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Psic: revista da Vetor Editora

Print version ISSN 1676-7314

Psic vol.5 no.1 São Paulo June 2004

 

ARTIGOS

 

Precisão do Teste de Zulliger

 

Accuracy of Zulliger Test

 

 

Deuslira de Araújo Candiani 1

Universidade Federal de Minas Gerais

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Cinqüenta alunos que iniciavam o curso de Psicologia numa Faculdade Particular de Belo Horizonte, em 1988, foram submetidos ao teste de Zulliger e, após quatro anos, foram testados novamente com a finalidade de verificar a precisão desse instrumento. Os resultados da Fórmula Vivencial K:C e da Fórmula de controle emocional FC: CF + C foram comparados com o Test and for Two Proportions A; B e do Whitney test and CI : A : B. Do resultado conclui-se que o Z Test é um instrumento fidedigno, podendo ser utilizado.

Palavras-chave: Validade, Inteligência, Teste de Zulliger.


ABSTRACT

Fifty students who were beginning psychology course of private college in Belo Horizonte city, in 1988, were submitted to Zulliger Test. Then after four years, they were submitted again to it to check the accuracy of this instrument. The results of Existential Formula, K:C and Emotional Control Formula, FC:CF+C were compared using the Test and Two Proportions A;B and Whitney Test and CI:A:B. From this result, we can prove that Z Test is a reliable and it can be used.

Keywords: Validity, Intelligence, Zulliger Test.


 

 

Introdução

Com objetivo de obter dados sobre a Precisão do Teste de Zulliger, este foi aplicado num grupo de estudantes de psicologia. Cinqüenta alunos, que iniciavam o curso (em 1988) em uma faculdade particular de Belo Horizonte, submeteram-se à aplicação coletiva do Zulliger. Ao serem retestados quatro anos depois, seus resultados nos dois momentos foram confrontados quanto à fórmula vivencial K : C, e quanto à fórmula de controle emocional FC : CF + C. Com esses elementos pretendeu-se avaliar relevantes aspectos da personalidade, num intervalo de quatro anos.

A fórmula primária (F . P : SK : SC) compreende a comparação entre a soma das grandes cinestesias humanas (SK) e a soma ponderada das respostas de cor (SC). A relação na qual essas duas polaridades combinam-se em um indivíduo co-determina uma parte essencial da inteligência, do caráter e das potencialidades psíquicas. Segundo Rorschach (1932) são aspectos dinâmicos que correspondem à direção dos movimentos psíquicos e que podem ser dirigidos ao interior (introversão) ou ao exterior (extroversão).

Já a fórmula de controle (F . C : CF + C) nos dá o grau de controle externo do indivíduo: se a razão exerce domínio sobre a emoção ou se, pelo contrário, a emoção sobrepõe-se aos aspectos racionais. Ela evidencia se o sujeito possui amadurecimento afetivo capaz de troca de afeto e uma afetividade socializada.

 

Método

Descrição da amostra

Denominou-se A o conjunto de protocolos obtidos com estudantes de ambos os sexos que iniciaram o curso de Psicologia. Numa amostra cuja faixa etária situava-se entre 17 e 30 anos, com concentração acentuada entre 17 e 22 anos, com ensino médio completo, sendo que 18% dos sujeitos já possuíam curso superior na época da aplicação.

A amostra foi assim distribuída:

 

 

O conjunto de protocolos com os mesmos sujeitos quatro anos depois denominou-se B. A amostra apresentou pequena variação somente quanto à profissão. Com acentuada concentração de estudantes estagiários.

Procedimento

Nos dois momentos os sujeitos submeteram-se à forma coletiva de aplicação do Zulliger, seguindo as mesmas instruções e situação de aplicação.

No momento A, foi explicado aos estudantes que participariam de uma pesquisa cujo resultado lhes seria oferecido quando estivessem no último ano da faculdade, ao cursarem a disciplina Técnica de Exame da Personalidade. Foi solicitado que assinassem um documento em duas vias, dando seu consentimento em particular da pesquisa, e informando se já conheciam o Zulliger ou Rorschach (em caso afirmativo esses protocolos seriam eliminados da pesquisa). A apresentação da cópia desse documento lhes daria direito de, após a segunda parte da pesquisa, receberem feedback sobre seu resultado.

Quatro anos depois, os protocolos B foram obtidos. Os alunos já esperavam a atividade, pois iniciariam o estudo do Zulliger em Técnicas de Exame da Personalidade, e isso fazia parte dos pré-requisitos para a cadeira. Selecionaram-se os protocolos dos sujeitos que faziam parte do conjunto A. O modo de aplicação, as instruções e a quantificação foram os mesmos.

 

Resultados

 

 

 

 

 

Diferenças significativas no valor assumido pelo coeficiente K nos dois grupos e nenhuma diferença entre os grupos pelo coeficiente C (P valor > 0,05).

Fórmula primária: proporção de extroversivos nos dois grupos.

Z = 0,74

P = 0,459 > 0,05

A mesma proporção de extroversivos em A e B (Test and CI for Two Proportions A;B).

C 66,5 0,8071 > 0,05 A = B

 

 

Não se observou diferença significativa entre os grupos A e B.

As fórmulas ambiguais não possibilitaram tratamento estatístico devido à baixa freqüência na população testada.

 

 

Para análise dos resultados da fórmula de controle emocional – FC : CF + C criou-se uma escala em que os cinco tipos de fórmulas encontradas receberam diferente ponderação.

Foi utilizado um teste de médias para comparar o procedimento do grupo no teste e reteste quanto ao controle emocional (Mann – Whitney test end CI : A : B).

W = 262,7 P = 0,8570 > 0,05

Não houve diferença significativa entre os dois grupos.

 

Conclusão

Os resultados encontrados confirmam a Precisão do Teste de Zulliger. Em dois momentos de um mesmo grupo, com intervalo de quatro anos, a vivência interior e o controle emocional não apresentaram diferença significativa.

No quesito extroversão houve diferença significativa no valor assumido pelo coeficiente K nos dois grupos. Provavelmente por mudanças do grupo B quanto à variável idade, curso de psicologia. Em todos os demais quesitos avaliados os resultados obtidos permitem concluir que o instrumento é preciso e fidedigno para ser utilizado pela Psicologia.

 

Referências

Primi, R. (2003). Inteligência: avanços nos modelos teóricos e nos instrumentos de medidas. Rev. Avaliação Psicológica, 1 (2), pp. 67-77.        [ Links ]

Rorschach, H. (1932). Psychodiagnostik. Berna, Suíça: Ed. Huber.        [ Links ]

Zulliger, H. (1957). Le test Zulliger collectif. Berna, Suíça: Ed. Huber.        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Rua dos Trópicos, 134/302 CEP: 30350-630, Belo Horizonte-MG
E-mail: deusliracandiani@yahoo.com.br

Encaminhado em 23/12/03
Revisado em 30/04/04
Aceito em 29/05/04

 

 

Sobre a autora:

1 Deuslira Maria de Araújo Candiani: Mestre em Psicologia pela UFNG; Profa. de Técnicas de Exame na UFMG, FCH - FUMEC; Centro Universitário Newton de Paiva - Psicóloga Clínica.