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Stylus (Rio de Janeiro)

versão impressa ISSN 1676-157X

Stylus (Rio J.)  no.32 Rio de Janeiro jun. 2016

 

DIREÇÃO DO TRATAMENTO

 

Desfazendo nó cego, dissolvendo nó na garganta e dando nó em pingo d'água!

 

Untying a tight knot, dissolving a knot in the throat and getting blood from a stone

 

 

Ana Laura Prates Pacheco*

Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano – FCL-SP
Rede de Pesquisa de Psicanálise e Infância das Formações Clínicas do Campo Lacaniano

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O texto apresenta a partir do Seminário 22 de Lacan "Os nomes do pai", o avanço epistemológico e clínico trazido pela escrita do nó borromeano como "espaço do falasser", que articula o enlace entre os três registros (Real, Simbólico e Imaginário) bem como de três modos de gozo (gozo fálico, gozo do sentido e gozo do Outro) a partir do furo central. Articula-se, ainda, o acolhimento do sofrimento humano pelo psicanalista, com a devida precisão formalizada por Freud (Inibição, Sintoma e Angústia) e as operações realizadas pelo Psicanalista para que daí um novo desejo possa advir. Acompanha, ainda, a passagem do nó de três para o nó de quatro elementos, introduzindo a escrita dos Nomes do Pai com o Sintoma e uma nova leitura do Complexo de Édipo.

Palavras-chave: Nó borromeano, RSI, Nomes do Pai, Complexo de Édipo.


ABSTRACT

Departing from Lacan's Seminar 22 "The names of the father", the text introduces the epistemological and clinical advance generated by the writing of the Borromean knot as a "space of parlêtre," which articulates the connection of the three registers (Real, Symbolic and Imaginary) from the central hole. It is also articulated the embracement of human suffering by the psychoanalyst, taking into consideration the exact precision formalized by Freud (Inhibition, Symptom and Anguish) and the operations conducted by the Psychoanalyst so from that point on a new desire can be triggered. The text follows the passage of the knot of three to the knot of four elements, introducing the writing of the Names of the Father with the Symptom and a new interpretation of the Oedipus Complex.

Keywords: Borromean knot, RSI, Names of the Father, Oedipus Complex.


 

 

No Seminário RSI, que em francês ressoa como heresia, Lacan anuncia que há esperança de darmos um passo juntos, convocando os analistas da época a acompanhá-lo na aventura borromeana. Como dizem que a esperança é a última que morre, ainda hoje tentamos acompanhá-lo nesse passo que é, fundamentalmente, clínico. Lacan é enfático ao afirmar que o nó borromeano não é um esquema, aos moldes da "geometria do saco" freudiana, na qual id/ego/superego são esboçados com base na separação entre mundo externo e mundo interno. Tampouco se trata de um modelo matemático – como o era o "esquema dos espelhos conjugados", por exemplo, chamado à época de modelo teórico. Não estamos, portanto, no plano da representação "semântica de um sistema" (RONA, 2012, p. 71). O nó muito menos é uma cosmologia, ou uma cosmogonia. Ele desafia a Estética Transcendental de Kant, para quem "o espaço não é um conceito discursivo". Para Kant "só podemos imaginar um único espaço, e quando falamos de vários espaços, entendemos com isso apenas as partes de um único e mesmo espaço" (FERRY, 2010, p. 36). O nó não tem a pretensão de representar qualquer universo, já que ele "parte da experiência analítica e é nisso que está o seu valor". O nó: é preciso sustentá-lo com o desejo de analista!

 

 

 

 

O nó bo apresenta-nos o "espaço do parlêtre", na medida em que só há ser da fala/palavra, a partir do acontecimento de um dizer. Graças a esse acontecimento, corpo e linguagem não se comunicam sem chiados, linhas cruzadas e quedas de ligações. Há sempre boi na linha! Não há, portanto, razão (proporção/relação) possível entre a res cogito e a res extensa, pois, como bem diz Milan Kundera em A insustentável leveza do ser, "basta amar loucamente e ouvir o ruído dos intestinos para que a unidade da alma e do corpo, ilusão lírica da era científica, imediatamente se desfaça" (KUNDERA, 1999, p. 130). As coisas da alma e do corpo não fazem Um; no entanto, paradoxalmente enlaçadas, compõem a única substância que interessa à psicanálise: a substância gozante. Eis a corda a partir da qual esses seres falantes se enrolam, se enroscam e, às vezes, se enforcam. Por isso Lacan define o inconsciente como dizcordante: não há nada no Inconsciente que com o corpo faça acordo.

É exatamente desse falasser – ser, entretanto, riscado da metonímia do desejo –, diz-cordante (discordante) e por vezes diz(a)cordado (desacordado) que nós, analistas, nos ocupamos em nossa práxis, acolhendo seus corpos tagarelas em nossos divãs. Em RSI, Lacan dialoga poeticamente com Descartes: "Em sua regra 'As boas maneiras para a direção do espírito', um tal Descartes não achou supérfluo observar que não se deve ocupar imediatamente das coisas mais difíceis e árduas, mas que se deve aprofundar primeiramente nas artes menos importantes e mais simples, aquelas sobretudo em que a ordem melhor reina, como as dos artesãos que fazem a tela e os tapetes, ou as mulheres que bordam ou fazem renda, assim como todas as combinações de números e todas as operações que se relacionam com a aritmética e outras coisas semelhantes. Não há a menor suspeita – comenta Lacan – de que dizendo tais coisas, Descartes pensasse haver uma relação entre a aritmética e o fato de as mulheres fazerem renda, ou mesmo que os tapeceiros fazem nós" (LACAN, 1974-75/inédito, Aula de 14/01/1975).

Talvez hoje pudéssemos incluir o analista nessa série dos artesãos de coisas desimportantes, como as mulheres e os tecelões.

Com efeito, o passo dado por Freud, não sem Descartes, é que se a linguagem e o corpo não se comunicam, isso não implica que não se enlacem. Freud propõe esse enlace pela via do que chamou de fantasia, a partir da instância da letra no inconsciente que sustenta a montagem do imaginário pelo simbólico e, ao mesmo tempo, escreve uma razão impossível. Curiosamente, Lacan recupera em RSI a função freudiana da interdição do incesto como aquilo que faz o furo estrutural a partir do qual o par se pode atar. Instante do novo ato psíquico, cuja sequência é a atadura… Atadura: fantasia fundamental que o sujeito neurótico escreve () com as versões pulsionais cavadas nos buracos do corpo – sobretudo a voz e o olhar – que revestem o furo que chamamos de objeto a. Constatamos que o máximo que ele consegue é fazer um nó cego, no qual fica preso e fixado. Ou, às vezes, surdo e mudo, deixando-o com um nó na garganta. Seja como for, o sujeito atado nunca dá ponto sem nó. Há vários tipos de enlaces criados com a gramática da fantasia, que procura sustentar o impossível de governar, educar e fazer desejar: nós de gravata, com os quais alguns acabam se enforcando; laços de enfeite e de presente, com os quais algumas pessoas passam a vida fazendo fita; nós de marinheiro, muito praticados por Ulysses em sua Odisseia, e de rendeira, que sustentaram a astúcia de Penélope enquanto ela o esperava. Redes de pesca, nas quais, quando se cai, é peixe. E de internet, que não se sabe se são menos reais, pelo fato de serem virtuais. Perigosas relações. Relações religiosas – sustentadas pelo amor Olímpico a Deus (e a toda sua genealogia: Urano, Cronos ou Zeus) –, ou pelo amor ao próximo como a si mesmo –; e relações geopolíticas, que produzem fluxos migratórios, êxodos e muros mais altos e intransponíveis que aquele que já nos impõe a linguagem. Amarrações de amor. Laços de família.

É o dizer de Freud, desenvelopado por Lacan, que nos permite verificar a estrutura para além da fantasia; em outras palavras, é a psicanálise que aponta a não coalescência entre o a e o S() – o gozo opaco e à deriva, o Outro gozo, a terceira (pois gozo, em bom lacanês – jouissance –, é artigo feminino). Já que a dualidade linguagem/corpo não faz um, mas também não se sustenta na atadura do dois, logo, há três. É o que Lacan quis dizer, quando escreveu no matema da sexuação, que não há relação sexual.

Se o Real é três, aqui é o dizer de Cantor que impera. O três no nó é cardinal, não há ordem nem prevalência de um sobre os outros dois. O três ex-siste. Mas ele também insiste e consiste. Assim, o nó bo nos apresenta o impensável enlaçamento entre o equívoco fundamental e o sentido, RIS, ISR, IRS, SIR, SRI, RSI… Heresia lacaniana! Mas o nó, ele mesmo, também é a um só tempo Real, Simbólico e Imaginário, na medida em que ele se mostra em sua ex-sistência no corpo vivo de quem goza; se escreve na insistência corpsificada (cadavérica, diríamos em português) da palavra que mata a coisa; e se imagina dando consistência intuitiva ao sentido comum. Eis o segredo do nó, sua impossibilidade de fazer uma única consistência, pois cada duas que se enlaçam, esburacam a terceira. Três letras, três furos, três gozos: JΦ, Jsentido, J.

 

 

Pois cada ato díspar – que comete o disparate de atar um par (disperso e dizparatado) –, cria um modo de gozo, ao preço de uma ex-sistência que esburaca o ser. Encore un effort para entendermos porque "o modal é nodal": O dizparate S ◊ R dá corpo ao gozo na dialética do desejo por meio do gozo fálico de Joãozinho, com a condição de excluir o corpo. O dizparate I ◊ S permite à jovem Dora gozar do sentido de fazer a mulher existir na senhora K – antes do desencadeamento da conversão – com a condição de excluir o real de sua in(ex)sistência. O dizparate R◊I permite a Santa Tereza D'Ávila a contingência de gozar encore, en cops, com a condição de experimentá-lo, esse gozo, fora da linguagem.

Vemos, portanto, que as particularíssimas características desse tipo de enlace têm para Lacan, uma inestimável utilidade clínica. Três letras, três modos de gozo, três nomes para nossa dor de ex-sistir. O sofrimento humano não é assunto do psicanalista, mas pôde ser formalizado e tratado – na experiência clínica sob transferência que chamamos Psicanálise – desde que Freud o nomeou: Inibição, Sintoma, Angústia.

 

 

A partir do nó podemos precisar que a Inibição – o Sintoma posto no museu, como um dia a definira Lacan – por mais que hoje a chamem de depressão, "é o que para de se imiscuir no buraco do simbólico" (LACAN, 1974-75/inédito, Aula de 10/12/1974). Inflando o eu imaginário para não se haver com o furo, a inibição não é, em si, analisável. A angústia, por mais que a chamem de pânico, "parte do real e dá sentido à natureza do gozo que se produz aí" (Ibid.). O real que toma corpo na angústia, que aperta o peito e acelera o coração é, entretanto, uma ocorrência desamarrada da linguagem. No século XXI, portanto, e por motivos estruturais – como lemos no nó – continua sendo pelo Sintoma – qualquer que seja seu nome contemporâneo: fibromialgia, TOC, ou TDH –, que podemos passar ao discurso analítico. É pelo Sintoma que, por meio do simbólico, "identificamos o que se produz no campo do real" (Ibid.).

Ora, é justamente com o Sintoma – o efeito do simbólico no real – que a Psicanálise opera. É partindo da prática da tagarelice que podemos, nas palavras de Lacan: manipular qualquer coisa do Real. A pergunta de Lacan, que se faz extremamente atual é a seguinte: "o que faz com que a Psicanálise opere?" (Ibid., Aula de 14/12/1974). É por essa questão e pela função do Sintoma, aí articulado na transferência, via discurso analítico, que Lacan introduz, na aula de 14 de janeiro de 1975, uma quarta consistência. Vejamos, então, como se dá essa passagem, tão fundamental para a sustentação da operação analítica. Lacan se pergunta como pode se servir do nó para abordar o Real, e coloca à plateia – e nós o acompanhamos quarenta anos depois – o problema: "será que com quatro isso funciona?" (Ibid.)

E em um golpe de ousadia, é a Freud que Lacan supõe a intuição sobre a ex-sistência do quarto nó: "O que fez Freud? Vou contar. Fez nó com quatro a partir dos seus três (…) inventou algo a que chamou realidade psíquica. E Lacan vai além: O que ele chama de realidade psíquica tem perfeitamente um nome, é o que se chama Complexo de Édipo. Sem o Complexo de Édipo, nada da maneira como ele se atém à corda do S, do I e do R se sustenta. Do que Freud enunciou, não é o Complexo de Édipo que se deve rejeitar". (Ibid.).

 

 

É verdade que já havia uma aposta no quatro na primeira escrita do nó bo. Ouçamos Lacan: "O ponto de partida para qualquer nó se constitui na não relação sexual como buraco. Não dois, pelo menos três, e o que quero dizer é que se vocês só forem três, isso já faz quatro" (Ibid., Aula de 15/04/1975). Eis, portanto, a escrita do nó, lida com a inclusão do mais um, o buraco que constitui a causa, nomeado objeto a. Se o nó borromeano de três já implica o quatro enquanto estrutural é, entretanto, o desejo de analista inaugurado por Freud que permite verificar o que aí faz suplência a esse furo inaugural.

 

 

A realidade psíquica freudiana, Lacan a identifica aos Nomes do Pai. E não nos surpreende que Lacan nos diga que há pelo menos três formas de Nomes do Pai. A que nomeia o Imaginário, ou seja, a Inibição; a que nomeia o Real, ou seja, a Angústia; e a que nomeia o Simbólico, ou seja, o Sintoma, "pois é nesses nomes que está o nó" (Ibid., 18/03/1975). Ora, se o furo estrutural cospe o Nome a partir do qual é possível separar os modos de gozo, diferenciar as consistências RSI e nomeá-las IAS, podemos sustentar que "a própria nominação é o quarto elemento" (Ibid., Aula de 13/05/1975) que permite ao analista operar com a face Real do Sintoma – passagem selvagem do contingente (que cessa de não se escrever) ao necessário (que não cessa de se escrever).

Como nos ensina Lacan:

O que quer dizer o sintoma? É a função do sintoma, função a se entender como o faria a formulação matemática ϯ(x). O que é esse x? É o que, do inconsciente, pode se traduzir por uma letra, a identidade de si a si está isolada de qualquer qualidade. Do inconsciente todo um, naquilo que ele sustenta o significante em que todo inconsciente consiste, todo um é suscetível de se escrever com uma letra. (…) Mas o estranho é que é isso que o sintoma opera selvagemente. O que não cessa de se escrever vem daí. (Ibid, Aula de 14/01/1975)

Ora, desde que Freud nos permitiu operar com o discurso do analista, Édipo deitou-se no divã. A partir de então, segundo Lacan, "é preciso que a peste se propague em Tebas para que cada um se sinta concernido em particular por sua ameaça". "O que se revela então é que se Édipo forçou alguma coisa, foi absolutamente sem sabê-lo; foi, se posso dizer assim, que ele só matou o pai por não ter se dado o tempo de laiusar." Para isso, Édipo teria que ter tido o tempo necessário, "um tempo que teria sido quase o tempo de uma análise" (Ibid., Aula de 17/12/1974).

Usar do pai até gastar, dispensá-lo com a condição de servir-se dele. Para isso, é preciso tempo, o tempo de laiusar, ou o percurso de uma análise. Será, portanto, analista – essa espécie de tecelã de coisas desimportantes – quem puder acolher o que diz-corda, a que chamamos, desde Freud, de inconsciente, amarrando com firmeza uma das pontas da corda do sintoma. A corda, diz Lacan, é o fundamento do acordo. O acordo do laço analítico é o acorde dissonante que dá corda à tagarelice e permite aos filhos e netas de Laius abrirem suas próprias caixas de Pandora, e esvaziá-las. O que resta, ao final, não é nada mais nada menos que a esperança. É preciso, então, transformar a caixa dos males do mundo em caixa de ressonância do eco no corpo de que há um dizer. E então o corpo diz(a)cordado tem a chance de (a)cordar. O tempo de laiusar desfaz o nó cego da inibição, dissolve o nó na garganta da angústia e opera a redução do sintoma à sua letra impronunciável que separa as três modalidades gozosas, revelando que o buraco sem fundo do nó cego é, realmente, furo estrutural que cospe o nome, sustentando e orientando nosso desejo incurável.

Tecem-se, então, outras tranças que promovem novos laços (sociais, amorosos e sexuais), e que permitem ao falasser se virar (lidar, rebolar, ganhar a vida, pagar o preço) e nesse reviramento topológico: ver, ouvir e falar, inventar outra ficção do real. Não mais um nó cego, surdo e mudo. Não mais o nó na garganta. Mas riscar e arriscar o impossível, dando nó em pingo d'água.

É possível, então, caminhar decidido pela corda bamba do desejo, sem rede de proteção. Nas palavras do poeta: "a esperança dança, na corda bamba de sombrinha, e em cada passo dessa linha, pode se machucar. Azar, a esperança equilibrista, sabe que o show de todo artista, tem que continuar" (BOSCO; BLANC, 1979).

 

Referências

BOSCO, J.; BLANC, A. O bêbado e a equilibrista, 1979.         [ Links ]

FERRY, L. Kant. Uma leitura das três "Críticas". Rio de Janeiro: Difel, 2010.         [ Links ]

KUNDERA, M. A insustentável leveza do ser. São Paulo, Cia das Letras, 1999.         [ Links ]

LACAN, J. (1974-75) O seminário, livro 22: RSI, inédito.         [ Links ]

RONA, P. O significante, o conjunto e o número – A topologia na psicanálise de Jacques Lacan. São Paulo, Annablume, 2012.

 

 

Endereço para correspondência
E-mail: analauraprates@terra.com.br

Recebido: 10/02/2016
Aprovado: 22/03/2016

 

 

* Psicanalista, Psicóloga. Mestre e Doutora em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da USP (IPUSP). Pós-Doutorado no Programa de Pós-graduação em Psicanálise do Instituto de Psicologia da UERJ. Pesquisadora convidada do LABEURN, UNICAMP. AME da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano – FCL-SP. Coordenadora da Rede de Pesquisa de Psicanálise e Infância das Formações Clínicas do Campo Lacaniano, além de transmitir em seus próprios Seminários. Autora, dentre outros, de Feminilidade e experiência psicanalítica (Haker, 2001), de De la fantasía de infancia a lo infantil de la fantasía (Letra Viva, 2012) e Da fantasia de infância ao intanfil na fantasia (Annablume, 2012) e La letra de la carta al nudo (Un-decir, Asociacion Foro del Campo Lacaniano de Medellín, 2015).

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