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Avaliação Psicológica

versión impresa ISSN 1677-0471versión On-line ISSN 2175-3431

Aval. psicol. v.7 n.1 Porto Alegre abr. 2008

 

ARTIGOS

 

Estabilidade temporal do Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC)

 

Temporal stability of the Marital Social Skills Inventory (IHSC)

 

 

Zilda Aparecida Pereira Del Prette I, *; Miriam Bratfisch Villa **; Maura Glória de Freitas II, ***; Almir Del Prette I, ****

I Universidade Federal de São Carlos
II Universidade Estadual de Londrina

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este estudo teve como objetivo testar a estabilidade temporal do Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC), um instrumento de auto-relato com propriedades de validade e alguns indicadores de precisão estabelecidos em estudos anteriores. A amostra foi constituída de 54 respondentes, de ambos os sexos, a maioria (81,5%) de díades marido-mulher que responderam ao IHSC em dois momentos (teste e reteste). Os resultados indicaram correlações significativas e acima de 0,62 tanto para o escore geral como para os seis escores fatoriais do instrumento, verificando-se também que não houve diferença significativa entre os escores de teste e reteste, trazendo evidências adicionais sobre a confiabilidade e precisão do instrumento. Discute-se a utilidade desta escala na pesquisa e na prática psicológica com casais, bem como para outros estudos futuros.

Palavras-chave: Habilidades sociais, Casamento, Precisão do teste.


ABSTRACT

This study aimed to test the temporal stability of the Marital Social Skills Inventory (IHSC), a self-report inventory with validity and some other reliability indicators established by previous studies. 54 female and males, most of them (81.5%) of husband-wife couples, completed the inventory in two moments (test and re-test). The results indicated significant and above 0,62 correlations for the general score and for the six factorial scores of this instrument and no significant differences between the test and re-test scores, thus bringing additional evidence for this instrument reliability and accuracy. The usefulness of this scale for the psychological research and practice with couples as well as other further studies are discussed.

Keywords: Social skills, Marriage, Couples, Test reliability.


 

 

Introdução

As habilidades sociais podem ser consideradas como um componente essencial da qualidade do relacionamento entre as pessoas. Dada a especificidade situacional-cultural das habilidades sociais (Del Prette & Del Prette, 1999), aquelas aqui denominadas de habilidades sociais conjugais podem ser definidas como um conjunto de comportamentos próprios da interação social com o cônjuge ou companheiro afetivo, que conspicuamente contribui para a qualidade do relacionamento conjugal. Com base em literatura nacional e internacional pode-se afirmar que a ampliação e o refinamento do repertório de habilidades sociais conjugais constituem fator de satisfação conjugal (Flora e Segrin, 1999; Norgren, 2002; Schaper, 2000), enquanto que déficits significativos nessa área estão geralmente associados a problemas conjugais e à busca de ajuda profissional, especialmente de terapia conjugal (Bratfisch, 1997; A. Del Prette, & Del Prette, 2001; Gottman & Rushe, 1995; Rangé & Dattilio, 1995; Sanders, Halford & Behrens, 1999; Starkey, 1991). Adicionalmente, as dificuldades conjugais, conforme Epstein e Schlesinger (2004), são consideradas como uma das maiores fontes de estresse, juntamente com a depressão e a ansiedade.

As habilidades sociais conjugais são requisitadas tanto diante de demandas afetivas, como de solução de problemas e demais demandas de convivência social com o(a) parceiro(a). Tomando-se por base a classificação proposta por A. Del Prette e Del Prette, (2001), podem ser destacadas, como particularmente críticas no contexto conjugal, as habilidades: assertivas, empáticas, de expressão de sentimento positivo, de automonitoria e de comunicação (Villa, 2005).

Em estudo anterior de intervenção com casais não-disfuncionais, Bratfisch (1997) verificou ganhos na qualidade do relacionamento conjugal associados à aquisição de habilidades de manejar críticas, de resolver problemas, de valorizar o cônjuge, de lidar com direitos e deveres, de dar e receber feedback e de expressar assertividade e sentimentos positivos. Os estudos de Sanders e cols. (1999) estabelecem uma relação entre história de divórcio e falhas de comunicação antes do casamento, destacando que cônjuges socialmente habilidosos, que se reforçam mutuamente e expressam seus sentimentos, desejos e opiniões, estabelecem um ambiente saudável de convivência, possibilitando o desenvolvimento pessoal de ambos e, com isso, contribuindo, para que os filhos sejam emocionalmente saudáveis e socialmente habilidosos. No caso de casais em que ambos os cônjuges trabalham fora do ambiente doméstico e a mulher não mais depende economicamente do marido, Starkey (1991) encontrou que a competência social deste se constituiu, em sua amostra, fator fundamental para a manutenção do relacionamento conjugal.

Por outro lado, a análise das publicações sobre atendimento conjugal pode trazer informações relevantes sobre habilidades consideradas essenciais no relacionamento conjugal. Nesse sentido, Gottman e Rushe (1995), analisando os resultados de terapias conjugais bem-sucedidas, identificaram os ingredientes comuns desses processos, propondo o que denominaram de Terapia Conjugal Mínima (TCM), que inclui basicamente um conjunto de cinco habilidades sociais: (1) acalmar-se e identificar alteração dos estados fisiológicos do cônjuge1; (2) ouvir o cônjuge de forma não defensiva; (3) validar a fala do cônjuge, referindo-se ao ouvir ativo, um componente da compreensão empática; (4) apresentar comportamentos alternativos para romper o ciclo queixa-crítica, comportamento defensivo-desdém e desprezo-afastamento; (5) demonstrar sensibilidade aos estilos de persuasão do parceiro para, em uma discussão, evitar que ela continue e se agrave (modelo cascata).

Pode-se afirmar, portanto, que as habilidades sociais constituem um foco importante de atenção daqueles que lidam com problemas conjugais, tanto em termos de pesquisas nesta área, como de procedimentos terapêuticos ou de programas preventivos (grupos de treinamento de casais, palestras, cursos de noivos etc.).

Em decorrência disto, a avaliação precisa e válida das alterações no repertório de habilidades sociais dos casais pode ser tomada como um dos indicadores da efetividade de um processo terapêutico. Mesmo na fase de diagnóstico, um instrumento que permita a auto-avaliação e a avaliação do parceiro sobre as habilidades sociais de cada um dos cônjuges pode ser uma referência importante e econômica para a identificação e análise funcional dos déficits e de reservas comportamentais de ambos, o que deve nortear o planejamento do processo terapêutico.

De modo geral, a terapia com adultos é fortemente baseada no relato verbal (Banaco, 2007). No caso específico da terapia conjugal, dada a dificuldade e as implicações do uso de instrumentos ou procedimentos considerados invasivos do cotidiano e da intimidade dos casais, o relato de habilidades sociais pode ser tomado como um importante meio de acesso à qualidade do relacionamento conjugal. Além disso, como se trata de um relacionamento diádico, a auto-avaliação de um dos membros da díade pode ser confrontada com a auto-avaliação do parceiro e com a avaliação de cada um, feita pelo outro, ampliando dessa forma a validade do processo. A busca de instrumentos de avaliação de habilidades sociais conjugais que apresentem indicadores de validade e confiabilidade constitui, portanto, uma condição necessária para viabilizar a pesquisa e a prática junto a casais funcionais e disfuncionais.

Em estudo anterior, Villa (2005) encontrou indicadores satisfatórios de validade psicométrica para o Inventário de Habilidades Sociais Conjugais, destacando-se aqui: (a) uma correlação altamente significativa com um teste de satisfação conjugal, adaptado por Dela Coleta (1989) (N=400; r=-0,445; ?=-0,437; p=0,001)2; (b) uma estrutura fatorial que agrupou os 32 itens em seis fatores ou classes mais gerais (Anexo 1), cuja relevância encontra respaldo na literatura da área (Del Prette & Del Prette, 1999; Gottman & Rush, 1995; Moraes & Rodrigues, 2001; Rangé & Datilio, 1995; Silliman, Stanley, Coffin, Markman & Jordan, 2002; Snyder, Cozzi & Luebbert, 2001; Thomas & Fletcher, 1997; Zimerman, 2000); (c) correlações item-escore significativas, (p< 0,003); (d) consistência interna adequada da escala total (Alpha de Cronbach= 0,81) e dos fatores (Alpha entre 0,526 e 0,685).

A obtenção de indicadores de fidedignidade ou precisão é requisito indispensável em termos de qualidade psicométrica de qualquer instrumento de auto-relato. A fidedignidade pode ser definida como a "consistência dos escores obtidos pelas mesmas pessoas quando elas são reexaminadas com o mesmo teste em diferentes ocasiões, ou com diferentes conjuntos de itens equivalentes, ou sob outras condições variáveis de exame" (Anastasi & Urbina, 2000, p.84). Este estudo apresenta dados de precisão do IHSC com indicadores de estabilidade temporal do instrumento para o escore geral e para os escores fatoriais, comparando-se, adicionalmente, a estabilidade obtida com respondentes do sexo masculino e feminino.

 

Método

Amostra

Foram sujeitos deste estudo 54 respondentes, 25 homens e 29 mulheres, casados ou vivendo em união estável, sendo que, em 81,5% dos casos, ambos os cônjuges participaram da pesquisa, e em 18,5% dos casos, somente um dos cônjuges respondeu ao inventário. A idade média da amostra total variou de 20 a 63 anos (Média=42,7 anos e Desvio Padrão=10,7); a dos respondentes do sexo masculino, de 22 a 63 (Média=43,05 e Desvio Padrão=11,05) e do sexo feminino, de 20 a 61 (Média=42,4 e Desvio Padrão=10,7). As demais características sociodemográficas desta amostra estão descritas na Tabela 1.

 

 

Observa-se que o número de mulheres é maior do que o de homens, mantendo-se aqui uma proporção semelhante à da amostra normativa. Com relação à escolaridade, há maior percentagem de participantes com terceiro grau, assim como na amostra normativa, porém, diferentemente, há participantes com escolaridade menor que segundo grau completo (9,3% da amostra) no presente estudo.

A condição sócio-econômica também é mais heterogênea do que na amostra normativa, com a inclusão de respondentes das classes C e D, ainda que igualmente com maior concentração em B1. O número de filhos segue a mesma tendência da amostra normativa, com maior percentagem de respondentes com dois filhos.

Com relação ao tempo de casamento, a variação é um pouco menor do que da amostra normativa (que tem uma faixa até 50 anos), porém é semelhante por apresentar maior concentração nas faixas de 1 a 10 e 11 a 20 anos de casamento.

Instrumentos

Inventário de Habilidades Sociais Conjugais (IHSC): Trata-se de uma escala com 32 itens que avaliam a freqüência da emissão de comportamentos socialmente habilidosos no contexto conjugal. Baseia-se no formato e conteúdo dos itens do IHS-Del-Prette (Z. Del Prette & Del Prette, 2001), porém adaptados para o contexto conjugal. Em análises psicométricas anteriores (Villa, 2002, 2005), o IHSC apresentou características psicométricas favoráveis quanto à validade e quanto a indicadores de precisão (Villa, 2005), não se dispondo, ainda, de indicadores de estabilidade temporal, objeto do presente estudo. A análise fatorial do IHSC produziu uma estrutura de seis fatores que estão descritos, com exemplo de um item e indicação de consistência interna (coeficientes alfa) no Anexo 1.

Questionário Critério Brasil: Trata-se de um instrumento (IBOPE/ABEP, 2003, http://www.abep.org), que avalia o poder aquisitivo por meio de um sistema de pontuação baseado na posse de bens de consumo duráveis, instrução do chefe da família e outros fatores, como a presença de empregados domésticos. O Critério Brasil divide a população brasileira em cinco classes de poder aquisitivo (A=maior poder; E=menor poder). O percentual da população em cada classe, avaliado no ano 20073, se distribuiu da seguinte maneira: A1 (0,9%), A2 (4,1%), B1 (8,9%), B2 (15,7%), C1 (20,7%), C2 (21,8%), D (25,4%) e E (2,7%), com subdivisão da Classe C em C1 e C2.

Procedimento de coleta de dados

O projeto que deu base ao presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FFCLRP-USP (Processo, 109/2003 - 2003.1.1112.59.1), adotando-se todos os cuidados previstos no Protocolo, inclusive um detalhado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em 66,67% dos casos, a primeira e a segunda aplicação foram realizadas no local de trabalho dos respondentes; o restante teve a primeira aplicação realizada em uma igreja e a segunda na residência dos respondentes. Nos casos em que marido e esposa responderam ao inventário simultaneamente, foi solicitado que não mantivessem qualquer tipo de comunicação durante o preenchimento. Explicou-se ao casal a importância da realização de estudos deste tipo e foram fornecidas as instruções necessárias para o preenchimento. Depois de decorridos 26 a 36 dias, foi realizada nova aplicação do IHSC, nas mesmas condições da primeira.

Tratamento dos dados

Foi realizada a tabulação dos dados obtidos no IHSC e a organização dos mesmos em planilhas contendo valores dos itens e dos escores de cada respondente. Foram feitas análises estatísticas descritivas para caracterização da amostra e dos resultados da primeira e da segunda aplicação, além dos testes inferenciais (teste t e correlação Pearson) para verificação da estabilidade temporal do instrumento.

 

Resultados

Os dados descritivos (escores médios e desvio padrões) dos resultados obtidos na primeira e na segunda aplicação do IHSC estão descritos na Tabela 2.

Observa-se que, tanto no escore total como nos escores fatoriais, as médias apresentaram pouca variação entre a primeira e segunda aplicação, com alta e significativa correlação entre elas tanto no escore total (r=0,64, p=0,0001), como nos escores fatoriais (F1: r=0,62; p=0,001; F2: r=0,77; p=0,0001; F3: r=0,77; p=0,0001; F4: r=0,62; p=0,0001; F5: r=0,69; p=0,0001; F6: r=0,70, p=0,0001) indicando satisfatória estabilidade temporal dos escores fatoriais.

A comparação, por amostra pareada, entre os resultados da primeira e da segunda aplicação, em ambos os casos (amostra completa e somente os de maior escolaridade) não mostrou diferença significativa nem no escore total e nem nos fatoriais, ou seja, não foram verificadas tendências para aumento ou redução dos escores entre as duas aplicações, o que traz informação adicional positiva sobre a estabilidade temporal do IHSC.

Como forma de controlar a diferença de escolaridade da presente amostra em relação ao estudo normativo, os resultados obtidos sem os participantes com escolaridade inferior ao segundo grau completo (N=48) foram tomados como subamostra e comparados com o dos demais respondentes. Verificou-se que as correlações permaneceram altas e significativas, ainda que um pouco menores para o escore total (r=0,64; p=0,0001) e escores fatoriais (F1: r=0,59; p=0,0001; F2: r=0,76; p=0,0001; F3: r=0,76; p=0,0001; F4: r=0,60; p=0,0001; F5: r=0,65; p=0,0001; F6: r=0,69; p=0,0001).

 

 

Quando se comparou separadamente os resultados de respondentes do sexo masculino e feminino, verificou-se que os indicadores de estabilidade se mantiveram: alta correlação entre as duas aplicações e diferença não significativa entre ambas. Entretanto, verificou-se que as correlações para os respondentes do sexo masculino foram um pouco melhores do que as do sexo feminino, ainda que com uma redução de escores no reteste (somente para o Fator 6), o que não ocorreu com as mulheres.

 

Discussão e conclusões

Os resultados do presente estudo complementam e confirmam os indicadores anteriores de adequação das qualidades psicométricas do IHSC (Villa, 2005), mostrando que este inventário apresenta evidências de confiabilidade para aplicações sucessivas de teste e reteste, ou seja, possui estabilidade temporal satisfatória. As correlações significativas entre os resultados dos dois momentos, e a ausência de diferenças significativas entre esses resultados, mostram que o IHSC pode ser utilizado na pesquisa e na prática profissional como um recurso de diagnóstico e, também, para avaliar os efeitos de intervenções (Kazdin & Weiz, 2003), pelo menos em termos de seu efeito sobre a auto-avaliação dos participantes.

A análise das diferenças entre os resultados por sexo mostrou que os escores dos respondentes do sexo masculino foram mais estáveis do que os do sexo feminino, ainda que ambos mantivessem correlações significativas e diferenças não significativas entre os dois momentos, exceto para o Fator 6 que apresentou, no caso das mulheres, escore menor no reteste. Nesse caso, considerando-se a direção da diferença, não se pode atribuir efeito de desejabilidade social que implicaria em memorização das respostas anteriores. Ainda assim, entende-se que são necessárias novas investigações sobre esse fator e, em caso de uso imediato do IHSC, atenção para a possibilidade subestimação dos resultados da intervenção nesse fator específico.

Uma limitação do presente estudo foi o predomínio de escolaridade e nível socioeconômico altos, podendo-se apontar a necessidade de investigações adicionais com uma amostra mais diversificada. No entanto, como o resultado obtido com a exclusão dos indivíduos de menor escolaridade resultou em pequena redução nos valores de correlação teste-reteste, pode-se supor que, em estudos futuros junto a amostras desse tipo, o IHSC poderia apresentar índices ainda melhores de precisão. De todo modo, reconhecendo-se que as evidências de validade e confiabilidade são somativas e não definitivas (Anastasi & Urbina, 2000), espera-se que novos estudos venham a confirmar os resultados favoráveis aqui obtidos, aumentando a segurança de que o IHSC é um instrumento válido e confiável para medir o construto de habilidades sociais no contexto específico das relações conjugais.

Considerando a importância da avaliação multimodal das habilidades sociais (Del Prette & Del Prette, 2006), pode-se sugerir novos estudos com o IHSC como forma de responder às questões ainda não investigadas em termos de validade e confiabilidade. Uma delas refere-se à possibilidade de avaliação cruzada, ou seja, um cônjuge avaliando as habilidades sociais do outro, o que ampliaria a validade social dos resultados e poderia indicar aspectos relevantes para a intervenção clínica, uma vez que a percepção do parceiro, no caso de terapia conjugal, pode ser um fator crítico de problemas nessa área. Outra direção de estudos seria a avaliação da sensibilidade do instrumento a intervenções clínicas ou educacionais (Pasquali, 2002), utilizando-se delineamentos de grupo controle ou, no mínimo, de avaliações antes e depois da intervenção. Esses estudos poderiam trazer elementos adicionais sobre a validade e confiabilidade do IHSC.

Adicionalmente, considerando que pouco se conhece sobre as implicações das mudanças que vêm ocorrendo no relacionamento conjugal em nossa cultura em termos de formas alternativas ao casamento tradicional, a convivência conjugal cada vez mais precoce entre os jovens, a inserção mais freqüente da mulher no mercado de trabalho e o aumento da escolaridade desta, o IHSC pode ser um instrumento importante para auxiliar na melhor configuração das relações conjugais no Brasil. Pesquisas longitudinais ou de comparação de amostra de diferentes faixas etárias, em diferentes subculturas, poderiam igualmente, trazer dados relevantes para a compreensão dessas mudanças.

Os resultados obtidos no presente estudo, somados aos anteriores já obtidos por Villa (2005) permitem concluir que o IHSC constitui um instrumento adequado para uso por psicólogos que atuam junto a casais e problemas de relacionamento que estes apresentam. Em particular, entende-se que o IHSC pode ser utilizado tanto como instrumento auxiliar no diagnóstico desses problemas como um marcador importante de mudanças obtidas em processos terapêuticos e educacionais voltados para a melhoria da qualidade dos relacionamentos conjugais.

 

Referências

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Endereço para correspondência
E-mail: zdprette@ufscar.br
Estudo realizado como parte das atividades constantes do programa de trabalho da primeira autora durante a vigência da Bolsa de Pesquisa CNPq 1A (Processo 306888/2006-8).

Recebido em Fevereiro de 2008
Reformulado em Abril de 2008
Aceito em Abril de 2008

 

 

Sobre os autores:

* Zilda A. Pereira Del Prette: professora Titular da Universidade Federal de São Carlos, com pós-doutorado em habilidades sociais, vinculada aos Programas de Pós-Graduação em Educação Especial e em Psicologia dessa Universidade. É coordenadora do Grupo de Pesquisa sobre Relações Interpessoais e Habilidades Sociais (http://www.rihs.ufscar.br).
** Miriam Bratfisch Villa: especialista em Terapia Comportamental e doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo, com tese sobre habilidades sociais conjugais. E-mail: bratfischvilla@itelefonica.com.br
*** Maura Glória de Freitas: professora adjunta da Universidade Estadual de Londrina, doutora em Educação Especial pela Universidade de São Carlos, com tese sobre habilidades sociais parentais. Está vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Análise do Comportamento. E-mail: maurafreitas@sercomtel.com.br
**** Almir Del Prette: professor aposentado pela Universidade Federal de São Carlos, vinculado ao Departamento de Psicologia e aos Programas de Pós-Graduação em Educação Especial e em Psicologia dessa Universidade. É autor, com Zilda A. P. Del Prette de artigos, livros, capítulos e de instrumentos de avaliação sobre habilidades sociais. E-mail: adprette@power.ufscar.br
1 Os autores denominam tais estados como DPA (diffuse physiological arousal) que consiste em uma espécie de excitação fisiológica difusa que tende a aumentar caso o parceiro conjugal não saiba lidar com ela no sentido de promover o autocontrole.
2 Na escala de satisfação conjugal, quanto menor o escore, maior a satisfação.
3 A subdivisão da classe C em C1 e C2 é recente (ver: http://www.abep.org/codigosguias/Criterio_Brasil_2008.pdf) e não foi utilizada neste estudo.

 

 

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