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Psic: revista da Vetor Editora

versão impressa ISSN 1676-7314

Psic v.7 n.2 São Paulo dez. 2006

 

EDITORIAL

 

Estamos encerrando o ano de 2006 com um saldo bastante positivo no que se refere às publicações brasileiras. Atualmente são 77 revistas de psicologia classificadas pelas CAPES/ANPEPP. Para 2007, tem-se em vista a reavaliação dos periódicos, a fim de dar continuidade ao processo de aprimoramento dos veículos nacionais. Em acréscimo, tem havido um esforço coletivo para que seja garantido o acesso à informação rápida por meio da disseminação da informação em um espaço virtual reconhecido. Com isso, pretende-se que pesquisadores, psicólogos e interessados na área tenham um acesso online eficiente, o que tende a colaborar com a atualização constante dos profissionais, assim como para o desenvolvimento da pesquisa científica no país.

No tocante ao último aspecto, a parceria com outras instituições da América Latina tende a reforçar os laços de solidariedade entre países vizinhos, a fim de compartilhar os manuscritos teóricos e relatos de pesquisa qualificados. Os bancos de dados dessa natureza devem trabalhar com fontes de informação e obedecer às normas de qualidade e de metodologias de acesso. No entanto, para que isso ocorra com maior regularidade, ou seja, para que profissionais e pesquisadores tenham acesso ao amplo espectro de publicação sobre o tema de interesse, ainda faz-se necessário grande investimento de pesquisadores, de autores, de conselhos editoriais, de editoras e da política de editoração eletrônica. Espera-se que no próximo ano estejamos ainda mais organizados.

Este número oferece dez artigos e duas resenhas. Há textos fundamentados na psicologia social, na psicanálise, na psicometria e na saúde. Instituições, as mais diversas, trabalharam com delineamentos bastante diferenciados, o que possibilita observar a miríade de preocupações da psicologia.

Assim que, preocupados em analisar a influência social na geração de consensos utilizando a noção de centralidade sociocognitiva, Jorge Vivas e Lila Ricci escreveram o texto Matriz de Creencias Compartidas y Centralidad Sociocognitiva en toma de decisión modulada por el canal. Defenderam a hipótese de que as pessoas com mais centralidade exerceram maior influência na constituição do produto grupal, mesmo mudando o canal de comunicação. Concluíram que a centralidade sociocognitiva depende da centralidade inicial e do nível de discrepância entre a medida final e o consenso do grupo.

O interesse por adolescentes em conflito com a lei levou Daniel Henrique Pereira Espíndula, Alexandre Cardoso Aranzedo, Zeidi Araújo Trindade, Maria Cristina Smith Menandro, Milena Bertollo e Rafaela Kerckhoff Rölke a relatarem seu estudo intitulado Perigoso e carente: representações de adolescentes em conflito com a lei em material jornalístico. Esse estudo organizou os significados identificados em dois eixos: Adolescentes e práticas delituosas e Sistema socioeducativo. Concluíram que depois do Estatuto da Criança de do Adolescente ter completado 15 anos, a representação adolescentes ainda vale-se dos significados subjacentes ao antigo Código de Menores.

Cláudio Garcia Capitão e Érica Bonfá Carvalho estudaram as significações da saúde e da doença e apresentaram suas ponderações no texto Psicossomática: duas abordagens de um mesmo problema. Argumentaram que se Pierre Marty defendeu a patologia somática como resultado da impossibilidade de elaboração psíquica das excitações, Joyce Mcdougall defendeu que fantasias aterrorizantes podem ser bloqueadas da consciência, gerando respostas somáticas. Com base no fato de que o sintoma é a saída para o conflito psíquico, concluíram que o adoecer pode ser uma tentativa de estabelecimento de equilíbrio para o corpo.

Por sua vez, Maria Juracy Filgueiras Toneli aborda seu interesse pela sexualidade no texto Homofobia em contextos jovens urbanos: contribuições dos estudos de gênero. Foi caracterizado o caráter homofóbico dos discursos de jovens com base no temor ao assédio de homossexuais e no risco de sua reputação se identificado por sua amizade com gays. Ao lado disso, detectou explicações baseadas em essencialismos biológicos e/ou em fundamentalismos religiosos. Sua conclusão apontou para preconceitos, embora alguns depoimentos relativizaram essas abordagens.

No âmbito da busca de evidências de validade, o Sistema Pontual Gradual (B-SPG) e a Escala de Traços de Personalidade para Crianças (ETPC) foram os instrumentos estudados por Rodrigo Soares Santos e Ana Paula Porto Noronha, cujos resultados são relatados no texto Estudo correlacional entre a maturidade percepto-motora e traços de personalidade. Seus resultados indicaram que a extroversão se correlacionou negativamente com as figuras; neuroticismo e sociabilidade apresentaram um número menor de correlações significativas e negativas; psicoticismo correlacionou com figuras.

Fernando César Capovilla, Cristina Varanda e Alessandra Gotuzo Seabra Capovilla, preocupados com processos de reconhecimento e decodificação na leitura silenciosa de itens isolados, estudaram evidências para o Teste de Competência de Leitura de Palavras e Pseudopalavras (TCLPP) e relatam seus resultados no texto Teste de Competência de Leitura de Palavras e Pseudopalavras: normatização e validação. Como critério usaram outros três instrumento, por meio dos quais encontraram resultados satisfatórios.

Investigando questões relacionadas à psicologia do trânsito, os dados de Fabián Javier Marín Rueda foram relatados no estudo denominado Memória e inteligência em avaliação psicológica pericial. Com base nas correlações encontradas entre o Teste Pictórico de Memória e o Teste Conciso de Raciocínio (TCR), concluiu que os resultados poderiam ser considerado uma evidência de validade para o Teste Pictórico de Memória no contexto do trânsito.

O estudo de pacientes com dermatoses possibilitou que Martha Wallig Brusius Ludwig, Luciana Balestrin Redivo, Hericka Zogbi, Luciana Hauber, Tatiana Helena Facchin e Marisa Campio Müller redigissem sua contribuição intitulada Aspectos psicológicos em dermatologia: avaliação de índices de ansiedade, depressão, estresse e qualidade de vida. Seus resultados indicaram que os níveis de ansiedade e depressão foram leves e a qualidade de vida esteve um pouco abaixo da média, mas ressaltaram que a área psicológica mais afetada relacionou-se ao estresse.

Ana Carolina Sales Oliveira, Elizabeth Oliveira Crepaldi de Almeida, Sandra Maria da Silva Sales Oliveira e Ana Beatriz D'Alma Pinto apresentam seu estudo denominado Como brincam as crianças surdas: um estudo à luz da fonoaudiologia. Realizando observações em um instituto especializado captaram uma variedade de situações. Seus resultados realçaram as contribuições do brincar, quando a palavra co-participa do brinquedo, fortalecendo a preocupação com a fala presente no brincar.

Finalmente, Alexandre José Raad, Aline Maria Cardozo Cruz e Marília Almeida Nascimento apresentaram seu estudo A Realidade das mães numa unidade de terapia intensiva neonatal. Com base na observação das díades mãe-bebê, foram encontrados antecedentes maternos que colocariam a vida do feto em risco e poderiam influenciar o nascimento prematuro. Ao lado disso, relataram questões relacionadas ao aleitamento materno e condições ansiogênicas e emocionais dos pais.

Finalmente, são oferecidas duas resenhas. Em uma delas, Julia Targa comentou a obra A personalidade fóbica: avaliação psicológica a partir das bases psicanalíticas e julga-a de fácil leitura, sem perder a profundidade de tratamento que o tema merece. Na outra, o livro Escolha profissional: consciente e/ou inconsciente foi lido por Marina Gasparoto do Amaral Gurgel, cuja opinião deixa transparecer uma abordagem intrigante e recomendável para estudo e leitura.

Fermino Fernandes Sisto
Editor