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Revista Psicologia Política

On-line version ISSN 2175-1390

Rev. psicol. polít. vol.7 no.14 São Paulo Dec. 2007

 

EDITORIAL

 

Memória do presente: uma curta trajetória, uma extensa história

 

Lançamos mais este número da Revista Psicologia Política com um sabor distinto: estamos em uma fase de transição de editores. Paradoxalmente, as transições vistas como (des)continuidades, são muito salutares. Seja pela nova fase que se anuncia, pela mudança e oxigenação de gestão ou mesmo pela possibilidade de olhar para o passado e ver um caminho traçado, o paradoxo neste caso é muito mais do que bem-vindo.

No caso desta Revista, o passado é quase um presente, pois a RPP é bastante jovem, se considerarmos a história e a longa vida dos periódicos científicos. No entanto, ainda que jovem, já podemos falar de uma memória: afinal se faz memória também do presente, sobretudo quando pensamos na memória do conhecimento científico!

Desde o primeiro número da Revista Psicologia Política, publicado em 2001, como uma das atividades de um grupo de pesquisadores articulados em diferentes locais do Brasil, publicamos cento e quatro textos, entre artigos, dossiês, resenhas e manifestos. Na sua origem, a RPP nasceu para dar visibilidade a uma área interdisciplinar importante mundialmente e que no Brasil já vinha mostrando, com objetividade, a sua organização.

Nestes sete anos, vivemos como editores um pouco de “quase tudo” que é possível no amplo espectro da tarefa de gerenciar a construção de uma revista científica. Publicamos artigos de autores nacionais e internacionais, dialogamos com consultores e pareceristas de diversos países: Brasil, Argentina, México, Venezuela, Estados Unidos da América, França, Portugal, Espanha e Austrália. Tentamos fazer que a RPP chegasse em vários centros de interesse nesta área ao redor do mundo, alguns conquistamos e outros nem tanto, mas com certeza a RPP foi se transformando em sua própria caminhada. Nasceu para dar visibilidade e foi se tornando uma rede de articulação importante para os pesquisadores brasileiros hoje.

Assim, é com muita alegria que nos despedimos desta tarefa que durou até o lançamento deste número e com mais felicidade ainda que damos as boas vindas aos dois novos editores: Professores Celso Zonta, da Universidade Estadual Paulista (Unesp/Bauru) e Alessandro Soares da Silva, da Universidade de São Paulo (USP/Leste).

Portanto, trazemos aqui o último número sob nossa responsabilidade direta e, nesta longa (nem tanto) caminhada pedimos permissão para alguns agradecimentos: aos leitor@s que fizeram a RPP circular nas bolsas, entre os livros, nos braços e das mais variadas formas e assim legitimaram a sua existência; aos autor@s que confiaram, nem sempre sem tensão, em nosso trabalho e submeteram suas idéias e pesquisas para análise no âmbito deste periódico; aos consultor@s que aceitaram a árdua tarefa de analisar os textos, dialogar com autor@s e oferecer aos editores, muitas vezes, as mais importantes aulas sobre o debate científico.

Aqui também cabe um agradecimento especial aos bolsistas do Núcleo de Psicologia Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Núcleo de Psicologia Política e Movimentos Sociais do Programa de Pós Graduação em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) que sempre colaboraram com o trabalho cotidiano que muitas vezes não ganha visibilidade, mas que é de fundamental importância para a existência de um periódico.

Aos colegas de trabalho Cássia Reis Donato, Daniel Arruda Martins, Frederico Alves Costa, Frederico Viana Machado, Manuela de Sousa Magalhães e Otacílio Oliveira Junior que nunca se furtaram ao famoso “carregar piano” e, além disso, trouxeram para a RPP vitalidade e novas idéias.

Ainda nos cabe agradecer ao CNPq, a Fapemig, ao Departamento de Psicologia e ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFMG pelo poio institucional e financeiro. Estiveram sempre em diálogo conosco os membros do Conselho Científico e a Associação Brasileira de Psicologia Política. Um agradecimento especial cabe aos colegas membros da comissão Qualis/Anpepp de avaliação de periódicos científicos que nos fizeram aprender e.... aprender sobre os periódicos científicos no Brasil.

O número que @s leitor@s têm acesso agora apresenta oito textos: sete artigos e uma resenha, sendo que três artigos fazem parte no dossiê temático sobre Política, História e Socioambiente, organizado em co-editoria por Eda Tassara e Omar Ardans.

Abrindo este número, apresentamos dois artigos que focam o debate sobre as possibilidades da política no mundo contemporâneo. Seja através de reflexões sobre o futuro das práticas militantes ou o futuro das massas, a questão que se foca aqui é a sobrevivência da política, com mais exatidão “do político”, frente a uma supervalorização da gestão das necessidades. O autor Aluisio Ferreira de Lima apresenta o artigo Para uma Reconstrução dos conceitos de Massa e Identidade, nele, o autor busca atualizar os conceitos de massa e identidade a partir do debate sobre as possibilidades de participação política no contemporâneo. O artigo Possibilidades Militantes na Liquidez Contemporânea de Thaiani Vinadé e Pedrinho Guareschi apresenta a partir do debate sobre a modernidade líquida como a militância se insere nesta perspectiva.

Em seguida, apresentamos dois artigos que versam sobre a politização da pobreza e do campo de estudos sobre infância e adolescência. O artigo de autoria de Lúcia Rabello de Castro &– A politização (necessária) do campo da infância e da adolescência encara num campo facilmente capturado por perspectivas muitas vezes essencialistas, a importância do reconhecimento do caráter político na compreensão da criança e do adolescente, sobretudo em processos de tradução das demandas destes atores sociais. Intitulado A Desqualificação da Família Pobre como Prática de Criminalização da Pobreza, o artigo de autoria de Maria Lívia do Nascimento, Fabiana Lopes da Cunha e Laila Maria Domith Vicente nos interroga sobre as práticas de criminalização como controle social, sobretudo na desqualificação da pobreza.

No dossiê intitulado Política, História e Socioambiente, organizado por Eda Tassara e Omar Ardans, @s leitor@s poderão acessar um debate atual sobre as questões ambientais como formas de enfrentamento da política. O dossiê contém artigos de diferentes proposições da relação entre psicologia e política e entre política socioambiental e políticas públicas. E por fim, apresentamos uma resenha do livro Nação, Mito e Rito. Religião Civil e Comemoracionismo de Fernando Catroga.

Oportunizando mais uma vez um debate interdisciplinar, nos despedimos de tod@s e esperamos ainda mais contribuições da comunidade à RPP.

Marco Aurélio Maximo Prado

Salvador Antonio Mirelles Sandoval

Editores Responsáveis (2001-2007)

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