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Revista Psicologia Política

On-line version ISSN 2175-1390

Rev. psicol. polít. vol.12 no.23 São Paulo Jan. 2012

 

ARTIGOS

 

A crítica da psicologia e a tarefa da crítica na psicologia

 

Psychology criticism and the task of criticism in psychology

 

La crítica de la psicología y la tarea de la crítica en la psicología

 

 

Marisa Eugênia Melillo Meira*

Universidade Estadual Paulista – Júlio de Mesquita Filho, Bauru, SP, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Esse artigo coloca em discussão a necessidade de aprofundarmos a crítica da Psicologia como ciência, desvelando seus compromissos ideológicos com as demandas postas pelo desenvolvimento do capitalismo e, ao mesmo tempo, desenvolvermos o pensamento crítico na Psicologia. Tomando como fundamento o materialismo histórico dialético são apresentados e discutidos os principais elementos que devem ser contemplados pelo pensamento crítico: a reflexão dialética; a crítica do conhecimento; a denúncia da degradação, da alienação e da heteronomia humana nas condições postas pelo capitalismo e a possibilidade de ser utilizado como um instrumento no processo de transformação social. A incorporação desses elementos pode orientar o processo de constituição de conhecimentos psicológicos capazes de fornecer respostas mais satisfatórias as questões da relação dialética entre indivíduo e sociedade e das possibilidades de emancipação humana na sociedade moderna.

Palavras-chave: Pensamento crítico, Psicologia, Materialismo histórico dialético, Marxismo, Emancipação humana.


ABSTRACT

This article discusses the need to deepen Psychology criticism as a science, unveiling its ideological commitment to the demands posed by the capitalism development and, at the same time, develop the critical thinking in Psychology. Taking the dialectical historical materialism as a basis, the main elements which should be contemplated by the critical thinking are presented: the dialectical reflection; the knowledge criticism; the denounce of degradation, alienation and human heteronomy in the conditions posed by capitalism and the possibility of being used as an instrument in the social transformation process. The incorporation of these elements can guide the constitution process of psychological knowledge which will be able to provide more satisfactory answers to questions concerning the dialectical relationship between individuals and society and the possibilities of human emancipation in nowadays society.

Keywords: Critical thinking, Psychology, Dialectical historical materialism, Marxism, Human emancipation.


RESUMEN

Este artículo coloca en discusión la necesidad de profundizar la crítica de la Psicología como ciencia, develando sus compromisos ideológicos con las demandas puestas por el desarrollo del capitalismo y, al mismo tiempo, desarrollar el pensamiento crítico en la Psicología. Tomando como fundamento el materialismo histórico dialéctico son presentados y discutidos los principales elementos que deben ser contemplados por el pensamiento crítico: la reelección dialéctica; la crítica del conocimiento; la denuncia de la degradación, de la alienación y de la heteronomía humana en las condiciones puestas por el capitalismo y la posibilidad de ser utilizado como un instrumento en el proceso de transformación social. La incorporación de esos elementos puede orientar el proceso de constitución de conocimientos psicológicos capaces de proveer respuestas más satisfactorias a las cuestiones de la relación dialéctica entre individuo y sociedad y de las posibilidades de emancipación humana en la sociedad moderna.

Palabras clave: Pensamiento crítico, Psicología, Materialismo histórico dialéctico, Marxismo, Emancipación humana.


 

 

Introdução

Esse artigo coloca em discussão a necessidade de aprofundarmos a crítica da Psicologia como ciência e, ao mesmo tempo, desenvolvermos o pensamento crítico na Psicologia.

Especialmente a partir do final da década de 1980, vem se consolidando um movimento de crítica voltado para o desvelamento dos comprometimentos ideológicos da Psicologia com as demandas postas pelo desenvolvimento do capitalismo.

Entretanto, embora imprescindível, esse desvelamento não garante o desenvolvimento do pensamento crítico na Psicologia. A intenção de buscar a construção de posicionamentos mais contextualizados por si só não é suficiente, já que atualmente tornou-se lugar comum a afirmação da necessidade de se compreender o homem como um ser histórico e social, o que muitas vezes, não passa de uma adesão sem maiores significados e consequências a uma tendência que tem sido considerada como atual ou "moderna".

É fundamental trazer para o centro das discussões a inconsistência de muitas teorias psicológicas, sustentadas ora por concepções subjetivistas as quais analisam os fenômenos psicológicos como produtos internos do indivíduo, ora por visões objetivistas, que os compreendem como resultados de influências exteriores, limitando-se a um enfoque estritamente sócio político que reduz todos os problemas ao conhecimento e à crítica das relações sociais.

As implicações dessas teorias são já bastante conhecidas: a descontextualização e fragmentação do indivíduo, a psicologização do social e a naturalização dos fenômenos humanos como resultado da negação seu caráter fundamentalmente histórico, a desconsideração pelas desigualdades sociais e, concomitantemente, uma acentuada preocupação com a construção de teorias e técnicas dirigidas principalmente à adaptação social dos indivíduos.

As lições desta história nos colocam diante do desafio extremamente complexo de avançarmos nesse processo de crítica e nos envolvermos de forma séria e criteriosa com a tarefa de constituição de pressupostos teóricos capazes der fornecer respostas mais satisfatórias à questão crucial da relação entre indivíduo e sociedade e das possibilidades de emancipação humana na sociedade atual.

Autores importantes, filiados a diferentes correntes teóricas, vêm se dedicando a tarefa da crítica da Psicologia. A teoria crítica da Escola de Frankfurt de T. Adorno e M. Horkheimer, o socioconstrucionismo de K. Gergen, o enfoque discursivo de Potter e M. Wheterrel, as análises dialéticas acerca da constituição da personalidade humana desenvolvidas por L. Sève e A. Merani e a Psicologia Social da Libertação de Martin-Baró, são alguns exemplos significativos dessa caminhada.

Com esse trabalho, esperamos contribuir para esse processo de construção coletivo, tomando como referência principal parte do conjunto de formulações filosóficas, sociais, econômicas e políticas desenvolvidas por Karl Marx, e de algumas obras de autores que de alguma forma, fundamentaram-se no materialismo histórico dialético, destacando as contribuições de L. Vigotski, A. Leontiev e A. Luria.

 

O Pensamento Crítico: contribuições do Materialismo Histórico Dialético

O conceito de crítica pode assumir múltiplos sentidos em função das orientações teóricofilosóficas adotadas.

Partindo do referencial materialista histórico-dialético, propomos que um pensamento que se pretende crítico deve contemplar pelo menos os seguintes elementos principais: reflexão dialética; crítica do conhecimento; denúncia da degradação, da alienação e da heteronomia humana nas condições postas pelo capitalismo e a possibilidade de ser utilizado como um instrumento no processo de transformação social.

Tratemos de cada um desses elementos.

 

Reflexão Dialética

Somente na perspectiva da mobilidade, da transformação, e por conseguinte da caducidade inevitável de todo o existente e substituição do velho pelo novo, é possível dar sentido lógico a algum aspecto da realidade. Somente interpretando-o não como situação estática, que está aí, imóvel, indiferente ao ato de conhecê-lo, oferecendo-se à nossa apreensão, mas enquanto processo, alteração permanente, e portanto, sede de contradições entre traços ou finalidades opostas, é que podemos chegar a compreendê-lo. (Pinto, 1979:72)

Uma reflexão é dialética quando busca apreender o movimento dos fenômenos, compreendendo-os como fatos sociais concretos, sínteses de múltiplas determinações e, neste sentido, como realidades históricas que podem ser transformadas pela ação humana.

Desse modo, essa reflexão demanda necessariamente tanto uma concepção de história, quanto uma concepção de método científico fundamentados no materialismo histórico-dialético.

Partindo da Crítica da Economia Política, Marx buscou o conhecimento sobre as leis fundamentais da produção capitalista através da investigação da mercadoria, identificada como a categoria fundante da gênese do capital.

Para se expandir o capital necessita do processo social de produção e troca, o qual garante a transmigração do valor da forma mercadoria para a forma dinheiro e a apropriação da mais valia pelos proprietários dos meios de produção. E, para se reproduzir, precisa manter as relações de produção, o que implica necessariamente a busca pela produtividade máxima e a dominação de uma classe sobre a outra.

Ao apreender essa gênese categorial do capital, Marx na verdade delimitou os fundamentos de uma concepção materialista de história, na medida em que tornou claro que o fator determinante das formas de organização social é o modo pelo qual se realiza a produção material de uma dada sociedade.

Marx e Engels utilizaram a metáfora do edifício para explicitar esta idéia. Da mesma forma que em um edifício os alicerces servem de base para toda a construção, a estrutura econômica (a base ou infraestrutura) condiciona tanto a existência e as formas do Estado, quanto a consciência social (a superestrutura).

A concepção materialista da história parte da tese de que a produção, e com ela a troca dos produtos, é a base de toda a ordem social; de que em todas as sociedades que desfilam pela história, a distribuição dos produtos, e juntamente com ela a divisão social dos homens em classes ou camadas, é determinada pelo que a sociedade produz e como produz e pelo modo de trocar os seus produtos. (Engels, 1985:54)

Desse modo, a estrutura econômica da sociedade constitui a base real que explica, em última análise, toda a superestrutura integrada pelas instituições jurídicas e políticas, bem como as diferentes ideologias de cada período histórico.

Entretanto, a superestrutura não pode ser considerada como um reflexo passivo do mundo material, sob pena de incorrermos no risco de um reducionismo econômico. A infraestrutura é o fio condutor que explica os fenômenos sociais da superestrutura, mas isso não significa que eles possam se reduzidos a decorrências imediatas da estrutura econômica.

Ao defender a necessidade de se conceber as ideias como produtos situados em relações sociais que se desenvolvem historicamente, evidenciando a História como um processo ordenado, produto da atividade humana, Marx fez a crítica as principais correntes filosóficas de seu tempo e organizou os princípios fundamentais de um método científico que fosse adequado a essa compreensão dos fenômenos enquanto fatos sociais concretos.

Na perspectiva marxiana, os homens podem construir a história social e sua própria história, mas só podem fazê-lo sob circunstâncias concretas, as quais determinam suas possibilidades de realização e liberdade. Ao mesmo tempo, os homens transformam continuamente a história, ainda que isso ocorra por vezes de modo não intencional. O método materialista histórico dialético rompe com os limites estreitos da atividade científica que se reduz a classificações meramente descritivas dos dados empíricos, trazendo a possibilidade de compreensão desse caráter de permanente transformação da realidade social.

No "Método da Economia Política", Marx (1989) define claramente este movimento que busca promover a unidade e a articulação de dois momentos fundamentais da atividade de conhecer: o momento da aparência trazido pelos dados, e o da essência, construído através do pensamento teórico.

O concreto é o concreto, porque é a concentração de muitas determinações, isto é, unidade do diverso. Por isso, o concreto aparece no pensamento como o processo da concentração, como resultado, não como ponto de partida, embora seja o verdadeiro ponto de partida e, portanto, o ponto de partida também da intuição e da representação... o método que consiste em elevar-se do abstrato ao concreto não é senão a maneira de proceder o pensamento para se apropriar do concreto, para reproduzi-lo espiritualmente como coisa concreta. (Marx, 1989:410)

A compreensão do concreto não como soma de dados parciais, mas como síntese de abstrações, evidencia que este princípio metodológico de investigação busca a totalidade concreta da realidade social, de tal forma que cada fenômeno social possa ser examinado enquanto parte e momento desta totalidade historicamente situada.

Em síntese, uma concepção ou teoria é crítica na medida em que tem condições de transformar o imediato em mediato; negar as aparências sociais e as ilusões ideológicas; apanhar a totalidade do concreto em suas múltiplas determinações e articular essência / aparência, parte / todo, singular / universal e passado / presente, compreendendo a sociedade como um movimento de vir a ser.

 

Crítica do Conhecimento

É preciso rasgar este véu (da ideologia dominante) para atingir o conhecimento histórico. Porque as determinações reflexivas das formas fetichistas da objetividade têm justamente a função de dar aos fenômenos da sociedade capitalista a aparência de essências suprahistóricas. O conhecimento da verdadeira objetividade de um fenômeno, o conhecimento de seu caráter histórico e o conhecimento de sua função real na totalidade social, constitui um ato indiviso do conhecimento. (Lukács, 1981:75)

A produção do conhecimento é uma força de ação humana que se integra na prática social global de uma sociedade determinada, que condiciona não só seus objetivos como também a forma através da qual se organiza. O conhecimento é necessariamente produzido, ainda que não intencionalmente, a partir de uma perspectiva de classe social e das relações sociais de produção a que corresponde. Nas palavras de Martins (1983):

Não empregamos essa noção (de crítica) no seu sentido vulgar de recusa de uma modalidade de conhecimento em nome de outra. O objetivo, ao contrário, é situar o conhecimento, ir à sua raiz, definir os seus compromissos sociais e históricos, localizar a perspectiva que o construiu, descobrir a maneira de pensar e interpretar a vida social da classe que apresenta esse conhecimento como universal. (Forachi & Martins, 1983:2)

Em uma perspectiva crítica é imprescindível que se empreenda a tarefa de desvelamento ideológico da produção científica, rompendo com o modelo de pesquisa positivista que tem se caracterizado pela reafirmação da neutralidade e da objetividade como atributos básicos do método científico.

Esse modelo tem origem na proposição de Comte de criação de uma sociologia científica que teria por objetivo descobrir as leis que regulam a sociedade. Para o autor (Comte, 1972), após passar pela fase teológica e posteriormente pela metafísica, todo o sistema intelectual humano deveria finalmente alcançar o estado definitivo e superior como uma filosofia positiva, isenta de juízos de valor.

Conforme aponta Lowy (1985), a identificação das ciências sociais com a metodologia das ciências naturais e suas bases conceituais positivas, traz consigo a defesa da validade da transposição das análises sobre a natureza, para a compreensão da vida social dos homens.

Esta tentativa de fazer a aproximação direta do objeto revela a crença tanto de que a realidade tem uma estrutura estável e imutável que tem sentido assim como é, independente do sujeito que a examina, quanto de que este sujeito possua e possa expressar em seu trabalho, uma consciência científica pura, isolada da sociedade concreta na qual está inserido, que lhe permite inclusive desprender-se da sua personalidade e sua história para que estas supostas variáveis não interfiram no curso de suas pesquisas.

A perspectiva crítica nos indica que é impossível para o pesquisador a leitura pura de um dado, já que em todas as etapas de seu trabalho, desde a seleção de seus objetos de estudo e as opções metodológicas que faz, até a maneira como se dispõe a captar seus dados, revelam-se orientações interpretativas ainda que de modo não consciente ou deliberado (Lowy, 1987; Pinto, 1979).

A ciência é sempre intencional e, portanto, não é eliminando todos os elementos históricos e sociais dos fatos, que se poderá garantir a objetividade científica. Ao contrário, ela só se torna possível na medida em que se compreender a realidade como processo que se constrói na trama complexa das relações sociais; que se buscar captar os fenômenos, não como fatos em si, nem tampouco como ideias sobre os fatos, mas como concretudes históricas, sínteses de múltiplas determinações. Enfim, a objetividade científica é possível, ainda que se parta da premissa de que não existe neutralidade, já que a raiz de todo o conhecimento é o próprio interesse dos homens como exigência da transformação da realidade.

 

Denúncia da Degradação Humana e Defesa da Dignidade da Vida, da Justiça e da Liberdade para Todos os Homens

[...] uma Psicologia para a qual permanece fechado este livro, isto é, justamente a parte mais sensorialmente atual e acessível da história, não pode tornar-se uma ciência efetiva, provida de conteúdo e real. O que se pode pensa de uma ciência que orgulhosamente faz abstração esta grande parte do trabalho humano e que não se sente incompleta, enquanto a tão propagada riqueza do atuar humano não lhe diz outra coisa que não seja o que se pode, talvez, dizer em uma só palavra: carecimento, vulgar carecimento? (Marx, 1982:19)

Ao desvendar as relações entre os homens através das categorias reificadas da economia de mercado e denunciar a degradação e a dominação do homem pelas coisas, Marx construiu fundamentos teóricos importantes para a compreensão da heteronomia humana nas condições postas pelo capitalismo.

No 1º manuscrito filosófico Marx (1962) apresenta o conceito de alienação como um processo por meio do qual a essência humana se objetiva nos produtos de trabalho e se contrapõe aos homens por serem produtos alienados e convertidos em capital.

Na medida em que a realidade do trabalho social fica oculta por trás dos valores das mercadorias, não só o produto não pertence mais ao homem que o produziu, mas ainda assume uma "existência externa, existe independentemente, fora dele mesmo, e a ele estranho, que com ele se defronta como uma força autônoma" (Marx,1962:95 – grifos no original). Neste processo o trabalho alienado aliena não só a natureza do homem, mas o homem de si mesmo e de sua espécie.

Para os trabalhadores as relações sociais de seus trabalhos aparecem como relação reificada entre pessoas e relação social entre coisas. Marx chamou esse processo de fetichismo da mercadoria, processo pelo qual os produtos do trabalho humano passam a aparecer como uma realidade independente e incontrolável, alheia e estranha àqueles que os criaram. Trata-se de um contexto no qual as coisas se movem como pessoas e as pessoas são dominadas pelas coisas que elas próprias criaram.

[...] o misterioso da forma mercadoria consiste, portanto, simplesmente no fato de que ela reflete aos homens as características sociais do seu próprio trabalho como características objetivas dos próprios produtos de trabalho, como propriedades naturais sociais dessas coisas e, por isso, também reflete a relação social dos produtores com o trabalho total como uma relação social existente fora deles, entre objetos [...] Não é mais nada que determinada relação social entre os próprios homens que para eles assume a forma fantasmagórica de uma relação entre coisas. (Marx, 1983:71)

Nesse processo de trabalho, os trabalhadores produzem mercadorias e a si mesmos como mercadorias, que se tornam cada vez mais baratas quanto mais produzem riquezas.

Há muitas formas através das quais o homem se aliena de si mesmo e dos produtos de sua atividade, mas todas expressam a mesma coisa: uma clivagem entre o homem e sua humanidade, a transformação da vida e da atividade vital do trabalho em simples meio de existência individual.

Ao longo da história a humanidade produziu riquezas imensas, suficientes para garantir uma vida digna para todos os homens. Entretanto, na sociedade atual a grande maioria dos indivíduos encontra-se submetida a processos de empobrecimento material e espiritual, impedidas de se apropriarem das conquistas que representam o patrimônio humano genérico.

 

A Concepção Crítica como Instrumento de Transformação Social

O homem muda o mundo com a sua ação prática e não com a ideia, mas esta atua como a premissa mais importante da ação dele, ela mesma deve ser um reflexo criador da realidade. (Kopnin, 1978:336)

Na XI tese sobre Feuerbach, Marx (1977) forneceu os elementos para a análise da conexão histórica entre a filosofia e a ação. Para ele, as filosofias poderiam ser divididas em dois grupos: aquelas que se limitam a tentar explicar o que existe (filosofia como aceitação do mundo) e aquelas que, por sua vinculação consciente com uma práxis revolucionária, servem à transformação do mundo (filosofia como instrumento teórico ou guia de uma transformação humana radical).

Nesta perspectiva, o pensamento crítico constitui-se em um instrumento teórico fundamental para o processo de transformação social, já que pode desvelar a realidade e indicar as possibilidades de superação socialmente existentes.

O mundo material não pode ser transformado diretamente por ideias, mas certamente elas podem atuar como mediadoras da ação humana transformadora. Nas palavras de Vazquez (1977):

A teoria em si não transforma o mundo. Pode contribuir para sua transformação, mas para isto tem que sair de si mesma, e, em primeiro lugar, tem que ser assimilada pelos que vão ocasionar com seus atos reais, efetivos, tal transformação. Entre a teoria e a atividade prática transformadora se insere um trabalho de educação das consciências, de organização dos meios materiais e planos concretos de ação; tudo isso como passagem indispensável para desenvolver ações reais, efetivas. Nesse sentido, uma teoria é prática na medida em que materializa, através de uma série de mediações, o que antes só existia idealmente, como conhecimento da realidade ou antecipação ideal de sua transformação. (Vazquez, 1977:207)

Nessa perspectiva a reflexão filosófica coloca-se como necessidade primordial. Embora sob influência do ideário positivista, se tenha historicamente buscado uma espécie de liberação de toda ingerência considerada "externa", a filosofia é imprescindível ao trabalho da ciência.

Como destaca Goldman, (1979:16) "as ciências humanas devem ser filosóficas para serem científicas".

Todas as teorias científicas expressam uma determinada concepção geral sobre o homem e o mundo. Por esse motivo, como nos ensina Shuare (1990:13), devemos "explicitar ao máximo esta dependência e esclarecer as funções da filosofia e da concepção de mundo no conhecimento científico [...] esta explicitação não constitui uma perda de objetividade, mas a garantia indispensável (ainda que não suficiente) da mesma".

 

Considerações Finais: em defesa da crítica

"Se podes olhar, vê
Se podes ver, repara."

José Saramago

 

Postos os elementos constitutivos do pensamento crítico, cumpre tecer algumas considerações sobre as possibilidades de incorporá-los no interior da ciência psicológica.

Essa tarefa não implica em absoluto simplesmente aplicar as categorias econômicas tais como foram descritas pelo marxismo. Como destacou Vigotski1, a Psicologia teria que, a exemplo de Marx, construir o seu Capital, analisando os fenômenos psicológicos tendo como referência geral a concepção filosófica do materialismo histórico dialético (Vigotski, 1996).

Lev Semenovich Vigotski, Alexei Nikolaievich Leontiev e Alexander Romanovich Luria, pautaram-se por esse objetivo em suas investigações e produções e desenvolveram um importante conjunto teórico que tem sido conhecido como Psicologia Histórico-Cultural, do qual, nesse trabalho, destacaremos o pressuposto fundamental, a saber, o de que o desenvolvimento do psiquismo é um processo sócio-histórico que se constitui através dos processos de objetivação e apropriação da cultura humana, os quais permitem a formação da consciência e das capacidades humanas.

Ao afirmar que "o verdadeiro curso do desenvolvimento do pensamento não vai do individual para o socializado, mas do social para o individual" (Vigotski, 1987:18) definiu sua tese central: as origens das formas superiores de comportamento consciente deveriam ser encontradas nas relações sociais que o indivíduo estabelece com o mundo exterior.

Vigotski assinalava que homem e mundo estabelecem uma relação de interdependência e multideterminação e que os processos psicológicos humanos se realizam inicialmente no plano social como processos interpessoais e interpsicológicos, para posteriormente tornaremse individuais, ou seja, intrapessoais ou intrapsicológicos.

Para Vigotski, a matéria-prima de todo o desenvolvimento humano é a cultura. É da cultura que retiramos os sistemas simbólicos de representação da realidade, ou seja, é ela que fornece os elementos necessários para a formação de nossos valores e interesses.

No processo de constituição do ser humano, é possível distinguir duas linhas de desenvolvimento que diferem em relação a sua origem, mas que se entrelaçam na história dos indivíduos: "de um lado, os processos elementares, que são de origem biológica; de outro as funções psicológicas superiores de origem sociocultural" (Vigotski, 1984:52). No início da vida os fatores biológicos desempenham um papel mais marcante, mas na medida em que a criança intensifica suas relações com o mundo, todas as operações psicológicas são determinadas pela vida social do grupo ao qual ela pertence (Vigotski; Luria, 1996).

Para a Psicologia Histórico-Cultural, o ser humano se constitui na relação com outros homens por meio de processos de objetivação e apropriação.

Em consonância com o marxismo, esta teoria destaca que os homens se formam no processo de trabalho, no qual produzem os meios necessários para a satisfação de suas necessidades, não apenas as biológicas, mas também outras mais complexas, geradas nas relações sociais. Na atividade do trabalho, se objetivam nos produtos que constroem, transferindo para os objetos (materiais ou não) sua atividade física e mental. Nesse processo de objetivação, os homens criam e transformam continuamente a cultura humana.

Mas, para se formarem, além de se objetivarem nos objetos materiais e não materiais através de sua atividade social e histórica, os indivíduos ainda têm de se apropriar da cultura já acumulada, que se constitui no elemento mediador entre o processo histórico de formação do gênero humano e a formação de cada indivíduo como um ser humano (Duarte, 2004).

De modo diferente dos animais, o homem garante suas aquisições, não se adaptando ao mundo dos objetos humanos, mas se apropriando deles. Tal processo tem como conseqüência a reprodução no indivíduo das qualidades, capacidades e características humanas produzidas historicamente (Leontiev, 1978).

É a apropriação da experiência acumulada pelo gênero humano no decurso da história social que permite a aquisição das qualidades, capacidades e características humanas, e a criação contínua de novas aptidões e funções psíquicas. O indivíduo nasce como um "candidato à humanidade", mas precisa aprender a ser homem e isso só ocorre quando, em contato com o mundo objetivo e humanizado, transformado pela atividade real de outras gerações e através da relação com outros homens, ele também aprende a ser homem (Leontiev, 1978).

A relação do indivíduo com o mundo não é direta, é mediada por instrumentos e sistemas de signos que só os homens são capazes de criar.

É na relação com o contexto, mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente que desenvolvemos formas de pensamento e linguagem, os quais fornecem para a Psicologia a chave necessária para a compreensão da natureza da consciência humana (Vigotski, 2001).

A produção da Psicologia Histórico-Cultural que vem orientando inúmeros estudos em todo o mundo, evidencia a possibilidade de trazermos a reflexão dialética para a Psicologia, rompendo com visões naturalizantes, compreendendo os fenômenos psicológicos em sua articulação com o contexto histórico e produzindo conhecimentos importantes que podem ser utilizados como ferramentas teóricas nos processos de transformação da vida dos indivíduos e da vida da sociedade.

A Psicologia pode e deve se comprometer com a humanização dos indivíduos. Essa é uma tarefa histórica que envolve uma atitude de permanente avaliação crítica da realidade, a compreensão sobre a forma contraditória e conflituosa através da qual se realiza a formação do indivíduo na sociedade atual e, fundamentalmente, como nos indica Duarte (1993), a luta pela realização ao máximo possível, ainda no seio das relações sociais de dominação, das possibilidades de formação e desenvolvimento da individualidade.

A dialética histórica pode evidenciar o homem em seu movimento de vir a ser e, é nesta práxis que podem se constituir e criar novas formas de objetivação, que preparam e possibilitam novas formas de subjetivação.

Para finalizar, apresento algumas reflexões em relação ao debate sobre a possibilidade do pensamento crítico no cenário atual, tal como delineado ao longo desse trabalho.

Diante do tão alardeado triunfo do capitalismo em escala mundial, do colapso dos regimes socialistas do leste europeu e da derrocada da URSS, as reflexões que apontam para a possibilidade do pensamento crítico não estariam ultrapassadas? A desintegração do chamado socialismo real não indicaria não apenas o "fim da história", como ainda a evidência empírica do fracasso das proposições de Marx? Não seria o marxismo uma utopia cujo tempo passou, já que supostamente esgotadas as possibilidade de projetos sociais alternativos, estaríamos todos inexoravelmente condenados ao capitalismo e ao liberalismo?

Para aqueles que sempre assumiram um posicionamento contrário às transformações sociais mais profundas, o fracasso destas experiências significa não apenas a constatação da impossibilidade do socialismo, mas ainda a própria falência do marxismo enquanto conjunto teórico que historicamente as tem fundamentado.

Entretanto, para os que ainda estão comprometidos com a criação de uma sociedade igualitária, é possível analisar estas experiências de outras formas. Nessa direção, vários autores (entre os quais destacamos Miliband,1993; Naves,1994; Antunes,1995,1994; Miglioli, 1995; Quartim de Moraes,1994; Blackburn,1993 e Hobsbawm, 1993) vem evidenciando que o reconhecimento dos erros e distorções observados nas experiências socialistas não implica absolutamente na negação do socialismo ou da importância do marxismo.

Ao contrário, como bem coloca Saviani (1991), uma filosofia é viva enquanto der conta de expressar a problemática que a suscitou e é insuperável enquanto não for superado o momento histórico de que é expressão. Neste sentido, "os problemas postos pelo marxismo são os problemas fundamentais da sociedade capitalista e enquanto estes problemas não forem resolvidos/superados, não se pode falar que o marxismo terá sido superado" (Saviani, 1991:10).

A ampliação dos níveis de miserabilidade que devastam nações inteiras no chamado 3º mundo e que também começa a ameaçar setores das populações dos países desenvolvidos, o aumento crescente e generalizado do desemprego e subemprego, a destruição do meio ambiente, as guerras e conflitos étnicos, a exacerbação do racismo e da discriminação, a regressão na distribuição de renda e a consequente marginalização das camadas majoritárias da população são a expressão viva de que o capitalismo a nível mundial não tem dado conta de responder às grandes questões que já estavam na base das revoluções socialistas.

A concentração do poder tecnológico e militar, das riquezas e do capital financeiro, vem aumentando cada vez mais a distância social entre a minoria que os detém e a maioria da humanidade.

Todo o progresso tecnológico, uma conquista importante da humanidade, se coloca a serviço não dos homens, mas do desenvolvimento e globalização do capital, transformando-se em um pesadelo para as populações pobres de todo o mundo. O cenário atual combina, por um lado, a modernidade tecnológica e, por outro, a mais profunda devastação social (Martins, 1994).

A crença de que a abertura dos mercados internacionais solucionaria todos os problemas sociais, difundiria a riqueza e, ao mesmo tempo, consolidaria a democracia, já não tem como se sustentar.

Na verdade, a crise mundial pela qual passamos hoje vem corroborar a crítica marxista do capitalismo. Neste quadro, como falar em falência do marxismo se ele se constitui justamente no estudo e análise do dinamismo, das crises e contradições do capitalismo?

Do nosso ponto de vista nunca o marxismo e a crítica foram tão necessários, embora os argumentos ao seu favor possam já não serem os mesmos. Nas palavras de Fernandes (1995):

A atualidade de Marx não reside nas obras que escreveu, mas no apelo para estudar e reinterpretar o concreto como totalidade histórica e descobrir nele a natureza da revolução. Atualidade significa "ir além", seguindo os mesmos princípios e métodos interpretativos. Se sobrevivem as crises de longa duração e se persiste o clamor rancoroso dos que sofrem dilemas sociais, a ordem está condenada. (Fernandes, 1995:145)

Por esse motivo, contrariando as tendências hegemônicas atuais, consideramos que é possível empreender a tarefa tanto da crítica social, quanto da crítica no interior da Psicologia.

Entretanto, só poderemos dar conta de nos instrumentalizarmos teórica e metodologicamente no sentido de apreender e de nos colocar a serviço da concretização destas possibilidades do homem se, ao mesmo tempo, compreendermos o quanto a sociedade moderna impede, das mais diferentes formas, sua emergência e desenvolvimento.

É preciso estar atento para o gradativo desaparecimento das forças críticas na sociedade capitalista avançada, tão bem evidenciado pelos teóricos da Escola de Frankfurt. Mas, a denúncia dos irracionalismos da sociedade moderna, longe de significar a impossibilidade da emancipação, tem um papel fundamental na luta em sua direção. A compreensão das imensas dificuldades de se levar adiante a tarefa da transformação social, absolutamente não a invalida nem a torna menos urgente e importante.

Em síntese, consideramos que é preciso denunciar o fetichismo, a alienação, a reificação e coisificação do homem transformado em mercadoria, as necessidades individuais submetidas às necessidades de expansão do capital, a clivagem entre o homem e sua humanidade, a miséria humana, a irracionalidade, o desperdício e o atrofiamento das potencialidades humanas; mas, ao mesmo tempo, compreender que apesar de tudo isto, os seres humanos permanecem obstinadamente humanos (Hobsbawm, 1993b).

Para nós, assumir estes pressupostos significa colocar a Psicologia de fato como a ciência do e para o homem.

Finalizamos com uma rica contribuição de Gramsci (1987), que nos mostra que a crítica é necessária e possível, mas requer esforço, e acima de tudo, vontade.

A possibilidade não é a realidade, mas é também ela, uma realidade: que o homem possa ou não fazer determinada coisa, isto tem importância na valorização daquilo que realmente faz. Possibilidade quer dizer liberdade. A medida da liberdade entra na definição do homem. Que existam as possibilidades objetivas de não se morrer de fome e que, mesmo assim, se morra de fome, é algo importante, ao que parece. Mas, a existência das condições – ou possibilidade, ou liberdade – ainda não é suficiente: é necessário conhecêlas e saber utilizá-las. Querer utilizá-las. O homem, nesse sentido, é vontade concreta: isto é, aplicação efetiva do querer abstrato ou do impulso vital aos meios concretos que realizam essa vontade. (Gramsci, 1978:47)

 

Referências

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Endereço para correspondência
Marisa Eugênia Melillo Meira
E-mail: marisaem.meira@gmail.com

Recebido em: 17/07/2011
Revisado em: 18/10/2011
Aceito em: 02/11/2011

 

 

* Graduada em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista – Júlio de Mesquita Filho, Brasil, mestre em Educação: História, Política, Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil, e doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo, Brasil. Atualmente é Professor Assistente Doutor da Universidade Estadual Paulista – Júlio de Mesquita Filho, Bauru, SP, Brasil.
1 O nome do autor sem sido escrito de diferentes modos, tais como Vygotsky, Vygotski e Vigotskii. Neste texto usaremos a grafia Vigotski.