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Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento

versão impressa ISSN 1519-0307versão On-line ISSN 1809-4139

Cad. Pós-Grad. Distúrb. Desenvolv. vol.21 no.2 São Paulo jul./dez. 2021

 

ARTIGOS

 

Problemas emocionais/comportamentais entre uma amostra de adolescentes brasileiros durante a pandemia de Covid-191

 

Emotional/behavioral problems among a Brazilian sample of adolescents during Covid-19 pandemic

 

Problemas emocionales/conductuales en una muestra de adolescentes brasileños durante la pandemia de Covid-19

 

 

Lívia Branco CamposI; Natália Sant'Anna da SilvaII; Rafael Angulo Condoretti Barros NovaesIII; Marina Monzani RochaIV

IUniversidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: liviabranco5@gmail.com
IIUniversidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: natsants@hotmail.com
IIIUniversidade Federal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: rafaelcondoretti@gmail.com
IVUniversidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, SP, Brasil. E-mail: marinamonzani@gmail.com

 

 


RESUMO

Considerando a adolescência como um período com altas necessidades de interação social, é importante que estudos se voltem para a saúde mental dessa população durante o isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19. O presente estudo teve como objetivos: 1) Descrever a frequência de problemas emocionais/comportamentais entre uma amostra de adolescentes em isolamento social utilizando o relato dos pais; 2) Avaliar diferenças nos problemas emocionais/comportamentais considerando as variáveis sexo e grupo etário; 3) Avaliar as chances para problemas emocionais/ comportamentais clínicos para as variáveis sexo e grupo etário. Duzentos e quarenta pais/responsáveis por adolescentes com idades entre 12-18 anos preencheram os seguintes formulários via Google Forms: Ficha de caracterização; CBCL/6-18. Os resultados apontam para problemas internalizantes, ansiedade/depressão e depressão/retraimento como mais frequentes. Meninas apresentaram maiores pontuações e maiores chances para problemas somáticos e meninos apresentaram maiores pontuações para problemas de conduta. Adolescentes mais novos pontuaram mais nas escalas: problemas sociais e problemas de atenção/hiperatividade. Adolescentes jovens têm mais chances de apresentar problemas depressivos e queixas somáticas. Tais achados demonstram a necessidade de atenção por parte de pais/responsáveis e profissionais da saúde para esses desfechos clínicos na saúde mental de adolescentes.

Palavras-chave: Problemas de comportamento. Internalização. Externalização. Adolescente. Covid-19.


ABSTRACT

Considering adolescence as a time with high needs for social interaction, it is important that studies evaluate their mental health during social isolation caused by the Covid-19 pandemic. The present study aimed to 1) Evaluate the frequency of emotional/behavioral problems among a Brazilian sample of adolescents using parental report; 2) Evaluate differences in behavioral/ emotional problems among gender and age; 3) Evaluate the odds of clinical behavioral/emotional problems to the variables gender and age. 240 parents/guardians of adolescents with ages among 12-18 years old filled out the following instruments using Google Forms: Identification form and CBCL/6-18. The results point to Internalizing Problems, Anxious/Depressed and Withdraw/Depression as the most frequent. Girls had higher scores and odd to Somatic Complains, boys had higher scores to Conduct Problems. Tweens had higher scores on the scales: Social Problems and ADHD Problems. Older adolescents had higher odds of Depressive Problems and Somatic Complains. This finding demonstrates the need for attention on the part of parents/guardians and health professionals to these clinical outcomes on adolescents' mental health.

Keywords: Behavioral Problems. Internalization. Externalization. Adolescents. Covid-19.


RESUMEN

Considerando la adolescencia como un período con altas necesidades de interacción social, es importante que los estudios se dirijan a la salud mental de esta población durante el aislamiento social provocado por la pandemia de Covid-19. Así, el presente estudio tuvo como objetivo: 1) Describir la frecuencia de problemas emocionales/conductuales entre una muestra de adolescentes en aislamiento social utilizando el informe de los padres; 2) Evaluar diferencias en problemas emocionales/conductuales considerando variables de género y grupo de edad; 3) Evaluar la probabilidad de problemas clínicos emocionales/conductuales para las variables de género y grupo de edad. 240 padres/tutores legales de adolescentes de 12-18 años cumplimentaron los siguientes formularios a través de una herramienta de formularios de Google (Google Forms): Formulario de caracterización; CBCL/6-18. Los resultados apuntan a Problemas de Internalización, Ansiedad/Depresión y Depresión/Retiro como los más frecuentes en nuestra muestra. Las niñas obtuvieron puntajes más altos y mayores posibilidades de problemas somáticos, y los niños tuvieron puntajes más altos en problemas de conducta. Los preadolescentes obtuvieron puntuaciones más altas en las escalas de problemas sociales y problemas de atención/hiperactividad. Los adolescentes mayores tienen más probabilidades de tener problemas depresivos y quejas somáticas. Estos hallazgos demuestran la necesidad de que los padres/tutores legales y los profesionales de la salud presten atención a estos resultados clínicos en la salud mental de los adolescentes.

Palabras Claves: Problemas de Conducta. Internalización. Externalización. Adolescente. Covid-19.


 

 

INTRODUÇÃO

Em março de 2020 a pandemia do novo coronavírus (Covid-19) chegou ao Brasil, o que levou a mudanças na realidade social para evitar a propagação do vírus, incluindo medidas de quarentena, isolamento/distanciamento social, fechamento de escolas e adoção de modelos remotos de ensino (LAMIM-GUEDES, 2020). Tais medidas, apesar de fundamentais para evitar a propagação do vírus, tiveram consequências negativas para a saúde mental de crianças e adolescentes em todo o mundo (PANCHAL et al., 2021; SAMJI et al., 2021). Considerando a adolescência como um período com altas necessidades de interação social para um desenvolvimento cerebral e comportamental adequado (OBEN; TOMOVA; BLAKEMORE, 2020), é fundamental que estudos se voltem para a saúde mental dessa população durante o isolamento social.

Estudos apontam para mudanças importantes na rotina dos adolescentes durante esse período, incluindo redução na prática de atividades físicas (AMMAR et al., 2020; XIANG; ZHANG; KUWARAHA, 2020), aumento no tempo de tela (ELLIS; DUMAS; FORBES, 2020; ROCHA et al., 2021), piora nos hábitos alimentares (AMMAR et al., 2020) e no desempenho escolar (ROCHA et al., 2021), com diminuição das oportunidades educacionais (COURTNEY et al., 2020). Além disso, preocupações relacionadas ao adoecimento e à contaminação de familiares (ELLIS; DUMAS; FORBES, 2020), dificuldades para dormir (ROCHA et al., 2021; SZWARCWALD et al., 2021) e o aumento no sentimento de frustração e irritabilidade (DUAN et al., 2020, SZWARCWALD et al., 2021) foram relatados.

Problemas emocionais e comportamentais são definidos como alterações no repertório do indivíduo que prejudicam o desenvolvimento social e psicológico (NORTHERNER; TRENTACOSTA; MCLEAR, 2016), sendo percebidos quando ocorrem com frequência e intensidade excessivas e/ou deficitárias de acordo com parâmetros socioculturais, de modo que tais comportamentos impactam negativamente diversas áreas da vida, como social, relacional e educacional (BOLSONI-SILVA; DEL PRETTE, 2003). Tais problemas são categorizados em internalizantes (comportamentos individuais, introspectivos em nível privado) e externalizantes (comportamentos manifestos nas relações interpessoais e no ambiente) (ACHENBACH et al., 2016). Essa divisão tem sido amplamente utilizada desde sua proposta por Achenbach em 1966, sendo atualmente apresentada inclusive em manuais diagnósticos, como o Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5) (ACHENBACH et al., 2016).

Considerando tal construto, é esperado que adolescentes apresentem mais problemas internalizantes durante o isolamento social (COURTNEY et al., 2020), com aumento nos sintomas depressivos (ELLIS; DUMAS; FORBES, 2020) e mais sentimentos de ansiedade associados à maior quantidade e pior qualidade de acesso a informações relacionadas à pandemia (LIU; LIU, 2020), com queixas somáticas associadas à ansiedade quanto ao vírus (medo de contágio próprio e de familiares e evolução da pandemia) (SHEVLIN et al., 2020). Aumento na irritação, comportamentos agressivos (DUAN et al., 2020;), problemas de conduta e hiperatividade (MALLIK; RADWAN, 2021) também podem ser considerados efeitos do isolamento social nos comportamentos de externalização dos adolescentes, apesar de estudos que avaliem essa categoria durante a pandemia serem menos frequentes na literatura.

Com relação a diferenças entre os sexos na manifestação de problemas emocionais e comportamentais durante a pandemia, meninas apresentaram mais sintomas depressivos (ELLIS; DUMAS; FORBES, 2020; ZIJLMANS et al., 2021), sintomas ansiosos (ZIJLMANS et al., 2021) e mais preocupações relacionadas à Covid-19 (ELLIS; DUMAS; FORBES, 2020), sendo que em amostras brasileiras meninas foram mais suscetíveis a problemas emocionais, como tristeza e irritabilidade (SZWARCWALD et al., 2021). Enquanto isso, os meninos apresentaram mais problemas de conduta e hiperatividade (MALLIK; RADWAM, 2021), além de prejuízo importante no contato social quando comparados com as meninas (LOPEZ-SERRANO et al., 2021). Com relação à rotina, Lopez-Serrano et al. (2021) encontraram que meninas praticaram mais atividades físicas durante a pandemia do que os meninos.

Sobre diferenças considerando a idade, Mallik e Radwan (2021) apontam para os adolescentes como mais vulneráveis a desfechos psiquiátricos em comparação a crianças. Dentre aqueles que já apresentavam problemas antes da pandemia, os adolescentes mais velhos (15-18 anos) foram os que mais apresentaram sintomas ansiosos (LOPEZ-SERRANO et al., 2021). Ademais, uma revisão sistemática da literatura, que incluiu 116 artigos com dados primários sobre saúde mental de crianças e adolescentes durante a pandemia, encontrou uma correlação positiva entre sintomas depressivos e idade (SAMJI et al., 2021). Entretanto, os mesmos autores indicaram que a idade foi negativamente correlacionada com a manifestação de problemas de conduta (SAMJI et al., 2021). Nessa mesma direção, Lopez-Serrano et al. (2021) verificaram comportamentos opositores e desatenção como mais frequentes entre as crianças do que entre os adolescentes e Zijlmans et al. (2021) encontraram maiores índices de sentimento de raiva/irritabilidade nas crianças e pré-adolescentes do que nos adolescentes. Ainda assim, nota-se que a variável idade foi menos explorada em estudos realizados nesse período, além da falta de estudos em amostras compostas exclusivamente por adolescentes.

Considerando o contexto social provocado pela pandemia da Covid-19 e as lacunas encontradas na literatura com relação a amostras brasileiras, estudos que exploram problemas externalizantes, diferenças entre idades utilizando amostras de adolescentes, este estudo teve como objetivos: 1) Descrever a frequência de problemas emocionais e comportamentais entre uma amostra de adolescentes em isolamento social utilizando o relato dos pais; 2) Avaliar diferenças nas pontuações de problemas emocionais e comportamentais reportados pelos pais considerando as variáveis sexo e grupo etário; 3) Avaliar as chances para o desenvolvimento de problemas emocionais e comportamentais clínicos para as variáveis sexo e grupo etário. Hipóteses: H1) Problemas internalizantes e suas escalas correlatas serão mais frequentes. H2) Meninas apresentarão mais sintomas ansiosos e depressivos, já os meninos apresentarão mais problemas de conduta e hiperatividade; adolescentes mais novos apresentarão mais problemas relacionados a oposição e desatenção, já os adolescentes apresentarão mais problemas relacionados a sintomas depressivos e ansiosos. H3) Meninas e os adolescentes apresentarão maiores chances relacionadas a problemas de depressão/ansiedade, já os meninos e os adolescentes mais novos apresentarão maiores chances relacionadas a problemas de conduta e desatenção.

 

MÉTODO

Participantes

O presente estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (nº 3.584.187). Não foram apresentados riscos à saúde em função da participação; o risco mínimo foi o desprendimento de tempo para preenchimento dos instrumentos e sensibilização às questões. Todos os participantes concordaram digitalmente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e receberam uma cópia digital do documento; a participação foi voluntária, assegurando total privacidade e confidencialidade dos dados.

Inicialmente participaram deste estudo 330 pais ou responsáveis. Foram considerados como critérios de inclusão: 1) ter um(a) filho(a) entre 12 e 18 anos; 2) residir com o adolescente no Brasil. Foram excluídos: 1) adolescentes que não estavam em isolamento social (sem contato com pessoas que não vivessem na mesma casa, exceto para necessidades essenciais, como serviços de saúde), 2) formulários duplicados/incompletos. Com a aplicação dos critérios chegou-se a uma amostra válida de 240 pais ou responsáveis por adolescentes de 12-18 anos (média (M) = 14,3 anos, desvio padrão (DP) = 1,97), sendo a maioria meninos (131 - 54,6%); a maior parte frequentava o Ensino Fundamental II (55,8%), 33,7% frequentavam o Ensino Médio, 5,8% estavam na faculdade e 4,6% estavam tentando ingressar na faculdade/formados no Ensino Médio. Os dados foram fornecidos pelos pais/responsáveis, sendo 95% mães, 3,8% pais e 1,3% responsáveis legais. As famílias pertenciam às classes socioeconômicas A (13,3%), B1/B2 (70,1%) e C1/C2 (16,7%), de acordo com os critérios de correção do formulário da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) de 2019. Para determinação da faixa etária incluída foi considerado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que considera como adolescência o período entre 12 e 18 anos de idade (BRASIL, 1990).

Instrumentos

• Inventário dos comportamentos de crianças e adolescentes - 6 e 18 anos (Child Behavior Checklist - CBCL/6-18): desenvolvido por Achenbach e Rescorla (2001) para obter medidas padronizadas de problemas emocionais e comportamentais em crianças e adolescentes com base em relatos dos responsáveis. Contém 112 itens com afirmações, dispostas em escala Likert: "não é verdadeira" (0), "um pouco ou às vezes verdadeira" (1), "muito verdadeira ou muitas vezes verdadeira" (2) nos últimos seis meses.

Para o presente estudo, frisou-se que a resposta deveria se referir ao momento de início da pandemia até o momento do preenchimento. As respostas permitem traçar um perfil nas Escalas de Síndromes (ansiedade/depressão, retraimento/depressão, queixas somáticas, problemas de sociabilidade, com o pensamento, de atenção, violação de regras e comportamento agressivo); Escalas de Internalização, Externalização e Problemas Totais; e Escalas Orientadas pelo DSM (problemas afetivos, de ansiedade, de déficit de atenção e hiperatividade, problemas de oposição e desafio, e de conduta).

As pontuações obtidas em cada escala são convertidas em escores pelo software de correção para o instrumento (Aseba-PC). Tais pontuações são classificadas entre clínica, normal e limítrofe, de acordo com a amostra normativa para sexo, faixa etária e país. Para a realização do presente estudo, foram seguidas as orientações de Achenbach e Rescorla (2001) de reunir os casos com pontuação na faixa limítrofe as da faixa clínica para evitar a presença de falsos negativos. Maiores pontuações indicam maior frequência de problemas emocionais e comportamentais. Dados de validade e confiabilidade foram relatados com relação à versão brasileira do instrumento (ROCHA et al., 2012).

• Caracterização amostral - ficha de dados sociodemográficos: traça o perfil sociodemográfico e econômico amostral de acordo com os critérios da Abep de 2019, referente ao isolamento social, dados do adolescente e do responsável. O formulário completo pode ser encontrado nos materiais suplementares.

Coleta de dados

O banco de dados foi constituído por um formulário on-line feito no Google Forms, disponível entre 10 de junho e 10 de agosto de 2020; o link foi divulgado nas redes sociais (Facebook, Instagram e WhatsApp), o que caracteriza a amostra como de conveniência. Os participantes preencheram os instrumentos na seguinte ordem: TCLE, ficha de caracterização e CBCL/6-18.

Análise de dados

Todas as análises foram realizadas no Jamovi (1.6.15) com p ≤ 0,05 como nível de significância. Análises descritivas foram realizadas para traçar o perfil amostral. Análises de frequência dos problemas emocionais e comportamentais clínicos foram realizadas para verificar a H1. Foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para avaliar normalidade (p < 0,01 para todas as variáveis analisadas). Como a amostra foi classificada como não paramétrica, o teste Kruskal-Wallis para amostras independentes foi utilizado, com teste post hoc Dwass-Steel-Critchlow-Fligner (DSCF) para avaliar diferenças entre as pontuações nas escalas do CBCL/6-18 entre as variáveis sexo e grupo etário. O teste de Odds Ratio foi utilizado para avaliar as chances para problemas emocionais e comportamentais clínicos para as variáveis sexo e grupo etário. Para a análise dos grupos etários, a amostra foi dividida entre adolescentes mais novos (12-14 anos) e adolescentes mais velhos (15-18 anos - n = 105 - 43,8%). O critério de divisão dos grupos foi estabelecido com base nas orientações do Ministério da Saúde de 2007, que afirma diferenças no âmbito psicológico e social entre adolescentes de 12-14 anos e 15-18 anos, definindo o segundo grupo como adolescentes jovens, termo adotado pelo presente estudo (BRASIL, 2007).

 

RESULTADOS

Problemas emocionais e comportamentais

Os resultados descritivos para as escalas do CBCL/6-18 em função das variáveis sexo e idade são apresentados na Tabela 1. Os resultados da frequência de problemas emocionais e comportamentais clínicos em todas as escalas do CBCL/6-18 são apresentados no Gráfico 1. Ressalta-se que os cinco problemas mais frequentes foram: problemas de internalização (23,3%), ansiedade/ depressão (16,3%), problemas com o pensamento (9,6%), problemas totais (9,2%) e retraimento/depressão (8,3%).

Sexo e problemas emocionais e comportamentais

Diferenças nas pontuações nas escalas do CBCL/6-18

Resultados no teste de Kruskal Wallis indicam que, entre adolescentes brasileiros em isolamento social, meninos apresentam mais problemas nas escalas: retraimento/depressão (x2 (1) = 6,03; p = 0,014; η2 = 0,02), com um aumento médio de 0,97 ponto (W = -3,47; p = 0,014), e comportamentos de quebra de regras (x2 (1) = 9,53; p = 0,002; η2 = 0,03), com um aumento médio de 0,53 (W = -4,37; p = 0,002) quando comparados com meninas. As meninas apresentaram maiores pontuações na escala problemas somáticos (x2 (1) = 6,62, p = 0,010; η2 = 0,02), com aumento médio de 1,33 ponto (W = 3,64; p = .010) quando comparado com meninos.

Com relação às escalas orientadas pelo DSM, as meninas apresentaram maiores pontuações na escala queixas somáticas (x2 (1) = 6,25; p = .012; η2 = 0,02), com um aumento médio de 0,84 ponto quando comparadas aos meninos. Enquanto isso, os meninos apresentaram mais problemas de conduta (x2 (1) = 7,15; p = 0,007; η2 = 0,02), com um aumento médio de 0,43 (W = -3,78; p = 0,007) quando comparados a meninas.

 

 

Chances para problemas emocionais e comportamentais clínicos

Os resultados no teste Odds Ratio indicam que meninas apresentam maiores chances de apresentar pontuações clínicas em queixas somáticas do que os meninos - escalas de síndromes [OR = 5,07 (IC95% = 1,63 - 15,8); p = 0,002] e em problemas somáticos - escalas orientadas pelo DSM [OR = 8,92 (IC95% = 1,08 - 73.7); p = 0,015]. Para as demais escalas, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as chances de apresentação de pontuações clínicas para ambos os sexos.

 

 

Idade e problemas emocionais e comportamentais

Diferenças nas pontuações nas escalas do CBCL/6-18

Resultados no teste de Kruskal-Wallis para a variável grupo etário. Adolescentes mais novos apresentaram maiores pontuações nas escalas: problemas sociais (x2 (1) = 9,47; p = 0,002; η2 = 0,03), com aumento médio de 0,84 ponto (W = -4,35; p = 0,002) e problemas de atenção/hiperatividade (x2 (1) = 100,33; p = 0,001; η2 = 0,04), com um aumento médio de 1,12 ponto (W = -4,55; p = 0,001) quando comparados com adolescentes.

 

 

Chances para problemas emocionais e comportamentais

Resultados do teste Odds Ratio indicaram que o grupo etário de adolescentes jovens, de 15 a 18 anos de idade, apresentou maiores chances de ter pontuações clínicas em queixas somáticas - escalas de síndromes [OR = 4,00 (IC95% = 1,39 - 11,5); p = 0,006] e em problemas depressivos - escalas orientadas pelo DSM [OR = 7,78 (IC95% = 1,69 - 35,9); p = 0,002] do que o grupo de adolescentes mais novos, de 12 a 14 anos. Para as demais escalas, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as chances de apresentação de pontuações clínicas em ambos os grupos.

 

 

DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivos: 1) Descrever a frequência de problemas emocionais e comportamentais entre uma amostra de adolescentes em isolamento social utilizando o relato dos pais; 2) Avaliar diferenças nas pontuações de problemas emocionais e comportamentais reportados pelos pais em função do sexo e grupo etário; 3) Avaliar as chances para o desenvolvimento de problemas emocionais e comportamentais clínicos em função do sexo e grupo etário. Este foi o primeiro estudo com esses objetivos que incluiu 17 escalas de problemas emocionais e comportamentais e considerou uma amostra de adolescentes brasileiros em isolamento social. Os resultados encontrados dão suporte à hipótese inicial H1 e parcialmente à H2 e H3, uma vez que meninos apresentaram mais problemas de conduta, adolescentes mais novos apresentaram mais problemas de atenção/hiperatividade (H2) e os adolescentes jovens manifestaram maiores chances de apresentar sintomas depressivos (H3).

Sobre os resultados para a frequência de problemas emocionais e comportamentais, era esperado que problemas de internalização, ansiedade/depressão e retraimento/depressão estivessem entre os mais comuns, uma vez que estudos apontam para esse tipo de problemas como frequentes e, inclusive, como possíveis consequências do isolamento social decorrentes da pandemia (COURTNEY et al., 2020; ELLIS; DUMAS; FORBES, 2020; PANCHAL et al., 2021; SAMJI et al., 2021). O resultado encontrado para a escala de problemas totais também era esperado, uma vez que situações de privação social podem causar efeitos negativos no comportamento e na saúde mental entre adolescentes (ORBEN; TOMOVA; BLAKEMORE, 2020). Ressalta-se a alta frequência de problemas somáticos na amostra, indicando a importância de identificação desses sintomas durante a pandemia, conforme proposto por Shevlin et al. (2020), que apontaram para uma forte relação entre a ansiedade relacionada ao vírus (medo de contágio próprio e de familiares e evolução da pandemia) e manifestações somáticas.

Não era esperado que problemas do pensamento estivessem entre os mais frequentes, porém, acredita-se que estejam relacionados com o aumento de comportamentos de ruminação (pensamentos repetitivos, ruminativos) encontrados na revisão sistemática feita por Panchal et al. (2021) sobre o impacto da quarentena na saúde mental de crianças e adolescentes. Tais autores destacam que esse comportamento faz parte da manifestação de sintomas ansiosos, que são frequentemente reportados na literatura do tema, e que se configuraram como o segundo problema emocional/comportamental mais frequente em nossa amostra. Contudo, novos estudos devem ser realizados para avaliar possíveis impactos da pandemia e do isolamento social nos problemas com o pensamento em adolescentes.

Com relação a diferenças entre sexos, o resultado de que meninas apresentaram maiores pontuações e maiores chances para problemas somáticos clínicos era esperado, uma vez que esse resultado já foi reportado em períodos típicos (RÄTY et al ., 2005; KIRCHNER et al., 2017) e que durante a pandemia houve agravamento de problemas psicológicos e somáticos preexistentes (ZIJLMANS et al., 2021), sendo possível que tenha ocorrido uma piora nos quadros entre elas, uma vez que já seriam mais suscetíveis a apresentarem queixas somáticas e a agravamento de quadros psicológicos durante a pandemia (SAMJI et al., 2021; SZWARCWALD et al., 2021; ZIJLMANS et al., 2021). Ainda que o resultado seja consistente com o encontrado por outros pesquisadores, novos estudos são necessários para avaliar o impacto da pandemia nas queixas somáticas entre meninas.

Conforme encontrado, era esperado que meninos apresentassem mais problemas de quebra de regras, uma vez que esse resultado já foi reportado na literatura anterior a períodos pandêmicos (EMERICH et al., 2012), e que houve um aumento desse tipo de problema durante a pandemia (PAROLA et al., 2020). Meninos também apresentaram mais problemas de conduta, o que fazia parte das hipóteses iniciais, sendo que esse resultado foi reportado em estudos realizados durante isolamento social (MALLIK; RADWAN, 2021; PANCHAL et al., 2021).

Por outro lado, não era esperado que meninos apresentassem maiores pontuações na escala retraimento/depressão, dado que a maior parte dos estudos aponta que meninas apresentam mais sintomas depressivos (ELLIS; DUMAS; FORBES, 2020; ZIJLMANS et al., 2021). Tal resultado pode ser específico desta amostra, que foi composta por critério de conveniência, porém também pode ser decorrente do fato de que meninos sofreram maiores perdas no contato social, evitam falar sobre a pandemia e praticam menos atividade física do que as meninas nesse período (LOPEZ-SERRANO et al., 2021), dado que estes são considerados fatores de risco para o desenvolvimento de sintomas depressivos durante a pandemia (PANCHAL et al., 2021). Além disso, é necessário considerar que Mallik e Radwan (2021) reportam piora em quadros psicológicos preexistentes entre os meninos. Tais questões poderiam impactar a saúde mental dos meninos durante o período de isolamento, podendo estar relacionado aos resultados encontrados no presente trabalho. Sugere-se a elaboração de estudos específicos para compreender os problemas relacionados a retraimento/depressão entre meninos e a associação com comportamentos evitativos e redução da atividade física no período da pandemia.

No que se refere à idade, adolescentes mais novos apresentaram maiores pontuações na escala de problemas sociais, o que pode estar relacionado à menor dedicação às práticas de suporte social e piora no contato social reportados na literatura entre essa faixa etária (LOPEZ-SERRANO et al., 2021). Esse grupo também apresentou maiores pontuações na escala de problemas de atenção/hiperatividade, resultado que confirma uma das hipóteses iniciais do presente estudo e corrobora os achados da literatura que apontam para maiores dificuldades de atenção nessa faixa etária durante a pandemia (LOPEZ-SERRANO et al., 2021; PANCHAL et al., 2021). Tais resultados reforçam a hipótese de que quanto mais novas as crianças/adolescentes, piores seriam as capacidades para lidar com os desdobramentos da pandemia (LOPEZ-SERRANO et al., 2021), levando a manifestações comportamentais percebidas pelos pais como inquietação e dificuldade de concentração. A relação de causalidade implicada nessa hipótese precisa ser confirmada em estudos futuros. Ainda assim, os resultados encontrados no presente estudo e no trabalho de Lopez-Serrano et al. (2021) indicam a necessidade de atenção para esses aspectos na saúde mental dos mais jovens durante o isolamento social.

Por outro lado, os adolescentes mais velhos da presente amostra apresentaram maiores chances para sintomas depressivos, o que fazia parte das hipóteses iniciais deste estudo, uma vez que estudos anteriores indicam que quanto mais velhos são os adolescentes, mais sintomas depressivos são reportados durante a pandemia (PANCHAL et al., 2021; SAMJI et al., 2021). Além disso, adolescentes jovens também apresentaram maiores chances para desenvolvimento de queixas somáticas, resultado esperado considerando que em tempos típicos adolescentes mais velhos costumam apresentar mais queixas somáticas (YANG et al., 2008), e que tais problemas podem ter sido agravados pela pandemia, relacionando-se a maiores chances para o desenvolvimento dessas queixas. Esses achados corroboram os resultados de Szwarcwald et al. (2021), que apontam que adolescentes brasileiros mais velhos possuem maiores chances de desfechos clínicos na saúde mental. Entende-se que os resultados do presente estudo ressaltam e complementam Szwarcwald et al. (2021), apontando quais problemas de saúde mental estão associados com a faixa etária.

É possível hipotetizar que quanto mais velhos, maior a compreensão dos efeitos da pandemia na vida cotidiana (medidas de isolamento) e familiar (trabalho/situação financeira), o que leva os jovens adolescentes a manifestar mais problemas internalizantes, como sintomas depressivos e somáticos. Estudos futuros devem analisar o nível de compreensão dos adolescentes quanto à pandemia e suas consequências para confirmar tal hipótese.

 

CONCLUSÃO

Os achados do presente estudo são relevantes por demonstrarem a prevalência de problemas emocionais e comportamentais entre uma amostra de adolescentes brasileiros em isolamento social, com destaque para a frequência de problemas internalizantes, especialmente os relacionados com ansiedade/ depressão. Os dados referentes às variáveis sexo e faixa etária demonstram a necessidade de atenção por parte de pais/responsáveis e profissionais da saúde para determinados desfechos clínicos na saúde mental de adolescentes, como problemas somáticos entre meninas (incluindo dores de cabeça, dores de estômago, mal-estar, problemas de pele, entre outros problemas sem causa médica definida e de fundo emocional), sintomas depressivos entre adolescentes jovens e problemas de sociabilidade e hiperatividade/desatenção entre adolescentes de 12-14 anos. O presente estudo também se mostra relevante por ser o primeiro estudo com amostra brasileira a comparar diferenças para essas variáveis utilizando somente adolescentes na amostra.

É necessário considerar algumas das limitações do estudo, pois utilizou-se uma amostra de conveniência, que não incluiu participantes de todos os estados brasileiros e classes sociais/econômicas presentes no Brasil. Além disso, foi utilizada somente a perspectiva dos pais/responsáveis, que seria enriquecida caso houvesse a contribuição da visão do próprio adolescente. Por fim, entende-se que o estudo, em função de caracterizar-se como transversal, per-mite apenas hipotetizar relações de causa/efeito do isolamento social. Para estudos futuros recomenda-se o uso de metodologias longitudinais para compreender o impacto da pandemia na saúde mental de adolescentes a longo prazo, utilização da perspectiva de múltiplos informantes (pais/responsáveis, os próprios adolescentes e professores), avaliação de variáveis como mudanças na rotina, práticas parentais durante a pandemia e estudos randomizados com amostras representativas da população brasileira.

 

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE PESQUISA (ABEP). Critério de Classificação Econômica Brasil 2019. 2019. Disponível em: file:///C:/Users/115619/Downloads/01_cceb_2019.pdf. Acesso em: 12 mar. 2022.         [ Links ]

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Recebido em: 29/09/2021
Aprovado em: 02/02/2022

 

 

1 Esse trabalho foi financiado por: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) - Número da Bolsa: 2019/02742-0.

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