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Psic: revista da Vetor Editora

versão impressa ISSN 1676-7314

Psic v.7 n.1 São Paulo jun. 2006

 

EDITORIAL

 

O primeiro semestre de 2006 possibilitou reflexões acerca da publicação científica em psicologia. Há tempos já vinha sendo feitas reuniões para se discutir a formação de uma organização de editores de revistas de psicologia. Finalmente foi criada a Associação Brasileira de Editores Científicos em Psicologia (ABECIP) à qual desejamos um profícuo trabalho. Em maio houve o XI Simpósio da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP), ocorrido em Florianópolis, que se destinou, dentre outros objetivos, a debater a formação, o ensino e a pesquisa na pós-graduação brasileira. Especialmente no fórum de discussão sobre a Produção Científica em Psicologia, foram abordados os critérios estabelecidos para a avaliação da qualidade de periódicos e livros, com o intuito de revê-los, aprimorá-los e adequá-los à realidade da publicação brasileira. Nesse particular, o resultado do processo, ainda em curso, tende a ser promissor, visto que as metas pretendidas, embora com alguma variação, versam sobre a melhora da qualidade dos veículos de divulgação de ensaios teóricos e estudos científicos.

Ainda no que respeita à agenda de 2006, no segundo semestre, dois outros eventos merecem destaque, quais sejam, o II Congresso Brasileiro de Psicologia: Ciência e Profissão e a XI Conferência Internacional Avaliação Psicológica: Formas e Contextos. O primeiro tende a agregar profissionais de todo o Brasil, nas suas diversidades regionais e especificidades de olhares. O eixo temático, Ciência e Profissão, possibilitará a apresentação de temas variados, assim como de inúmeras modalidades de discussão, tais como mesas redondas, simpósios, conferências, cursos, dentre outras. Ao lado disso, o segundo evento, embora menor, tem caráter internacional e será realizado em Portugal, na Universidade do Minho. A proposta dos organizadores é fomentar a prática e a pesquisa na área de avaliação psicológica a partir da reunião de pesquisadores e docentes de diferentes lugares do mundo.

Acredita-se que, neste breve início do editorial da Psic, os elementos prioritários para o desenvolvimento da psicologia enquanto "ciência e atuação profissional" foram citados; a formação, a pesquisa, a produção e os eventos científicos. Parece não haver segredos ou "fórmulas misteriosas" para que a ciência caminhe e, sob essa perspectiva, a reunião de cada um desses aspectos é tarefa a ser administrada pelos profissionais, pesquisadores e docentes da psicologia brasileira.

Neste número a pesquisa e sua divulgação tomam corpo em 10 contribuições inéditas, além de três resenhas. São textos que abarcam uma variedade de temas e abordagens teóricas e que são sumariadas, a seguir, com vistas a fornecer uma visão global da produção aqui publicada.

No texto Unidimensionalidade em testes psicológicos: Conceito, estratégias e dificuldades na sua avaliação de Florbela Vitória, Leandro S. Almeida e Ricardo Primi foi feita uma revisão das principais definições do conceito e métodos de avaliação. Discutiram, ainda, os aspectos que poderiam interferir na resposta e que a determinação da unidimensionalidade seria uma questão de grau e não possuiria critérios consensuais.

Bruno Birro Coutinho e Zeidi Araujo Trindade organizaram seu texto As representações sociais de saúde no tratamento da leucemia e linfoma sob três momentos. O diagnóstico associou-se à idéia de morte, o decorrer do tratamento evidenciou o retorno à vida normal e no pós-tratamento as representações se referiram ao planejamento do futuro. Concluíram que essas representações sociais foram mostradas como que pensadas com base em determinantes sociais.

O interesse pela leitura e rendimento escolar desencadeou o texto Compreensão de textos e desempenho acadêmico de Katya Luciane de Oliveira e Acácia Aparecida Angeli dos Santos. Seus resultados evidenciaram uma significativa associação entre a compreensão em leitura dos estudantes e o seu desempenho acadêmico, levando em conta as faixas etárias e gênero.

Preocupada com os modos de aprender em contextos educacionais, Teresa Cristina Siqueira Cerqueira apresentou suas reflexões no texto O professor em sala de aula: reflexão sobre os estilos de aprendizagem e a escuta sensível. Discutiu as contribuições sobre os estilos de aprendizagem e o que o aprender resultaria do diálogo entre o saber e o conhecer, que passaria por uma relação de empatia entre quem aprende e quem ensina em um processo dialético.

Makilim Nunes Baptista, Adriana Said Daher Baptista e Erika Cristina Rodrigues Torres correlacionaram a sintomatologia depressiva e ansiosa com o suporte social em gestantes durante o pré-natal e relataram seus resultados em Associação entre suporte social, depressão e ansiedade em gestantes. Defenderam a importância do suporte social nesse período da vida da mulher, valendo-se das correlações entre as medidas estudadas.

O texto de Selma de Cassia Martinelli e Thelma Pontes Borges, denominado Desempenho acadêmico e integridade do ego, analisa crianças do ensino fundamental. Seus resultados mostraram uma correlação negativa entre força do ego e desempenho em escrita, ou seja, pessoas com ego fragilizado tiveram um desempenho inferior na produção escrita quando comparado ao grupo com ego forte.

Considerando que a escrita é uma das formas de linguagem mais requisitadas pela escola, Adriana Cristina Boulhoça Suehiro investigou eventuais diferenças entre crianças. Em seu manuscrito Dificuldade de aprendizagem da escrita num grupo de crianças do ensino fundamental relatou diferenças significativas entre a dificuldade de escrita e idade, gênero e natureza jurídica da escola.

O fator g foi a preocupação de Fermino Fernandes Sisto, Alexandre Ferreira e Maria Paula Barco Matos que escolheram dois testes criados para avaliar postulantes à aquisição da Carteira de Habilitação Nacional. O texto intitulado TCR e R1: duas medidas do fator g informa que parte substancial da variância foi comum, indicativo de que mediriam um mesmo mecanismo psicológico. Entretanto, o R1 discriminou apenas no intervalo de 20-40 pontos, enquanto que o TCR que avaliou em toda sua extensão.

Por sua vez, José Clerton de Oliveira Martins e Adriana de Alencar Gomes Pinheiro forneceram o texto Sofrimento Psíquico nas Relações de Trabalho. Seus dados revelaram evidência de sofrimento psíquico nas relações de trabalho, em razão da falta de habilidade dos gestores. Mais ainda, o trabalho estaria associado a uma necessidade de sobrevivência para o trabalhador, enquanto que para organização, representaria a vida de uma pessoa.

Lucilena Vagostello, Andréia de Souza Oliveira, Ana Maria da Silva, Valéria Donofrio e Tânia Cristina M. Moreno mostraram relataram seu estudo em Práticas de Escolas Públicas e Privadas diante da Violência Doméstica em São Paulo. Indicaram que os profissionais identificariam as situações de maus-tratos, mas não fizeram os encaminhamentos às autoridades. Defenderam que os profissionais da educação não estariam preparados para abordar adequadamente a questão e poderiam colocar em risco seus alunos.

Finalmente, são apresentadas três resenhas. Na primeira delas, Rodolfo Augusto Matteo Ambiel comenta e recomenda a leitura do livro POPI - Programa de Orientação Profissional Intensivo: outra forma de fazer Orientação Profissional. Na segunda, Dario Cecilio Fernandes analisa criticamente a obra Mitos familiares e escolha profissional: uma visão sistêmica. Por último, a obra Arteterapia no novo paradigma de atenção em saúde mental, lida e comentada por Monalisa Muniz Nascimento, foi considerada como um tema bastante interessante.

Fermino Fernandes Sisto
Editor