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Cógito

Print version ISSN 1519-9479

Cogito vol.6  Salvador  2004

 

EDITORIAL

 

 

Congresso no mundo pós-moderno? ENCONTRO NO ADMIRÁVEL MUNDO NOVO, encontro no nosso tempo. Que tempo é este?

Alguns dirão: é o tempo da pós-modernidade. Então, de qual tempo mesmo estamos falando, ou melhor, em qual tempo nos situamos?

Esta resposta passa por uma ampla discussão teórica e pela inexistência de significado consensual, entretanto, para começo de conversa talvez possamos eleger o pensamento de GIROUX.

[...] a pós-modernidade não representa uma separação ou uma ruptura drástica em relação à modernidade, mas sinaliza mudanças dentro de uma continuidade em direção a um conjunto de condições sociais e estaria reconstituindo o mapa social, cultural, geográfico do mundo e produzindo novos paradigmas de crítica cultural [...] (GIROUX, 1993, apud LIBÂNEO1 1999, p. 165).

Podemos, assim, retomar o argumento do XV Congresso Brasileiro de Psicanálise, que situa a pós-modernidade como "expressão pouco clara sobre possíveis estragos e distorções deixados pela tão festiva modernidade".

Deixando de lado a busca por uma definição clara e precisa do nosso momento histórico, identificamos como uma das mais fortes vertentes desse nosso tempo a imersão do sujeito na emergência do NOVO. É evidente que o novo sempre se instituiu, caso contrário ainda estaríamos produzindo fogo pelo atrito das pedras, entretanto, a indefinição desse tempo pós-moderno tem vivenciado uma verdadeira avalanche do novo _ novas formas de organização social com a transformação na constituição familiar e a introdução de novíssimos padrões de relações parentais, nova e ditatorial institucionalização do efêmero e do descartável, provocando o permanente e ininterrupto encontro com um outro novo, novas relações econômicas lideradas pelo consumismo, gerando perda de identidades e singularidades e a conseqüente globalização do sujeito, novas formas e condições de produção e socialização do conhecimento, capitaneadas pelas novas tecnologias da comunicação e da informação, que alteram as dimensões espaciais e temporais, novos sujeitos que devem ser permanentemente felizes, alegres, bem sucedidos, como se estivessem sendo regidos exclusivamente pelo princípio do prazer.

Essas são apenas algumas questões, entre muitas, que autorizaram o Círculo Psicanalítico das Bahia a escolher ENCONTRO NO ADMIRÁVEL MUNDO NOVO como tema do XV Congresso do Círculo Brasileiro de Psicanálise. Estruturado sobre três pilares _ o Psicanalista, o Cliente e a Instituição _ o Congresso objetivou congregar as contribuições dos colegas de várias instituições psicanalíticas e de vários estados em torno da discussão de questões maiores que perpassam o conhecimento, o saber e a experiência psicanalíticos. As contribuições apresentadas pelos participantes, responsáveis pela qualidade dos trabalhos e das discussões, marcaram o espaço do evento como momento privilegiado.

Ao agradecer a participação de todos, o CPB enfatiza que foi exatamente essa qualidade dos trabalhos e das discussões, bem como a valiosa troca do saber que credenciaram a publicação dos trabalhos no volume 6 da revista CÓGITO, publicação anual deste Círculo.

Vera Mendes da C. Neves

 

 

1 LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos, para quê? São Paulo, Cortez Editora, 1999, p. 165.

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