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Revista Mal Estar e Subjetividade

versão impressa ISSN 1518-6148

Rev. Mal-Estar Subj. vol.10 no.1 Fortaleza mar. 2010

 

RELATOS DE PESQUISA

 

A legitimação da violência nos espaços de lazer e na rua

 

 

Leila Maria Ferreira SallesI; Joyce Mary Adam de Paula e SilvaII

IProfessora do Instituto de Biociências - Departamento de Educação/UNESP/Rio Claro/SP. Doutora em psicologia da Educação/PUC/SP. End.: R. Lourdes Salles, 59- Piracicaba/SP. Email: Leila@rc.unesp.br
IIProfessora do Departamento de Educação UNESP/Rio Claro/SP. Livre Docente em Administração Educação. Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Educação. End.: Av. Dois Córregos, 2599-Piracicaba/SP. Email: joyce@rc.unesp.br

 

 


RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo analisar os incidentes e a legitimação da violência juvenil nos espaços de lazer e na rua. O estudo foi realizado com jovens que vivem na periferia de uma cidade brasileira e que frequentavam uma escola publica localizada na região. Os bairros onde esses jovens vivem e os locais de lazer que frequentam são permeados por situações de violência que ocorrem cotidianamente. Neste contexto os jovens explicam e atribuem significado à violência da qual ora são vítimas e ora protagonistas. Para a realização deste estudo foram entrevistados jovens considerados pela escola como protagonistas de situações de violência e jovens que não costumam exercer atos caracterizados como violentos. As entrevistas foram realizadas por meio de grupos focais. Os jovens apontam que há uma série de regras que dirigem a conduta juvenil, que é marcadamente competitiva, permeada por intolerâncias e por tentativas de imposição de estilos de vida, modos de agir e preferências ao outro. A presença de grupos de bandidos e traficantes que impõem regras e normas de conduta aos moradores também se constituem em explicações para a violência. Entretanto, cabe ressaltar que se de um lado os jovens podem estar submetidos às regras impostas pelos traficantes e bandidos com os quais convivem na comunidade e subjugados à cultura juvenil em função de sua faixa etária, os depoimentos revelam também momentos de resistência e rupturas como quando as regras e as explicações são questionadas e outros grupos se tornam referencia.

Palavras-chave: Jovens e violência. Legitimação da violência. Escola e violência.


ABSTRACT

This paper aims to analyze the incidents and the legitimation of the youthful violence in leisure spaces and on the street. The study was accomplished with teenagers that live in the periphery of a Brazilian city and frequent a public school in that region. The violence situations occur daily in the neighborhoods where these young live and in the leisure places that they frequent. In this context the young explain and attribute meanings to the violence of which they are sometimes victims and other times protagonists. For the accomplishment of this study, teenagers considered by the school as protagonists of violence situations and others that weren't considered violent have been interviewed. The interviews were accomplished through focal groups. According to the young, there are a set of rules that guide the youthful behavior that is remarkably competitive, permeated by intolerances and attempts of imposition of lifestyles and manners of acting. The presence of thieves and traffickers groups that impose rules and conduct norms to the inhabitants are also used as explanation for the violence. However, it is important to stand out that if, from one side, the young can be submitted to the rules imposed by the thieves and traffickers with whom they coexist in the community and to the youthful culture because of their age, the testimonies also reveal moments of resistance and ruptures as when the rules and explanations are questioned and other groups become reference.

Keywords: Young and violence. Legitimation of the violence. School and violence.


 

 

Introdução

Este texto é resultado de um projeto de pesquisa que tem por objeto o estudo da temática jovem, violência e escola. O interesse desse projeto foi investigar a interpretação dos jovens sobre a violência na sociedade, na escola e na sua própria vida. Procuramos analisar as diferentes explicações da violência presentes nos discursos de jovens fossem eles vítimas, expectadores ou protagonistas de violência. O pressuposto deste estudo é que conhecer a perspectiva de agressores e vítimas sobre as suas experiências de violência contribui para esclarecer os universos simbólicos e normativos que regulam as condutas violentas dos jovens em seu contexto e as possíveis formas de enfrentamento das mesmas no contexto escolar.

A violência física, psíquica e social faz parte da vida cotidiana dos jovens com quem trabalhamos e está presente no seu entorno e no marco de suas experiências diárias. Está presente na escola, nos lugares de lazer que frequentam e até mesmo nas relações familiares. Este estudo realizado busca, neste contexto de interação, a explicação, sentido e justificativa dos atos de violência protagonizados pelos jovens, assim como as ações de violência por eles vivenciadas.

Alguns autores que discutem a violência de jovens apontam para determinados aspectos que poderiam explicar os atos de violência da juventude, dentre os quais destacamos: o pertencimento a grupos (Diógenes, 2001, Feijó e Assis, 2004); a construção de uma identidade juvenil associada a gangues (Fernández Villanueva et al., 1998); a exclusão na convivência escolar (Camacho, 2001); o assédio das escolas pelo narcotráfico (Candau, 1999, 2008; Guimarães, 1998); as dificuldades de definição e percepção do futuro (Zaluar, 1997, 2001, 2004); o desencanto em relação ao valor da escolaridade; o distanciamento e a descrença em relação às instituições e à política formal; a resistência a autoritarismos e a "adultocracia" (Abramovay e Castro, 2002); e, para a exclusão social, o desemprego e a desigualdade social (Pegoraro, 1999, 2002; Tavares dos Santos, 2001, 2004; Wacquant, 2001, 2007).

A análise dos depoimentos dos jovens a respeito da violência na escola indicou, no mesmo sentido apontado por Charlot (2002), que a violência que acontece na escola ora é desencadeada por situações relacionadas à escola como instituição e ora pelas relações pessoais que os jovens estabelecem com seus pares. Charlot (2002) caracteriza a violência escolar como: violência na escola, violência à escola e violência da escola. As duas primeiras se referem à violência dos alunos e a terceira à violência da instituição. Segundo Charlot (2002) "a violência na escola é aquela que se produz dentro do espaço escolar, sem estar ligada à natureza e às atividades da instituição escolar". O autor exemplifica essa situação dizendo que é "quando um bando entra na escola para acertar contas das disputas que são as do bairro, a escola é apenas o lugar de uma violência que teria podido acontecer em qualquer outro local". Já a violência à escola está "ligada à natureza e às atividades da instituição escolar: quando os alunos provocam incêndios, batem nos professores ou os insultam". Ou seja, violências que visam diretamente à instituição escolar e aqueles que a representam. Para o autor essas duas formas de violência se somam à violência da escola, caracterizada por ele como "uma violência institucional, simbólica, que se expressa pela maneira como a instituição e seus agentes tratam os jovens".

Os jovens agridem a escola, quebram os vidros e as portas e confrontam os professores, diretores e funcionários. Nessas situações a violência que protagonizam é explicada por eles pela violência que a escola exerce sobre eles: as formas de organização da escola, a não participação nos processos decisórios e nas regras de disciplina. Tais justificativas se relacionam com as exigências de "respeito", que na visão deles seriam relações horizontais e de igualdade, ou seja, não hierárquicas, entre os profissionais da escola e eles. As formas utilizadas para controlar o comportamento dos alunos, os portões trancados, a passagem de um local para outro sempre fechada por cadeados, as formas de interação interpessoal, como chamar os pais ou a polícia e registrar boletins de ocorrência são criticados e não aceitos por eles. Inclusive reiteramos aqui essas formas de imposição de autoridade devem ser revistas, pois, muitas vezes, situações educativas que deveriam ser resolvidas pedagogicamente são resolvidas por outros meios, de cunho puramente repressivo.

As relações pessoais entre alunos e educadores é pautada pelo desrespeito, insultos, grosserias e humilhações. Segundo os jovens que temos entrevistado o desrespeito e a intolerância marca as relações entre eles e os educadores no âmbito escolar. Assim, no mesmo sentido postulado por Debarbieux (2001), eles dizem que a incivilidade caracteriza o cotidiano escolar.

O sentimento dos jovens de serem vítimas de injustiça faz também parte das pequenas agressões do dia a dia vividas na escola. A violência no contexto escolar é explicada e desencadeada por situações nas quais os alunos se sentem vítimas de uma injustiça, ou seja, de acusações que consideram falsas. Os alunos protagonistas de violência se queixam que são constantemente acusados e culpabilizados por todas as situações que acontecem na escola. A escola tende a separar bons e maus alunos e a agir em função disso, e eles, por terem protagonizado situações de violência, acabam sofrendo as consequências do estigma criado. Dessa forma, as discriminações e intolerâncias constituem-se em outro fator que explica e desencadeia tais situações.

Ao mesmo tempo a escola não é capaz de corresponder às expectativas dos jovens. Os conhecimentos transmitidos pela escola são vistos como inúteis ou, pelo menos, de utilidade duvidosa. Os diplomas escolares estão deslegitimados e a sua relação com status e ascensão social são postas em dúvida pelos alunos. No entanto, mesmo com as queixas e questionamentos que fazem à instituição escolar, as expectativas de vida futura para os alunos, sejam estes protagonistas de violência ou não, estão vinculadas ao estudo e a obtenção de um diploma. Porém, a escola conserva os mecanismos de exclusão social (Dubet, 2003; Willis, 1988, Bourdieu, 2001; Charlot, 2000; Peralva, 1997). Assim, as explicações dos jovens para a violência na escola coincidem com as apontadas na literatura.

Outras situações de violência que ocorrem na escola, entretanto, não estão referidas à sua condição de alunos, ou seja, são manifestações de violência protagonizadas por jovens que adentram o espaço escolar, mas que não é motivada pela escola, as suas formas de organização ou pelas relações com os educadores. Estas regras de violência não são específicas da escola, mas adentram a ela por meio das interações que os alunos estabelecem entre si.

Em geral, os estudos que analisam a violência entre alunos têm focado o maltrato escolar entre iguais, o bullying1. Olweus (1998) destaca que, nestes estudos, o maltrato escolar é inclusive apontado como um comportamento de alunos que posteriormente vão protagonizar outras formas de violência, tais como a violência contra os professores, o pertencimento a grupos juvenis violentos e o cometimento de atos delinquentes (Olweus, 1998).

Porém, o maltrato escolar, ou o bullying, não é a única forma de violência entre alunos que ocorre nas escolas. Nosso estudo tem apontado que a violência entre alunos pode ser explicada e é desencadeada por situações que são consideradas próprias de grupos juvenis ou de comportamentos adolescentes. Ou seja, se originam nas formas de relação estabelecidas entre os jovens na rua, no bairro e no lazer, e que adentram a escola.

Para Van Zanten (2000) a realidade cotidiana dos estabelecimentos de ensino da periferia francesa mostra que é inevitável certo grau de interpenetração entre a experiência dos adolescentes no bairro e o que eles vivem no colégio. Segundo a autora, nas escolas existe um pressuposto de que entre os alunos dos bairros periféricos existem alunos "pró-escola", aqueles que são propensos à cultura da escola, e alunos "antiescola", inclinados à cultura da rua. Os alunos que adotam comportamentos "pró-escola" têm um número maior de interações com os colegas da turma escolar e interações mais limitadas no bairro, o que os ajuda a permanecerem mobilizados para os estudos e para as atividades escolares. Os alunos "antiescola" tendem a passar nos estabelecimentos de ensino somente o tempo estritamente necessário, pois preferem estar em suas casas, com seus amigos e vizinhos. Muitas vezes perambulam pela rua e se envolvem em atividades ilícitas. Olweus (1998) também tem analisado a violência escolar como parte de um repertório de condutas agressivas dos estudantes que envolve a família, a escola e a rua.

As diversas situações relacionadas à construção da identidade social de jovens se manifestam nos espaços de lazer, nas relações entre pares e também na escola. Ou seja, a violência dos jovens na escola tem vinculações com a violência juvenil que se manifesta em outros contextos. As explicações para a violência de jovens na escola extrapolam, portanto, a sua condição de aluno e remetem também à sua condição de sujeitos jovens, isto é, de uma determinada faixa etária.

Este estudo busca então entender a violência de alunos que são jovens e que vivem em um contexto socioeconômico específico: pertencem a famílias de baixo nível socioeconômico e vivem em bairros da periferia de uma cidade localizada no interior do Estado de São Paulo. Rio Claro possui um índice de criminalidade considerado um dos mais altos da região onde se localiza (Campinas) e médios frente aos índices do Estado de São Paulo não sendo, assim, uma cidade que esteja isenta ou distante da problemática da violência (Deinter: Índice Oficial de Criminalidade, Secretaria de Segurança Pública. Relatório anual, 2002).

Assim, neste texto procuramos analisar os incidentes e a legitimação da violência juvenil nos espaços de lazer e na rua, buscando com isso desvendar as relações entre a violência de jovens na escola e a violência nos outros contextos de sua vida. Buscamos ainda analisar a violência protagonizada pelos jovens no âmbito escolar frente às outras manifestações de violência de jovens que ocorrem em outros espaços sociais e em diferentes contextos, como o de lazer.

Os dados deste estudo foram coletados por meio de grupos focais (Gatti, 2005).

Em cada encontro com os jovens tentava-se estimular a conversação do grupo por meio de alguns temas postos em debate: a concepção de violência e a violência nos diferentes contextos de interação: família, escola e lazer. Era solicitado a cada participante do grupo que se posicionasse frente a temas que iam sendo propostos pelos pesquisadores e se buscava incentivar a discussão entre eles a respeito de cada temática. Os próprios temas das entrevistas serviram como critério de codificação do material recolhido. Após a codificação e identificação dos fragmentos significativos se procedeu a sua análise, identificando padrões de significado compartilhado pelo grupo e articuladores da totalidade dos depoimentos. Em um primeiro momento foi feita uma análise das diversas experiências de violência vividas ou presenciadas pelos alunos dos dois grupos. Em seguida se buscou o sentido que conferia aos atos e aos incidentes dos quais participavam ou presenciavam.

Participaram deste estudo dois grupos de alunos. Os grupos se diferenciavam de acordo com sua qualidade de protagonistas ou não protagonistas de incidentes de violência. Tal diferenciação entre os jovens foi feita pela equipe gestora da escola, que os qualificou como violentos e não violentos. Os grupos constituídos são relativamente homogêneos: frequentam a mesma escola, vivem nos mesmos bairros da cidade, têm idades entre 15 e 17 anos. No total foram feitas 10 entrevistas, cinco com cada grupo de jovens.

Para facilitar o reconhecimento dos grupos denominaremos o primeiro de GV referindo-se ao grupo composto pelos jovens que tinham tido participação em incidentes violentos e de GNV o grupo integrado por alunos que não participaram de incidentes de violência.

 

Os depoimentos

Os incidentes de violência vividos e/ou presenciados pelos jovens dos dois grupos, assim como sua gravidade, são variados: brigas, agressões físicas, tiroteios, assassinatos. Os bairros onde moram são permeados por situações de violência que ocorrem cotidianamente. Às vezes, seus pais, irmãos e tios estão presos por serem traficantes, por terem roubado e/ou por terem cometido um assassinato. Nestas famílias é comum o uso de drogas e álcool.

Porque qualquer lugar tem violência. Tem violência em todo lugar. As pessoas acabam se matando. (GV)

Eu vi, vi o menino gritando e tal. Ele entrou dentro do bar pra comprar um maço de cigarro, ele saiu, sentou, abriu o cigarro e o cara veio atirando nele. Morreu. E até hoje ninguém sabe porque. (GV)

Na minha rua teve duas mortes. Nossa! Tinha tripa. Eu vi aquilo. Meu Deus do Céu! (GV)

A convivência com situações de violência é constante, penetra todo o âmbito de suas relações e os diferentes espaços sociais pelos quais transitam. Nestas situações ora são protagonistas, ora são vitimas, e ora expectadores de violência.

Os incidentes de violência são relatados pelos jovens do grupo GV de tal forma que parecem ser cotidianos, como coisa "natural" que acontece, diferente dos depoimentos dos jovens do grupo GNV que dizem se sentir mal com a violência que presenciam:

Uma vez na rua debaixo da minha casa, eu vi um corpo, eu vi o cara lá jogado no chão, ai eu fiquei mal, durante uma semana eu fiquei vendo aquela cena na minha frente. Eu fiquei com medo de sair na rua. Do outro lado da rua, um corpo jogado no chão, daí você vê aquela cena horrível (GNV).

Os integrantes do grupo GV vão a baladas, jogam bola, videogame, vão ao shopping, ouvem música, frequentam shows de funk e rodeios. Porém, muitos destes espaços de lazer são marcados por violência, muitas vezes protagonizada por eles mesmos:

A maioria dos lugares que a gente ia aqui em Rio Claro fechou porque era muitas brigas. Principalmente quando eu morava lá em Itirapina fechou um monte de danceteria lá. A violência estava tomando conta, envolve polícia. (GV).

É uma violência que ocorre no contexto de grupo, nas relações entre pares:

A gente chega umas sete horas lá (no shopping) e sai umas onze. Não, saí umas nove horas porque ficar lá até fechar não vira (não é bom). Tem muita briga. (GV).

Ás vezes tem assim, uns cara que sabe que os que ele quer brigar vão lá (no shopping) e daí eles vão lá também. (GV)

As violências nesse caso estão relacionadas a grupos (tribos) identificados por preferências musicais ou por espaços territoriais. Isto é confirmado pelos integrantes do grupo GNV:

Isso é normal aqui, tem as tribos urbanas, o que acontece, brigam quase todos os dias, um não gosta do outro. Pagodeiro ou roqueiro/rapper são as tribos urbanas. (GNV).

Se você for sexta no shopping só vê roqueiro, é raríssimo ter um rapper por lá. E aí sábado é o dia dos rapper. Se você falar assim para um roqueiro, vamos no shopping, ele fala: não, hoje só tem mano lá. Que nem, por exemplo, se tem dois roqueiros e um grupo de rappers, se ele passar pela saída ele apanha. Que nem estava eu e mais dois amigos. Eu sou eclética, daí eu falei vamos sair por aqui, mas ele disse: não, tem uns manos lá. Se a gente passar por aí a gente vai apanhar. (GNV).

Defender os amigos, o grupo do qual se faz parte, com o qual se identifica e que é uma referência em sua vida, ditando formas de se comportar, estilos de roupa, música etc, e que se contrapõem a outros que adotam estilos diferentes, é motivo para a violência. Nisso, os preconceitos e intolerância frente ao outro, o diferente, se faz presente.

No grupo as identidades são compartilhadas. Ser igual permite se identificar e ter ações conjuntas. Os relatos compartilhados pelos membros do grupo vão criando uma identidade coletiva que os leva a se reconhecer enquanto grupo. Mas identidade implica também em diferenciação. Para a construção de sua identidade precisam se diferenciar e uma possibilidade é a de se contrapor a outro grupo de jovens.

A violência nos espaços de lazer e na relação entre iguais parece também estar relacionada à pressão do grupo para que tenham os comportamentos esperados, como o de vingar as ofensas e insultos e o de fazer ao outro o que ele lhe fez. Por exemplo, as constantes brincadeiras no espaço escolar viram agressões e impõem a necessidade de reagir:

Tem cada brincadeira que se o cara não gosta vem pra cima. Aí a gente tem que reagir. (GV).

Embora qualificada como brincadeira motiva uma reação. Essa reação geralmente são insultos, de forma que se xingam uns aos outros. Os xingamentos são considerados mais graves quando o agressor "mexe" com a mãe. E, a vítima, para conservar seu prestígio, deve reagir. Essa reação em geral é física, uma agressão direita ao agressor. Assim passamos de "xingar" a "brigar".

Por causa das brincadeiras, tem gente que não gosta. Às vezes fica mexendo com a sua mãe, aí tem que reagir. (GV).

Aí xingou a mãe do outro, xingá mãe já dá briga. (GV).

Assim, os jovens fazem referências a situações onde a rivalidade entre iguais e a competição pelo respeito está presente. Os jovens competem entre si por prestígio, honra e respeito. Brigar para defender a honra está presente quando se age para evitar a traição dos namorados ou das namoradas ameaçando ou agredindo possíveis rivais ou o próprio namorado:

Por causa de homem, fica com o macho dos outro. (GV).

Não dá pra confiar em homem, é tudo sem vergonha, não tem um que salva. Não tem um, até meu pai. Tudo trai. Se meu namorado me trair eu mato ele. E não é só ameaça não, eu enfio a faca mesmo. (GV).

Ganhar o respeito significa estar por cima e ter os outros "embaixo". Segundo os jovens para ser respeitado e para defender o que consideram certo é necessário reagir às provocações:

Ele é muito violento. Ele quer ser o que ele não é. Ele pode tudo. Se a gente fala que ele tá errado, ele quer agredir a gente, ele quer sempre tá certo, sendo que ele nunca tá certo, ele quer sempre tá lá em cima, mas mal ele sabe que a moral dele tá lá embaixo. (GV).

Em geral são os jovens qualificados como não violentos que mais identificam o jogo de poder presente neste tipo de interação:

Tipo assim, se você é quieto, eles vão em cima de você por que eles sabem que você não é de briga, porque sabem que você não vai fazer nada, que você vai ficar com medo, porque não tem muitos amigos assim. Então eles querem mostrar o poder deles. Entendeu? Então eles te massacra na frente de todo mundo, xinga, querem dar uma de bom na saída (da escola). Vem empurrando. (GNV).

Há, parece, uma série de regras que dirigem a conduta dos jovens protagonistas de violência: a regra de reagir se o prestígio ou o respeito é questionado; a reação é mais justificável quando o agressor está errado; quem não reage perde a consideração dos iguais; quem provoca o outro e não recebe resposta ganha prestígio entre seus pares. O caráter normativo do comportamento destes jovens fica explícito em expressões como "estar certo" ou "andar pelo certo", ou "estar errado", ou "andar pelo errado", que são bastante frequentes nos discursos dos jovens:

Se eu estiver errado eu abaixo a cabeça e fico quieto. Se eu estiver certo vou até onde achar que devo ir. (GV).

A gente briga por aquilo que considera certo. Vou dar um exemplo, eu estou namorando uma menina, aí vai um cara e fica com ela. Aí ele vai estar errado, entendeu. (GV).

Andar pelo certo é você não ter contato com polícia, com cagoeta. Tipo assim, vamos supor um assalto, o outro vai e cagoeta. Aí é andar pelo errado. Daí morre. (GV).

A realidade parece estar polarizada entre estar certo ou errado, ser bom, ser mal. Há regras que quando descumpridas podem levar ao castigo daquele que desobedece. Há, muitas vezes, uma defesa sem críticas daquilo que é considerado certo e que, portanto, deve ser imposto como uma norma a qual não se permite questionamentos ou condutas diferentes.

Certo matar por droga não tá, mas o cara é usuário, ele sabe se ele pega droga e não paga ele vai morrer. Eles sabem. (GV).

A violência é um meio para cumprir normas que são impostas e não consensuais. A disseminação do uso da violência como a forma mais eficaz de resolver os problemas está presente na fala dos alunos quando estes comentam que por qualquer coisa se mata:

Não é conversar com o outro, é matar. (GV).

Os cara é tudo loco. Por causa de uma cerveja. Só porque o cara não quis vender, o cara foi lá, catou uma faca e matou. (GV).

Se no grupo GV a violência é a forma privilegiada para resolver conflitos e o agir predomina frente à fala, pois a conversa parece não ter consequência prática, os jovens do GNV parecem privilegiar o diálogo como forma de solução de conflitos:

É que às vezes a gente vê as coisas pela aparência. Para a gente é uma coisa estranha e a gente acaba formando uma ideia antes, sem saber o que é. Fica assustado. Se você vê uma coisa e acha que é ruim. Depois você passa a conhecer, você vê que é bom. Mas tem gente que não aceita. Tem gente que não quer conhecer. (GNV).

A realidade não é tão simplificada e a palavra parece ter certo poder.

Quando a gente está no meio e uma pessoa se mostra com uma opinião diferente, sempre tem alguém que quer apagar as ideias da outra pessoa, e isto acontece muito hoje em dia. Porque eles seguem uma coisa de um jeito, vem alguém e mostra uma coisa diferente, vai todo mundo contra aquele cara, acha que é bruxo, magia. Estas coisas. (GNV).

Esses jovens se diferenciam dos integrantes do grupo GV nas atividades de lazer. Em sua maioria não frequentam "baladas", participam de projetos comunitários, de cursos e atividades oferecidos pela escola nos finais de semana, desenvolvidos pelo Programa Escola da Família e têm uma atividade religiosa mais permanente. De vez em quando frequentam projetos existentes no bairro, onde jogam bola, fazem crochê, bijuterias etc.

Embora às vezes se envolvam em brigas, a violência lhes dá medo. As meninas falam do medo do estupro e os meninos do medo de levar um tiro. Eles não parecem ver a violência como uma forma de soluções de conflito, de forma que buscam se distanciar dela fugindo:

Meus colegas são tudo calmo, não curte muito briga, preferem fugir. (GNV).

Geralmente quando estes caras passam a gente não olha nem na cara. Porque eles já estão com um monte de coisa na cabeça por causa que usa droga. Se a gente olha pra cara deles eles já vão pensar que a gente tá querendo comprar briga com eles. (GNV).

Os jovens do GV parecem entender que um mundo sem violência não é possível, enquanto que os integrantes do GNV, talvez por acreditarem mais no diálogo e terem outras referências, como a Igreja, parecem ser mais otimistas frente ao mundo. As referências na vida destes jovens - mãe, irmãos mais velhos, Igreja (que os jovens do GV não frequentam) e Deus, parecem dar-lhes segurança. Mesmo assim convivem com a violência, mas, diferente do outro grupo, estes jovens são, em geral, expectadores ou vítimas dela. Porém percebem que a violência é usada pelos outros para convencê-los "eles acham que te ameaçando você vai mudar, fazer o que eles fazem". Diferente do outro grupo:

Moderadora: Vocês acreditam que a violência tem consequência negativa ou positiva?

Os dois. Quando a gente tem que reagir. Hoje em dia não tem como você não reagir. Violência serve para a gente se defender. (GV).

Assim, os jovens do grupo GV parecem achar que a violência é inevitável e até mesmo justificável, pois pode ser utilizada para se defender.

 

Considerações Finais

A investigação sobre os incidentes e a legitimação da violência juvenil nos espaços de lazer e na rua, buscando com isso desvendar as possíveis relações entre a violência de jovens na escola e a violência nos outros contextos, apontou que situações de violência que adentram o espaço escolar podem ser analisadas, tendo-se como parâmetro a comunidade a qual pertencem esses jovens. Nos bairros em que vivem a violência se faz presente em todos os espaços: no lazer, na rua, na vizinhança e na família. No lazer se confrontam com outros grupos. Na rua convivem com traficantes, usuários de drogas e presenciam assassinatos.

Os jovens protagonistas de violência fazem referências a grupos de bandidos que estão presentes na comunidade onde vivem e ao Comando Vermelho, ao qual diziam pertencer por ocasião em que este, conforme noticiado pela mídia, atacou as Delegacias de Polícia no Estado de São Paulo. Mesmo que isso não seja verdade, ou seja, que eles não pertençam a esses grupos, essas colocações apontam que estes grupos podem vir a constituírem-se em uma referência, proporcionando-lhes uma identidade respeitável que, inclusive, pode provocar medo nos demais (professores, diretores, outros jovens etc). Eles também falam sobre a morte e de acontecimentos que culminaram em assassinatos e da possibilidade de provocar a morte de alguém, seja isto verossímil ou não, como se fosse algo banal, rotineiro, o que é um indicativo da banalização da violência nos contextos de vida destes jovens.

As suas falas provavelmente se assemelham a de outros que se encontram em contextos similares de exclusão social, proximidade do narcotráfico, determinadas condições familiares etc. Isto indica que a violência entre alunos pode também ser entendida como uma violência social que entra na escola pela pobreza, pela marginação, pela delinquência e pelo desemprego, pela expansão do tráfico de drogas e do crime organizado (Dubet 2003; Tavares dos Santos, 2001; Pegoraro, 1999, 2002; Wacquant, 2001, 2007; Young, 2002).

Entretanto, a questão estrutural da violência que envolve os aspectos sociais e econômicos como determinantes de atos violentos não é considerado pelos jovens em suas falas sobre a violência. Embora eles próprios vivam uma vida de pobreza, não foi feita uma associação direta entre essa situação de vida e a violência. As microrrelações parecem ser mais importantes e onde os jovens estão focados para explicar o mundo. Deste modo, a violência responde a questões do contexto imediato. É uma forma de se defender que não é questionada ou criticada, apenas aceita, até mesmo como algo inevitável.

Enquanto os jovens do outro grupo GNV evitam as provocações, fogem de situações conflituosas e reagem com medo frente às situações de violências, tendo uma atitude mais de expectadores de situações deste tipo, o cotidiano das relações dos integrantes do grupo GV é marcado pela violência. O uso da violência como forma de solução dos conflitos em detrimento das alternativas de negociação está disseminado entre os jovens qualificados como violentos, estabelecendo-se o que, Tavares dos Santos (2004) chamou de violência difusa. Os jovens do grupo GV, em geral, reagem ou ameaçam reagir violentamente a qualquer agressão sofrida ou percebida e, pelas falas, consideram que esta é uma forma legítima de autodefesa.

Outras violências podem ser explicadas pela rivalidade entre iguais. Os jovens lutam pelo espaço e por bens materiais ou simbólicos como respeito e honra. Eles procuram, assim, construir uma identidade que seja valorizada por eles e pelos seus pares. Com isso reafirmam aquilo que é esperado nas culturas juvenis (Revilla Castro, 1998).

Porém, simultaneamente, a afirmação de identidade frente aos seus pares, ao jovem que protagoniza situações de violência, que cometeu um ato de infração ou uma violação qualquer das normas, é atribuída uma identidade da qual lhe é difícil escapar. Essa identidade atribuída acaba por delinear as atitudes que os outros, como os educadores, têm em relação a ele.

O enquadramento das pessoas em categorias permite prever a identidade social de cada uma delas. Ou, como diz Goffman (1988), atribuímos às pessoas uma identidade social virtual e, a partir do caráter que imputamos a elas, fazemos exigências sobre aquilo que o indivíduo deve ser. Quando os indivíduos são reduzidos aos estereótipos a sociedade constrói teorias ou ideologias para explicar essa diferença e justificar a discriminação. Fixa-se uma imagem social do outro, o diferente, que, ao ressaltar a diferença, o transforma em problema social que assusta e incomoda.

A qualificação de alguns jovens como violentos adere a eles como uma tatuagem. Essa identidade que lhe foi atribuída - jovem violento - o define e demarca todas as relações que estabelece com os outros. Há aqui um processo de atribuição de identidade. Nesse caso é a atribuição de uma identidade estigmatizada.

Há um significado negativo e pejorativo que associa morar na periferia, nos bairros pobres onde falta infraestrutura, com não ter educação ou boa aparência, falar incorretamente e ser potencialmente criminoso. Os jovens, protagonistas de violência, moradores da periferia e pertencentes a famílias de baixo estrato econômico, são considerados diferentes, dentro do conceito de "normalidade" dos que têm "famílias estruturadas", boas moradias, "boas" condições socioeconômicas. A diferença social pode gerar intolerância, preconceito, discriminação, ao se culpabilizar o outro pelo fracasso e condição social. Temos aí uma violência que surge pela intolerância ao diferente, que discrimina pobres, negros, homossexuais, jovens considerados maus alunos etc. Mesmo os jovens do GNV são tachados algumas vezes de "maloqueiros" etc., como pudemos ver na fala de alguns alunos; a diferença é que a resposta desses alunos frente às discriminações é a revolta silenciosa, por condenarem atitudes consideradas violentas e agressivas.

Na demarcação das diferenças nega-se que possa haver similaridades entre indivíduos e grupos diferentes. Ao se hierarquizarem as diferenças as relações de poder entre os indivíduos vão sendo estabelecidas.

A diferença permite imputar ao outro um atributo que o desfavorece e, assim, se relaciona ao poder: de incluir/excluir, de pertencer/não pertencer, de demarcar fronteiras - nós/eles - de classificar em bons/maus, racional/irracional, de normalizar - normal/anormal. Os indivíduos são medidos comparados, relacionados e classificados. Ao se classificar e hierarquizar as diferenças atribui-se diferentes valores aos grupos sociais. Dividir o mundo social entre nós e eles é classificar e ordenar grupos sociais (Hall, 2002; Silva, 2000).

Lembramos aqui que a diferença não é em si um problema. A diferença nos permite legitimar o que somos. No processo de construção das identidades sempre há referência a um "outro", ou seja, eu não sou o que o outro é. As pessoas constroem suas identidades a partir dessas diferenças. O problema é a discriminação e "essencialização"2 do outro fundamentado nas diferenças.

As identidades dos jovens violentos podem acabar por serem essencializadas, ou seja, percebidas como imutáveis - "sempre serão violentos" - como parte do processo de estigmatização. Bauman (2005) afirma que o essencialismo cultural contribui para a crença na superioridade de uns e na demonização do outro, percebido então como depravado, estúpido e criminoso. Ao se essencializar o outro este é reduzido a estereótipos, o que possibilita uma desqualificação desse grupo.

As discriminações ocorrem entre os próprios jovens que criam divisões entre si e se excluem. Assim, esses jovens parecem desconhecer as regras da sociabilidade, do respeito mútuo e da aceitação do outro. Qualquer diferença, como diz Zaluar (1997), como local de moradia, turma, tribos urbanas, que redefinem suas identidades sociais em termos territoriais justificam a possibilidade de alguém ser morto e a violência entre os jovens, pois as teias da sociabilidade, no espaço privado e no espaço público, se desmantelaram.

De um lado há uma violência que é decorrente da escola enquanto instituição, pelos estigmas e preconceitos a que os jovens estão sujeitos por sua condição social e cultural. De outro, os jovens estão submetidos às regras impostas pela cultura juvenil3 em função de sua faixa etária. Essa cultura juvenil estabelece os padrões não só de faixa etária, mas também de diferenciação de grupo social a que pertencem. Além disso, pudemos observar a adoção da lógica e discursos característicos de traficantes e bandidos como forma de enfrentamento dos conflitos. A fala do aluno do GV, que afirmou que "certo matá por droga não tá, mas o cara é usuário, ele sabe se ele pega droga e não paga ele vai morrer", ilustra esse aspecto.

Porém os depoimentos revelam também momentos de resistência e rupturas, tanto no GV quanto no GNV. A observação da aluna do GV que criticou o professor por discriminá-la por estar ouvindo rap é um exemplo de resistência ao preconceito de uma cultura que faz parte do cotidiano desses alunos. A própria justificativa do uso da violência pelos jovens tem como pressuposto a autodefesa, o conceito de que "ir até o fim" para defender suas convicções se o jovem considerar que está certo. Dessa maneira, deve-se analisar a constituição dessas explicações a partir das modalidades que a sustentam e que podem ser rompidas. É importante desvelar as explicações para a violência que são apropriadas e incorporadas pelos jovens visando e a reflexão com os mesmos sobre outras formas de enfrentamento de conflitos.

Os conflitos na escola, assim como na sociedade, são componentes naturais das interações que se processam em seu cotidiano, seja por contradições de classe social, seja pela necessidade de criação de identidade grupal. A identidade de grupo que os jovens buscam os preconceitos e estigmas que os adultos trazem nas interações com a juventude e a contradição de valores presentes na sociedade são pontos importantes a serem observados na discussão sobre a violência de jovens e a violência na escola. É nesse sentido que, no processo educacional, cabe aos adultos o papel de constante questionamento de si e das ações que se processam na escola. Assim, consideramos que a busca de uma ética de solidariedade, cuja base seja o respeito é uma condição fundamental para que se possa reduzir a violência no contexto escolar e fora dela.

 

Notas

1. O bullying é conceituado como um conjunto de comportamentos agressivos, físicos ou psicológicos, envolvendo discriminação e exclusão, que ocorrem entre colegas em situações de ausência de defesa por parte de quem sofre. Pode ser uma ação individual ou grupal (Smith, P.K., R.F. Olafsson, A. Liefooghe; Cowie,H., 2002).

2. Segundo Young(2002) a essencialização seria uma concepção de sujeito previamente estabelecida e imutável, que diferencia os seres humanos em sua forma fundamental.

3. Magnani (2005), traz a definição de culturas juvenis, apresentada por Carles Feixa na introdução ao número especial da Revista de Estudios de Juventud (n. 64, 2004), da seguinte maneira: o termo "culturas juvenis" aponta mais para as formas em que as experiências juvenis se expressam de maneira coletiva, mediante estilos de vida distintivos, tendo como referência principalmente o tempo livre. Esses "estilos distintivos" estariam presentes na vestimenta, música, adereços, formas de lazer etc.

 

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Recebido em 13 de novembro de 2009
Aceito em 30 de novembro de 2009
Revisado em 15 de dezembro de 2009

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