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Avaliação Psicológica

versão impressa ISSN 1677-0471versão On-line ISSN 2175-3431

Aval. psicol. v.5 n.1 Porto Alegre jun. 2006

 

EDITORIAL

 

O ano de 2006 iniciou com grandes acontecimentos na área da psicologia. A XII Reunião da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP), ocorrida em Florianópolis, trouxe à tona, dentre outros temas importantes, a publicação dos periódicos científicos. A discussão sobre as dificuldades inerentes à editoração de uma revista no Brasil, embora não gere resultados imediatos, tende a colaborar para o aprimoramento do processo, além da maior democratização das possibilidades de busca.

Para o segundo semestre, outro evento de grande importância para a ciência psicológica, está programado. Com o tema Enfrentando as dívidas históricas da Sociedade Brasileira, o II Congresso Brasileiro de Psicologia: Ciência e Profissão pretende reunir um grande número de profissionais e estudantes, interessados nos mais diferentes temas que permeiam a psicologia.

Espera-se que eventos dessa natureza sirvam como incentivadores de encontros, reflexões, novos projetos, trocas de experiências, pesquisas e publicações. No que respeita ao último aspecto, a Revista Avaliação Psicológica vem divulgando desde 2005, os trabalhos apresentados por profissionais envolvidos com a avaliação psicológica brasileira, no I Encontro de Avaliação Psicológica; por um equívoco, a promoção dele não foi corretamente divulgada. Nesse sentido, gostaríamos de retificar que o Conselho Federal de Psicologia em consonância com o Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica, a Sociedade Brasileira de Rorschach e outras técnicas projetivas, a Associação Brasileira de Ensino de Psicologia, o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo juntaram os esforços para a realização desse encontro.

Por fim, antes de darmos início à apresentação dos trabalhos deste número, gostaríamos de destacar a comemoração do 44o ano de regulamentação da psicologia brasileira. Aos psicólogos deste país, e demais profissionais estudiosos desta ciência, nossos cumprimentos e votos de que os próximos 44 anos sejam ainda mais produtivos.

Abrindo os trabalhos desse número, Fermino Fernandes Sisto (Universidade São Francisco) traz o estudo denominado Estudo do funcionamento diferencial de itens para avaliar o reconhecimento de palavras, em que buscou avaliar a presença de funcionamento diferencial em função da variável sexo, analisando 221 itens, construídos para mensurar o nível de reconhecimento de palavras. O instrumento apresentou índices satisfatórios de precisão, sendo que no geral, menos de 2% do total de itens do instrumento apresentou funcionamento diferencial de itens.

O estudo, denominado Escala de satisfação com a experiência acadêmica de estudantes do ensino superior, de Ana Lúcia Righi Schleich (Faculdade Comunitária de Campinas e Faculdade Politécnica de Jundiaí), Soely Aparecida Jorge Polydoro (Universidade Estadual de Campinas) e Acácia Aparecida Angeli dos Santos (Universidade São Francisco) teve como objetivo analisar os parâmetros psicométricos da Escala de Satisfação com a Experiência Acadêmica (ESEA), sendo que num primeiro momento aplicou-se a versão inicial do instrumento em um estudo piloto para verificar sua adequação lingüistica e conteúdo e, em seguida, a versão final do instrumento foi aplicada em uma amostra de 351 estudantes de uma instituição de ensino superior particular do interior paulista. A escala obtida apresenta resultados de validade e fidelidade satisfatórios.

No segundo artigo desse número, Motivação para a Aprendizagem Escolar: Construção e Validação de Instrumento, Luciana Gurgel Guida Siqueira e Solange M. Wechsler (Pontifícia Universidade Católica de Campinas) apresentam estudo que objetivou construir e validar um instrumento para avaliar a motivação para a aprendizagem escolar, a "Escala de Motivação para a Aprendizagem Escolar". A Análise Fatorial apontou uma estrutura de cinco fatores, sendo que, na análise da precisão dos fatores, o Fator 1 obteve um bom índice Alpha e a estabilidade temporal da escala, estimada por meio de teste-reteste, foi significativa para todos os fatores da escala. De forma geral, a escala de motivação apresentou boas propriedades psicométricas, sendo sugerido pelas próprias autoras maiores estudos para uma melhor adequação.

A avaliação das habilidades intelectuais em crianças com câncer foi o objetivo do trabalho de Aline Magalhães da Silva, Elaine da Trindade Gallego e Maria Cristina Triguero Veloz Teixeira, da Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo, em Avaliação de habilidades e desempenho intelectual: um estudo comparativo entre crianças com câncer e crianças não portadoras da doença. Fazendo uso do teste WISC-III, as autoras buscaram possíveis diferenças nos resultados entre dois grupos de crianças: um grupo portador da doença, que tem acompanhamento pedagógico durante os períodos de internação ou medicação e um grupo que não apresentam a doença e que freqüentam a escola regularmente. Os principais resultados apontaram que a média da pontuação do primeiro grupo foi superior ao do segundo nas habilidades avaliadas.

Maria José Nunes Maciel e Maria José Nunes Maciel, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, investigaram em Avaliação de alexitimia, neuroticismo e depressão em dependentes de álcool os níveis desses traços em uma amostra masculina, composta por um grupo de pacientes ambulatoriais, dependentes de álcool e um de não-dependentes, lançando mão da versão em português da Toronto Alexithymia Scale, da Escala Fatorial de Ajustamento Emocional/Neuroticismo e do Inventário de Depressão de Beck. Os resultados apontaram escores médios significantemente mais elevados de alexitimia, neuroticismo e depressão no primeiro grupo.

Na seqüência, Circe Salcides Petersen e Sílvia Helena Koller da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apresentam uma revisão teórica, chamada Avaliação Psicológica em Crianças e Adolescentes em Situação de Risco, no qual discutem as possibilidades oferecidas pela ciência psicológica para questões relativas à avaliação de crianças e adolescentes em situação de risco social e pessoal, apresentando um relato sobre a adolescência e a infância no contexto brasileiro atual e a pertinência do uso de instrumentos e técnicas de avaliação psicológica neste contexto, bem como a necessidade do desenvolvimento e difusão de novas formas de investigação com estas populações.

No sexto trabalho apresentado nesse número de Avaliação Psicológica, objetivou-se caracterizar adultos universitários quanto ao relato do abuso sexual sofrido na infância e na adolescência tal como são lembrados posteriormente e possíveis associações entre indicadores sexuais no desenho e em suas preferências e práticas sexuais. Flávia Nunes de Moraes Beraldo (Universidade de Alfenas), Cláudio Garcia Capitão e Katya Luciane de Oliveira (Universidade São Francisco), para compor o trabalho Indicadores sexuais no Desenho da Figura Humana e abuso sexual, aplicaram coletivamente o teste do Desenho da Figura Humana e um questionário que abordava temas sobre sexualidade em estudantes de uma universidade particular do Sul de Minas, sendo que os resultados não permitiram estabelecer relação entre abuso e violência sexual e indicadores sexuais no referido teste.

Correlacionar sintomatologia depressiva e atividades sociais em idosos foi o objetivo do trabalho Correlação entre sintomatologia depressiva e prática de atividades sociais em idosos, cuja autoria é de Makilim Nunes Baptista (Universidade São Francisco), Paulo Rogério Morais (Universidade Cruzeiro do Sul) e das psicólogas, formadas pela Universidade Braz Cubas, Tatiana de Rodrigues e Janice Aparecida da Costa Silva. Para tal fim, dois grupos de idosos foram avaliados por meio de um questionário de identificação e um de atividades sociais, além da Escala de Depressão Geriátrica. Os resultados demonstraram haver correlação negativa entre engajamento em atividades sociais e sintomatologia depressiva, corroborando os achados de diversas pesquisas na área.

Regina Sonia Gattas Fernandes do Nascimento da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, objetivou apresentar, a partir de estudo normativo realizado com adultos não-pacientes no estado de São Paulo, os resultados dos índices especiais e das constelações do Sistema Compreensivo do Rorschach. Foram encontradas várias diferenças entre capital e interior e foram realizadas algumas considerações a partir dos resultados.

Na seção seguinte de Avaliação Psicológica, dois trabalhos apresentados no I Encontro de Avaliação Psicológica na Formação dos Psicólogos, promovido pelo Conselho Federal de Psicologia e outras entidades da área, são apresentados. Zilda A. P. Del Prette e Almir Del Prette, da Universidade Federal de São Carlos, discutem questões relativas à práticas na avaliação e promoção de habilidades sociais nos âmbitos educacional e forense com adolescentes em risco. Latife Yazigi, da Universidade Federal de São Paulo, relata a experiência de quase 30 anos de um curso de especialização em Psicologia da Saúde, ressaltando a importância da prática clínica na formação de psicólogos.

Finalizando o presente número, Dario Cecílio Fernandes, bolsista de Iniciação Científica e graduando em Psicologia pela Universidade São Francisco, apresenta norma técnica do Desenho da Figura Humana - Escala Sisto, apontando a importância de tal instrumento na avaliação da inteligência infantil. Ainda, Tatiana Freitas da Cunha traz resenha do livro Facetas do Fazer em Avaliação Psicológica, discutindo os mais atuais avanços da área no Brasil e Maiana Farias Oliveira Nunes apresenta resenha do livro Formação e Orientação Ocupacional- Manual para jovens à procura de emprego, que busca auxiliar adolescentes, pais e orientadores profissionais, por meio de experiência de pesquisa e intervenção levada a cabo na região de Porto Alegre. Vale lembrar que as autoras de tais resenhas são mestrandas do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco.

Ana Paula Porto Noronha, editora.

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