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Cógito

versão impressa ISSN 1519-9479

Cogito v.7  Salvador  2006

 

COMENTÁRIO

 

Em memória de Roberto Bittencourt, amigo.

 

 

Carlos Pinto Corrêa *

Círculo Psicanalítico da Bahia

 

 


RESUMO

O autor homenageia Roberto Bittencourt, psicanalista membro do Círculo Brasileiro de Psicanálise dissidente da Interantional Psychoanalytic Association, relembrando fatos históricos, em sua memória.


 

 

O Círculo Brasileiro de Psicanálise tem sido uma árvore frondosa, cuja produção se espalha como ramos por quase todo o pais, com seus membros que se mantêm fieis a uma instituição e dos muitos outros que, por caminhos próprios, se tornaram origens de novas árvores institucionais.

Em um momento crítico de afirmação institucional do CBP, recebemos como presente do destino, vários psicanalistas dissidentes da IPA, que se apresentaram como um grupo liderado por Katrin Kemper. Entre bons colegas que acolhemos veio uma pessoa excepcional, por suas qualidades humanas, sua inteligência e ponderação: Roberto Bittencourt.

Desde nossos primeiros contatos no meio daqueles dois grupos que tentavam uma coesão, iniciamos um diálogo e uma aproximação que veio ser definitiva. Oportunidades criadas pelas questões da própria vida, das lutas institucionais, da evolução de nosso trabalho clínico ou da produção científica, foram sedimentando nossas afinidades que eram coroadas pelas aproximações familiares. Aqui nossas afinidades se mesclaram aos nossos afetos mais profundos.

Na afirmação dos círculos da Bahia e do Rio que dirigíamos em uma época de fundação, tivemos a solidariedade mútua que por certo melhorou nossa possibilidade de trabalho. Roberto foi sem dúvida uma da figuras mais presentes em todas as iniciativas do Círculo da Bahia e, junto com Antônio Ribeiro, formamos um trio de posição firme para que o CBP pudesse ser orientado segundo sua verdadeira vocação.

Lembro-me que em uma casuística apresentada em congresso, Roberto mostrou uma cliente em desespero que lhe pedia um eixo e ele nos ensinou a resposta: o analista não dá o eixo,o analista é o eixo. É a Compreensão exata da função da transferência e seu valor no sentido que nos conduz à direção da cura. E Roberto insistia na resposta:

– eu sou o eixo.

É isto Roberto, você foi o eixo de muitos sistemas, o ponto de equilíbrio de tantas dinâmicas possíveis, e mesmo nos deixando, pela sua lição sempre presente, será para nós, amigos e psicanalistas, reconhecido como o eixo, o centro, agora também na saudade dos amigos.

 

 

* Psicanalista. Sócio Fundador do Círculo Psicanalítico da Bahia

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