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Stylus (Rio de Janeiro)

versão impressa ISSN 1676-157X

Stylus (Rio J.)  no.33 Rio de Janeiro nov. 2016

 

ATUALIDADE DO LAÇO SOCIAL

 

Sair do discurso capitalista?1

 

To abandon the capitalist discourse?

 

 

Patrick Barillot*

Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano
Collège de Clinique Psychanalytique de Paris

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Lacan faz cintilar uma possível saída do discurso capitalista por meio da psicanálise. Mas ele não visava, como Marx, a ruína do sistema econômico produzido por esse discurso, mas apenas que a psicanálise tivesse primazia sobre ele.
Não há denúncia nem protesto contra a miséria do mundo que engendra o capitalismo, dado que, segundo sua tese, fazê-lo equivale a colaborar com esse discurso que se denuncia, e até mesmo reforçá-lo, algo em que Marx têm êxito.
Como, então, situar o psicanalista que não colabora e não protesta? O analista deve ser aproximado do santo, no sentido em que ele não faz caridade, mas se oferece como causa do desejo como objeto a.
O mal-estar na civilização deve ser colocado na conta do inconsciente na medida em que ele não pode dar corpo a uma fórmula que seja a da relação entre os sexos. O discurso capitalista comanda do gozar à vontade, sem limite, ao passo que o gozo é sempre limitado, a castração obriga.
Por ter uma chance de fazer o fala-ser sair desse assujeitamento, o psicanalista deve recolocar a castração em seu lugar e conduzir o sujeito à verdade singular de seu gozo.

Palavras-chave: Discurso capitalista, Mal-estar na civilização, Castração, Santo, Marx.


ABSTRACT

Lacan brings up the prospect of possibly abandoning the capitalist discourse through psychoanalysis. Unlike Marx, he did not aim for the collapse of the economic system generated by this discourse, but rather that it should be trumped by psychoanalysis. There is no denunciation or protest against the misery in the world resulting from capitalism since, according to his thesis, to do so means to collaborate with this discourse that is being denounced, and even to reinforce it, as Marx succeeded in doing so. Then, how to position the analyst who neither collaborates nor protests? The analyst may be taken as the saint in that he does not practice charity, but he offers himself as a cause of desire under the guise of object a. The malaise in civilization may be attributed to the unconscious in so much as it cannot embody a formula for a ratio between the sexes. The capitalist discourse controls from jouissance to desire, without any limit, while jouissance is always limited, castration obliges. If he is to stand a chance of relieving the "parlêtre" from such subjection, the psychoanalyst must put castration in its place and lead the subject to the singular truth of his jouissance.

Keywords: Capitalist discourse, Malaise in civilization, Castration, Saint, Marx.


 

 

A escolha deste título, "Sair do discurso capitalista?", numa forma interrogativa, foi feita para lhes indicar que desejo questionar a ideia, que esteve em voga na comunidade analítica, segundo a qual a psicanálise permitiria uma saída do discurso capitalista.

Esta tese se difundiu abundantemente na sequência daquilo que Lacan proprõe, em "Televisão", em resposta a uma questão sobre o lugar que o psicanalista deve ocupar diante da miséria do mundo, questão que os psis de toda sorte, e não são os únicos, suportam. Essa miséria estando reportada fortemente pela ideologia dominante da época ao discurso capitalista, o que, aliás, Lacan não recusa.2

Antes de responder a esta questão fundamental para a psicanálise e para os psicanalistas, Lacan começa por efetuar um balanço bastante radical, inaudível hoje em dia no politicamente correto, assim resumido: protestar contra essa miséria é entrar no discurso que a condiciona, o discurso capitalista, forma derivada do discurso do mestre, para, por fim, chegar a colaborar com esse discurso que se denuncia.

É uma tese maior de Lacan que se deveria ter em mente quando somos convocados a nos pronunciar sobre o estado do mundo; não se pode, seriamente, denunciar o discurso capitalista – e penso que isso é válido para todo discurso – porque "ao denunciá-lo eu o reforço – por normatizá-lo, ou seja, por aperfeiçoá-lo" (LACAN, 1973/2003, p. 517, grifos nossos).

Uma vez dito isso, coloca-se, de maneira ainda mais premente, a questão da posição que deve ocupar o psicanalista que não colabora nem protesta. Ela lhe é, evidentemente, colocada, mas, espantosamente, não figura no texto autorizado editado pela Seuil, ao passo que está bem presente no registro original de "Televisão" (LACAN, 1973/2003),3 tal como se pode encontrá-lo nos arquivos da INA4 ou em algumas transcrições.

Tenho como hipótese que o que Lacan enuncia naquela ocasião devia embaraçar o entrevistador, então em plena contestação do sistema capitalista. Se a questão desapareceu, a resposta, no entanto, permaneceu para nós.

Para responder a isso, Lacan começa por comparar o analista ao santo. Não o santo tal como é representado na iconografia religiosa, cercado pelos méritos de sua compaixão. Não. O santo, tal como Lacan o entende, não faz caridade, ao contrário, ele "descarita" fazendo-se dejeto. Ele não faz caridade porque não se ocupa em querer reparar a injustiça da distribuição de bens. Em outras palavras, ele não colabora com o discurso do mestre, o que também é esperado do psicanalista.

O santo e o analista têm isso em comum, por essa espécie de caridade do dejeto, de permitir, tanto um quanto outro, que o sujeito do inconsciente os tomem como causa de seu desejo.

O santo consegue isso fazendo-se realmente de rebotalho do gozo do Outro, fornecendo significante "para fritar",5 (LACAN, 1970/2003, p. 412) enquanto que o analista, e é aí que a comparação termina, não faz senão semblante deste rebotalho, em outras palavras, de objeto a.

Em seguida, Lacan propõe o que chama de seu princípio, não desprovido de humor e, sobretudo, de derrisão, parodiando um adágio bem conhecido, que pretende que "quanto mais santos, mais rimos" (LACAN, 1973/2003, p. 519). E acrescenta que isso poderia ser a saída do discurso capitalista e constituir um progresso se esta saída não se limitar somente a alguns.

Há uma questão sobre o que designa o "Ça", o "isso". Suponho que se trate da santidade do analista da qual ele nos fala.

Evidentemente, ao fazer cintilar uma possível saída do discurso capitalista, em 1973-74, isto imediatamente suscitou muita esperança no contexto social da época, antidiscurso do mestre, e alguns viram nisso a promessa de "amanhãs que cantam".6 A tal ponto que de uma saída possível – Lacan utiliza o condicional – do discurso capitalista alguns passaram à esperança, sempre vivaz, de uma saída do discurso capitalista e ponto.

Era esse o sentido do que Lacan propunha?

A perspectiva que ele nos dá é para ser levada a sério, ela não é circunstancial, mas não me parece que tenha havido a menor intenção em Lacan de propor uma saída do capitalismo no sentido do sistema econômico que engendra o discurso capitalista e, particularmente, o da economia de mercado. Ele não queria nem predizia a ruína do capitalismo, diferentemente de Marx, para quem o capitalismo continha, em si mesmo, a causa de sua própria queda.

Sem querer reduzir o discurso capitalista ao liberalismo econômico, fazer equivaler que sair do discurso capitalista é sair do capitalismo é uma extrapolação muito contestável.

Aliás, alguma vez se viu um psicanalista sair do capitalismo? Se ele quisesse teria se dado mal, pois o discurso não pode se sobrepor ao sistema econômico que ele determina.

É como se você dissesse que para sair do discurso universitário bastaria sair da universidade, de seus muros, quando se sabe muito bem que um discurso, tal como define Lacan, não se limita aos lugares nos quais prospera.

Poderíamos já ter uma ideia disso ouvindo como Lacan, no fim de seu seminário De um discurso que não fosse semblante (LACAN, 1970-71/2009, Aula de 16/06/1971), em 1971, avaliava as sequências políticas da denúncia marxista do capitalismo como o advento do socialismo real.

Lacan julgava o conjunto destas sequências como um capitalismo retomado em um discurso do mestre.

Em seguida, em seu seminário sobre O saber do psicanalista, em janeiro de 1972, ele vai direto ao ponto. Ele afirma que graças ao avanço de Marx, que fez do proletário o sujeito do discurso do capitalismo, o qual "se estendeu por todo lugar onde reina a forma de estado marxista" (LACAN, 1971-72/inédito, Aula de 06/01/1972). Não se poderia ser mais claro sobre a articulação entre reivindicação marxista, capitalismo e discurso do mestre.

Da mesma maneira, na ocasião de uma sessão de trabalho sobre o passe em 1975 (LACAN, 1975, p. 185-193), ele formulará que o sistema econômico reinante na URSS não é nada além de um capitalismo de estado.

Não se tratava senão de uma retomada de teses já desenvolvidas bem antes dele, em parte por anarquistas revolucionários dentre os quais um certo Mikhail Bakunin, um visionário, que via na implementação das teses de Marx "aplicação do capital à produção por meio do único banqueiro, o Estado".

Em suma, trata-se de um capitalismo reposto em ordem, como Lacan diz em "Televisão" (LACAN, 1973/2003, p. 531).

Essa constatação está inteiramente conforme sua tese sobre a denúncia do discurso capitalista. A denúncia do capitalismo por Marx, ao mostrar como o proletário era o sujeito do discurso capitalista e que a mais-valia subtraída a ele era sua mola propulsora essencial, conferiu a este discurso uma potência até então inigualada.

Para a URSS, os resultados são, agora, conhecidos por todos, até o colapso final do sistema em sua competição com o capitalismo liberal. Nesta época, a China mal estava despertando. Desde então, foi possível ver o que um capitalismo de estado, perfeitamente orquestrado por um partido comunista devotado ao discurso capitalista, podia obter como resultados econômicos num sistema aberto à mundialização das trocas.

Sair do discurso capitalista não visa, portanto, a ruína do capitalismo, mas, antes, como Lacan se expressa em sua "Nota italiana", fazer de forma que a análise continue a primar sobre ele (LACAN, 1974a/2003, p. 314).

Esse esclarecimento me parecia importante a fim de que, antes de entoar o lamento anticapitalista, se esteja certo de não se enganar de endereço, seguindo aí a recomendação de Lacan. Com efeito, em "Radiofonia"7 (LACAN, 1970/2003, p. 423), ele não aconselhava aos produtores – aos proletários, portanto – na perspectiva marxista da mais-valia, a pedir contas da exploração que sofriam ao mestre capitalista, mas, antes, aos objetos mais-de-gozar (Ibid., p. 435).8

Suplantar o mercado seria, portanto, nosso horizonte. Mas, por quê? E como?

Sobre a causa do mal-estar na civilização, ainda em "Radiofonia", ele é categórico: o mal-estar deve ser atribuído ao inconsciente (Ibid.).9

Freud teria pressentido isso sem, no entanto, formalizá-lo, como o fará Lacan ao fazer do real do inconsciente a impossibilidade do significante em "dar corpo a uma fórmula da relação sexual" (Ibid., p. 411),10 a origem desse mal-estar. Lacan extrai essa fórmula da "não relação sexual" dos ditos de Freud para deles fazer seu dizer, no qual ele considera que o mal-estar como falha na estrutura foi apenas pressentido por Freud.

Essa falta fundamental da "não relação" está aí desde sempre e presente em todas as formas de sociedade, mas nossa época tem em particular o fato de que o discurso capitalista primou sobre as outras formas de discurso. Mas não está nisso a única particularidade de nossa época.

A outra particularidade diz respeito ao fato de que a força desse discurso, longe de ser apaziguado pela ideologia da luta de classes, ao contrário, viu-se amplificado por esta ideologia que induz, como ele diz (Ibid., p. 435),11 o explorado, o proletário, a rivalizar sobre a exploração por princípio, para melhor abrigar aí sua queda da mais-valia, em outros termos, em linguagem analítica, sua queda da falta-de-gozar.

Como podem constatar, Lacan não fala de um discurso próprio ao proletário, o qual teria chegado a ele por meio de Marx. O que a ideologia da luta de classes associada ao discurso de Marx sobre o proletário produziu é o fato de fazê-lo entrar no discurso capitalista e, portanto, nele assujeitá-lo um pouco mais. Marx não somente definiu o sujeito do discurso capitalista – o proletário –, como também a causa de seu desejo de mais-valia.

Parece-me que Lacan não teria muitas variações no que diz respeito a essa tese. Ele a reformularia e a completaria em outro momento, sobretudo em "A terceira" (LACAN, 1974b/inédito),12 em 1974, quando diagnostica que não há senão um sintoma social, a saber, que "cada indivíduo é realmente um proletário, isto é, não tem nenhum discurso com que fazer laço social".

E ele acrescenta que Marx adornou este sintoma social de uma forma incrível com seu discurso que se pretendia emancipador da classe proletária. O que é incrível, na verdade, é, diz ele, que isso não mudou nada e que tudo continua exatamente como antes.

Que tudo continue como antes das revoluções marxistas é, certamente, o que justifica este papel de baby-sitter da história atribuído ao Partido Comunista em "Radiofonia" (LACAN, 1974a/2003, p. 423).13

Mas essa constatação data dos anos 1970, do tempo do capitalismo industrial. Desde então, o discurso capitalista ganhou embalo, se ampliou, planetarizou, mundializou conjuntamente com a expansão de sua financeirização.

Seria, então, esse o indivíduo proletário, que seria o sintoma social, como não é raro que se leia? Ao se tomar as coisas assim, permaneceríamos na retórica marxista.

O que faz sintoma no social é que cada indivíduo, isto é, que todos os indivíduos, sejam proletários no sentido em que Lacan entende isso, ou seja, sem discurso para fazer laço social.

Diferentemente dos quatro outros discursos que organizam um laço social ali onde falta a relação entre os sexos, ao atribuir um lugar a cada um e organizar as relações dos corpos entre os indivíduos, o discurso capitalista, derivado do discurso do mestre, não organiza nenhum deles.

Ele apenas privilegia o lugar do mais-de-gozar – equivalente da mais-valia como causa do desejo válido para todos.

Esta causa única do desejo é colocada como princípio de uma economia que produz cada vez mais objetos e semblantes para satisfazer nossa insaciável falta-de-gozar. Trata-se de um discurso que manda gozar incessantemente dos objetos que ele coloca à nossa disposição, prometendo-nos um gozo sem limite ali onde o gozo é, de fato, limitado, como a castração obriga.

O proletário, assim definido, é um indivíduo totalmente ocupado com seu gozo solitário, fora do laço social, com tudo o que isso implica como consequência, a saber, uma precariedade de seu modo de gozo que alimenta sua queixa (LACAN, 1973/2003, p. 533).14

Quando, como hoje, emerge um discurso do mestre particularmente feroz, cruel e sanguinário, tendo como fonte um fundamentalismo religioso, é certo que para alguns ele se torna uma maneira de tratar a instabilidade e a precariedade de seu modo de gozo.

Que pode a psicanálise fazer?

Já por sua prática, a psicanálise instaura um laço social a dois, ali onde falta a relação sexual. Mas este laço social não pode durar toda uma vida.

Para operar uma saída durável do discurso capitalista, a análise deve começar por recolocar a castração em seu lugar. O gozo é forçosamente limitado e tem seus impasses – a não relação – que a corrida infinita aos objetos de consumo de toda sorte, não apenas os gadgets, mas também as drogas, não resolverá.

E depois, ao conduzir o sujeito à verdade singular de seu gozo, fixado em seu sintoma, gozo que não interessa ao discurso capitalista, todo ocupado em produzir mais-de-gozar válidos para todos, universalisáveis, a análise antepara a instabilidade e a precariedade do modo de gozar.

Se quisermos que a psicanálise não desapareça no futuro, no discurso capitalista, como fazem as psicoterapias em geral, é preciso que os psicanalistas continuem a produzir um saber sobre as coisas do amor e do sexo, forcluídas deste discurso. Parece-me que é o sentido do que nos é requisitado fazer para dar dividendos no mercado, contribuir com a elaboração do saber sobre a não relação sexual (LACAN, 1974a/2003, p. 314).15

Este saber deve sempre ser inventado, para cada analisante que vise a se tornar analista, e o passe é o lugar específico onde pode se recolher esse saber adquirido por cada um.

É uma virtude do passe: poder objetivar esta saída do discurso capitalista própria a cada analisante.

Mas esta visada epistêmica se duplica, também, em uma dimensão política das instituições psicanalíticas. É certo que, ao estabelecer esse modo de nominação dos analistas da escola, Lacan tenha querido sair do funcionamento institucional do discurso do mestre, o qual presidia, e preside ainda, o modo de recrutamento dos analistas nas sociedades psicanalíticas.

Não estando as nossas instituições psicanalíticas organizadas pelo discurso analítico, pergunto-me se Lacan não tinha, também, a ideia de uma saída, por meio do passe, do discurso do capitalismo em nível institucional, discurso que não é senão, lembremo-nos, a versão moderna do discurso do mestre.

Diferentemente de outros procedimentos de garantia, a nominação pelo passe não procede de um espírito de concorrência, nem segundo critérios de notoriedade, de serviços prestados, de qualidade do trabalho fornecido, seja ele analítico ou institucional. É isso que, muitas vezes, é difícil de aceitar quando uma pessoa merecedora no plano dos critérios precedentes não é nomeada.

O dispositivo do passe não visa ao tipo de mais-de-gozar que faz dizer: "isto é alguém", como expressa Lacan em Radiofonia (LACAN, 1974a/2003, p. 413). Mas encoraja o passante a testemunhar sobre o que o leva a funcionar, na análise, como representante do objeto a, a testemunhar, diria eu, sua "santidade".

É, certamente, menos glorioso que o manejo de fórmulas antidiscurso capitalista mas, apostemos, mais eficaz para controlá-lo, evidentemente não no nível macroeconômico, mas, mais modestamente no nível microeconômico, o de nosso funcionamento institucional.

 

Referências

LACAN, J. (1970). "Radiofonia" In: Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.         [ Links ]

__________. (1970-71). O seminário, livro 18: De um discurso que não fosse semblante. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.         [ Links ]

__________. (1971-72). Le séminaire Le savoir du psychanalyste, inédito.         [ Links ]

__________. (1973). "Televisão" In: Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.         [ Links ]

__________. (1974a). "Nota italiana" In: Outros escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.         [ Links ]

__________. (1974b). "A terceira", inédito.         [ Links ]

__________. (1975). "Intervention dans la séance de travail 'Sur la passe' du samedi 3 novembre" In: Lettres de l'École freudienne. Paris, n° 15, pp. 185-193.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
104 bd Saint-Germain
75006, Paris
Tel. (33)142223380
E-mail: pbarillotepfcl@gmail.com

Recebido: 03/08/2016
Aprovado: 12/09/2016

 

 

Tradução: Sonia Magalhães
Revisão da tradução: Cícero Oliveira e Dominique Fingermann
* AME da EPFCL. Psiquiatra, ensinante no Collège de Clinique Psychanalytique de Paris.
1 Intervenção apresentada na ocasião das Jornadas da EPFCL-França em outubro de 2015.
2 "Menos ainda na medida em que, ao referir essa miséria ao discurso do capitalista, eu o denuncio" (LACAN, 1973/2003, p. 516, grifos nossos).
3 Cf. Arquivos da INA: "Como, então, situar o analista, a seu ver, que não colabora, mas tampouco protesta?"
4 Nota do tradutor: Institut National de l'Audiovisuel.
5 "Quando não há mais significante para fritar – é isso que o santo fornece".
6 Nota do tradutor: "Les lendemains qui chantent", conhecida expressão do político e jornalista Gabriel Péri (1902-1941), transformada em lema comunista alusivo ao futuro feliz do povo após a revolução socialista.
7 "Questão II: Por exemplo, os produtos a cuja qualidade, na perspectiva marxista da mais-valia, os produtores, mais do que ao patrão, poderiam pedir contas da exploração que sofrem".
8 "Questão V: E esta será uma oportunidade de observar que isso em nada modifica o discurso implacável que, complementando-se com a ideologia da luta de classes, apenas induz os explorados a rivalizarem na exploração por princípio, para protegerem sua participação patente na sede da falta-de-gozar".
9 "O instrutivo é que essas formulações correm às ruas (exceto pela lógica, é claro, da qual eu as supro). O fato de emergirem sob a forma de um mal-estar, que Freud só fez pressentir, haveremos de imputá-la ao inconsciente? Certamente, sim: aí se indica que alguma coisa trabalha".
10 Essa divisão repercute as aventuras do ataque que, do mesmo modo, o fez confrontar-se com o saber sexual – traumaticamente –, por estar esse assalto condenado, de antemão ao fracasso, pela razão que enunciei: que o significante não é apropriado para dar corpo a uma fórmula que seja da relação sexual. Daí minha enunciação: não há relação sexual – subentenda-se: formulável na estrutura".
11 "E esta será uma oportunidade de observar que isso em nada modifica o discurso implacável que, complementando-se com a ideologia da luta de classes, apenas induz os explorados a rivalizarem na exploração por princípio, para protegerem sua participação patente na sede da falta-de-gozar".
12 "Só há um sintoma social: cada indivíduo é realmente um proletário, quer dizer, não há nenhum discurso do qual se faça laço social; dito de outra maneira, semblante. É isso que Marx reteve, reteve de uma forma inacreditável. Assim dito. Assim feito. O que ele emitia implica que não há nada a mudar. É bem por isso, aliás, que tudo continua exatamente como antes".
13 "Quando se reconhecer o tipo de mais-de-gozar que leva a dizer 'isto é alguém', estaremos no caminho de um material dialético talvez mais ativo do que a carne do Partido, empregada como baby-sitter da história. Esse caminho, o psicanalista poderia esclarecê-lo por seu passe."
14 "Somando-se a isso a precariedade de nosso modo, que agora só se situa a partir do mais-de-gozar"
15 "Que ele não se autorize ser analista, porque nunca terá tempo de contribuir para o saber, sem o que não há chance de que a análise continue a dar dividendos no mercado, isto é, de que o grupo italiano não fique fadado à extinção. O saber em jogo, eu emiti o princípio como do ponto ideal que tudo permite supor quando se tem o sentido da épura: trata-se de que não existe relação sexual, relação aqui, quero dizer, que possa pôr-se em escrita".

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