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Cógito

Print version ISSN 1519-9479

Cogito vol.6  Salvador  2004

 

O PSICANALISTA

 

O consumo banal do humor : aonde encaixar Freud e Pirandello?

 

 

Denise Maria de Oliveira Lima*

 

 


RESUMO

Pretendo, neste trabalho, apresentar dois pontos de vista sobre o humor, equivalentes, que funcionam em contraponto: do artista que analisa, em suas obras, a alma humana – Pirandello – e do psicanalista que tem a arte como uma de suas fontes de inspiração – Freud. Em seguida, articular o ponto de vista artístico e o psicanalítico com a realidade atual do consumo do humor.

Palavras-chave: Humor, Sentimento do contrário, Deslocamento, Construção ilusória.


 

 

Os autores literários são valiosos aliados e seu testemunho deve ser levado em alta conta, porque têm como conhecer muitas das coisas entre o céu e a terra que não são sonhadas em nossa filosofia. No conhecimento do coração humano, estão muito adiante de nós, pessoas comuns, porque se valem de fontes que ainda não tornamos acessíveis à ciência.

( Freud)

 

POR QUE ESTAR REUNINDO OS DOIS PENSADORES?

Além de terem vivido na mesma época - ambos nasceram na década de 80 do século XIX e morreram na década de 30 do século seguinte - e, de certa forma, sob as mesmas circunstâncias históricas do oeste europeu, Pirandello e Freud eram provenientes de famílias que puderam sustentá-los no início de seus estudos. Tiveram, os dois, acesso à literatura científica, filosófica e artística dos clássicos e de seus contemporâneos. Pirandello fez seu doutorado na Alemanha, cujo idioma dominava a tal ponto que escreveu sua tese nesta língua. Freud tinha grande atração pela Itália: fez algumas viagens a este país, que o inspirou também a escrever belos textos.

Freud e Pirandello foram homens que influenciaram decisivamente a cultura ocidental, cada qual na sua área e a seu modo.

O que tinham em comum: primeiro, a sua visão sobre o ser humano. A temática constante em Pirandello, apesar da diversidade dos gêneros que escrevia, é a multiplicidade de almas que existe dentro de cada homem:

mas se nós temos no interior quatro, cinco almas em luta entre si: a alma instintiva, a alma moral, a alma afetiva, a alma social... E que não se manifestam nunca por inteiro, mas ora de um modo, ora de outro, conforme queiram os casos da vida: conforme domine esta ou aquela, compõe-se a nossa consciência, uma interpretação fictícia de nós mesmos, do nosso ser interior que desconhecemos. Falta exatamente à nossa consciência do mundo e de nós mesmos aquele valor objetivo que comumente presumimos atribuir-lhes. É uma contínua construção ilusória.

O tormento do ser humano, segundo Pirandello, reside na ambigüidade e na impossibilidade de romper o conflito entre o ser e o pensar ser. “Nós não somos aquilo que pensamos ser, mas aquilo que, a cada momento, nós mesmos construímos, por obra da ilusão”, diz ele, sempre cético no que diz respeito a se alcançar alguma verdade.

Suas indagações estão expressas através de suas personagens: o que é o ser humano, se não é o que pensa ser? Constrói a sua vida a partir daquilo que dizem que ele é, em impressões sobrepostas, formando inúmeras figuras separadas, fragmentadas. Daí a pluralidade do ser, empenhado em manter uma aparência, na qual acaba acreditando.

Fora a diferença de estilo, tais pensamentos poderiam ter sido ditos por Freud. ( muitos estudiosos afirmam que Freud escrevia como um autor literário e Pirandello como investigador da alma humana).

Para Freud o ser humano é dividido estruturalmente em instâncias conscientes e inconscientes. Em sua segunda tópica, formula as instâncias do eu, do isso e do supereu, que funcionam em conflito entre si e contra o mundo externo. Apenas parte do eu é consciente: o inconsciente é a única realidade psíquica, diz Freud.

Isso significa dizer que o eu consciente nada sabe sobre o sujeito: inventa justificativas, nas quais acredita, que ocultam o que seria a “verdade” do sujeito, inalcançável. “Construção ilusória”, como diz Pirandello. A formação do eu é desenvolvida ao longo de séries de identificações com outros, que de certa forma dizem como ser, como pensa Pirandello.

A pluralidade de ser, em conflito, equivale à divisão do sujeito, em conflito, como pensa Freud. Ambos os pensadores, acreditam também na singularidade.

 

O HUMOR EM LUIGI PIRANDELLO

O lema do humor, para Pirandello: “In tristitia hilaris, in hilaritate tristis.” Em seu ensaio, intitulado O Humorismo ( 1908) traz algumas de suas reflexões literárias e filosóficas sobre o humor.

Ele afirma que não é fácil definir o humor e que este não se confunde com o cômico, o burlesco, a sátira, a caricatura, a farsa, o grotesco. Para muita gente, humor é o que faz rir. Mas o “vulgo não pode entender os contrastes secretos, as finezas sutis do verdadeiro humorismo”. Não se confunde tampouco com a ironia, a qual pode ser entendida de um modo retórico e de um modo filosófico. A ironia, como figura retórica, contém em si um fingimento que é absolutamente contrário à natureza do genuíno humorismo. Implica também uma contradição, fictícia, entre o que se diz e o que se pretende dar a entender . “A contradição do humorismo não é nunca fictícia, mas essencial, como veremos, e de uma natureza bem diversa.” Já a ironia, no sentido filosófico – sorrir da vã aparência do universo, não levar a sério as próprias criações – pode ter, em certo sentido, um parentesco com o humor. Mas o humor não contém, necessariamente, as idéias de burla e de mordacidade, características da ironia.

O humorismo sempre existiu, ainda que sempre tenha sido - e ainda seja - uma arte de exceção. Esteve sempre presente nas literaturas antigas e modernas, de qualquer nação, “em pouquíssimas e especialíssimas expressões excepcionais e singulares”, apesar das modificações que lhe imprimem as diversas línguas e diferentes naturezas dos escritores.

Preparando o terreno para expor sua concepção de humorismo, Pirandello nos lembra da profunda infelicidade dos homens, idéia sempre expressa por filósofos e poetas. Os aspectos dolorosos da alegria e os aspectos risíveis da dor humana são os pressupostos filosóficos do humorismo. Recorre a Sócrates, a quem se atribui esta expressão: “uma é a origem da alegria e da tristeza: os opostos; uma idéia não se conhece senão pela sua contrária”.

O que é o humor? Existem tantas definições! Mas não é a partir destas que se pode entender a essência do humorismo, pois algumas características e sinais podem aparecer em alguns humoristas e, em outros, não. Será que não existe humor, mas apenas humoristas? Como então identificar o humor nos escritores humoristas? Pirandello afirma que não pretende dar uma definição de humor mas explicar o processo de criação que ocorre em todos os escritores que se dizem humoristas, do qual resulta a particular representação que se costuma chamar de humorística.

Tal processo, íntimo e característico, é fundado sobre um sentimento, que Pirandello denomina de sentimento do contrário, que não é a mesma coisa que o sentimento de oposição: em um, o contraste entre o sim e o não é justamente a percepção dos opostos; em outro, o não se apresenta, teimosamente, contra tudo.
Fazendo uma análise sobre a criação da obra de arte, Pirandello diz que a consciência não é uma potência criadora. No momento da concepção da arte a reflexão se esconde, permanece invisível, é quase, para o artista, uma forma de sentimento. Ao contrário, na concepção da obra humorística, a reflexão não se esconde, não permanece quase que uma forma de sentimento, mas

se lhe põe adiante, como um juiz; analisa-o, desligando-se dele; descompõe a sua imagem; desta análise, desta descomposição, surge e emana um outro sentimento, aquele que poderia chamar-se, e que de fato chamo, sentimento do contrário...

que seria uma disposição a uma particular reflexão que, desligando-se do primeiro sentimento - ódio, por exemplo - gera exatamente o sentimento contrário: amor. Ou vice-versa.

Neste ponto Pirandello apresenta a primeira característica das obras humorísticas: são descompostas, interrompidas, entremeadas por contínuas digressões e despertam uma associação por contrários. “O humorismo, pelo seu íntimo, especioso e essencial processo, descompõe, desordena, discorda”. As imagens apresentam-se em contraste ( e não por assimilação ou contigüidade).

Cada imagem, ou grupo de imagens, desperta as contrárias que, naturalmente, dividem o espírito, o qual, irrequieto, obstina-se em encontrar entre elas as relações mais impensadas.

A segunda característica do verdadeiro humorismo: todo humorista não é somente um poeta, é também, um crítico. Um crítico sui generis, fantástico, no sentido estético da palavra.

Outra característica do humorismo: a necessidade de intimidade de estilo - do mais vivaz, livre, espontâneo e imediato movimento da língua. O que leva à uma certa liberdade de percepção, de forma e de estilo. O maior obstáculo ao humorismo é a retórica, a preocupação com a composição da forma.

Uma inata e herdada melancolia, as tristes vicissitudes, uma amarga experiência de vida, um pessimismo ou ceticismo adquiridos com o estudo ou a reflexão sobre a sorte da existência humana, sobre o destino dos homens, etc., poderia determinar a disposição de espírito humorística.

O humorismo tem como matéria todas as ficções da alma, todas as criações do sentimento.

Não se deve confiar num humorismo bondoso, pois se a disposição humorística mostra compaixão, piedade, indulgência, é necessário pensar que estes sentimentos são fruto da reflexão que se exerceu sobre os que se lhe opõem: desdém, despeito, escárnio - todos sinceros.

A especial atividade de reflexão, que admite o sentimento do contrário, é o que precisamente distingue o humorista do cômico, do irônico, do satírico. No cômico, se neste nascesse o sentimento do contrário, tornar-se-ia amargo, isto é, não mais cômico; a contradição entre o que se diz e o que se quer que seja entendido, no irônico, tornar-se-ia efetiva, substancial e não mais irônica; no satírico, cessaria o desdém, a aversão pela realidade, que é a razão de toda sátira.

Pirandello diz que a consciência do mundo e de nós mesmos é uma construção ilusória, e que o humorismo descompõe essas ilusões, uma a uma: desmonta a construção, não apenas para rir-se dela, mas - rindo, no lugar de desdenhar-se dela - compadecer-se.

 

O HUMOR EM SIGMUND FREUD

Freud tinha como objetivo inicial descobrir a fonte de prazer que se obtém do humor. Em um de seus mais importantes estudos sobre o funcionamento do inconsciente, O Chiste e sua relação com o Inconsciente (1905), dedica os capítulos finais à questão do humor, considerado, por sua gênese e mecanismo, um processo distinto do cômico e do chiste, embora todos esses se constituam em meio de obter prazer. O humor aparece para substituir os afetos dolorosos, aos quais se opõe .

A gênese do prazer humorístico: quando uma situação qualquer se apresenta, pela qual temos uma disposição para sentir afetos dolorosos, simultaneamente atuam em nós motivos que nos impulsionam a coibir tais afetos, in statu nascendi. O prazer do humor surge às custas de um afeto coibido, isto é, da economia de um gasto de afeto. Inclusive da irritação: poupamos este sentimento ao produzirmos pequenos traços de humor, em nossa vida cotidiana.

O humor compreende numerosas e ilimitadas espécies, que correspondem à natureza do sentimento que é poupado em favor do prazer humorístico: compaixão, desgosto, dor, enternecimento, raiva, etc. Alguns ( por exemplo, os ilustradores do Simplicissimus) levam a arte de extrair humor até do horrível, do cruel, do repugnante.

Como compreender o processo por meio do qual se realiza, no humorista, o deslocamento que o defende da irrupção afetiva? Sobrepor-se a um afeto doloroso - comparando a grandeza e magnitude dos interesses universais com a própria insignificância individual - não significa produzir, com isso, nenhum humor, mas um pensamento filosófico. O que nos induz a pensar que o deslocamento humorístico é impossível de ser efetuado conscientemente: o seu caráter de comicidade se dá quando efetuado pré- conscientemente ou de “forma automática”.

O humor pode ser considerado uma das funções de defesa que, diferentemente da repressão, encontra um meio de despojar de energia a esperada produção de desprazer convertendo-a em prazer. Freud acredita que tal processo se torna possível pela sua conexão com o infantil . Ou seja, a comparação efetuada pelo sujeito de seu eu adulto com seu eu infantil, ao minimizar os sentimentos deste como se estivesse a dizer: “sou mais forte, sou superior a essas adversidades!”

Em 1927, escreve seu ensaio O Humor. Neste texto, continua afirmando que o a essência do humor consiste na economia de sentimentos penosos, transformando-os em dito espirituoso.

Ainda que Freud repita neste texto muito do que escreveu no Chiste..., estabelece outras formulações e desenvolvimentos.

A atitude humorística pode ser dirigida quer ao próprio eu, quer para outras pessoas, proporcionando prazer para quem a adota e para aqueles que a leiam, ou a escutem. O leitor, o ouvinte, evoca, por associação, sentimentos que projeta no outro: dor, susto, terror, desespero, etc. Coloca-se na situação do outro, esperando que este produza sinais do sentimento que ele mesmo sentiria. No entanto, esse outro não expressa emoção alguma do que, projetivamente, seria esperada pelo ouvinte - ao contrário, produz uma pilhéria. Desta forma surge, no ouvinte, o prazer do afeto poupado, ou seja, o sentimento que assim é economizado se transforma em prazer humorístico.

Como o humorista consegue esta atitude psíquica que transforma um sentimento esperado, doloroso, em algo de que se possa rir?

Freud apresenta algumas características do humor, antes de responder a esta pergunta: o humor tem algo de libertação, também de grandeza e de exaltação, traços que não se encontram no chiste e no cômico. A grandeza reside no “triunfo do narcisismo”, “na vitoriosa afirmação da invulnerabilidade do eu”. O eu se defende da dura realidade, das dores próprias à vida. E ainda mais: quer fazer de tais sofrimentos ocasiões para se obter prazer.

Uma objeção Freud aqui coloca: um discurso sábio e fundamentado pode também expressar uma superação de um sofrimento provocado por uma situação real, mas não revela o traço do humor, ao contrário, é uma apreciação oposta à feita pelo humor .

Pois o humor não é resignado, mas rebelde: não somente significa o triunfo do eu como também do princípio do prazer; o humor é um triunfo sobre a adversidade. Essas duas características, a rejeição da dura realidade e a imposição do princípio do prazer aproximam o humor dos processos que o aparelho psíquico desenvolve para afastar a opressão do sofrimento que caracterizam a neurose, a loucura, a embriaguez, o ensimesmamento e o êxtase.

Embora falte a estes processos “a dignidade que o humor possui”.

Então, em que consiste a atitude humorística que nos permite afastar o sofrimento, afirmar a força do eu diante o mundo real, sustentar, com êxito, o princípio do prazer, sem abandonar o terreno da saúde psíquica, como ocorre naqueles processos?

O humorista coloca-se em posição de um adulto superior que, ao tratar uma criança, sorri da trivialidade dos sofrimentos que parecem tão grandes a esta. E quando faz humor consigo mesmo, estaria se tratando como uma criança, ao mesmo tempo em que desempenha o papel de um adulto superior para com essa criança.

Aqui é preciso considerar o que aprendemos sobre a estrutura do eu, diz Freud. O eu não é uma instância simples: aloja, como núcleo central, uma outra instância particular, que é o supereu, com o qual, às vezes, se funde; às vezes se acha totalmente diferenciado. Geneticamente, diz Freud, o supereu é o herdeiro do agente paterno, que mantém o eu em severa dependência.

A explicação dinâmica da atitude humorística é que, nesta, há um deslocamento de energia do eu para o supereu, que, inflado, faz com que o eu fique insignificante.

Se o chiste se origina no abandono momentâneo de uma idéia pré-consciente para uma elaboração inconsciente, o humor traz prazer pela intervenção do supereu.

Sempre conhecemos o supereu como instância severa, que sujeita o eu de forma cruel, então, como explicar essa condescendência para com o eu, de modo a permitir-lhe fruição de prazer, como ocorre no processo humorístico?

Se o supereu, por meio do humor, acaba consolando “ o intimidado e frágil eu, isso demonstra que temos muito a aprender sobre a natureza do supereu”, diz Freud. De qualquer forma, se o supereu protege o eu do sofrimento, isso não contradiz sua origem de agente paterno, ambivalente, protetor e acusador.

Tal jogo das instâncias defensivas parecem transmitir, como diz Freud:

Olhem, aqui tens este mundo que te parece tão perigoso! Pois não é mais do que um jogo de crianças, digno apenas para ser tomado como uma brincadeira; que dele se faça uma graça!

Freud observa, ao terminar seu ensaio, que nem todos têm o dom da atitude humorística. Ao contrário, o talento para o humor é raro e precioso: muitos nem sequer dispõem da capacidade para fruir do prazer humorístico que outros podem proporcionar.

 

FREUD X PIRANDELLO

O que há em comum, em Freud e Pirandello:

• O humor é distinto do cômico;

• O humorismo é arte de exceção, para Pirandello; o talento para o humor é raro e precioso, para Freud;

• Os aspectos dolorosos da alegria e os aspectos risíveis da dor, em Pirandello; afetos dolorosos são poupados e substituídos pela atitude humorística, para Freud;

• Disposição de espírito humorística: infelicidade dos homens, para ambos;

• A natureza do humorismo: todas as ficções da alma, todas as criações do sentimento, para Pirandello; numerosas e ilimitadas espécies que correspondem à natureza do sentimento, diz Freud.

É interessante notar que o sentimento do contrário, essencial na disposição humorística postulada por Pirandello, não deixa de estar presente na formulação freudiana do deslocamento do investimento afetivo do pólo do desprazer ao pólo do prazer, característico do processo do humor. Ao evitar um sentimento que esperávamos como inerente à situação, poupando um desprazer, isso implica em reconhecê-lo, para podermos transpô-lo, ainda que tal processo se dê inconscientemente.

Uma espécie de sentimento do contrário pode ser inferido de um exemplo dado por Freud, tirado de Cervantes: Dom Quixote não faz humor consigo mesmo, mas produz um prazer que poderíamos qualificar de humorístico. Esta personagem é uma figura cômica, uma criança grande que deixou subir à cabeça suas fantasias retiradas de seus livros de cavalaria. Mas, ao adornar esta ridícula pessoa com a mais profunda sabedoria e as mais nobres intenções, Cervantes traz um Quixote sublime, não mais cômico, que provoca um misto de sentimentos (compaixão, admiração, fragilidade, idealismo, etc.)

O que é esta transposição, ou deslocamento, de um sentimento ao outro, senão o reconhecimento íntimo do sentimento do contrário?

Recentemente ouvi de amigos, autoridades no assunto, que Nietzsche ajuda entender Freud e Freud ajuda entender Nietzsche; que Proust pode ser melhor compreendido com ajuda de Freud e vice versa. O mesmo se passa com Pirandello e Freud.

Para terminar, recomendo a leitura de uma obra humorística preciosa: trata-se da peça teatral Homem e super homem, na qual D. Juan aparece como presa e não caçador – vítima das mulheres – escrita em 1903, por Bernard Shaw.

No Admirável mundo novo, ( nome dado a este congresso) de Huxley, os bebês eram condicionados, através de choques elétricos, a terem “ódio instintivo” contra livros e flores. Um dos raros autores cujas obras eram autorizadas: Bernard Shaw.

 

BIBLIOGRAFIA

APOLLONIO, Mario, “Vida e Obra de Luigi Pirandello”, in Coleção dos Prêmios Nobel de Literatura patrocinada pela Academia Sueca e Fundação Nobel, Prêmio de 1934, Luigi Pirandello. Rio de Janeiro: Delta, 1966.        [ Links ]

FREUD, S. El humor. in: Obras Completa de Sigmund Freud. trad. Luis Lopez-Ballesteros y de Torres. Madrid: Biblioteca Nuova, 1973.        [ Links ]

______. El chiste y su relacion com lo inconsciente. In:Obras Completas de Sigmund Freud. trad. Luis Lopez-Ballesteros y de Torres. Madrid: Biblioteca Nuova, 1973.        [ Links ]

JONES, Ernest. A Vida e a Obra de Sigmund Freud. trad. Júlio Castañon Guimarães. Rio de Janeiro: Imago, 1989.        [ Links ]

PIRANDELLO, L. O Humorismo. trad. Davi Macedo. São Paulo: Experimento, 1996.        [ Links ]

 

 

NOTA

*Psicanalista. Graduada em Ciências Jurídicas e Sociais pela PUC de Campinas, em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia e Mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia.

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