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Revista Psicologia Política

versão impressa ISSN 1519-549Xversão On-line ISSN 2175-1390

Rev. psicol. polít. vol.17 no.40 São Paulo set./dez. 2017

 

MENSAGEM DA ABPP

 

Mensagem da ABPP

 

Message from ABPP

 

Mensaje de la ABPP

 

Message de la ABPP

 

 

Jáder Ferreira Leite

Presidente da ABPP (2017/2018)

 

 

O ano de 2016 foi marcado por uma série de acontecimentos políticos de impacto decisivo para nossa sociedade. Talvez o mais destacado deles tenha sido a destituição da presidenta Dilma Rousseff por meio de uma manobra arquitetada entre parte da classe política, setores empresarial e midiático e parte do judiciário brasileiro.

Embora em termos históricos estejamos próximos do fenômeno e, com isso, ainda não sejamos capazes de uma leitura ampla que possa elucidar em grande medida o impacto do golpe perpetrado contra uma presidenta eleita democraticamente e com menos de dois anos de mandato transcorrido, é possível vislumbrar os efeitos danosos que o impedimento vem produzindo em diversas esferas de nossa sociedade: fragilização das instituições democráticas, rompimento de uma série de políticas e programas sociais que vinham em andamento com vistas a minimizar as desigualdades sociais e a promover a garantia de direitos, ascensão de ideias e posicionamentos conservadores e reacionários que muitas vezes têm culminado em prisões arbitrárias, perseguições políticas, assassinatos, destituição de direitos conquistados a duras penas.

Nesse cenário, o debate se intensificou, mas, da mesma forma, protagonistas de posturas críticas diante do golpe também sofreram ataques e perseguições, em especial aqueles situados em universidades públicas brasileiras, ao denunciar o impeachment e se posicionar contrários ao governo ilegítimo.

O campo político se converteu, assim, numa arena de profundas disputas discursivas, ora sob a forma de um renascimento da necessidade de posicionamento dos sujeitos e coletivos diante da vida política do país, ora sob a forma de uma negação da política, ora sob modos extremados e polarizados.

Diante desse contexto, é inegável a importância de se fazer com que o interesse pelo político volte a ocupar nossos debates, nossas lutas e nossas agendas. Nesses termos, pudemos gestar para o mesmo ano de 2016 o IX Simpósio Brasileiro de Psicologia Política (SBPP), ocorrido de 04 a 07 de outubro no campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, uma parceria desta instituição com a ABPP. O evento, ocorrido na 'ressaca' do impeachment se converteu num espaço profícuo e problematizador do que se passava então no país. A partir do tema central do simpósio, Psicologia, Política e território: capturas e resistências no cotidiano, as diversas atividades como mesas redondas, comunicações orais, minicursos dentre outras, tiveram a possibilidade de tentar lançar luz sobre um cotidiano atravessado pelos desdobramentos de uma ruptura democrática, das resistências aí produzidas, bem como das tentativas de captura.

Na ocasião do IX SBPP, foi realizada uma assembleia entre os sócios da ABPP em que se realizou eleição para nova diretoria com mandato no biênio 2017-2018. Os seguintes membros foram eleitos: Jáder Leite, da UFRN (presidência), Candida Dantas, da UFRN (secretária), João Paulo Sales Macedo, da UFPI (vice-presidência da Regional Nordeste), Mariana Aron, da UNINOVE-SP e Mackenzie (vice-presidente da Regional Sudeste), Fernando Lacerda Jr., da UFG (vice-presidente da Regional Centro-Oeste), Katia Maheirie, da UFSC (vice-presidente da Reginal Sul) e Enock Pessoa, da UFAC (vice-presidente da Regional Norte). O conselho fiscal ficou representado por Maria Aparecida Malagrino (PUC-SP), Luis Jardim (PUC-SP), Beatriz Puccini (GEPSIPOLIM/USP) e Leandro Rosa (PUC-SP).

Outro evento ocorrido no mesmo ano foi o Encontro Paulista de Psicologia Política, que trouxe para discussão o tema: "Democracia, Participação Política e Cidadania". O encontro, em sua quinta versão, foi uma realização do Grupo de Estudos em Psicologia Política, Políticas Públicas e Multiculturalismo (GEPSIPOLIM) da EACH-USP, grupo responsável por manter uma importante divulgação da Psicologia política no país e América Latina.

O ano de 2016 também abre com uma nova equipe editorial da Revista de Psicologia Política, composta por Frederico Viana Machado, como editor chefe, Aline Hernandez, como coeditora, e Adolfo Pizzinato, Conceição Seixas e Frederico Alves Costa como editores associados, que vem trabalhando árdua e incansavelmente para promover a divulgação dos estudos e pesquisa realizados em âmbito nacional e internacional e buscando, assim, a consolidação deste importante veículo de comunicação da Psicologia Política brasileira.

Por fim, cumpre destacar os enormes desafios à Psicologia política brasileira, dado o momento de profunda crise política, social e econômica que atravessa o país - desafios esses que se dão tanto na forma de produção de reflexões e investigações que levem em conta o presente contexto com vistas a, minimamente, responder parte das inquietudes que diariamente tomam nossas vidas -, quanto na forma de mobilização de agentes desse campo de conhecimento que possam contribuir, sobremaneira, com consideráveis e refinados arcabouços teóricos que auxiliem na compreensão do campo e das foças políticas que regem a sociedade brasileira.

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