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Cógito

versão impressa ISSN 1519-9479

Cogito v.1  Salvador  1996

 

 

Apresentação à 2ª edição

 

 

" ...o sentido de uma obra (ou dum texto) não pode fazer-se sozinho; o autor nunca produz
mais do que presunções de sentido, formas, por assim dizer e é o mundo que as preenche.
Todos os textos dados aqui são como elos de uma cadeia de sentido, mas essa cadeia é
flutuante. Quem poderia fixá-la, dar-lhe um significado seguro? O tempo, talvez: reunir
textos antigos num livro novo é querer interrogar o tempo, pedir-lhe que dê sua resposta
aos fragmentos que vem do passado; mas o tempo é duplo, tempo da escritura e tempo da
memória, e essa duplicidade chama por sua vez um sentido seguinte: o próprio tempo é
uma forma."
Roland Barthes

 

A ambição comum de qualquer grupo de produção intelectual é possuir sua revista. Vivemos no Círculo esta expectativa até que Lúcia Azevedo no final de 1996 conseguiu editar o que chamamos de Cógito n&º1.

Discutimos muitos nomes e a escolha final apontou para "Cógito", nome que ainda hoje suscita questionamentos se estaríamos antepondo à revista a proposta de Descartes, de um pensamento atribuído ou de pensar que garante o existir. Na verdade em nossa escolha inicial as questões do inconsciente estavam presentes na referência ao res cogitans, definição do sujeito que é uma coisa cuja substância é o pensamento. Para Descartes o sujeito está no pensamento: "lá onde penso eu sou" . Mas para a Psicanálise o sujeito está no pensamento ausente: "lá onde eu penso e não estou, não sou".

A realização por ter nossa revista não foi suficiente para promover uma continuidade desejável. Evidenciou-se mais uma vez para nós que além de nova produção cada edição da revista depende de alguém de coragem e disponibilidade para enfrentar todas as dificuldades próprias de uma edição. Cibele Barbieri resolvendo enfrentar o desafio, retomou a publicação, editando o número dois no ano de 2000, já com o formato de revista, ilustração e tiragem bem mais ambiciosa. Os números três e quatro confirmaram a manutenção da periodicidade desejável para a revista.

Fenômeno comum às publicações seriadas é que o aparecimento de cada novo número produz uma demanda dos números anteriores, daí uma crescente cobrança pelo já esgotado número um. Diante deste reclame resolvemos reeditar o número faltoso no formato atual, esperando solidificar a posição de Cógito e o domínio das publicações brasileiras de psicanálise.

 

 

Carlos Pinto Corrêa
2005

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