000) e Carneiro (2006) os quais foram utilizados para ilustrar, auxiliando-nos a fazer uma interligação entre o que foi edificado teoricamente durante o trabalho e evidenciar esta passagem da melancolização como uma constatação clínica. Além do que podemos destacar que a melancolização possui traços do luto e da melancolia, além de apresentar e evidenciar que estes momentos de desinvestimento objetal lançam o sujeito em suas perdas constitutivas, para que, findado isto, o sujeito seja tomado por suas possíveis respostas subjetivas: o luto ou a melancolia.

Palavras-chave: melancolização, melancolia, luto, sofrimento psíquico, contemporaneidade.

 


 

Da Igreja Católica à Igreja Universal: os sentidos construídos por católicos que se converteram à Igreja Universal do Reino de Deus

 

 

Clauberson Sales do Nascimento Rios

Orientador:
Prof. Dr. Henrique Figueiredo Carneiro
Examinadores:
Profª. Drª. Junia de Vilhena (PUC-Rio)
Prof. Dr. José Clerton de Oliveira Martins
Data: 19/09/2007

 

RESUMO

Esta dissertação teve como objetivo maior apreender os sentidos que foram construídos por católicos ao longo de seu processo de conversão para a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD). De um modo específico, procurou-se investigar como a Religião Católica servia de suporte aos fiéis para a resolução do mal-estar e do desamparo antes da conversão; identificar porque os fiéis se afastaram de sua tradição religiosa; apontar os aspectos subjetivos que motivaram a escolha da IURD como nova opção religiosa; e analisar as repercussões da conversão na vida destes sujeitos, em especial nas dimensões de significação do mal-estar e do desamparo. Partindo de um esquema geral acerca das Etapas da Conversão propostas por Valle (2002), estas etapas foram repensadas com base no referencial teórico que sustentou esta pesquisa, qual seja, a psicanálise, saber este que serviu tanto para aconstrução das categorias teóricas deste estudo (Mal-estar, Desamparo, Investimento de Objeto e Weltanschauung), como para a análise dos dados. A metodologia caracterizou-se, segundo Minayo (2003), pela abordagem qualitativa, por entrevistas individuais em profundidade (Gaskell, 2002) com 07 informantes e pela categorização dos dados que, de acordo com Pinheiro (1999), promove a produção de sentido e estabelece versões da realidade. A partir da análise dos dados, encontrou-se que, embora a Religião Católica e outros discursos religiosos que fizeram parte da atmosfera religiosa dos informantes tenham servido de apoio na resolução do mal-estar e do desamparo antes da conversão, estes discursos em algum momento falharam em sua função de suporte, arremessando os fiéis numa condição de abandono, denominada por Freud (1927/1996a) de condição de desamparo. Sobre a escolha da IURD, percebeu-se que foi neste momento de abandono onde os sujeitos se depararam com a mensagem iurdiana, a qual trazialhes um novo ideal: de que naquela denominação todos os problemas poderiam serresolvidos por completo. Acerca das repercussões da conversão na vida destes sujeitos, verificou-se que a possibilidade de conquista do ideal transmitido pela mensagem iurdiana dependia do cumprimento de um conjunto de compromissos, tais como, se batizar nas águas, tornar-se ofertante, dizimista fiel e, enfim, ser batizado pelo Espírito Santo. Por fim, em termos de mal-estar, encontrou-se que todas as fontes de sofrimento têm agora no Mal, encarnado pelo Diabo, sua razão de ser; e que o desamparo não aparecia mais permeado por desespero, angústia, medo, posto que se teria o apoio de um Deus Vivo, um Deus de amparo.

Palavras-chave: religião, psicanálise, mal-estar, desamparo, investimento de objeto, Weltanschauung.

 


 

Do arado ao bordado: mudança no trabalho do homem no sertão

 

 

Liliane Leite Chagas

Orientador:
Prof. Dr. José Clerton de Oliveira Martins
Examinadores:
Prof. Dr. Gerardo Clésio Maia Arruda
Prof. Dr. Viktor David Salis (PUC-SP)
Data: 08/11/2007

 

RESUMO

Apresentamos um estudo sobre as mudanças realizadas pelo homem sertanejo de atividade laboral rural, especificamente da agricultura, para uma nova ocupação no trabalho, o bordado, ocupação esta definida socialmente, até a atualidade, como um lugar dominado pelo gênero feminino. O cenário da pesquisa trata-se de uma localidade, situada na zona rural, do interior do estado do Ceará. Os colaboradores da pesquisa apresentam as seguintes características: gênero masculino, faixa etária acima de trinta anos, pertencentes a classe social baixa. Conduzimos este estudo utilizando autores contemporâneos, estabelecendo um diálogo entre a Psicologia, História, Antropologia e Sociologia. O corpo teórico encontra-se alicerçado na discussão das temáticas sobre: o sertão, as referências históricas na construção da identidade do sertanejo e o sentido atribuído ao trabalho. O objetivo geral da pesquisa buscou compreender a trajetória da mudança da atividade rural para uma atividade manual artesanal vivenciado pelo homem sertanejo. Os objetivos específicos são: compreender o valor atribuído ao trabalho na região sertaneja, descrever o contexto sócio-cultural que leva o sertanejo a migrar para a atividade do bordado e verificar como esse sujeito se significa no lugar do trabalho feminino. A metodologia utilizada fundamenta-se pela abordagem qualitativa, com foco etnográfico, através das entrevistas, uso de diário de campo e observaçãoparticipante. Os resultados nos mostram a adaptabilidade do sujeito sertanejo, motivada pela sobrevivência, além de uma tolerância e pouca resistência aos modelos que se apresentam como fonte alternativa de trabalho no sertão. Verificamos que essa transformação não acontece de imediato, decorre de um longo processo em que o homem foi tolhido de seu desejo. Destaca-se que o quadro atual do comportamento social, desse homem sertanejo, não se refere a uma designação reducionista, seja de forma positiva ou negativa, da sua nova ocupação no trabalho, mas essencialmente representa uma expressão singular de se mostrar e se reconhecer no seu contexto social.

Palavras-chave: trabalho, sertão nordestino, homem sertanejo e migração de atividade.

 


 

A síndrome de Burnout em médicos oncologistas da cidade de Fortaleza: um estudo sobre o sofrimento psíquico no trabalho

 

 

Josiane Vasconcelos Rodrigues

Orientador:
Prof. Dr. José Clerton de Oliveira Martins
Examinadores:
Prof. Dr. Paulo César de Almeida (UECE)
Profª. Drª. Tereza Gláucia Rocha Matos
Data: 21/11/2007

 

RESUMO

Burnout é um processo que ocorre em resposta à cronificação do estresse laboral, podendo ser desenvolvido em todos os tipos de profissionais, por ser considerada uma experiência específica do contexto do trabalho. Essa pesquisa pretende abordar síndrome de burnout na realidade médica, tendo como propósito as dimensões exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional. O nosso objetivo é estudar a prevalência da síndrome de Burnout em médicos que atuem na área de oncologia de um hospital na cidade de Fortaleza, buscando identificar que fatores sócio-demográficos poderiar ser relacionados à manifestação desta síndrome. Trate-se de uma pesquisa quantitativa e qualitativa, com a utilização dos instrumentos: Inventário Maslach Burnout (MBI), questionário de perfil sócio-demográfico, diário de campo e entrevistas semi-estruturadas. A organização e tratamento dos dados foram executados pelo programa estatístico SPSS e a categorização da análise do discurso. A população pesquisada foi composta por 50 médicos e caracterizou-se, pelo predomínio do sexo masculino (68%), com faixa etária entre 26 e 35 anos (44%), casados (78%) e com filhos (66%). Os resultados obtidos no Maslach Burnout Inventory (MBI) indicaram grau médio para dimensão Exaustão Emocional (36%), médio para Despersonalização (40%) e médio para baixa Realização Profissional (56%), que para alguns fatores, representa a fase inicial da síndrome.

Palavras-chave: síndrome de burnout, médicos, maslach burnout inventory.

 


 

Psicologia, trabalho e saúde: um estudo sobre a atuação dos psicólogos no campo da saúde do trabalhador

 

 

Mara Aguiar Ferreira

Orientadora:
Profª. Drª. Regina Heloísa Mattei de Oliveira Maciel
Examinadores:
Prof. Dr. Antônio Caubi Ribeiro Tupinambá (UFC)
Profª. Drª. Tereza Gláucia Rocha Matos
Data: 29/11/2007

 

RESUMO

Este estudo investiga as práticas dos psicólogos do trabalho voltadas para a promoção da saúde dos trabalhadores, com o objetivo de identificar as atividades desenvolvidas por eles na amenização do sofrimento dos trabalhadores e para a promoção da saúde no trabalho. Além disso, analisa como os psicólogos se posicionam frente às práticas que desenvolvem e como estas vêm atualmente contribuindo para a promoção do bem-estar dos trabalhadores. A investigação, de natureza quanti-qualitativa, foi realizada com psicólogos que atuam em organizações no Ceará. Os dados foram coletados pela aplicação de questionário, enviado pela internet para os psicólogos inscritos no Conselho Regional de Psicologia do Ceará (CRP11), e por meio de entrevistas semi-estruturadas com cinco profissionais da área. No estudo quantitativo, verificou-se que 56,7% dos pesquisados relatam realizar atividades voltadas para a promoção da saúde e prevenção do adoecimento no trabalho. Em relação à qualificação dos psicólogos investigados, dos 56,7% que atuam em saúde do trabalhador, 60% afirmaram possuir capacitação nesta área. As entrevistas revelaram que o psicólogo não tem a saúde do trabalhador como prioridade na sua atuação profissional. Embora conheçam as principais teorias, o tema saúde do trabalhador parece obscuro para estes profissionais que não foram capacitados para realizar uma leitura crítica sobre tal questão. Desta forma, as ações desenvolvidas na área enfocada se mostraram insuficientes. Este quadro se deve, provavelmente, a falhas na formação, à acomodação dos profissionais, a uma visão excessivamente empresarial e à falta de articulação da categoria para viabilizar troca de informações e conhecimentos. A preocupação com a saúde física mostrou-se prioritária para os psicólogos em detrimento da saúde mental. Os Psicólogos do trabalho utilizam de maneira acrítica modelos e estratégias de ação em saúde na forma de programas pontuais, sem terem consciência do impacto e das repercussões que estes exercem sobre os sujeitos.

Palavras-chave: saúde do trabalhador, psicologia organizacional, saúde ocupacional, trabalho.

 


 

O "FICAR": um estudo fenomenológico sobre os novos vínculos afetivos entre mulheres e homens adultos na cidade de Fortaleza

 

 

Kátia Muniz Diógenes

Orientador:
Prof. Dr. Georges Daniel Janja Bloc Boris
Examinadores:
Profª. Drª. Virgínia de Sá Moreira Cavalcanti
Profª. Drª. Vera Lúcia Pereira Alves (PUC-Campinas)
Data: 30/11/2007

 

RESUMO

Nas últimas décadas aconteceram significativas transformações nas relações de gênero. Homens e mulheres reconfiguraram suas formas de estar juntos experimentando novas alternativas que satisfizessem seus desejos momentâneos e que não culminasse em qualquer compromisso. Estou me referindo ao "ficar". Forma sui generis de se relacionar, considerado um fenômeno de múltipla expressão, também caracterizado por sua efemeridade e falta de compromisso. O "ficar", que há alguns anos parecia circunscrito somente ao universo adolescente, hoje também é experimentado pelos adultos como forma de se relacionar. Foi com o intuito de investigar de que forma os adultos experimentam o "ficar" e qual o significado dessa vivência para eles que elaboramos este trabalho. Para isto nos utilizamos da metodologia fenomenológica, inpirada em M. Merleau-Ponty para analisar e discutir os dados. Realizamos dezenove entrevistas semi-estruturadas com dez mulheres e nove homens adultos que "ficam" na cidade de Fortaleza. As descrições fenomenológicas, de como é vivenciado o "ficar" pelos adultos, mostrou que estas relações, embora efêmeras e sem compromisso ainda são perpassadas pelas raízes do patriarcalismo e pelo ideal de amor romântico. Na análise e na discussão dos dados pudemos constatar que as mulheres parecem romper com os velhos preceitos patriarcais e exercem sua sexualidade com liberdade de expressão através do "ficar". Por outro lado, a maioria dos homens adultos estão interessados em buscar, através do "ficar", um relacionamento mais duradouro.

Palavras-chave: relações de gênero, ficar, sexualidade, patriarcalismo e ideal de amor romântico.

 


 

Os heróis também sofrem: um estudo do cotidiano de trabalho dos bombeiros e de suas relações amorosas

 

 

Aline Maria Loureiro Muniz Moita

Orientadora:
Profª. Drª. Virgínia de Sá Moreira Cavalcanti
Examinadores:
Profª. Drª. Vera Lúcia Pereira Alves (PUC-Campinas)
Prof. Dr. Georges Daniel Janja Bloc Boris
Data: 30/11/2007

 

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo geral compreender a articulação entre as relações amorosas e o cotidiano de trabalho dos bombeiros e propõe-se, especificamente, a investigar como os bombeiros militares vivenciam suas relações amorosas; conhecer o cotidiano de trabalho dos bombeiros e articular os aspectos do cotidiano de trabalho dos bomerios com as suas relações amorosas. Trata-se de uma pesquisa fenomenológica à luz do referencial de Merleau-Ponty (1945). Foram utilizados dois instrumentos de coleta de dados: as observações de campo no Quartel do Corpo de Bombeiros, de onde emergiram os sete sujeitos colaboradores com os quais foram realizadas as entrevistas fenomenológicas com roteiro semi-estruturado. Os resultados apontaram que a vivência das realões amorosas dos bombeiros vêm atravessadas por seus cotidianos de trabalho na medida em que estes se enraízam no mundo e são por ele enraizados, se constituindo mutualmente. Verificou-se que o cotidiano de trabalho dos bombeiros possui múltiplos sentidos, entre eles o que se destacou foi o fato de a sociedade os colocar no lugar de heróis. Neste sentido, o estudo constatou que há uma experiência ambígua entre este papel de herói que a população comumente atribui ao bombeiro e a vivência amorosa com que se deparam em suas relações.

Palavras-chave: relações amorosas, bombeiros, fenomenologia.

 


 

O estigma da violência sofrida por mulheres na relação com parceiros íntimos

 

 

Nadja Maria Felício Venâncio

Orientadora:
Profª. Drª. Virgínia de Sá Moreira Cavalcanti
Examinadores:
Prof. Dr. Georges Daniel Janja Bloc Boris
Profª. Drª. Maria do Socorro Ferreira Osterne (UECE)
Data: 13/12/2007

 

RESUMO

Este trabalho tem o propósito de apresentar a experiência vivida pela autora por meio da pesquisa O Estigma da Violência Sofrida por Mulheres na Relação com Parceiros Íntimos, cujo foco central é compreender quais os determinantes nesta relação abusiva / agressiva que concorrem para que elas tenham dificuldades em denunciar seus agressores. Para tanto, foram empregados o método fenomenológico crítico "mundano" e a observação participante, como técnicas do método etnográfico. A fim de promover aproximação com as mulheres, realizaram-se oficinas com o tema Violência Contra a Mulher, das quais emergiram oito sujeitos colaboradores. Os resultados mostraram que estas mulheres vivenciavam, na relação com seus parceiros, diversas modalidades de violência. Constatou-se ainda que carregam uma experiência estigmatizada e se percebem em situação de inferioridade e desvantagem em relação às outras. Desse modo, pela vergonha de serem vistas aos olhos do "mundo" como mulheres espancadas e maltratadas psicologicamente ocultam seus infortúnios, acarretando morosidade na efetivação de denúncias contra seus agressores. Outros fatores contribuem para que permaneçam em relações conflituosas e retardem as denúncias, tais como: falta de moradia própria, desemprego, desconhecimento das redes de apoio institucional, falta de amparo da família e o afeto que ainda nutrem pelos parceiros. Também se observou que as mulheres, mesmo detendo parcelas de poder menores do que os homens, resistem e muitas vezes revidam com atos violentos em relação aos seus parceiros. Portanto, pôr em dúvida a lógica da vitimação é vislumbrar a possibilidade de reação das mulheres, mesmo que se encontrem, sob o ponto de vista do poder, muito aquém dos homens. Elas não consentem a violência, apenas cedem. Por último, foi abordada a percepção das mulheres sobre a Lei Maria da Penha, como instrumento de cidadania feminina no sentido de detectar se, com o seu advento, aumentaram as denúncias.

Palavras-chave: estigma, violência contra a mulher, gênero, poder.

 


 

Vivências de depressão e a sua relação com o trabalho

 

 

Ana Patrícia Oliveira dos Santos

Orientadora:
Profª. Drª. Regina Heloísa Mattei de Oliveira Maciel
Examinadores:
Profª. Drª. Raquel Maria Rigotto (UFC)
Profª. Drª. Tereza Gláucia Rocha Matos
Data: 18/12/2007

 

RESUMO

Este estudo investiga o transtorno mental, especificamente a depressão, como fator incapacitante para o trabalho. Examina, também, as variadas interfaces do trabalho com o adoecimento mental. O objetivo principal deste trabalho é a investigação e compreensão dessas interfaces. Foram focalizadas as estratégias utilizadas pelos indivíduos para o enfrentamento do problema, tanto nos casos em que o trabalho foi o fator preponderante na própria etiologia do transtorno, quanto nos casos em que a reinserção no mercado de trabalho é percebida pelo indivíduo como de extrema importância para o seu bem-estar emocional. A pesquisa adotou a metodologia qualitativa, e os dados foram coletados através de um roteiro de entrevista aberto. A pesquisa foi realizada com dois usuários do CAPS - Centro de Atenção Psicossocial, e uma bancária afastada de suas funções, filiada ao Sindicato dos Bancários de Fortaleza. Os pesquisados colocaram o trabalho, concomitantemente, como propiciador de saúde e doença, ressaltando, assim, o sentido ambíguo e o caráter multifacetado que o trabalho possui. As entrevistas abertas revelaram a importância de buscar novos rumos e novas formas de se relacionar com o universo do trabalho. Os resultados apontam que um trabalho vazio de sentido e realizado apenas para a sobrevivência do indivíduo, terá imensas chances de acarretar prejuízos físicos e emocionais. Por outro lado, um trabalho dotado de sentido e propiciador de autonomia configura-se como uma vivência favorável ao crescimento humano, possibilitando ao indivíduo a manutenção de relações saudáveis e construtivas com o mundo do trabalho.

Palavras-chave: depressão, sofrimento no trabalho, saúde mental.

 


 

Os sentidos da cardiopatia congênita na relação mãe-filho: contribuições psicanalíticas de Winnicott

 

 

Wecia Mualem Sousa De Moraes

Orientadora:
Profª. Drª. Leônia Cavalcante Teixeira
Examinadores:
Profª. Drª. Ana Maria Vieira Lage (UFC)
Profª. Drª. Karla Patrícia Holanda Martins
Data: 19/12/2007

 

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo compreender o papel da mãe na relação com o seu filho cardiopata congênito. A priori, foi realizado o estudo dos aspectos biomédicos das cardiopatias congênitas e suas implicações subjetivas. Baseado na teoria psicanalítica winnicottiana, compreendem-se a relação mãe-filho e os sentidos da cardiopatia congênita na relação mãe-filho. Os resultados revelaram temas relacionados à forma como as mães se adaptaram à sua gravidez, o diagnóstico e a situação de ter um filho com uma cardiopatia congênita. Como suporte nesses fatos, este estudo propõe que, tal como o filho, a mãe precisa ser cuidada psiquicamente. Para tal, é essencial cuidar também de seu meio-ambiente, tal como nos ensina Winnicott, para que ela possa assim, ressignificar o seu olhar sobre o filho e as vicissitudes de seu existir.

Palavras-chave: cardiologia, medicina, psicanálise, relação mãe-filho, Winnicott.

 


 

Estrutura e dinâmica da família sertaneja: estudo exploratório das famílias agricultoras da região do Maciço de Baturité/CE

 

 

Andréa Alexandre Vidal

Orientadora:
Profª. Drª. Júlia Sursis Nobre Ferro Bucher
Examinadores:
Prof. Dr. Francisco José Batista de Albuquerque (UFPB)
Prof. Dr. José Clerton de Oliveira Martins
Data: 20/12/2007

 

RESUMO

Este estudo teve como objetivo principal conhecer alguns aspectos da estrutura e da dinâmica das famílias agricultoras da região do Maciço de Baturité/CE, ligadas ao Projeto Agricultura Familiar, Agroecologia e Mercado (AFAM), que divulga na região estudada a prática da agricultura ecológica baseada no desenvolvimento sustentável. Elegemos como método a abordagem qualitativa (Minayo et al, 2005) para estudarmos 15 (quinze) famílias agricultoras, as quais foram descritas a partir da narrativa de um de seus membros. Utilizamos como instrumentos de coleta de dados o questionário (Günther, 1999), o genograma familiar transgeracional e o ciclo vital familiar (Carter & McGoldrick, 2001). O questionário, visando à obtenção de dados que possibilitassem atingirmos os objetivos propostos, teve a seguinte estrutura: dados sócio-demográficos e familiares; saúde física e mental; história da migração familiar; agricultura familiar (relacionada à transmissão através das gerações familiares dos conhecimentos, atitudes e práticas agrícolas); sustentabilidade; sucesso e fracasso; mal-estar e bem-estar. Estes tópicos nos permitiram conhecer a vivência dos agricultores através dos seus relatos sobre cada item citado. Entre os resultados obtidos, constatamos a existência de um hiato entre a geração dos pais e a geração dos filhos relativo à transmissão transgeracional dos conhecimentos agrícolas, ocasionando assim, uma mudança na estrutura e na dinâmica das famílias agricultoras estudadas. A geração mais jovem ao adquirir noções sobre a agroecologia, observa com certo descrédito as práticas agrícolas convencionais utilizadas pelos seus pais. Neste aspecto, o trabalho do agricultor passou a ser questionado pelos mais jovens, que almejam sair da mão-de-obra no campo para se tornarem técnicos agrícolas com conhecimentos agroecológicos, ou ainda, migram em busca de outras ocupações nas grandes cidades. Desta forma, rompem com toda uma tradição de transmissão de conhecimentos, atitudes e práticas agrícolas através das gerações familiares, ocasionando além da sensação de abandono nos pais, a falta de herdeiros para a continuação do trabalho na agricultura familiar.

Palavras-chaves: estrutura e dinâmica familiar; geração familiar trigeracional; conhecimentos, atitudes e práticas agrícolas.

 


 

Cantiga do despertar: uma leitura benjaminiana sobre a criança na clínica psicanalítica

 

 

Idenilza Barbosa Lima de Lima

Orientadora:
Profª. Drª. Leônia Cavalcante Teixeira
Examinadores:
Profª. Drª. Idilva Maria Pires Germano (UFC)
Profª. Drª. Maria Terezinha de Castro Callado (UECE)
Data: 20/12/2007

 

RESUMO

Este estudo objetivou apresentar os postulados freudianos sobre as vicissitudes do processo de subjetivação da criança que tem como palco a metrópole com suas históricas de construção e ruínas. Com essa finalidade, consideramos o pensamento de Walter Benjamin, que aborda o tema da infância na cidade, bem como o brincar, dispositivo clínico psicanalítico e modo com o qual a criança interroga o mundo. Para resgatar a atualidade desses pensamentos, psicanalítico e filosófico, contemplamos as composições de Chico Buarque porque as consideramos como um discurso escrito sobre o ambiente urbano no qual a criança se subjetiva. Como método de análise dessas composições foi utilizado a proposta de estudo de Walter Benjamin, nomedamente, a análise do conteúdo lingüístico e do conteúdo histórico-social, porque compreendemos que para esse filósofo as fronteiras teóricas estão abertas aos vários campos do saber, dentre os quais destacamos a estética, fonte também privilegiada nas reflexões freudianas. A partir dessas análises, a conclusão é de que tanto os postulados freudianos quanto benjaminianos confrontam e interrogam os conceitos que temos sobre as crianças e que fundamentam os métodos psicanalíticos. Por conseguinte, esses postulados propõem uma clínica na qual a aposta na criança, sujeito advir, comece por (re) conhecê-la não só como alegoria do lugar em que vive, mas também como alegorista capaz de juntar os cacos e os fragmentos da cidade para expô-los na cena lúdica.

Palavras-chave: Walter Benjamin, Chico Buarque, alegoria, psicanálise, subjetividade, infância.

 


 

Possibilidades da escuta psicanalítica da fadiga de si: um estudo sobre a teoria freudiana do sofrimento psíquico

 

 

Isabella Maria Augusto Aguiar

Orientadora:
Profª. Drª. Clara Virgínia de Queiroz Pinheiro
Examinadores:
Profª. Drª. Edna Linhares Garcia (UNISC)
Profª. Drª. Leônia Cavalcante Teixeira
Data: 21/12/2007

 

RESUMO

A proposta do presente estudo é investigar um sintoma psíquico freqüente na clínica psicanalítica na atualidade, que se expressa como fadiga, um cansaço de si. Tal manifestação sintomática caracteriza-se por sua irredutibilidade a qualquer referência a história subjetiva, esgotando-se na impossibilidade de agir. Assim, pretende-se visualizar a possibilidade de transformação dessa queixa em um pedido de análise. O estudo visa estabelecer uma interlocução com a Clínica Freudiana e com a análise sociológica do sofrimento psíquico na contemporaneidade. O trabalho se divide em quatro etapas. A primeira apresenta as influências sofridas por Freud na Construção da Psicanálise. No segundo momento destaca-se a Clínica Freudiana que afirma ser o sintoma uma solução de compromisso de desejos conflitantes. Em seguida, são apresentadas as idéias do sociólogo francês Alain Ehrenberg que faz alusão a uma patologia da ação que se manifesta como inibição e como impulsividade. O quarto capítulo ressalta as formulações de alguns estudiosos da psicanálise acerca da especificidade do mal-estar psíquico na contemporaneidade. Os autores transmitem a preocupação de responder a essa nova demanda que destaca o domínio corporal, seja pelo narcisismo, seja pela angústia ou pela pulsão de morte. O trabalho ressalta a construção freudiana do sintoma, marcada pelo conflito psíquico, visando estabelecer uma relação com as idéias do sociólogo francês Alain Ehrenberg o qual se refere a uma desconflitualização nas patologias da depressão e da adição. Ehrenberg destaca o agir patológico no lugar do conflito, e aponta o deslocamento de um discurso da culpa para um discurso da autonomia. Freud evidencia a histeria como uma doença articulada com a moral sexual de sua época, enquanto Ehrenberg destaca a depressão como uma patologia da liberdade, tendo em vista que a depressão expõe nossa experiência atual de pessoa.

Palavras-chave: psicanálise, depressão, fadiga de si, histeria, contemporaneidade, Alain Ehrenberg.

 


 

Corpo e cuidados médicos nos processos de subjetivação: contribuições de Michel Foucault

 

 

Layza Castelo Branco Mendes

Orientadora:
Profª. Drª. Clara Virgínia de Queiroz Pinheiro
Examinadores:
Profª. Drª. Leônia Cavalcante Teixeira
Profª. Drª. Maria Aparecida de Paiva Montenegro (UFC)
Data: 21/12/2007

 

RESUMO

O objetivo deste trabalho é estudar a relação entre corpo e cuidados médicos na construção das subjetividades. Para tanto, empreendemos uma pesquisa bibliográfica, utilizando como eixo principal o referencial teórico de Michel Foucault. De acordo com seu pensamento, a construção dos sujeitos depende das características culturais, e, portanto, é transformada ao longo do tempo. Inicialmente, delimitamos a noção de corpo utilizada na pesquisa. Trata-se do corpo biológico compreendido como matéria orgânica. Em seguida, passamos a compreender a constituição subjetiva por meio do assujeitamento ao saber médico, que na Modernidade consolidou-se como a racionalidade que domina a verdade sobre os indivíduos. Deste modo, vimos que, com o nascimento da Medicina anatomopatológica, que tem como característica essencial a referência à morte, a subjetividade foi sobreposta ao corpo. No terceiro momento, tratamos de entender a construção dos sujeitos por meio das práticas divisórias desencadeadas pelas relações de poder da Medicina. No último capítulo, dedicamo-nos a pesquisar o assujeitamento e as práticas divisórias por meio do saber médico que predomina na atualidade, qual seja, a Biomedicina. Esta nova racionalidade conserva alguns aspectos da Medicina que a precedeu, como considerar o corpo em termos de organismo. Contudo, possui características que lhe são singulares, entre as quais destacaríamos o centramento não mais na morte, mas na vida e na saúde. Diante deste contexto, constatamos que, na contemporaneidade, a justaposição da subjetividade ao corpo parece estar ainda mais consolidada. Concluímos também que a predominância do saber biomédico na nossa sociedade engendrou novas formas de assujeitamento e novas práticas divisórias nos processos de subjetivação.

Palavras-chave: corpo, subjetividade, cuidados médicos, Michel Foucault.

 


 

Escola Vila: pedagogia da sustentabilidade

 

 

Ilka Maria Zoza Rocha

Orientadora:
Profª. Drª. Sylvia Cavalcante
Examinadores:
Prof. Francisco Silva Cavalcante Júnior, PhD
Profª. Drª. Kelma Socorro Lopes de Matos (UFC)
Data: 27/12/2007

 

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo conhece de que forma a educação ambiental é colocada em prática na Escola VILA de Fortaleza, buscando compreender o seu significado como conteúdo transversal e as relações que as crianças e as demais pessoas da comunidade escolar estabelecem com o ambiente, por meio da observação de como atuam e se comportam no cotidiano. Inicia situando o leitor no contexto educacional: leis e exigências, seguido dos conceitos: relação homem x meio ambiente, educação ambiental, escola e sustentabilidade. Trata-se de um estudo de caso, com abordagem qualitativa a partir da observação participante, das entrevistas e análise documental: material didático e Projeto Político-Pedagógico. Foi motivada pelo agravamento da situação ambiental e o papel que o homem desempenha nela, tendo em vista que a relação com o ambiente é inerente ao ser humano. Neste contexto, a educação ambiental é um dos caminhos para a construção de uma sociedade sustentável. No percurso metodológico, foram utilizadas entrevistas semi-estruturadas, entrevistas de explicitação, observação participante e fotografias das crianças. O estudo foi realizado no segmento do Ensino Fundamental, do 2º ao 5º ano. A amostra consistiu em 29 participantes, sendo 14 estudantes, na faixa etária entre 7 e 11 anos de idade; 5 professoras das turmas nas quais foram feitas a observação participante; 4 representantes da equipe técnica da escola: 2 supervisoras pedagógicas, 1 psicóloga e a diretora e 6 pais de alunos. A análise dos dados evidencia que o currículo da escola foi montado em torno das questões ambientais, a partir das quais todas as demais disciplinas são trabalhadas por meio de um currículo amplo, de atividades vivenciais, de conteúdos significativos organizados de forma transdisciplinar. Conclui que todo esse trabalho favorece a formação da consciência ecológica nas pessoas que fazem parte daquela comunidade. Os valores ambientais vivenciados na escola fomentam sensibilidades afetivas e a criação do vínculo com os espaços, fatores determinantes na significação da relação do homem com o ambiente. No contexto dessa investigação, observou-se o quão importante e urgente é a implementação da educação ambiental nas escolas, assim como a discussão e divulgação de experiências como a da Escola VILA. Este estudo aponta para a necessidade de a escola assumir seu papel social trazendo para o palco das salas de aula as questões que fazem parte do cotidiano da vida dos alunos. Afinal, a realidade do Planeta denuncia que é necessário refazer hábitos, posturas e comportamentos. Se isso não acontecer por meio da consciência, acontecerá pela necessidade.

Palavras-chave: educação ambiental, meio ambiente, escola.


 

 

(Os trabalhos estão disponíveis na página do Mestrado em Psicologia da UNIFOR: www.unifor.br/mestradoempsicologia)

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