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Psic: revista da Vetor Editora

versão impressa ISSN 1676-7314

Psic v.8 n.2 São Paulo dez. 2007

 

EDITORIAL

 

O ano de 2008 trará mudanças para as revistas de psicologia em razão da mudança de critérios de avaliação, os quais conterão exigências com vistas a uma melhoria de qualidade. Essa mudança traz consigo o fato de que os antigos critérios já foram alcançados pela maioria das revistas, não produzindo mais diferenciação entre elas. Por si só isso significa que as revistas de psicologia alcançaram um patamar de qualidade bastante superior ao de alguns anos atrás. A proposta agora é buscar níveis mais altos. Nossa expectativa, enquanto editor, é que saiamos vitoriosos em mais essa etapa.

Há também que mencionar que no ano de 2008 haverá mudança da diretoria da Associação Brasileira de Editores Científicos de Psicologia (ABECiP), com eleições logo no começo do ano. Na primeira gestão, que encerrará em março, houve uma preocupação em legalizar a entidade e criar as bases para seu funcionamento. Temos agora uma associação na qual poderemos discutir nossos rumos e trocar experiências, que também esperamos possam contribuir para a divulgar com qualidade da produção brasileira de psicologia.

Este número da Revista Psic encerra o ano de 2007. Traz consigo contribuições de vários autores brasileiros e estrangeiros.

O estudo de María Fernanda López-Ramón, Rubén Ledesma, Isabel Introzzi, Sebastián Urquijo, intitulado Aprendizaje implícito de gramáticas artificiales en niños: efecto de la longitud, la valencia y el formato, se preocupou com investigar as representações características da aprendizagem implícita. Analisando os efeitos de variáveis sobre a identificação das cadeias corretas, seus resultados indicaram que crianças as disseminam melhor em provas de aprendizagem implícita nos casos em que elas têm menor quantidade de elementos e positivas. Ao lado disso, encontraram que o tipo de formato (alfabético ou figurativo) não influencia na identificação correta dos itens da prova.

Ao lado disso, o texto Avaliação longitudinal de leitura e escrita com testes de diferentes pressupostos teóricos foi escrito por Carolina Cunha Nikaedo, Carolina Tiharu Kuriyama e Elizeu Coutinho de Macedo. Essa pesquisa correlacional entre dois procedimentos de avaliação, qualitativo e quantitativo, mostrou correlações positivas significativas entre as medidas, sugerindo que a avaliação dos professores tenderam a superestimar o desempenho de alguns alunos.

O ensino fundamental também foi preocupação de Andréia Arruda Guidetti e Selma de Cássia Martinelli, conforme pode ser observado no texto Compreensão em leitura e desempenho em escrita de crianças do ensino fundamental. Relacionando os resultados obtidos pela técnica Cloze e uma escala de avaliação da escrita, encontraram correlação significativa, indicando que quanto maior a compreensão em leitura, melhor o desempenho em escrita.

Interessados também na aprendizagem infantil, mas em seus aspectos afetivos, Rui de Moraes Júnior e Cláudia Araújo da Cunha apresentam o texto Reconhecimento de palavras e de autoconceito num grupo de crianças. No geral as meninas tiveram melhor desempenho em ambas as medidas, e a escola central teve maior número de acertos que a periférica em reconhecimento de palavras. No que concerne à relação entre essas medidas, foram relatadas correlações positivas e significativas e esse resultado foi interpretado no sentido de corroborar a influência de variáveis socioafetivas no desempenho da leitura e da escrita.

Finalizando esse grupo de estudos relacionados à leitura e escrita, Márcia Elia da Mota traz para discussão o texto intitulado Complexidade fonológica e reconhecimento da relação morfológica entre as palavras: um estudo exploratório. Seus resultados corroboraram a hipótese de que a estrutura fonológica das palavras pode facilitar o reconhecimento da relação morfêmica, no sentido de que mudanças na estrutura fonológica dificultam a percepção dessa relação.

Ao lado disso, Maria Cristina Rodrigues Azevedo Joly, Carlos Henrique Sancineto da Silva Nunes e Aline Christina Istome forneceram o texto Desempenho em tecnologia e traços de personalidade: estudo de validade com universitários. Estudando a Escala de Desempenho em Tecnologias para universitários, por meio da correlação com a Escala Fatorial de Realização, verificaram baixas correlações. Ao lado disso, constataram diferenças de médias estatisticamente significativas para todas as medidas da Escala Fatorial de Realização, para grupos extremos. Em razão disso, concluíram pela comprovação de evidências de validade para a Escala de Desempenho em Tecnologias.

Por sua vez, Giselle Müller-Roger e Claudio Garcia Capitão se debruçaram sobre o estudo do perfil motivacional no contexto organizacional, o que resultou no texto HumanGuide: evidência de validade da versão brasileira. Seus resultados indicaram que as correlações foram significativas, e confirmaram as hipóteses referentes à convergência entre os instrumentos Teste de Fotos de Profissões e 16PF - Questionário Fatorial da Personalidade. Ao lado disso, em um análise fatorial, encontraram uma configuração de quatro fatores para HumanGuide.

Dario Cecilio-Fernandes e Fabián Javier Marín Rueda fornecem o texto Evidência de validade concorrente para o Teste de Atenção Concentrada - TEACO-FF. Em busca de evidência de validade concorrente compararam com o Teste Conciso de Raciocínio - TCR. Os resultados evidenciaram correlação positiva e significativa, de magnitude baixa, entre ambos os testes, mesmo quando controlado o efeito da idade. Em razão disso, essa informação foi considerada uma evidência de validade concorrente para o TEACO-FF.

Ainda no contexto da psicometria, Anna Elisa de Villemor-Amaral e Maria de Fátima Xavier pesquisaram o grau de concordância entre avaliadores independentes, em razão da necessidade de ampliar a precisão da interpretação para diversos indicadores do CAT-A e publicaram seus resultados no texto Avaliação da relação com a figura materna no CAT-A. Com base nos índices Kappa, a maioria dos indicadores de relação materna foi considerada satisfatória. Concluíram que um sistema de análise com critérios claramente detalhados podem evitar a interferência excessiva da subjetividade do avaliador na interpretação dos resultados, ponto central dos questionamentos sobre as técnicas projetivas.

A preocupação com as habilidades dos psicólogos levou Fernanda Andrade de Freitas e Ana Paula Porto Noronha a investigarem e escreverem seu estudo Habilidades do psicoterapeuta segundo supervisores: diferentes perspectivas. Seus achados indicaram que as priorizações das atividades consideradas importantes foram diferentes entre os três grupos de abordagem teóricas e todos concordaram em que a produção científica era a menos importante. Ao lado disso, as autoras concluíram que as habilidades priorizadas pelos supervisores podem servir de norteadores para uma avaliação em base a critérios bem delineados.

O interesse pela zona de desenvolvimento proximal levou Ana García Coni e Jorge Vivas a realizarem uma pesquisada nomeada de Exploración de la zona de desarrollo próximo. Comparación entre dos técnicas. Nesse estudo, comparam uma técnica de avaliação dinâmica e o mapeamento de redes semânticas. Seus resultados indicaram que as redes semânticas graduaram as semelhanças e diferenças entre os estímulos enquanto a avaliação semântica mostrou a relação de maior semelhança.

Finalmente, Sandra Maria da Silva Sales Oliveira, Olga Maria Kersul de Souza, Valdercir Wilson Vieira, York da Silva Adário e Marisa Antônia de Figueiredo Seda Rezende apresentam o estudo Identificação de variáveis de contextos e motivacionais em universitários. Pesquisando universitários do primeiro ano de 14 diferentes cursos sobre custeio do curso, renda familiar, expectativas e motivação concluíram que a maioria se sente muito satisfeita com seus cursos e que dentre as variáveis avaliadas, o aspecto financeiro foi um grande obstáculo para que muitos possam continuar seus estudos na universidade.

Como última contribuição deste número, três resenhas são oferecidas.Na primeira delas, Priscilla Rodrigues Santana faz uma interessante leitura do texto A família atual sob diferentes perspectivas. Por sua vez, o livro Raiva: emoção presente nos portadores de gastrite e esofagite é recomendado por Marina Gasparoto do Amaral Gurgel. E, finalmente, Marjorie Cristina Rocha da Silva tece comentários sobre a obra Desafios da orientação profissional em diversos âmbitos, tema sempre atual.

Fermino Fernandes Sisto