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Cadernos de Psicopedagogia

versão impressa ISSN 1676-1049

Cad. psicopedag. vol.8 no.14 São Paulo  2010

 

ARTIGOS

 

Contexto familiar e escolar de adolescentes com dificuldades de aprendizagem

 

Family and School Background of Adolescents with Learning Disabilities

 

 

Márcia Elisa da Silva Antunes1; Denise Falcke2

Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A dificuldade de aprendizagem na adolescência apresenta-se como um fenômeno complexo e multicausal. Partindo deste pressuposto, o presente trabalho investigou as características do contexto familiar e escolar de adolescentes com dificuldades de aprendizagem. Realizou-se um estudo qualitativo, através do método de Estudo de Casos Múltiplos (Yin, 2005). Participaram três adolescentes e um de seus responsáveis. Os adolescentes tinham idades entre doze e treze anos, duas meninas e um menino. Como instrumentos foram utilizados o Teste de Desempenho Escolar (Stein, 1994), o Inventário de Recursos do Ambiente Familiar (Marturano, 2006) e a Entrevista Semi-estruturada. Os resultados revelaram a necessidade de uma compreensão abrangente sobre o fenômeno da dificuldade de aprendizagem, ainda que os adolescentes e suas mães ressaltem preponderantemente, na identificação da mesma, somente questões referentes às características do próprio adolescente e à relação com os professores em sala de aula.

Palavras-chave: Família; adolescência; dificuldade de aprendizagem.


ABSTRACT

Learning disability in adolescence is a complex phenomenon caused by multiple factors. Given this presupposition, this paper aims at investigating the characteristics of the family and school contexts in which adolescents with learning disabilities are inserted. A qualitative study guided by the Multiple Case Studies method (Yin, 2005). Three adolescents and one of their parents participated in this study. The adolescents' ages ranged from twelve to thirteen years old, two of them were females and one male. As research instruments, the investigator used the Academic Performance Test (Stein, 1994), Resources Inventory Home Environment (Marturano, 2006) and Semi-structures Interviews. The results revealed that a comprehensive understanding of this phenomenon is necessary, even if the teenagers and their mothers emphasize in their identification of the disability only issues regarding characteristics of the adolescents and their relations with their teachers in the classroom.

Keywords: Family; adolescence; learning disability.


 

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1975), a adolescência compreende a faixa etária entre os 10 e os 19 anos. No Brasil, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei no 8.069, de 13/07/90), é considerado adolescente o indivíduo entre 12 e 18 anos. Essa diferença etária pode ser considerada reflexo das idiossincrasias do contexto em que o adolescente está inserido e que estão diretamente relacionadas a todas as modificações biológicas, psicológicas e sociais que caracterizam tal período de vida. De qualquer forma, sabe-se que a adolescência caracteriza um período de transição entre a infância e a idade adulta, muitas vezes associado à rebeldia, contestação e rupturas (Aberastury & Knobel, 1992; Osório, 1992; Tiba, 2008).

A partir da constituição psíquica do adolescente e face às exigências colocadas a ele pela complexidade da cultura na qual está inserido, esse período tornar-se-á mais ou menos conturbado. A adolescência é por si só considerada uma etapa de crise, no sentido de que implica em uma série de transformações na vida do adolescente e da família (Carter & McGoldrick 2007). Assim, é tarefa principal do adolescente a revisão de sua identidade considerada nos aspectos de assunção da sexualidade madura, de busca de autonomia e de desenvolvimento das competências. Tal tarefa depende essencialmente da possibilidade de viver o luto pela perda da infância (pelo corpo infantil, pela identidade e papel de criança e pelos pais da infância) e suportar as surpresas e dúvidas que o futuro desconhecido lhe traz (Barone, 2005)

Neste processo, sistemicamente, observa-se que o adolescente não está sozinho. Pelo contrário, está inserido e vivencia relações com outros indivíduos na família, na escola e na comunidade. Esses diferentes contextos podem ou não contribuir para que as vivências dessa fase sejam elaboradas de forma mais ou menos estável.

Aliada às demais características da adolescência, a dificuldade de aprendizagem pode configurar-se como um sintoma que reflete a busca de ajuda do adolescente para compreender situações e dificuldades que ele possa estar vivenciando. Estudos que se dedicaram a comparar adolescentes que apresentam dificuldades de aprendizagem e os que não apresentam, referiram maiores índices, nos adolescentes com dificuldades de aprendizagem, de problemas emocionais e comportamentais (Santos & Graminha, 2006), depressão (Maag & Reid, 2006), ansiedade, desatenção, bloqueio cognitivo e preocupações (Sena, Lowe & Lee, 2007), medo e ansiedade (Li & Morris, 2007), pior auto-conceito (Cunha Sisto & Machado, 2006), baixa auto-eficácia e maiores índices de solidão (Lackaye, Margalit, Ziv & Ziman, 2006; Lackaye & Margalit, 2008), maior abuso de substâncias e envolvimento em situações de conflito com a lei (Chassin, 2008) e comportamento anti-social (Dickson, Emerson & Hatton, 2005).

Os sintomas apresentados pelos adolescentes são vistos, sob o enfoque sistêmico, como sinalizadores de uma possível perturbação coletiva de seu ambiente familiar (Osório, 2002) ou do contexto mais amplo em que ele está inserido (Bronfenbrenner, 1996). Considerando então que a dificuldade de aprendizagem do adolescente não se constitui em um fenômeno individual, mas que pode refletir questões específicas da etapa da adolescência e das relações familiares, escolares e sociais, definem-se como objetivo geral para o presente estudo conhecer e compreender o contexto familiar e escolar de adolescentes com dificuldades de aprendizagem. Mais especificamente, analisar os recursos do ambiente familiar e do ambiente escolar do adolescente com dificuldade de aprendizagem e conhecer os fatores que podem contribuir para a dificuldade de aprendizagem, na opinião dos adolescentes e seus responsáveis.

 

Método

Em vista do objetivo proposto, optamos por realizar um estudo qualitativo, através do método de Estudo de Casos Múltiplos (Yin, 2005). Segundo Yin (2005), o objetivo do estudo de caso descritivo é a exposição de um fenômeno em seu contexto. Para tanto, cada caso estudado será entendido como um caso singular, propiciando destacar aspectos específicos de sua dinâmica.

Participantes

Participaram deste estudo três adolescentes, com idade variando entre 12 e 13 anos, de ambos os sexos, e pelo menos um de seus responsáveis (nos três casos foram as mães quem participaram). Como critérios de inclusão definiram-se: ser aluno da quinta série do ensino fundamental, ter tido pelo menos duas reprovações escolares, ter sido indicado pelo professor como um aluno com dificuldade de aprendizagem e ter obtido pontuação inferior na tabela da 5a série do Teste de Desempenho Escolar (TDE). Como critérios de exclusão, consideram-se: apresentar algum comprometimento físico (visual, auditivo, neurológico) ou mental.

Instrumentos

Adolescentes

Teste de Desempenho Escolar – TDE (Stein, 1994): avalia as capacidades fundamentais para o desempenho escolar, através de três subtestes: (a) escrita; (b) aritmética; e (c) leitura. Esse teste possui propriedades psicométricas adequadas no que diz respeito a sua confiabilidade interna - alpha de Crombach de 0.94 no subteste "Escrita", 0.93 no subteste "Aritmética", 0.99 no subteste "Leitura" e 0.99 no Teste Global (Stein, 1994). Entrevista: foram realizadas entrevistas em profundidade, semi-estruturadas (Olabuénaga, 1996), com roteiro que inclui questões abertas referentes a: história de vida, características pessoais e relacionamento familiar, experiências escolares, relacionamento com professores e colegas, vida social e interesses, percepções sobre o processo de aprendizagem, o significado que atribui ao estudo, facilidades e dificuldades no processo de aprendizagem, papel da família e da escola no estudo.

Mães

Entrevista: também foram realizadas entrevistas com as mães (Olabuénaga, 1996). O roteiro incluiu questões referentes a: história de vida dela e do filho, características pessoais e do filho, relacionamento familiar, experiências escolares dela e do filho, vida social e interesses, o que entendem por aprendizagem, percepções sobre a vida escolar e o processo de aprendizagem do filho, importância atribuída ao estudo, facilidades e dificuldades existentes no processo de aprendizagem, o papel da família e da escola no processo de ensino e aprendizagem. Inventário de Recursos do Ambiente Familiar – RAF (Marturano, 2006): avalia recursos do ambiente familiar que podem contribuir para o aprendizado acadêmico no ensino fundamental. Para o presente estudo, foi realizada uma avaliação qualitativa das respostas fornecida pelas mães.

Procedimentos

Inicialmente, foi estabelecido contato intencional com uma escola para firmar uma parceria para a realização da pesquisa. A partir da aprovação pelo Comitê de Ética da Unisinos (Parecer no 09/032), foi estabelecido contato com professores conselheiros das turmas de 5ª série do Ensino Fundamental, solicitando que indicassem alunos com dificuldades de aprendizagem. A partir dessas indicações, foram selecionados os alunos que já tivessem tido pelo menos duas reprovações ao longo da sua escolarização. Dentre estes, foram sorteados três adolescentes para participarem do estudo. Foi estabelecido contato com os alunos, a fim de verificar se teriam interesse em participar. Após o aceite, foi estabelecido contato com os pais para solicitar autorização da participação do adolescente. Inicialmente, foi aplicado o TDE para a confirmação da dificuldade de aprendizagem. Em seguida, foram realizadas as entrevistas.

Procedimentos de Análise dos Dados

Inicialmente, para a confirmação da dificuldade de aprendizagem, foi analisado o TDE, a partir de suas normas. Os demais dados foram analisados em profundidade, caso por caso. A partir da análise de cada um dos casos – análise vertical – buscou-se retratar os aspectos comuns e diferenciais de interações entre os casos descritos – análise horizontal.

 

Resultados

Caso 1: Ana

Ana (nome fictício) tinha 13 anos e 5 meses na aplicação do TDE. Nasceu em janeiro de 1996. Estuda na 5ª série. Os escores brutos obtidos por no TDE são os seguintes (EB de Escrita: 13; EB de Aritmética: 15; EB de Leitura: 41; EB Total: 69). Utilizando-se a Tabela 6, do Manual para Aplicação e Interpretação do TDE (p. 25), que classifica os escores brutos para a 5ª série, tem-se que Ana apresenta um desempenho inferior em todos os subtestes e no escore bruto total. Além disso, quando se avalia a idade de Ana (13 anos e 5 meses) e se faz uma previsão dos escores brutos para cada subteste, consultando- se a Tabela 8 do Manual (p. 26), verifica-se que ela não alcança nenhum escore bruto previsível para a idade acima de 12 anos.

Assim, os resultados de Ana evidenciam que o seu desempenho escolar na área de linguagem (leitura e escrita) não está adequado ao seu nível de aprendizagem escolar, demonstrando ainda ter algumas dificuldades inclusive na decodificação, ou seja, leitura de palavras isoladas. O seu desempenho matemático também não está adequado, principalmente por que alguns cálculos de divisão simples ela nem tentou fazer.

Dados da História Pregressa

O pai e a mãe de Ana moram juntos. O pai é pedreiro e a mãe, que trabalha como operária de fábricas do ramo calçadista, está afastada por motivos de saúde. Ana é a segunda filha desse relacionamento, tendo um irmão de 17 anos, que trabalha junto com o pai de pedreiro e mora na mesma casa. Esse irmão estudou até a 6ª série e no momento não está mais estudando. Também possui uma irmã menor.

A sua história escolar iniciou com 6 anos e 2 meses, quando ingressou na Educação Infantil na mesma escola que estuda até agora. Com 7 anos e 2 meses, fez o primeiro ano e não aprovou. Com 8 anos e 2 meses, iniciou novamente o primeiro ano na turma de outra professora e não aprovou novamente. Com 9 anos, fez outra vez o primeiro ano com uma terceira professora e então conseguiu a aprovação. Aos 10 anos e 2 meses, ingressou no segundo ano com a mesma professora que teve ao iniciar sua história de aprendizagem e aprovou. Nos dois anos seguintes, cursou o terceiro e o quarto ano, com a mesma professora, sendo também aprovada. Com 13 anos e 2 meses, ingressou no quinto ano do ensino fundamental, apresentando dificuldades desde o início do ano, o que culminou novamente em uma reprovação.

Recursos do Ambiente Familiar

No caso de Ana, quando ela não está na escola, suas principais atividades são assistir TV, ouvir rádio e brincar, tanto na rua quanto em casa. A mãe dela relata também que ela ajuda a cuidar de um bebê, filho de um vizinho, cuja mãe o abandonou. Não são disponibilizados na residência matérias didáticos-pedagógicos. Nos últimos 12 meses, a mãe refere que os passeios realizados pela família foram ao centro da cidade, ao shopping, ao parque de diversões e viagens para praia e para outra cidade.

Dificuldade de Aprendizagem

Ana relata que, ao ingressar na escola chorava muito. Não sabe exatamente o que sentia, mas diz que não queria ficar na escola. Só que a mãe "largava e ia embora", segundo Ana, o que a fazia chorar ainda mais. Recorda que gostava de pintar na Educação Infantil e que, quando ingressou na primeira série teve dificuldades, o que a levou à reprovação: "Na primeira eu rodei. Eu não copiava os títulos das coisas e lembro que fazia as provas todas erradas" (Ana)

Não lembra nada do ano em que repetiu a primeira série, nem que foi a professora e nada do que sentia. Quando repetiu novamente a primeira série, com outra professora, recorda que teve uma experiência melhor. Melhor adaptada à vivência escolar, diz que gostava de tudo com essa professora e foi aprovada na primeira e na segunda série. Do terceiro ano, também traz recordações positivas, especialmente da professora, chegando a comentar que: "Foi bom! Com ela eu aprendi a ler, a fazer contas. Até então, cada vez de ler, eu gaguejava e não saia nada. Com essa professora eu aprendi, porque ela dizia que a gente podia ir calmo" (Ana).

No quarto ano, permaneceu com a mesma professora e muitos dos antigos colegas e refere que foi muito bom:

Peguei a metade dos meus colegas do ano passado, do terceiro. E daí ela [a professora] disse assim: 'tu aqui de novo, será que até na 5ª tu vai tá comigo?' Daí a gente brincava desenhava, ela me ensinou a ler, muita história ela fez a gente fazer e eu comecei a gostar de fazer história (Ana).

Voltou a apresentar dificuldades no quinto ano. Ana passou a participar de um projeto no contraturno, no qual os alunos auxiliam na secretaria da escola. Segundo ela, começou a ir mal, pois "as professoras ficam pegando no meu pé. Dizem que vão me tirar do projeto. Só porque sabem que eu gosto de ajudar na secretaria. Aí as colegas começam a debochar, dizendo que vão entrar no meu lugar" (Ana).

Ana reconhece que suas notas estavam ruins, "35 em todas, menos Educação Física e Artes". Todavia, Ana não assume sua dificuldade de aprendizagem. Segundo ela, o que ocorre é que, na escola, os colegas a impossibilitam de se concentrar: "Eu não tenho dificuldade é que na escola não dá pra se concentrar. Quando a gente quer se concentrar eles começam a gritar! Daí não dá!" (Ana).

Considerando sua vinculação com a aprendizagem e com a escola, é interessante constatar que a atividade que Ana mais gosta de realizar em casa é "brincar com a irmã de escolinha" e seus planos para o futuro são "ser professora". Ana revela que os pais têm pouco estudo, até, no máximo a 6ª série, e que inclusive o irmão também parou de estudar cedo para ir trabalhar com o pai como pedreiro. Fala que os pais olham o seu material de escola e ajudam quando eles podem.

Na entrevista com a mãe de Ana, observou-se que ela não tem muita clareza sobre o processo escolar da filha. Não lembra com quantos anos a filha entrou na escola, não recorda nenhuma professora, não sabe exatamente em qual série ela reprovou. Ressalta somente que ela sempre teve dificuldades e que:

Esse ano ela tá péssima! Ela tinha que ler mais, tinha que fazer mais. A professora do ano passado também falava. E daí ela foi puxando a Ana ela achava que ela não ia conseguir, mas era tudo insegurança que ela tinha. Daí ela puxava a Ana e ela foi, mas esse ano não.(Responsável Ana)

Com a dificuldade que Ana vem apresentando no quinto ano, a mãe percebe que ela vem ficando meio desanimada, referindo, inclusive, o desejo de parar de estudar:

Às vezes ela não tem nem vontade de vir no colégio. Ela diz que dá vontade de parar de estudar. Eu não sei o porquê, mas ela hoje de tarde ela tava conversando: 'ai mãe eu não tenho mais vontade de estudar'. Eu disse se tu não estudar depois tu não vai ter emprego, até faxineira e doméstica agora tem o primeiro grau completo (Responsável Ana).

A mãe também refere que Ana se sente incomodada com os colegas na escola, pois "ela fala que uns que são bons, mas tem uns que incomodam muito ela. Assim, chamam ela de gorda, coisa assim, inticam com ela" (Responsável Ana).

Sobre a sua própria história de aprendizagem, a mãe de Ana recorda boas lembranças de cursos de bordado e pintura na escola, referindo que gostava muito de ir à escola, mas não lembra se teve alguma reprovação e só sabe que, quando chegou à quinta série, parou de estudar para começar a trabalhar na fábrica. O contexto familiar de Ana caracteriza-se como de um nível socioeconômico e cultural desfavorável. Ambos os pais abandonaram os estudos para trabalhar, assim como o irmão mais velho da menina. A mãe demonstra, que não acompanha a história escolar da filha e que seu incentivo é dizendo que, se ela não estudar, não conseguirá um bom emprego futuramente.

O contexto escolar, segundo o relato da mãe e da filha, está muito pautado pelas relações estabelecidas com as professoras e os colegas de classe. Os anos em que Ana foi aprovada, segundo a menina, referem-se aos anos em que gostava muito da professora. Por outro lado, a única dificuldade que refere é de se concentrar, em função do barulho dos colegas.

Caso 2: Lia

Lia (nome fictício) tinha 13 anos e 1 mês na aplicação do TDE. Nasceu em abril de 1996, estuda na 5ª série e obteve como os seguintes escores no TDE (EB de Escrita: 20; EB de Aritmética: 20; EB de Leitura: 57; EB Total: 97). Utilizando-se a Tabela 6, do Manual para Aplicação e Interpretação do TDE (p. 25), que classifica os escores brutos para a 5ª série, tem-se que esta adolescente apresenta um desempenho inferior em todos os subtestes e no escore bruto total. Além disso, quando se avalia a idade de Ana (13 anos e 5 meses) e se faz uma previsão dos escores brutos para cada subteste, consultando-se a Tabela 8 do Manual (p. 26), verifica-se que ela não alcança nenhum escore bruto previsto para a idade acima de 12 anos.

Assim, os resultados de Lia evidenciam que o seu desempenho escolar na área de linguagem (leitura e escrita) não está adequado ao seu nível de aprendizagem escolar, demonstrando ainda ter algumas dificuldades na escrita de palavras, omitindo letras e trocando a grafia das consoantes. O seu desempenho matemático também não está adequado ao seu nível de aprendizagem escolar, principalmente porque, em alguns cálculos simples, ela teve erros devido à falta de atenção.

Dados da História Pregressa

É a filha mais velha, que nasceu quando a mãe tinha 16 anos de idade. Segundo a mãe, quando a adolescente tinha um ano, ela se separou do pai dela. A mãe teve outro relacionamento e, desta união, teve um menino que estuda na mesma escola de Lia. Após, a mãe teve um terceiro filho de um outro relacionamento, que está na escola na educação infantil. A mãe mora com os três filhos e com o pai do terceiro filho.

A sua história escolar iniciou com seis anos e 11 meses, quando ingressou no primeiro ano na mesma escola que estuda até agora e não aprovou. Com sete anos e 11 meses, fez novamente o primeiro ano com outra professora e aprovou. Cursou, em seguida, o segundo e o terceiro ano com aprovação. Aos 10 anos e 11 meses, ingressou no quarto ano e não aprovou. Aos 11 anos e 11 meses ingressou novamente no quarto ano, com uma outra professora, conseguindo a sua aprovação. Com 12 anos e 11 meses, ingressou no quinto ano do ensino fundamental, apresentando dificuldades desde o início do ano, mas no final do ano conseguiu alcançar os objetivos para a sua aprovação.

Recursos do Ambiente Familiar

Foi utilizado o Inventário de Recursos do Ambiente Familiar para investigar a disponibilidade de acesso a atividades culturais e o tempo de convivência na família. No caso de Lia, quando ela não está na escola, suas principais atividades são assistir TV, ouvir rádio, jogar vídeo-game, ler livros, revistas e gibis e brincar dentro de casa, na casa da avó materna e no vizinho. Nos últimos 12 meses, a mãe refere que os passeios realizados pela família foram ao centro da cidade, ao shopping, ao parque de diversões, viagens de trem, passeios à chácara e visitas a parentes e amigos.

Com referências às atividades programadas que Lia faz, a mãe aproveita para comentar que não deixa a filha sair muito de casa, , afirmando que somente ela vai sozinha no curso de computação ou na igreja. As atividades que a mãe e o padrasto fazem em casa são olhar filmes, conversar como foi o dia na escola e realizar atividades domésticas juntos, como fazer refeições, lavar a louça, organizar a casa.

Quanto aos itens pessoais de Lia, a mãe confirma que ela tem uma cama só pra ela, sendo isso bem positivo, já que ela tem dois irmãos menores que são meninos. Possui brinquedos como: bicicleta, vídeo-game, bola, balanço e corda para pular. Materiais que estimulam a sua aprendizagem como livrinhos de história, tesoura, tinta, lápis de cor, papéis e cola. A família possui livros escolares e religiosos, como a bíblia. Lia também interage com objetos que estimulam o seu sentido lúdico, como bonecas e brinquedos de faz de conta. Além disso, possui um animal de estimação.

Dificuldade de Aprendizagem

Lia ingressou diretamente na 1ª série do Ensino Fundamental. A adolescente lembra muito bem com que idade entrou na escola e também lembra da professora e do relacionamento com ela: "Iniciei com sete, quando a profª T. dava aula para o 1° ano. Sabe que a profª T. é muito braba? No início, fiquei um pouco nervosa" (Lia).

A mãe, por sua vez, não tem certeza da idade que Lia começou sua aprendizagem escolar e, quando questionado por que a filha entrou na escola com sete anos e não fez a Educação Infantil, a mãe dá uma resposta evidenciando não ter certeza: "Acho que é por causa que, quando eu vim trazer ela, eles não aceitaram por que ela era muito nova, não sei o que, que não tinha, não dava ainda" (Responsável Lia)

No momento que foi solicitado que a mãe falasse dessa entrada na escola, ela fala que a filha gostava de ir pra escola, só que ela rodou já no primeiro ano. O motivo dela não ter conseguido a aprovação, segundo a mãe, é que ela tinha problemas de saúde. "Eu levei ela no médico, né? Daí eles fizeram um RX que dizia que ela tinha um desvio na cabeça, não sei o quê. Aí deram um remédio. Ela era bem esquecida" (Responsável Lia). Quando questionada qual o tipo de medicação que Lia usava, a mãe não consegue se lembrar e também não tem o RX e não recorda quem foi o médico que atendeu e nem se fez exames complementares como eletroencefalograma.

Lia não refere essas implicações médicas e relata sua história escolar pautada pelos professores, ainda que não lembre alguns deles. Traz mais recordações dos professores que a marcaram positivamente, como o professor do terceiro ano, que "gostava de explicar as coisas brincando". A atividade que ela mais gosta de fazer na escola é "escrever poesia". Quanto às dificuldades de aprendizagem, ela silencia. Diz que não sabe o que acontece e que fica triste quando reprova, mas não sabe dizer o que ocorre. Em nenhum momento da entrevista ela faz alusão à dificuldade de aprendizagem e sempre que questionada responde: "Não sei". Quanto aos seus planos para o futuro, pretende "administrar alguma coisa, uma loja, sei lá".

Sobre o quanto a mãe e o padrasto a acompanham nas atividades escolares, Lia refere que, às vezes, mostra os cadernos para a mãe, mas o padrasto nunca olha. Ele só olha os cadernos do irmão menor de Lia, que é filho dele. Comenta que tem pouco contato com o pai biológico e que ele nem sabe onde ela mora. O contexto familiar de Lia, ainda que de nível socioeconômico precário, oferece alguns recursos culturais como passeios e acesso a materiais pedagógicos. Do ambiente escolar, prevalecem as referências a professores com quem ela teve relações positivas e que a fizeram sentir-se motivada a estudar, através de brincadeiras e da escrita de poesias.

Caso 3: Pedro

Pedro (nome fictício) tinha 13 anos e 2 meses na aplicação do TDE. Nasceu em março de 1996, estuda na 5ª série e seus escores no TDE foram: EB de Escrita: 28; EB de Aritmética: 18; EB de Leitura: 59; EB Total: 105. Utilizando-se a Tabela 6, do Manual para Aplicação e Interpretação do TDE (p. 25), que classifica os escores brutos para a 5ª série, tem-se que este adolescente apresenta um desempenho inferior em todos os subtestes e no escore bruto total. Além disso, quando se avalia a idade de Pedro e se faz uma previsão dos escores brutos para cada subteste, consultando-se a Tabela 8 do Manual (p. 26), verifica-se que ele não alcança os escores previsto para a sua idade.

Assim, os resultados de Pedro evidenciam que o seu desempenho escolar na área de linguagem (leitura e escrita) não está adequado ao seu nível de aprendizagem, demonstrando ter dificuldades na decodificação de encontros de duas consoantes (lh, ch, gr, por exemplo). O seu desempenho matemático também não está adequado, principalmente por que alguns cálculos simples ele fez rapidamente e cometeu erros.

Dados da história pregressa

O pai e a mãe moram juntos e ele é o filho mais novo em casa. A família teve mais quatro filhos, mas a irmã e o irmão mais velhos de Pedro não moram mais em casa. Segundo a mãe, a irmã está morando junto com o namorado e está grávida. O segundo irmão mora no Paraná, com a namorada, e trabalha como eletricista. O terceiro irmão tem 16 anos e está concluindo o ensino fundamental de 8 anos numa escola particular. O casal vive com os dois filhos menores. O pai trabalha numa empresa e atua no setor financeiro. A mãe fica em casa e às vezes "espicha" guardanapos de crochê (é uma técnica que se coloca uma goma e deixa o guardanapo como que esticado e duro).

A sua história escolar iniciou com sete anos, quando ingressou numa escola pública estadual. Fez o primeiro e o segundo ano na mesma escola e aprovou. Com 9 anos, fez o terceiro ano e não aprovou. Aos 10 anos, ingressou novamente no terceiro ano e aprovou. No ano seguinte, com 11 anos, trocou de escola, ingressando no quarto ano e não aprovou. Com 12 anos, ingressou novamente no quarto ano e aprovou. Com 13 anos, ingressou no quinto ano do ensino fundamental, apresentando dificuldades desde o início do ano, mas, no final, conseguiu a sua aprovação. Recursos do Ambiente Familiar Quanto à disponibilidade de livros, jornais e revistas a mãe confirma ter disponíveis todos os itens confirmando que a família apresenta um bom número de estímulos para a aprendizagem de seu filho. Estão sempre disponíveis materiais de desenho, além do acesso ao computador e ao vídeo-game. Na rotina diária de Pedro, ele tem hora programada para almoçar, tomar banho e fazer as lições de casa. Apenas para brincar, assistir TV e dormir que às vezes ele tem não tem um horário definido. Nos passeios que a família realizou nos últimos 12 meses além de visita a amigos e parentes, shopping, centro da cidade, parque municipal e cinema, a mãe comenta que eles costumam ir ao aeroporto ver a chegada e saída de aviões.

Dificuldades de Aprendizagem

Pedro não fez Educação Infantil. Enntrou direto na 1ª série e, quando questionado o porquê, ele diz que tem que perguntar pra mãe dele. A mãe percebe que faltou essa etapa na aprendizagem dele. O início da história de aprendizagem de Pedro foi bem marcante pra mãe que percebeu que alguma coisa estava errada com o filho."O Pedro não gostava de nada que fosse de recortar, de pintar bonitinho, sabe? Quando ele ia pro colégio, pra sala de aula, qual é as cores ele pintava os trabalhinhos dele? Preto, preto, marrom, sabe? Ele odiava pintar!" (Responsável Pedro). Pedro não traz nenhuma dessas recordações. Ele diz que fica difícil lembrar, até mesmo o nome dos professores.

Pedro mostra-se irônico no momento da entrevista. Quando questionado sobre o que gostava na escola, responde que era de abacate e depois diz: "Nada, esquece!". Além de irônico, mostra-se irritado em muitos momentos, especialmente quando comenta sobre condutas das professoras:"Ela fazia de tudo pra infernizar a minha vida. Só porque eu não fazia um trabalhinho de merda, me mandava bilhete. Ah, vai catar coquinho!" (Pedro). A mãe comenta que ele sempre foi muito decidido e que pra ela era difícil lidar com ele. "Eu tava tendo problemas com ele no colégio já desde o início. A professora dizia: 'Pedro, você tem que preencher o exercício'. Aí ele, do nada, decidia: 'não vou mais escrever'. Botava o caderno na mochila e ficava lá" (Responsável Pedro). Confirmando o relato da mãe, Pedro conta que o segundo ano "foi barra pesada". Comenta que quase reprovou, pois seu aprendizado era "uma porcaria". Isso ocorria, segundo Pedro, porque ele não fazia as atividades solicitadas: "eu não tinha vontade de fazer nada! Eu pegava e ficava assim... [coloca as pernas em cima da cadeira e cruza os braços] Aí rodei" (Pedro). De acordo com Pedro, a única atitude dos professores foi "mandar bilhetes para casa, mas eles nunca chegavam! (ri)" (Pedro).

A atitude de esconder os bilhetes, conforme relatado por Pedro, pode estar relacionada à forma como a mãe lida com ele, quando tem avaliações insuficientes ou algum comportamento inadequado:

Eu sou uma mãe muito cobradora, enérgica até demais. Eu tive essa criação! Eu xingo, mas vou lá e arrumo por que eu sei que ele não vai fazer. Eu criei ele muito dependente de mim e muito folgado. A mesma coisa era tema, uma dificuldade para esse guri fazer. Meu Deus do Céu! Eu perguntava: - 'Tem tema?' e ele: - 'Não!' Todo dia eu perguntava e um dia a professora mandou bilhete: 'O Pedro não está fazendo tema.' Eu virei bicho e peguei ele e dava tapa na cara, porque eu fiquei com raiva. Ele não me entregava os bilhetes. Eu disse: 'Toda vez que tu não entregar bilhetes, tu vai apanhar. (Responsável Pedro).

Pedro conta que mudou de escola na 4ª série e a vinda para o novo colégio foi "emocionante". Refere que seus irmãos já tinham estudado nesta escola e ele conhecia muitos dos meninos que estudavam lá. Nesta mudança de escola, se sentiu perdido e acabou reprovando. Quando repetiu com outra professora, viu que poderia aprender:"As outras professoras só passavam assim... [sinal de rapidez] e 'rala peito'! A 'sora' explicava bem direitinho. Foi bom que de um jeito, não sei como, ela me ajudou a sair daquela dureza de não fazer nada" (Pedro).

O relato de Pedro é reforçado pela mãe que diz que a professora desse ano conseguiu conquistar o Pedro através de uma boa aproximação e de muitos elogios:

Elogia tudo! Esse guri chegava tão feliz em casa. Tu via que ele tava animado, disposto a estudar, fazer as maquetes. Pra gente não era muito bonito, mas ela botava eles lá em cima. Um dia ela disse: "Nossa Pedro, tu podes ser arquiteto" Como a dinda dele é arquiteta, aquilo ali foi um trampolim que esse guri tava precisando! (Responsável Pedro).

Pedro diz que tem maiores dificuldades nas matérias que ele não gosta. Em matemática, tem um bom desempenho. Mas em português, nunca tem uma boa avaliação. "Português eu não sei pra quê estudar, se a gente fala português. Eu não compreendo! (ri) As minhas notas estão baixas e, se eu descer, vou me ferrar" (Pedro).

Além das questões da história escolar, a mãe de Pedro ressalta características pessoais do filho que podem contribuir para que ele apresente dificuldades em seu processo de aprendizagem:

Ele fala com os dentes cerrados. Eu digo assim: Pedro, eu vou te botar numa aula de dicção. Tu não abre a boca pra falar. Isso dificulta o sucesso dele. Mas o Pedro é assim, ele é muito quietinho, mas não pisa no pé dele. Ele vai agüentando, mas na hora que o termômetro explodir, sai de perto. Por isso, ele teve problemas no colégio este ano. Ele é muito descuidado, desorganizado. Muito descuidado com o material dele (Responsável Pedro).

Através do caso do Pedro, observa-se que são vários os fatores que colaboram com a dificuldade de aprendizagem dele. São sobressaltadas, por Pedro e pela mãe, características do próprio adolescente, que se mostra descuidado e desinteressado com os estudos. A postura dele na própria entrevista evidencia o descaso com o seu processo de aprendizagem. Características essas que são agravadas na etapa da adolescência, pela rebeldia inerente ao processo de independização. A conduta da mãe parece agravar a situação por utilizar-se da agressão física ou mesmo por assumir tarefas de organização que teriam que ser do Pedro, para não reforçar o comportamento negligente dele.

No contexto escolar, é salientada pelo Pedro e pela mãe dele a importância do relacionamento com as professoras como potencializadores ou dificultadores dos processos de ensino e aprendizagem. Através de elogios e de proximidade com Pedro, uma das professoras, segundo a mãe, conseguiu motivar o menino para os estudos, o que não aconteceu em outros anos com as demais professoras.

 

Integração dos casos

A partir da análise dos três casos pesquisados, evidenciam-se os diferentes componentes que estão envolvidos nas dificuldades que os adolescentes possam apresentar em seu processo de aprendizagem. São salientadas as características individuais, que, no caso de Pedro (desorganização, dificuldade na fala, timidez e impulsividade) e de Lia (possível diagnóstico médico de danos neurológicos) são muito explícitas. As características típicas da adolescência (rebeldia, contestação e preguiça), referidas pelos estudiosos do tema (Aberastury & Knobel, 1992; Osório, 1992; Tiba, 2008), também são evidenciadas nos casos estudados.

Do contexto familiar dos adolescentes, são pontos a serem analisados a história escolar dos pais, a carência dos recursos do ambiente que poderiam estimular o valor do estudo e as condutas que os pais tomam frente ao envolvimento escolar dos filhos e às dificuldades que surgem no processo. Especialmente nos casos de Ana e Lia, observa-se que os pais não tiveram possibilidades de dar continuidade aos estudos e talvez essa sua própria história os inibam de acompanhar os estudos dos filhos. São mães que não lembraram a idade que as filhas entraram na escola, quem foram suas professoras e dados que fizeram parte da vida escolar dessas adolescentes. Também nestes dois casos, evidenciam-se a carência em estimulação no ambiente, o que foi mais positivo na vivência de Pedro. Quanto às condutas das mães, observa-se um grande despreparo, pois todas se utilizam preponderantemente de agressão física ou verbal.

Com relação ao ambiente escolar, a fala dos três adolescentes e suas mães remetem diretamente ao papel do professor, como sendo quem pode estimular o desejo pelo estudo e favorecer com que o aluno aprenda, ou, por outro lado, desestimulá-lo e induzi-lo à reprovação. Sabe-se que o professor é um importante modelo de identificação, principalmente na fase da adolescência, quando a autoridade dos pais é questionada (Tiba, 2008), mas a centralização da responsabilidade na figura do professor fica sendo uma forma de sobrecarga e culpabilização de um dos elementos que compõe o sistema. Neste sentido, cabe questionar a fala dos participantes que remetem as dificuldades basicamente às características do adolescente e do professor como os únicos fatores que interferem no processo.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Av. Unisinos, 950 Sala 2A 109
São Leopoldo, Rio Grande do Sul
Brasil CEP 93022-000
e-mail: dfalcke@unisinos.br

Recebido em: 01/2010
Aceito em : 11/2010

 

 

1 Mestre em Psicologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos
2 Doutora em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul

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