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Psic: revista da Vetor Editora

Print version ISSN 1676-7314

Psic vol.6 no.2 São Paulo Dec. 2005

 

EDITORIAL

 

Estamos apresentando o segundo número de 2005 da Revista Psic, periódico destinado à publicação de artigos, trabalhos teóricos e resenhas de temas relacionados à psicologia. Parece não haver dúvida de que a elaboração de uma revista científica é uma tarefa árdua; que envolve um grande número de personagens. Quanto ao público que lê, resta-nos a dúvida: a quem chega essa informação? É com essa reflexão que gostaríamos de abrir o editorial desse número.

Há um volume considerável de periódicos brasileiros, assim como há mais de 50 anos já era publicada a primeira revista nacional, mas o acesso a eles ainda não é democrático. Assim, independentemente das razões, uma grande parcela de estudantes e profissionais não inclui a leitura de revistas científicas na rotina de seu estudo e aprimoramento. O material publicado nesses volumes tende a oferecer informações mais atualizadas e, conseqüentemente, uma formação mais bem fundamentada.

Sob essa perspectiva, recentemente as revistas brasileiras passaram por uma avaliação, fruto da parceria entre CAPES e ANPEPP. O resultado foi um aumento da qualidade de uma forma geral, com vistas à manutenção do canal de diálogo entre editores e comunidade científica, a fim de se aprimorar a avaliação, bem como de ampliar a publicação de periódicos eletrônicos.

Com o objetivo de expandir o acesso aos trabalhos publicados, tem havido um maior investimento nas bibliotecas virtuais. A razão principal é a possibilidade de divulgação de um maior número da produção científica em Psicologia e áreas afins por meio da publicação de periódicos em formato eletrônico e sua disponibilização gratuita na Internet. A Psic também está se atualizando e, a partir deste ano estará disponível na PePsic, Periódicos Eletrônicos em Psicologia. Espera-se, com isso, o amplo acesso ao periódico como um todo.

A maior visibilidade de um periódico é alcançada com sua inclusão em bases de dados. Assim, é motivo de comemoração que mais revistas de psicologia possam ter seus textos completos recuperados por estudantes, pesquisadores e profissionais da área.

Com satisfação a revista Psic disponibiliza à comunidade científica os textos aqui divulgados. Cada um dos autores traz contribuições relevantes que certamente favorecerão o avanço do conhecimento em nossa área, instigando outros pesquisadores à reflexão e à realização de outras pesquisas.

Preocupadas com o corpo docente do ensino fundamental, Cláudia Araújo da Cunha e Ana Lúcia Costa e Silva fizeram o estudo publicado como Representações sociais de família para um grupo de professoras. De acordo com seus resultados, na opinião das professoras, a família deve ser organizada nos moldes tradicionais, pois esse modelo é ainda concebido como adequado para o desenvolvimento do indivíduo. Em razão disso, fazem uma reflexão sobre a possibilidade de reorganização dos conteúdos ministrados nos cursos de formação de professores, como também sobre uma proposta de intervenção, para sensibilizá-los para as demandas familiares contemporâneas.

Por sua vez, Daniel Bartholomeu publica texto denominado Traços de personalidade e características emocionais de crianças, produto de sua pesquisa. Trabalho com a Escala de Traços de Personalidade em Crianças e o Desenho da Figura Humana, no que concerne a critérios para avaliar aspectos emocionais. Seus resultados indicaram que alguns indicadores dos desenhos da Figura Humana, como também sua quantidade, apresentaram correlações significativas com os traços de personalidade estudados. Dos grupos extremos formados em razão das pontuações dos diferentes traços de personalidade, somente os grupos do traço de psicoticismo diferenciou o total de problemas emocionais.

O manuscrito Una revisión de los modelos de la memoria de reconocimiento y sus hallazgos empíricos, Débora Cecílio Fernandes, retrata o panorama dos estudos sobre memória de reconhecimento, seus diversos modelos explicativos, bem como os achados científicos que sustentam os dois processos (lembrança e a familiaridade) envolvidos. Além disso, aborda os métodos utilizados ao longo das últimas décadas para a sua medida e estimativa. Aponta que estudos concernentes à velocidade de processamento sugerem que a familiaridade é mais rápida que a lembrança, indicando que são processos distintos. Em contraposição, estudos com pacientes amnésicos possuem déficit de lembrança mais severo que de familiaridade.

José Maria Montiell, Alessandra Gotuzo Seabra Capovilla, Arthur de Almeida Berberian e Fernando César Capovilla forneceram o texto Incidência de sintomas depressivos em pacientes com transtorno de pânico. Caracterizam o transtorno de pânico como um tipo específico de distúrbio de ansiedade, no qual há ataques de pânico recorrentes e inesperados, seguidos por pelo menos um mês de preocupação persistente sobre ter outro ataque ou suas conseqüências. Seus dados indicaram que 76% dos participantes apresentaram depressão significativa, como também a presença de correlação positiva entre os escores do Inventário Beck de Depressão e do Inventário Beck de Ansiedade. Essa correlação indicou que quanto maior a ansiedade, tanto maior a depressão.

A ansiedade foi também tema da pesquisa de Marcos Antonio Batista e Sandra Maria da Silva Sales Oliveira em seu texto Sintomas de ansiedade mais comuns em adolescentes. Os sintomas de ansiedade pesquisados são os descritos pelo CID 10 e DSM IV. Dentre seus resultados, destaque merece ser dado no que se refere à nítida diferença entre gênero quanto a manifestações de sintomas de ansiedade, possibilitando a caracterização de 20 sintomas de ansiedade mais específico para o gênero masculino e oito sintomas para o gênero feminino. As adolescentes além de manifestarem menos sintomas que os adolescentes, revelaram atitudes de atuação frente a situações ansiogênicas.

Maria Cristina Rodrigues Azevedo Joly, Gisele Mueller Roger Welter, Ronei Ximenes Martins, Janete Marini, José Maria Montiel, Flávia Lopes e Marlene Ribeiro informaram o estudo para a validação de conteúdo de um instrumento no texto Sistema de avaliação para testes informatizados (SAPI): estudo preliminar. Constataram uma correlação moderada ao analisar as informações fornecidas por especialistas sobre os 42 itens do instrumento, mas ao estudar cada um dos três segmentos as correlações foram substancialmente mais altas. Esse dado possibilitou aceitar a validade de conteúdo, ainda que mais estudos sobre o SAPI devam ser realizados.

No estudo intitulado O processo interativo mãe-bebê pré-termo, Silvana Alba Scortegagna, Christiane Albuquerque de Miranda, Denise Streit Morsch, Rejane Agnes de Carvalho, Janaina Biasi e Fernanda Cherubini retrataram os sinais de desenvolvimento do vínculo afetivo no ambiente hospitalar. Constataram que as interações díádicas mãe/bebê, nas categorias corporal e vocal, foram adequadas em 55,5%, sendo que nas categorias visual e facial foram de 44,4%. Suas conclusões indicaram que as trocas entre bebe-cuidador são reais interações, observáveis em termos de postura corporal, modulação da linguagem, contato visual e suas expressões faciais.

Por fim, há o estudo de Nilton Soares Formiga, Igor Ayroza e Lunna Dias, relatado no texto Escala das atividades de hábitos de lazer: construção e validação em jovens, no qual narra sua pesquisa para a construção de um instrumento. Encontrou por meio de uma análise fatorial de eixos principais três fatores, quais sejam, hábitos hedonistas, lúdicos e instrutivos. Quanto à precisão, o alfa de Cronbach para o primeiro fator foi considerado satisfatório, enquanto que para os dois outros, aceitáveis. Em razão disso, sugeriu uma revisão de itens e novo estudo psicométrico.

Este número conta também com três resenhas. Bianca Carolina Vendemiatto fez uma análise e avaliou o livro Magro. E agora? - Histórias de obesos mórbidos que se submeteram à cirurgia bariátrica. Seus comentários sugerem uma leitura interessante e agradável. Por sua vez, com base em sua leitura e comentários pertinentes, Sidney Shine indica a leitura do livro Fundamentos da perícia psicológica forense. Finalmente o livro Questões do cotidiano universitário é apresentado por Arthur de Almeida Berberian com interessantes e agudas observações.

Fermino Fernandes Sisto
Editor