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Cógito

Print version ISSN 1519-9479

Cogito vol.12  Salvador  2011

 

Tempo e memória

 

Time and memory

 

 

Miriam Elza Gorender*

Círculo Psicanalítico da Bahia

 

 


RESUMO

Este trabalho procura uma melhor compreensão dos mecanismos do esquecimento e da memória, enfatizando a importância não apenas do que é lembrado, mas, principalmente, de como a possibilidade de esquecer é fundamental para a formação de nossas memórias. Há uma ênfase no conceito da memória enquanto construto, e na aplicação deste conceito à Psicanálise.

Palavras-chave: memória; esquecimento; temporalidade; repetição; Borges.


ABSTRACT

This paper endeavors to reach a better understanding of the mechanisms of memory and of forgetfulness, underlining the importance not only of what is remembered but, especially, of how the possibility of forgetfulness is paramount to the formation of our memories. There is an emphasis in the concept of memory as a construct, an in the application of this concept to Psychoanalisis.

Key words: memory; forgetfulness; temporality; repetition; Borges.


 

 

Pois, agora que sei disso, tratarei de esquecê-lo o mais depressa possível.
(Conan Doyle. Um Estudo em Escarlate).

 

Santo Agostinho de Hippo, no século V, comentou que sabia muito bem o que o tempo era — até que alguém perguntasse.

Júlio Eduardo de Castro1 sintetiza o tempo como um conceito/construto que atravessaria praticamente todos os saberes, populares, míticos, das ciências humanas ou duras. Esse construto conceitual não é uniforme, variando grandemente a depender do ângulo por onde se tenta vê-lo. Darei um exemplo do tempo visto pela física, retirado de artigo da Scientific American, para demonstrar brevemente como há conceituações do tempo que fogem totalmente ao esperado pelo chamado senso comum:

Matemáticamente, o tempo é um espaço unidimensional, usualmente presumido como contínuo, ainda que possa ser quantificado em discretos “cronons” como quadros num filme.
O fato de que o tempo pode ser tratado como uma quarta dimensão não significa que é idêntico às três dimensões do espaço. O tempo e o espaço participam da experiência diária e da teoria física de formas distintas. ... Por outro lado, muitos físicos acreditam que nas menores escalas de tamanho e duração, o tempo e o espaço podem perder suas identidades separadas. — P.D.
Por convenção, a flecha do tempo aponta para o futuro. Isto não implica que a flecha se move para o futuro, não mais que a agulha de um compasso apontando para o norte indicaria que o compasso estaria se deslocando para o norte. Ambas as flechas simbolizam uma assimetria, não um movimento. A flecha do tempo denota uma assimetria do mundo no tempo, não uma assimetria ou fluxo do tempo. Os rótulos “passado” e “futuro” podem legitimamente ser aplicados a direções espaciais mas falar do passado ou do futuro é tão sem sentido como se referir a o para cima ou o para baixo.
A conclusão mais direta é que tanto passado como futuro estão fixados. Por esta razão, os físicos preferem pensar no tempo como posto na sua totalidade — uma paisagem do tempo, análoga a uma paisagem (timescape, landscape) — com todos os eventos passados e futuros localizados ali juntamente.... Resumindo, o tempo para o físico não passa ou flui.2

Jô Gondar3, por sua vez, em seu notável trabalho sobre a multiplicidade de tempos na metapsicologia, afirma que “[...] a história da filosofia e da ciência clássicas é, paradoxalmente, uma história da recusa do tempo”. Cita Einstein, quando este diz que “[...] o tempo não está na física”, e quando, numa carta a Michele Besso, chega a escrever: “Para nós, físicos convictos, a distinção entre presente, passado e futuro não é mais que uma ilusão, ainda que tenaz”4 . Para a ciência, o tempo é obstáculo à formulação de leis eternas e universais. Para a filosofia, está no caminho da busca às verdades eternas e absolutas. E a Psicanálise? Gondar faz notar de saída que o tempo só passa a interessar à investigação em Psicanálise quando é capaz de colocar o sujeito em questão, ou seja, ao participar de sua produção ou esfacelamento. Além disso, enquanto outros saberes buscam a eternidade como modelo do tempo, Freud sempre defendeu a visão do tempo enquanto finitude.

Como isso se coaduna com a questão da atemporalidade do inconsciente?

Dizer que o inconsciente é indestrutível ou atemporal não é a mesma coisa que dizer que é imutável. Isso se fixou como um dogma a respeito do qual não se pode questionar sem que alguém levante a voz para reafirmá-lo, “mas é atemporal”!

Vemos certamente, na clínica, a indestrutibilidade do desejo inconsciente, mas vemos também que este obedece à seta orientada do tempo, uma vez que está permanentemente aberto ao surgimento de novos desejos que vêm coexistir com todos os que os antecederam.

A concepção do inconsciente “atemporal” como um inconsciente não sujeito a mudanças o aproxima perigosamente da ideia de uma alma imortal, e o transforma em uma verdadeira vaca sagrada. O que é que observamos na clínica e que Freud denominou como atemporal? O fato de que, no inconsciente, não há nada que possa corresponder ao conceito de tempo. Na verdade, a questão do tempo é o divisor de águas mais preciso na diferenciação entre os sistemas consciente e inconsciente, como visto no artigo sobre os dois princípios do funcionamento psíquico. Gondar lembra que a construção das tópicas do aparelho psíquico não corresponde a uma espacialização, mas a uma distinção de lugares que não se baseia em localização, mas em modos de funcionamento. Dessa forma, o princípio de realidade, característico do sistema consciente, baseia-se no reconhecimento dos paradoxos e da causalidade. Ambos se relacionam e dependem diretamente do conceito de tempo para a própria existência, especialmente a causalidade, que implica vir a causa sempre antes do efeito, portanto, relação puramente temporal.

O inconsciente, por sua vez, movido pelo princípio do prazer, não reconhece causalidade, paradoxo ou morte. Ou seja, não tem em seu funcionamento a possibilidade do reconhecimento do conceito de tempo.

Não há sequer, na mente consciente, uma imagem que possa corresponder ao tempo em si. Em toda e qualquer circunstância na qual o tempo possa estar envolvido, sua representação, tanto imaginária quanto simbólica, é equivalente à do espaço. O tempo para nós é sempre e apenas um espaço de tempo, um intervalo de tempo mensurável enquanto medida espacial. Falamos em tempo longo ou curto, estabelecemos uma linha de tempo, atribuímos ao tempo uma velocidade no transcorrer que, subjetivamente variável, de fato não existe. O transcorrer do tempo é mais bem representado por uma sequência de cenas que se justapõem e, por vezes, se superpõem. Um dos artifícios escolares para o aprendizado, por parte de crianças, do tempo e da causalidade são as peças ou cartas com cenas que, se colocadas na ordem correta, descrevem uma ação ou história. Nada impede, no entanto, que possam ser embaralhadas novamente e colocadas em qualquer ordem ou misturadas com outras sequências, exatamente como ocorre em nosso inconsciente.

Proponho agora uma questão. Há, em alguma instância da psique, uma representação própria do tempo? Há, como vimos, um construto conceitual de grande complexidade, vinculado inclusive aos diversos modos de funcionamento das tópicas. Mas pode alguém representar o tempo em si? Toda representação temporal é realizada, como vimos, através de espacialização, sequencialização, etc. Mas que instrumentos temos, psiquicamente falando, para perceber a existência do tempo? O que o faz tão fundamental na construção do sujeito? Nossa única forma de percepção do tempo é através das águas turvas da memória. É somente pela comparação entre o percebido no presente e a memória do passado que podemos ter noção de mudança, de intervalo e de diferença. Nossa memória certamente não é em si linear, mas implica uma representação do tempo a ser ordenado, embora este seja, a cada momento, sujeito a retranscrições e ressignificações. Lembremos que Lacan não apenas introduz o tempo no processo de subjetivação, mas o faz essencial a este. O tempo, e a memória que o possibilita, é o que permite o estabelecimento de diferenças.

Mas vamos acrescentar um pouco de leveza ao relato. Falemos de Lethe e Mnemósine. Mnemósine, mãe das musas, era a personificação da memória para os gregos, e Lethe o espírito do esquecimento. Ambas estão associadas a rios antagônicos. O beber das águas de Mnemósine outorgava uma memória total, enquanto o beber do Lethe (cujas águas passavam pela caverna de Hypnos, personificação do sonho) produzia o esquecimento absoluto. Os gregos saudavam Mnemósine como benfeitora e invocavam seus favores. Plínio considerava uma bênção a possibilidade de ter uma memória extraordinária e escreve: “A memória, um bem absolutamente indispensável para a vida, é difícil dizer quem a teve mais sobressalente, sendo tantos que alcançaram glória através dela”5 . Quanto a Lethe, era evitada, e os mortos deviam beber de suas águas para esquecer sua vida pregressa, requisito para a reencarnação.

Diz Norberto Bobbio, em O Tempo da Memória6: “Dizemos: afinal, somos aquilo que pensamos, amamos, realizamos. E eu acrescentaria: somos aquilo que lembramos”. Concordaria a Psicanálise com Bobbio? Diria que em parte. A Psicanálise certamente se ocupa da memória, não apenas a partir do Projeto no qual Freud especula sobre o mecanismo neuronal da memória, mas principalmente a partir do momento em que escreve que os neuróticos sofrem de reminiscências. Mas eu acrescentaria que, para a teoria psicanalítica e para a constituição do sujeito, não apenas é importante o que lembramos, mas é fundamental o que esquecemos.

Plínio considera uma virtude ter uma memória extraordinária. Jorge Luís Borges, que em 7 de junho de 1942, publica pela primeira vez na seção Artes e Letras do jornal argentino La Nación, o conto “Funes, o Memorioso”, tem uma visão mais profunda e revela a memória enquanto maldição. Nesse conto, descreve Ireneo Funes, que, aos 19 anos, depois de uma queda de um cavalo, ao mesmo tempo fica paralítico e adquire uma memória absoluta. Assim o descreve:

Num rápido olhar, nós percebemos três taças em uma mesa; Funes, todos os brotos e cachos e frutas que se encontravam em uma parreira. Sabia as formas das nuvens austrais do amanhecer de trinta de abril de 1882 e podia compará-los na lembrança às dobras de um livro em pasta espanhola que só havia olhado uma vez e às linhas da espuma que um remo levantou no Rio Negro na véspera da ação de Quebrado. Essas lembranças não eram simples; cada imagem visual estava ligada a sensações musculares, térmicas, etc. Podia reconstruir todos os sonhos, todos os entresonhos. Duas ou três vezes havia reconstruído um dia inteiro, não havia jamais duvidado, mas cada reconstrução havia requerido um dia inteiro. Disse-me: Mais lembranças tenho eu do que todos os homens tiveram desde que o mundo é mundo. E também: Meus sonhos são como a vossa vigília. E também, até a aurora; Minha memória, senhor, é como depósito de lixo. Uma circunferência em um quadro-negro, um triângulo retângulo; um losango, são formas que podemos intuir plenamente; o mesmo se passava a Ireneo com as tempestuosas crinas de um potro, com uma ponta de gado em uma coxilha, com o fogo mutante e com a cinza inumerável, com as muitas faces de um morto em um grande velório. Não sei quantas estrelas via no céu.7


Borges afirma que esse conto é uma grande metáfora da insônia. Quase ao final do conto, diz que para Funes era muito difícil dormir, já que dormir era desligar-se do mundo.


Então me perguntei, suponhamos que há uma pessoa que não possa esquecer nada do que havia percebido, e é sabido que isto aconteceu com James Joyce, que no curso de um dia pôde expor Ulisses a milhares de coisas. Pensei em alguém que não pudesse esquecer estes eventos e que ao final morresse destruído por sua memória infinita.8

Sobre seu breve encontro imaginário com Funes, Borges9 dirá ainda: “Havia aprendido sem esforço o inglês, o francês, o português, o latim. Suspeito, contudo, que não era muito capaz de pensar”. Pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair. No mundo abarrotado de Funes não havia senão detalhes, quase imediatos.

A partir de 1920, começaram a surgir relatos cientificamente documentados de sujeitos com memória extraordinária, sendo o primeiro o do russo Solomon Shereshevskii, estudado pelo psicólogo Alexander Luria, o qual publicou A mente de um mnemonista: um pequeno livro sobre uma vasta memória, o sujeito S. Após estudar S por um período de 30 anos, Luria não conseguiu encontrar um limite para sua memória. No entanto S, como Funes, era bastante inepto para o raciocínio lógico10 . A incapacidade para categorizar e abstrair e a inutilidade de uma categorização sem sentido são demonstradas também por Borges, com humor, em “O idioma analítico de John Wilkings”, ao citar a enciclopédia chinesa supostamente apócrifa “Empório celeste de conhecimentos benévolos”:

Em suas páginas remotas está escrito que os animais se dividem em: a) pertencentes ao Imperador; b) embalsamados; c) amestrados; d) leitões; e) sereias; f) fabulosos; g) cães soltos; h) incluídos nesta classificação; i) que se agitam como loucos; j) inumeráveis; k) desenhados com um pincel finíssimo de pelo de camelo; l) etcétera; m) que acabam de quebrar o jarro; n) que de perto parecem moscas.11

O maior problema de S. não era lembrar, mas esquecer. Como Funes, que lembrava até os detalhes mais insignificantes e terminou seus dias em um quarto na escuridão, S. não podia esquecer coisas que já não eram necessárias, e estas lembranças se transformaram em um tormento. Tentou escrever em um quadro-negro para depois apagá-lo, mas, ao se dirigir ao quadro-negro, os números ou dados que havia apagado, podiam surgir de novo. Afinal, deu-se conta de que a única maneira de apagar memórias não desejadas era evitando-as voluntariamente. Ao ler um texto, S. tinha de lutar contra uma avalanche incontrolável de imagens e associações disparada por cada palavra. Em particular, a poesia requer um sentido figurativo, a ideia sugerida pelas palavras mais além de seu sentido literal e da imagem precisa que evocam por si mesmas. Não é então de se estranhar que, para S., a poesia fosse um pesadelo12.

Quanto, então, precisamos esquecer para que possamos lembrar? Sabemos que há vários tipos de memória. Algumas lembranças duram segundos ou minutos, outras podem durar anos. Em geral, quanto mais breve a memória, menos retemos dela. Alguém sem a possibilidade de transformar memórias de curto em longo prazo será como o personagem do filme Amnésia, ou o paciente HM (citado em mais de 2.500 artigos científicos), que teve ambos os hipocampos destruídos, passando a viver num eterno presente. Quanto a nós, retemos apenas pequena parcela dessas memórias breves. O restante jamais será guardado. São como água que escorre pelas mãos. E a maioria das memórias de curto prazo se dilui irremediavelmente, mas a perda mais dramática de informação começa ainda antes, com a chamada memória sensorial. Não percebemos o mundo de uma vez e inteiro. Por exemplo, nosso campo visual enxerga com detalhes apenas uma pequena área de cada vez, do tamanho da unha do polegar visto com o braço estendido. Nossos olhos se movimentam continuamente, e a memória gerada dura apenas uma fração de segundo. Dessa memória ultrabreve, nossa mente forma as imagens do que vemos. O não lembrar desse processo é condição necessária para a formação de nosso mundo sensorial, que sempre será um construto, assim como o tempo.

E, na análise, quanto precisamos esquecer para chegar às nossas lembranças inconscientes? Para a criação de um passado ressignificado, precisamos desinvestir todo o conjunto insistente de memórias que mantemos como muros de uma confortável prisão. As memórias vinculadas à repetição e à formação sintomática devem, primeiro, ser postas em cheque e, ao final, abandonadas. O não recorrer a uma memória é certamente uma das formas do esquecimento. É preciso que criemos um espaço vazio de memórias, um bloco mágico a ser preenchido, e que nele nos lancemos, um tempo vazio como Gondar o descreve a partir de Hölderlin, “[...] vazio de toda ordenação e de qualquer conteúdo material ou mnemônico” e que chama de Áion, ou Eon como oposto a Chronos, tempo ordenado da lei e da determinação e encadeamento. Áion, neste caso, é o tempo caótico da estranheza, vinculado paradoxalmente à compulsão à repetição que impõe a ideia de algo “fatídico e inescapável, que nos subjuga a partir de nós mesmos”. Assim como o esquecimento é necessário à memória, este tempo que nos vem da pulsão de morte é fundamental para que, a partir do vazio e da estranheza, surja a fagulha da criação e da vida.

 

Referências

BOBBIO, N. O tempo da memória. Rio de Janeiro: Campos, 1997.         [ Links ]

BORGES, J. L. Funes, o memorioso. In: ______. Ficções. São Paulo: Abril, 1972.         [ Links ]

CASTRO, Julio Eduardo de. A psicanálise e o tempo. Psicanálise & Barroco em Revista, Rio de Janeiro, UNIRIO, v.6, n.3, p.60-74, jul. 2008.         [ Links ]

DAVIES, Paul. That mysterious flow. Scientific American, p. 40-47, Sept. 2002.         [ Links ]

GONDAR, J. A multiplicidade de tempos na metapsicologia. In: KATZ, C.S. (Org.). Temporalidade e Psicanálise. Petrópolis: Vozes, 1996. p.67-87.         [ Links ]

QUIROGA, R. Q. Borges y la memoria. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 2011.         [ Links ]

 

 

* Psicanalista, membro do Círculo Psicanalítico da Bahia, professora adjunta do Departamento de Neurociências e Saúde Mental da UFBA, doutora em Psicanálise pelo Instituto de Psiquiatria da UFRJ.
1 CASTRO, Júlio Eduardo de. A psicanálise e o tempo. Psicanálise & Barroco em Revista, Rio de Janeiro, UNIRIO, v.6, n.3, p.60-74, jul. 2008. p.61.
2 DAVIES, Paul. That mysterious flow. Scientific American, p. 40-47, Sept. 2002. p.42-43.
3 GONDAR, J. A multiplicidade de tempos na metapsicologia. In: KATZ, C.S. (Org.). Temporalidade e Psicanálise. Petrópolis: Vozes, 1996. p.67-87. p.70.
4 Id., loc. cit.
5 Apud QUIROGA, R. Q. Borges y la memoria. Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 2011. p.22. Tradução própria.
6 BOBBIO, N. O tempo da memória. Rio de Janeiro: Campos, 1997. p.30.
7 BORGES, J. L. Funes, o memorioso. In: ______. Ficções. São Paulo: Abril, 1972. p.120..
8 QUIROGA, R. Q. Borges y la memoria..., op. cit., p.20-21.
9 BORGES, J. L. Funes, o memorioso, op. cit., p.124.
10 Cf. QUIROGA, R. Q. Borges y la memoria..., op. cit., p.24-27.
11 BORGES, apud QUIROGA, R. Q. Borges y la memoria..., op. cit., p.39.
12 LURIA, apud QUIROGA, R. Q. Borges y la memoria..., op. cit., p.49-53.