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Revista Psicologia Política

versão On-line ISSN 2175-1390

Rev. psicol. polít. vol.21 no.50 São Paulo jan./abr. 2021

 

EDITORIAL

 

Entre fluxos e desrupções: a difícil arte de seguir o processo editorial

 

Entre flujos e interrupciones: el difícil arte de seguir el proceso editorial

 

Between flows and disruptions: the difficult art of following the editorial process

 

 

Kátia Maheirie

Editora Geral da Revista de Psicologia Política

 

 

Constantemente recebemos mensagens de autores solicitando informações acerca de seus artigos, outros querendo saber a data da publicação de seu manuscrito já aceito, outros não conseguem submeter o manuscrito no sistema e assim por diante...

Nós, editores - e falo aqui talvez por todos os editores de revistas nacionais-, temos muitas dificuldades para responder a essas demandas com a objetividade e a rapidez que a resposta merece. Queremos atender nossos leitores, nossos autores e nossos avaliadores com a atenção e dedicação que merecem, mas, nem sempre isso se faz possível.

Desde a migração para o novo sistema OJS, temos tido algumas dificuldades com a submissão de manuscritos. Muitos autores têm tido dificuldades nessa submissão e nós, infelizmente, não conseguimos auxiliá-los. Entendemos que atualizações no sistema, talvez possam tornar o caminho mais objetivo e, com isso, estabilizar os procedimentos de submissão dos artigos. Caso ainda tenham dificuldades neste procedimento, sugiro solicitar auxílio para a coordenação do PEPSIC, em coordenacao@bvs-psi.org.br

Atualmente, a RPP está com um fluxo enorme de artigos, entre aceitos e em processo de avaliação, o que tem demandado um trabalho gigante por parte da equipe de editores, na busca incansável de pareceristas, na análise minuciosa de pareceres, na decisão nada fácil de aceite ou recusa de sua publicação. Nosso total agradecimento ao trabalho de nossos editores, de nossa Comissão Editorial e de nossos editores assistentes que tornam o trabalho da RPP viável no nosso dia a dia.

Aos autores que têm seus artigos aceitos na RPP, pedimos aqui nossas desculpas por ainda não termos um sistema de publicação contínua, ou mesmo o sistema de preprint, o que ajudaria muito em todo sistema de publicação, já que não teríamos o hiato entre a produção científica e sua divulgação, tão importante e fundamental para o fluxo da ciência. Infelizmente, o que abate a RPP, assim como outros periódicos científicos nacionais, é sua falta de financiamento, o que leva a morosidade das publicações, tornando o debate científico mais lento e, consequentemente, mais dificultoso.

Diante da situação penosa que vive a ciência e sua produção em nosso país, nossa fonte de financiamento na RPP é a Associação Brasileira de Psicologia Política, a qual, por sua vez, vive da anuidade de seus sócios. Assim, faz-se necessário ampliar estes sócios em número, para que continue possibilitando o pagamento dos custos das publicações e, mais, para que possa ampliar o número de artigos dessas mesmas publicações.

Infelizmente, não temos outra opção em um país cuja administração busca enterrar a produção científica e sua consequente divulgação. Diante desse quadro tenebroso, nosso caminho é a luta e, uma das lutas possíveis, é fortalecer a ABPP. Fazemos um apelo aos autores para que se associem a ABPP e ajudem esta revista a publicar com maior rapidez as produções científicas e que, com isso, a RPP possa exercer seu papel do debate da ciência, divulgando com agilidade o que se produz em âmbito acadêmico.

Por fim, solicitamos aos autores têm seus artigos já aceitos, um pouco mais de paciência. O ritmo das publicações está muito mais lento do que gostaríamos, mas é o que podemos fazer no momento, face as razões já expostas acima. Temos certeza da possibilidade de um maior engajamento por parte dos autores nessa associação tão importante e singular no Brasil, que é a Associação Brasileira de Psicologia Política. Estamos certos de poder contar com o aumento de sócios, o que permite o aumento da força desta associação e da agilidade no debate científico, por meio da divulgação dos artigos já aceitos por esse periódico.

Apresentamos, então, este número da RPP, abrindo com a Tradução de Mariana Aron do artigo de Alexandre Dorna intitulado "A Reabilitação de um Paradigma Perdido: A Psicologia Política", já publicado aqui nesta revista em 2004 em língua inglesa. Em seguida, a Entrevista com a Profa. Dra. Lúcia Rabello de Castro, realizada por Frederico Alves Costa e Frederico Viana Machado.

Na seção de Artigos, abrimos com o artigo de Lucia Rabello de Castro intitulado "Políticas de internacionalização no ensino superior do Brasil: desafios descoloniais para as Ciências Humanas e Sociais", cujo propósito "é contribuir para a discussão sobre as políticas de internacionalização do ensino superior do Brasil". Este artigo é fruto da fala da autora no 18 Simpósio de Pesquisa e Intercâmbio Científico da ANPEPP, realizado no formato online.

Em seguida, Audri Silva dos Santos e Aline Reis Calvo Hernandez, no artigo "Análise das adversidades e relações de força enquanto dimensões de consciência e participação política em conselhos gestores das unidades de conservação", analisam as adversidades e relações de força enquanto dimensões de consciência e participação política nos Conselhos Gestores da Área de Proteção Ambiental em uma localidade do Rio Grande do Sul, Brasil. O artigo "Uma mirada decolonial para a Psicologia a partir dos sintomas da colonialidade no atual contexto político-social brasileiro", de Melina Garcia Gorjon, aponta os sintomas da colonialidade na Psicologia e a necessidade de uma reestruturação das teorias psicológicas pautadas por um pluralismo de saberes e práticas, acolhendo saberes decoloniais, comunitários e horizontais.

"Populismo: debates entre Psicologia Política latino-americana e Psicanálise", de autoria de Domenico Uhng Hur, apresenta as principais referências teóricas de populismo para as pesquisas da Psicologia Política latino-americana, debatendo-as com conceitos da psicanálise de grupos. Rafael da Silva Shirakava e Gustavo Henrique Dionisio, no artigo "Psicanálise e Autoritarismo: articulações entre Unheimliche em Freud e fascismo em Adorno e Horkheimer", analisam o conceito de Unheimliche na teoria freudiana e suas implicações políticas na Teoria Crítica de Theodor W. Adorno e Max Horkheimer.

O artigo "Três pontos de ancoragem para a subjetivação militante", de autoria de André Luis Leite de Figueirêdo Sales, Flávio Fernandes Fontes e Silvio Yasui, estabelece relações entre atos desenvolvidos no contexto da gestão da ditadura proletária soviética no início do século vinte e os modos de sentir, pensar e agir de militantes hoje. Adriel Guilherme Pedroso e Gustavo Zambenedetti no artigo "O Movimento Grevista Paranaense (abril / 2015) e suas Ressonâncias Midiáticas", problematizam os discursos veiculados em noticiários digitais sobre a manifestação grevista do dia 29 de abril de 2015 na cidade de Curitiba, Paraná e as disputas narrativas em torno do evento.

Adriana Barin de Azevedo, Adriana Rodrigues Domingues e Jaquelina Maria Imbrizi, no artigo "Intervenções em territórios apartados: o que a psicologia tem a ver com isso?", apresentam experiências que expõem os estudantes ao sofrimento disparado em situações de desigualdades econômicas, apontando o valor da escuta na formação psi. "Psicologia e Trabalho Social: algumas configurações e problemáticas", de Edlamar de Jesus França e Fernanda Spanier Amador, discutem as configurações do trabalho da Psicologia na esfera do trabalho social no contexto de redemocratização e expansão de políticas públicas e no atual contexto.

"Formação em Psicologia para a gestão em saúde: visão de profissionais, docentes e estudantes" é o artigo de Luciano Bairros da Silva e Jefferson de Souza Bernardes, o qual analisa falas de docentes, estudantes e profissionais em Psicologia sobre a gestão em saúde, identificando perspectivas críticas sobre práticas de gestão advindas dos modelos tradicionais da administração, defesa à ampliação do uso de dispositivos participativos na gestão e destaque aos lugares instituídos de poder. Déborah Lima de Carvalho, Fauston Negreiros, Francisco Marcos Gomes de Brito e Sandra Elisa de Assis Freire, no artigo "Atuação de psicólogos nos CRAS do nordeste: uma revisão sistemática", identificam que as práticas corroboram com as orientações normativas e que vêm se transformando, mas apontam que é preciso investir na formação para o trabalho social e no compromisso ético-político para uma atuação verdadeiramente transformadora.

"Mediação audiovisual e território: cenas migrantes em um percurso de formação" é o artigo de Allan Henrique Gomes e Kátia Maheirie, que apresenta os resultados de um encontro de pesquisa-intervenção com trabalhadoras do Sistema Único de Assistência Social, participantes de um percurso de formação com ênfase na mediação audiovisual, a qual mobilizou um processo de significação da cidade e reflexões sobre questões históricas e territoriais. Letícia Bortolotto Flores, Samara Silva dos Santos e Ilana Lemos de Paiva, no artigo "Construindo 'teias: Fragilidades e Potencialidades para o enfrentamento da violência contra a mulher", a partir de uma investigação que teve como objetivo mapear a Rede de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres de um município gaúcho, mostram que o trabalho em redes vem se construindo informalmente e a inexistência de alguns serviços fundamentais, direciona ao pouco engajamento do Estado com as estratégias de enfrentamento da violência.

"Cultura de institucionalização de crianças e adolescentes: um problema para a Psicologia"é o artigo de Vinicius Furlan e Aluísio Ferreira de Lima, no qual traz a problemática acerca da cultura da institucionalização de crianças e adolescentes, apontando as instituições de acolhimento como um lócus da exclusão social e manutenção a uma cultura de institucionalização dos tidos "des-ajustados". O artigo "Cuidado em Liberdade e Cidadania: o programa de volta para casa e a desinstitucionalização de mulheres em Camaragibe-PE", de autoria de Bárbara Sabrina Pereira Dos Santos Mendonça, Jorge Luiz da Silva, Jorge Luiz Cardoso Lyra-da-Fonseca, Mirella de Lucena Mota e Soraya Araujo Uchoa Cavalcanti, analisam a contribuição do Programa de Volta para Casa (PVC) no processo de desinstitucionalização de mulheres com transtorno mental. Os resultados deste estudo mostram que as mulheres antes segregadas do convívio social, encontram no benefício do PVC a construção da rede de serviços institucionais e os vínculos sociais estão colaborando para inserção social, garantia dos direitos de cidadania e fortalecimento da autonomia dessas beneficiárias.

Vitória Rosa Cougo e Graziela Miolo Cezne no artigo "O Cárcere como Espaço de Desumanização do Inimigo no Brasil: psicanálise e implicação social na criação de frankensteins", compreendem a violência do cenário carcerário brasileiro, por meio das fotografias do juiz Sidnei Brzuska, expostas em seu Facebook, e sua relação com os afetos de fobia e de medo predominantes na cultura do país. "Do discurso do poder ao silêncio da loucura: o manicômio judiciário e o fetiche da punição" é o artigo de autoria de Waldeci Gomes Confessor Junior e Magda Dimenstein, que reflete acerca das características dos discursos jurídico e psiquiátrico e sua funcionalidade institucional e social, analisando laudos psiquiátricos e sentenças judiciais de processos de internos de uma unidade psiquiátrica de custódia e tratamento, concluindo que a permanência do manicômio na atualidade, não servem a um ideal de cuidado.

Desejamos a todes uma excelente leitura e encontramos vocês no XI Simpósio Brasileiro de Psicologia Política! Você pode encontrar todas as informações no sítio https://www.even3.com.br/sbpsicologiapolitica/

 

Um grande abraço!

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