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Avaliação Psicológica

versão impressa ISSN 1677-0471versão On-line ISSN 2175-3431

Aval. psicol. v.7 n.2 Porto Alegre ago. 2008

 

ARTIGOS

 

Satisfação com a imagem corporal em adultos de diferentes pesos corporais

 

Satisfaction with body image in adults of different body weights

 

 

Adriana Martins Saur *; Sonia Regina Pasian **

Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

No intuito de estudar a imagem corporal de adultos no contexto sócio-cultural contemporâneo, fortemente influenciada por ideais de magreza, este trabalho investigou o nível de satisfação corporal e possível influência do sexo e idade em indivíduos com diferentes pesos, utilizando-se a Escala de Satisfação com a Imagem Corporal (ESIC). Avaliou-se 120 voluntários, de 18 a 55 anos, de ambos os sexos, subdivididos em função de seus índices de massa corporal (abaixo do peso, peso normal, sobrepeso, acima do peso). Os resultados indicaram que a satisfação com a imagem corporal não se mostrou associada ao sexo e à idade, porém foi influenciada pelo tamanho corporal real. Os indivíduos de peso normal e abaixo do peso apresentaram níveis de satisfação corporais maiores que os grupos de sobrepeso e acima do peso, indicando que a ESIC se mostrou instrumento de avaliação psicológica capaz de sinalizar níveis diferenciados de satisfação com o próprio corpo.

Palavras-chave: Imagem corporal, Avaliação psicológica, Escala de Satisfação com a Imagem Corporal, Adulto.


ABSTRACT

In the contemporaneous society, the body image of adults is strongly biased by ideals of skinniness. Under this context, the present work aimed to investigate the level of body satisfaction in individuals with distinct weights, and the putative interference of sex and age variables by using the Scale of Satisfaction with the Body Image (SSBI). One-hundred and twenty volunteers, between 18 and 55 years old, of both sexes, classified according to their body mass indexes (underweight, normal weight, overweight and obese), were evaluated. The results indicated that the satisfaction with body image is not associated with sex and age, but it is influenced by the real body size. Normal and underweight individuals presented satisfaction levels with the body image higher than those of the overweight and obese groups, indicating that the SSBI is a psychological evaluation tool able to successfully detect distinct levels of satisfaction with body self image.

Keywords: Body image, Psychological evaluation, Scale of Satisfaction with the Body Image, Adult.


 

 

Introdução

A imagem corporal consiste em um complexo construto multidimensional, sendo sua formação e desenvolvimento influenciados por diversos fatores, tais como culturais, sociais, neurológicos e psicológicos. Schilder (1935/1980) definiu imagem corporal como sendo a figuração do corpo humano formada no plano da mente. Em outras palavras, corresponderia ao modo pelo qual o corpo se apresenta para o indivíduo e ao modo pelo qual ele experimenta psicologicamente este corpo, se constituindo, portanto, como um importante e integrado fenômeno psicológico.

Outra significativa contribuição sobre este tema foi a de Slade (1994), que definiu imagem corporal como uma ilustração que se tem na mente acerca do tamanho, da aparência e da forma do corpo, assim como das respostas emocionais (sentimentos) a ele associados. Slade propôs dois componentes principais, inter-relacionados, como partes da aquisição da imagem corporal: um perceptual, relacionado ao grau de precisão com que o tamanho do corpo é percebido, e um afetivo ou subjetivo, relacionado ao nível de satisfação corporal ou rejeição ao tamanho do corpo em geral.

Uma vez que a imagem corporal se refere à experiência psicológica sobre a aparência e funcionamento do corpo, a literatura científica desta área aponta que o descontentamento relacionado ao peso muitas vezes pode estar associado a uma imagem corporal depreciativa. Cash (1993) argumenta que a insatisfação com o peso está intimamente relacionada à ênfase cultural na magreza e ao estigma social atribuído aos que neste padrão não se encaixam, principalmente nos indivíduos com obesidade. Neste sentido, o padrão estético de beleza vigente e a excessiva preocupação da sociedade com uma imagem (sobretudo feminina) muito magra parecem uma dos principais fatores associados ao agravamento de transtornos alimentares e às dificuldades advindas da obesidade, assim como do aumento do nível de insatisfação corporal (Friedman & Brownell, 1995; Leonhard & Barry, 1998).

Preocupados em situar o que seria o ideal de imagem corporal em tempos atuais, Pastore e Capriglione (1998) argumentaram que, no final do século XIX e início do século XX, o padrão ocidental de beleza feminino era aquele em que a gordura simbolizava saúde e riqueza e, conseqüentemente, as mulheres não se importavam em estar acima do peso. Em tempos mais recentes, a mulher bela passou a ser a magra, e a gordura passou a ser sinal de doença. Ao tentar responder à questão do porque a gordura corporal se tornou uma obsessão moderna, as referidas autoras argumentaram sobre a combinação de dois fatores. O primeiro é que, de fato, os tempos atuais são considerados como o período onde a humanidade apresenta os maiores níveis de gordura na população em geral. Porém, uma vez que a Medicina condena os excessos adiposos, emagrecer é um imperativo de boa saúde. Em segundo lugar, nunca houve tanta veiculação pela mídia de modelos de beleza, o que dispara uma verdadeira corrida em direção à conquista do corpo perfeito e do ideal estético de beleza. Neste sentido, parece haver uma tendência da indústria da beleza, da moda, da publicidade, do cinema e da televisão para impor o padrão magro de ser e, assim, conseguir vender remédios, roupas, matrículas em academias de ginástica, pagar honorários em clínicas de cirurgia plástica e de emagrecimento. Outro aspecto relevante, ainda apontado por Pastore e Capriglione (1998), diz respeito ao estigma psicológico que o obeso carrega, quando apontam que nossa cultura de valorização da magreza é tão marcante que transformou a obesidade em um símbolo de falência moral, denotando descuido, preguiça, desleixo e falta de disciplina.

Por sua vez, ao estudar fatores de risco e mantenedores dos transtornos alimentares, Stice (2002) mencionou um modelo sócio-cultural associado a estes transtornos. Neste modelo postula-se que a pressão social para ser magro promove não só a internalização de um ideal de magreza (muitas vezes inatingível), como também a insatisfação corporal, levando a uma avaliação exagerada da importância da aparência física. Ele argumentou que a sociedade (incluindo a mídia) pode ser um fator de propagação de preocupações exageradas com as medidas corporais, do uso excessivo e descontrolado de dietas, de comportamentos não saudáveis de controle de peso, podendo gerar, em última análise, o desenvolvimento de algum tipo de transtorno alimentar. Damasceno, Lima, Vianna, Vianna e Novaes (2005) também argumentaram que a insatisfação corporal está diretamente relacionada com a exposição de corpos bonitos pela mídia e tem determinado, nas últimas décadas, uma compulsão a buscar a anatomia ideal. Concluíram também que, apesar de existirem valores de IMC recomendados pela Organização Mundial de Saúde para a adequada manutenção da saúde, o tipo físico idealizado é determinado culturalmente. Conforme apontam Damasceno e colaboradores (2005), alguns autores consideram existir forte tendência cultural em considerar a magreza como uma situação ideal de aceitação social, encontrando-se fortes correlações entre a pressão social de ser magro e a insatisfação corporal, principalmente entre as mulheres. Pastore e Capriglione (1998) concordam ao comentar que o corpo padrão ficou mais fino por conta de uma mudança nos modelos sócio-culturais e estéticos.

Pode-se notar, diante destas evidências empíricas, que os aspectos psicossociais relacionados aos transtornos da imagem corporal têm sido abordados sob diferentes enfoques. No entanto, Friedman e Brownell (1995) ressaltaram que investigações sobre imagem corporal e sua associação ao peso corporal, tanto no que se refere a pessoas com excesso de peso (obesidade) como em pessoas com baixo peso corporal, seriam de extrema relevância.

Várias formas avaliativas têm sido utilizadas para se identificar os fatores associados à percepção da imagem corporal em relação ao peso corporal, assim como detectar eventuais transtornos alimentares, como nos estudos de Sánchez-Villegas e colaboradores (2001), Sarwer, Wadden e Foster (1998), Mendelson e White (1985), Cash, Wood, Phelps e Boyd (1991), Freitas, Gorenstein e Appolinario (2002), entre outros. Porém, a grande maioria dos instrumentos psicológicos utilizados para se avaliar a imagem corporal foi desenvolvida no contexto da literatura internacional, com destaque aos estudos provenientes dos Estados Unidos. Dentro da perspectiva brasileira, a realidade é bem diferente, caracterizando-se por escassos estudos relativos aos recursos técnicos de avaliação psicológica voltados à temática em questão, e de uma maneira geral, sem adequada adaptação e validação para a nossa realidade sócio-cultural.

Tendo em vista este panorama, Leite (1999) propôs uma escala para avaliar a satisfação com a imagem corporal, denominada Escala de Satisfação com a Imagem Corporal (ESIC). Este instrumento foi derivado da combinação de dois outros: o MBSRQ-Multidimensional Body-Self Relations Questionnaire (Cash, 1994) e do BES - Body Esteem Scale (Mendelson, White & Mendelson, 1998). Em sua versão inicial, a ESIC foi composta por 32 itens, sendo 23 deles pertencentes ao BES, distribuídos em três diferentes subescalas. Os nove itens restantes foram retirados das duas subescalas do MBSRQ que apresentaram similaridade conceitual com os fatores da BES. Com o objetivo de validar esta versão inicial da escala (composta de 32 itens), Leite (1999) aplicou-a numa amostra de 300 estudantes universitários dos cursos de Nutrição, Fisioterapia e Medicina de uma instituição privada situada no Rio de Janeiro. Dos 32 itens, quatro foram eliminados por possuírem cargas fatoriais menores que 0,30 e correlação item-total do fator menor do que 0,20, ficando composta por 28 itens. Por meio de análise fatorial, foram identificados, neste primeiro momento, três fatores denominados como grau de satisfação com a imagem corporal (Fator 1, composto por 14 itens), preocupação com o peso (Fator 2, composto por sete itens) e repercussão da própria imagem no ambiente externo (Fator 3, composto por sete itens).

Num segundo momento, conforme descrito em Ferreira e Leite (2002), a ESIC passou por reformulações e por novas análises fatoriais. Nesse sentido, as autoras optaram pela solução de dois fatores (não mais três conforme inicialmente proposto por Leite, 1999) por fornecer melhor representação da estrutura interna da escala. Com esta adaptação, a versão final da ESIC ficou composta por 25 itens, sendo o Fator 1 composto por 18 itens e denominado o grau de satisfação com a própria aparência (tanto no que diz respeito às características intrínsecas à própria imagem corporal, quanto no que se refere à repercussão desta imagem no ambiente externo) e o Fator 2 composto de sete itens e intitulado de preocupação com o peso (por ter concentrado itens referentes à necessidade de regulação e controle do peso como forma de se manter ou se obter uma auto-imagem ideal). Deste modo, "a versão brasileira da escala de avaliação da satisfação com a imagem corporal, validada através de procedimentos de análise fatorial exploratória, compôs-se, portanto, de 25 itens, distribuídos em dois fatores, que apresentaram bons índices de consistência interna" (Ferreira & Leite, 2002, p. 145).

Com o objetivo de analisar a validade concorrente da versão brasileira da ESIC, Ferreira e Leite (2002) realizaram um segundo estudo onde compararam o grau de satisfação corporal de mulheres obesas e não obesas, tomando-se por base os resultados de diversos estudos por ela referidos que apontaram para forte correlação entre obesidade e elevada insatisfação com a imagem corporal. Para este segundo delineamento, a amostra foi composta por 164 mulheres, com idades variando de 20 a 65 anos, distribuídas em obesas e não obesas, de acordo com três diferentes critérios. O primeiro deles foi o cálculo do índice de massa corporal (IMC), sendo consideradas obesas aquelas participantes com IMC > 30 kg/m2 e não obesas aquelas participantes com IMC < 25 kg/m2. O segundo critério para a classificação da obesidade se baseou na taxa da circunferência cintura-quadril, sendo as pessoas com taxa acima de 0,80 consideradas obesas e abaixo de 0,80 não obesas. O terceiro critério adotado para diagnóstico da obesidade tomou por base a medida da circunferência da cintura e considerou um resultado maior ou igual a 88 centímetros como indicativo de obesidade. Em seguida, Ferreira e Leite (2002) calcularam as pontuações obtidas por cada participante da amostra, para cada fator componente da ESIC, por meio da soma dos escores assinalados aos itens que as compunham, bem como as médias obtidas e desvios padrão obtidos no grupo de obesas e não obesas, segundo os três diferentes critérios mencionados. Posteriormente, para se testar a hipótese de que as obesas apresentavam maior insatisfação com sua imagem corporal, foram realizadas análises estatísticas (testes t) entre os pares de médias obtidos pelos dois grupos (obesas e não obesas), de acordo com os três critérios de classificação adotados.

Os resultados indicaram que tanto para o Fator 1 como para o Fator 2 (grau de satisfação com a aparência e preocupação com o próprio peso, respectivamente) todas as mulheres classificadas como não obesas, em função dos três diferentes critérios adotados, apresentaram níveis de satisfação com a imagem corporal significativamente maior em comparação às obesas. Deste modo, os resultados apresentados por Ferreira e Leite (2002) indicaram que as mulheres obesas apresentaram maior insatisfação com sua imagem corporal quando comparadas às não obesas, corroborando a hipótese inicialmente formulada pelas autoras. Tais resultados evidenciaram a capacidade da ESIC em avaliar diferentes níveis de satisfação com a imagem corporal em grupos de obesos e não obesos, demonstrando boas características psicométricas. Mostrou-se, portanto, como uma técnica adequada à investigação da imagem corporal de indivíduos do contexto sócio-cultural brasileiro, constituindo-se numa alternativa promissora para avaliação do tema por meio de recursos rápidos de auto-relato.

Assim sendo, o estudo dos componentes da imagem corporal e suas possíveis relações com as características corporais e com a satisfação com o próprio corpo favorecem a compreensão de como estes aspectos podem se relacionar. Neste sentido, podem vir a subsidiar elementos esclarecedores sobre esta complexa rede de fatores que compõem a imagem corporal, bem como eventualmente estimular estratégias técnicas que favoreçam a prevenção de problemas nesta área em indivíduos do contexto sócio-cultural contemporâneo.

Considerando-se estes aspectos, o objetivo do presente trabalho é investigar o nível de satisfação corporal, por meio da Escala de Satisfação com a Imagem Corporal (ESIC), em indivíduos com diferentes pesos corporais. Procurou-se ainda examinar possível influência das variáveis sexo e idade na avaliação do nível de satisfação com a imagem corporal dos participantes, tendo em vista as características do contexto sócio-cultural vigente.

 

Método

Participantes

A amostra foi composta por 120 adultos, de ambos os sexos, com idades variando de 18 a 55 anos, residentes em Ribeirão Preto (SP) e região, com escolaridade mínima equivalente ao ensino médio. Os participantes foram divididos em quatro grupos de 30 indivíduos cada, em função de seus índices de massa corporal (IMC), conforme classificação proposta pela Organização Mundial da Saúde (WHO, 1997). Desta forma, foram classificados em quatro grupos contrastantes, a saber: abaixo do peso (IMC ? 18,5 Kg/m2), peso normal (IMC de 18,6 até 24,9 Kg/m2), sobrepeso (IMC de 25,0 até 29,9 Kg/m2) e acima do peso (IMC ? 30 Kg/m2).

Foram excluídos da amostra indivíduos com história de antecedentes psiquiátricos ou graves transtornos psicológicos, avaliados por breve entrevista inicial, e que relatassem uso de drogas ilícitas ou medicações psicotrópicas (no ano anterior à pesquisa). Excluíram-se também da amostra mulheres grávidas e indivíduos que apresentassem, pela direta observação da pesquisadora, graves deficiências físicas, por conta de suas possíveis interferências no nível de satisfação com a imagem corporal.

Vale ressaltar que se buscou inicialmente para a composição da amostra representação igualitária dos sexos e das várias faixas etárias (no largo intervalo de 18 a 55 anos). Inclusive, diante da amplitude desta última variável, considerou-se sensato encontrar participantes distribuídos em diferentes faixas etárias, para representar adequadamente a diversidade de indivíduos existentes na população. Outra decisão técnica, a priori estabelecida, foi a de incluir neste trabalho apenas indivíduos com alto nível de escolaridade (considerado pelo IBGE como correspondente a nove ou mais anos de estudo), para se tentar evitar eventual dificuldade na compreensão de afirmações verbais (em escala composta por itens escritos) inerentes à avaliação psicológica pretendida.

Sendo assim, a caracterização da amostra dos participantes deste estudo, em função do sexo, idade e IMC, encontra-se na Tabela 1.

 

 

Ao analisarmos a Tabela 1, percebe-se que o número de participantes da amostra em função da idade, sexo e IMC seguiu distribuição eqüitativa entre estas variáveis, com exceção do grupo "abaixo do peso". Para a composição deste grupo surgiram grandes dificuldades em se encontrar participantes com as características desejadas, principalmente em relação ao sexo masculino e em participantes com idade superior a 30 anos. Para viabilizar o trabalho, portanto, optou-se por completar o grupo abaixo do peso com mulheres jovens, no sentido de se chegar ao mesmo número de participantes neste grupo (n = 30). Desta forma, a amostra ficou composta por 45 homens (37,5% da amostra total) e 75 mulheres (62,5% da amostra). Em relação à idade dos participantes, 55 sujeitos estão incluídos na faixa etária de 18 a 30 anos (45,8%), 34 sujeitos na faixa de 31 a 40 anos (28,4%) e 31 participantes encontram-se entre 41 e 55 anos (25,8%). Conseguiu-se, portanto, adequada representação dos adultos em termos de IMC, sexo e idade, dentro das condições delineadas inicialmente para este trabalho.

Instrumentos

Além de um formulário para assinatura do consentimento livre e esclarecido à participação nesta pesquisa, foi inicialmente utilizado um roteiro semi-estruturado de entrevista para levantamento do histórico pessoal (nome, sexo, idade, estado civil, escolaridade, profissão, telefone para contato, satisfação ou não com seu peso atual e perguntas referentes a questões de saúde e uso de drogas psicotrópicas) e anotação das medidas antropométricas (peso e altura) dos participantes. O instrumento principal para coleta de dados, no entanto, foi a Escala de Satisfação com a Imagem Corporal - ESIC (Leite, 1999): instrumento de avaliação do nível de satisfação com a imagem corporal. A ESIC é composta por 25 itens, todos objetivos, respondidos em uma escala de cinco pontos (modelo Likert), variando de "discordo totalmente" (1) a "concordo totalmente" (5). Foi adaptada e validada para amostras brasileiras (Ferreira & Leite, 2002), sendo seus 25 itens distribuídos em dois fatores (duas subescalas), corrigidos no sentido da satisfação pessoal. Assim, quanto maior o resultado na ESIC (avaliado por fator), mais positiva ou maior a satisfação com a própria imagem corporal. Deste modo, os itens negativos devem ter seus escores invertidos antes que se calcule o total do sujeito em cada subescala. A primeira subescala, correspondente ao fator 1 é composta por 18 itens e foi denominada de satisfação com a aparência e a segunda subescala, referente ao Fator 2 ficou composta por sete itens e foi rotulada de preocupação com o peso. Cabe ressaltar que, no processo de análise dos resultados da ESIC, isto é, para se examinar o grau de satisfação com a imagem corporal de cada participante, os dados são examinados e interpretados em função dos valores alcançados em cada fator isoladamente.

Procedimento

A coleta de dados foi individual e predominantemente realizada com indivíduos que trabalhavam ou estudavam na Universidade de São Paulo, Campus de Ribeirão Preto (SP). Após contato informal com possíveis voluntários e explicação dos objetivos da pesquisa, solicitou-se aos que concordaram o agendamento de um encontro para aplicação dos instrumentos. Essa avaliação ocorreu na própria residência dos participantes, em seus locais de trabalho ou nas dependências da Clínica-Escola do Curso de Psicologia da referida Universidade, respeitando-se as condições de sigilo e de privacidade necessárias à boa prática da avaliação psicológica.

Após prévia autorização dos participantes por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foram coletados (pelo roteiro semi-estruturado de entrevista) os dados referentes à história pessoal, assim como a tomada das medidas de peso e altura. Por fim, foi aplicada a Escala de Satisfação com a Imagem Corporal (ESIC), conforme orientação de Leite (1999) e Ferreira e Leite (2002), seguida por agradecimento formal aos participantes.

As evidências obtidas pelo roteiro semi-estruturado serviram para caracterização geral dos participantes e para o processo de seleção dos voluntários válidos para os objetivos deste estudo. Posteriormente, foram codificados os escores atribuídos por cada um dos participantes da amostra nos 25 itens da ESIC, seguindo o padrão avaliativo descrito e proposto por Leite (1999). Os resultados deste instrumento psicológico foram tabulados individualmente para as duas subescalas que a compõem (Fator 1 e Fator 2) elaborando-se, em seguida, estatística descritiva (média e desvio-padrão) do conjunto dos dados dos participantes avaliados em função dos quatro grupos de IMC.

Na seqüência da análise relativa à ESIC, os resultados de cada grupo de índice de massa corporal foram comparados por meio de análise da variância univariada (ANOVA, p ? 0,05), seguida de teste post-hoc de Dunn (p ? 0,05) para cada fator da ESIC. Procurou-se, desta forma, identificar especificidades nos auto-relatos sobre satisfação corporal em função dos diferentes grupos de IMC.

A seguir, examinou-se também, por meio de estatística não paramétrica (Teste de Mann-Whitney e Teste de Kruskal-Wallis, p ? 0,05), a possível influência das variáveis sexo e idade dos participantes na avaliação do nível de satisfação com a imagem corporal. Desta forma, foram adotados procedimentos técnicos almejando cumprir as metas propostas para esta investigação.

Em complemento às análises realizadas, procurou-se ainda verificar a hipótese de que quanto maior o IMC dos participantes (maior peso corporal), menor sua pontuação na ESIC, indicando maior grau de insatisfação com a imagem corporal. Ou seja, procurou-se avaliar a relação entre o nível de satisfação com a imagem corporal (em cada fator componente da ESIC) e o IMC dos participantes avaliados. Para isso, recorreu-se ao cálculo do coeficiente de correlação de Pearson (medida do grau de correlação entre duas variáveis quantitativas) entre a pontuação bruta de cada participante em cada fator da ESIC e o seu respectivo valor de IMC. Adotou-se, também para esta análise, nível de significância igual ou menor a 0,05. Para uso desta análise estatística, foi necessária a realização prévia de verificação da normalidade do conjunto dos resultados da ESIC (em cada um de seus fatores), realizada por meio do teste de Kolmogorov-Smirnoff (p ? 0,05). Os resultados desta análise confirmaram a distribuição normal dos resultados para cada grupo de índice de massa corporal de indivíduos, em função dos dois fatores da ESIC.

 

Resultados

Após codificação dos resultados de cada participante na ESIC, seguindo-se seus padrões técnicos, foi elaborada a Tabela 2. Ela apresenta os valores de média e desvio-padrão (DP) dos escores atribuídos para cada item da ESIC, nos quatro grupos de IMC em função de seus dois fatores componentes.

 

 

A análise da Tabela 2 permitiu identificar que, aparentemente, os valores médios mais altos, obtidos nos dois fatores da ESIC, indicativos de maiores níveis de satisfação com a imagem corporal, pertenceram ao grupo de peso normal. Em seguida, os resultados apontaram que os participantes do grupo abaixo do peso ficaram em segundo lugar quanto ao nível de satisfação consigo próprios nos fatores examinados pela escala, seguidos pelo grupo de sobrepeso. Os que demonstraram menores resultados médios nos dois fatores da ESIC foram os indivíduos do grupo acima do peso, demonstrando, portanto, sinais de maior insatisfação com sua imagem corporal.

Com o objetivo de se certificar em qual direção (entre quais grupos de IMC) ocorreram diferenças estatisticamente significativas, realizou-se análise da variância univariada (ANOVA, p ? 0,05) com teste post-hoc de Dunn (p < 0,05). Procurou-se, assim, comparar de maneira detalhada as possíveis diferenças existentes entre as médias dos escores de satisfação corporal em função dos quatro grupos de IMC, para cada fator da ESIC. Os resultados desta análise estatística estão apresentados na Tabela 3.

A partir da análise da Tabela 3, verificou-se que os grupos abaixo do peso, peso normal e acima do peso foram claramente diferenciados em termos de níveis de satisfação com a imagem corporal, nos dois fatores da ESIC. As análises realizadas comprovaram que, de fato, os maiores níveis de satisfação corporal pertenceram aos participantes do grupo de peso normal, em seguida dos participantes do grupo abaixo do peso e por último (mais insatisfeitos) os participantes do grupo acima do peso, nos dois fatores da ESIC. Em relação ao grupo de sobrepeso, foram encontradas diferenças estatísticas em relação ao grupo abaixo do peso e peso normal somente no Fator 2 da ESIC.

As evidências empíricas encontradas, portanto, permitem corroborar a hipótese de que os fatores componentes da ESIC se mostraram capazes de discriminar níveis distintos de satisfação com a imagem corporal em relação ao tamanho corporal real (avaliados a partir dos diferentes IMC dos participantes). Os indivíduos obesos se mostraram mais preocupados com o próprio peso e insatisfeitos com sua própria aparência, relativamente aos demais grupos estudados. Por sua vez, os indivíduos com sobrepeso apenas pareceram mais preocupados com a questão do peso corporal (Fator 2 da ESIC), comparativamente aos indivíduos de peso normal e abaixo do peso, não parecendo se diferenciar em relação à percepção de sua própria aparência física, de acordo com as informações possíveis obtidas por meio da escala utilizada.

 

 

Ainda ao se analisar a Tabela 3 é possível verificar que grupos mais próximos em termos de IMC pareceram não obter resultados diferenciados na ESIC, fazendo pensar que a escala consegue captar melhor diferenças no nível de satisfação com a imagem corporal de indivíduos de aparência física contrastante (classes de IMC bastante diversas). Ou seja, índivíduos de classes de IMC próximos pareceram, dentro dos resultados médios obtidos nos dois fatores da ESIC, não se diferenciarem claramente em termos de sua satisfação com a imagem corporal.

Dando continuidade às análises estatísticas realizadas, examinou-se possível influência do sexo sobre o nível de satisfação com a imagem corporal obtido pela ESIC (Teste de Mann-Whitney, p ? 0,05), não resultando em diferenças significativas nos dois fatores que compõem esta escala (Fator 1: Z = -0,201, p = 0,841 e Fator 2: Z = -1,094, p = 0,274). Para se examinar eventual interferência da idade sobre os resultados na ESIC, os participantes foram agrupados em diferentes faixas etárias, a saber: 18-30 anos, 31 a 40 e 41 a 55 anos, independentemente do sexo. Aplicando-se o Teste de Kruskal-Wallis (p ? 0,05) nos dois fatores da ESIC, novamente não se detectou diferença significativa entre as três faixas etárias avaliadas (Fator 1: 2 = 0,458, p = 0,795; Fator 2: 2 = 0,703 , p = 0,704). Estas evidências foram sugestivas de que o sexo e a idade dos indivíduos não pareceram influenciar no processo de auto-avaliação do nível de satisfação com a própria imagem corporal, dentro das possibilidades informativas do auto-relato da ESIC.

Procurou-se, por fim, verificar se o aumento do IMC dos participantes (maior peso corporal) associar-se-ia com menor pontuação na ESIC, indicando maior grau de insatisfação com a imagem corporal. Os resultados da análise de correlação de Pearson entre a pontuação bruta de cada participante em cada fator da ESIC e seu respectivo valor de IMC indicaram, para o Fator 1, o valor de -0,404 (p = 0,000) e, para o Fator 2, valor igual a -0,335 (p = 0,000).

Sendo assim, foi possível corroborar a hipótese inicial de uma relação significativa entre o aumento do IMC e o aumento da insatisfação com a imagem corporal, indicando que os participantes dos grupos de maior peso corporal (maior IMC) relataram, de fato, maior insatisfação com sua imagem corporal. Levando-se em conta que também não há estudos desta natureza realizados com este instrumento (ESIC), para eventuais comparações, os atuais resultados (mesmo que preliminares) podem trazer contribuições interessantes para o estudo da imagem corporal e variáveis a ela associadas, como a questão do tamanho e do peso corporal real.

 

Discussão

Vários trabalhos científicos tentam investigar e examinar a imagem corporal por meio de diferentes instrumentos de avaliação. De forma geral, segundo Almeida, Santos, Pasian e Loureiro (2005) estas técnicas de exame podem ser divididas em duas categorias: instrumentos de avaliação subjetiva (que investigam sentimentos e atitudes em relação ao corpo) e instrumentos de avaliação perceptual (que abordam aspectos relativos à precisão da percepção do tamanho e da forma corporal). Dentre os instrumentos direcionados a investigação dos aspectos mais subjetivos da imagem corporal, encontram-se os questionários e as escalas, como a utilizada no presente estudo. Segundo Kakeshita e Almeida (2006) o componente subjetivo da imagem corporal se refere à satisfação de uma pessoa com seu tamanho corporal ou partes específicas de seu corpo.

O objetivo central deste trabalho foi investigar aspectos subjetivos relacionados ao nível de satisfação com a imagem corporal em indivíduos adultos de diferentes pesos corporais, por meio da Escala de Satisfação com a Imagem Corporal (ESIC), assim como verificar possível associação das variáveis sexo e idade neste processo de auto-avaliação. As evidências encontradas puderam ser esclarecedoras da forte associação entre auto-relato de satisfação com o próprio corpo e IMC em valores considerados adequados e normais para a estrutura do indivíduo, alterando-se a imagem corporal quando associada ao aumento ou a diminuição do peso corporal.

Os resultados obtidos indicaram que os grupos considerados não obesos (IMC < 30 kg/m2) apresentaram índices de satisfação corporal maiores que o grupo acima do peso (IMC 30 kg/m2), na seguinte ordem (decrescente de satisfação): grupo peso normal > grupo abaixo do peso > grupo sobrepeso > grupo acima do peso. Estes achados confirmaram os resultados encontrados Ferreira e Leite (2002) em seu estudo sobre a insatisfação com a imagem corporal, onde seu grupo de obesas também obteve maiores índices de insatisfação com a imagem corporal em comparação ao grupo de não-obesas. Estes resultados sugerem, portanto, suficiente capacidade, por parte da escala utilizada, na discriminação do nível de satisfação com a imagem corporal em função do tamanho corporal real (avaliados a partir dos diferentes IMC) em indivíduos adultos.

Como se observou nos estudos de Almeida (2003), Leite (1999), Cash (1993), Friedman e Brownell (1995), Stunkard e Wadden (1992), Leonhard e Barry (1998), entre outros, a obesidade constitui um fator com elevado grau de influência na composição da imagem corporal e também no nível de satisfação pessoal diante desta imagem. Entre estes autores, é ressaltado também o papel da influência externa sobre a percepção corporal das pessoas. Tal ênfase, reforçada pelas normas culturais e padrões atuais de magreza (considerada como sinônimo de beleza, normalidade e saúde) pode provocar insatisfação e sentimentos de inadequação relacionados à auto-imagem. Assim, o ambiente sócio-cultural parece ser uma das condições determinantes para o desenvolvimento de distorções e distúrbios subjetivos da imagem corporal (Kakeshita & Almeida, 2006).

Sobre a relação entre satisfação com a imagem corporal em indivíduos de diferentes tamanhos e formas corporais, foco central do presente trabalho, várias considerações ainda podem ser encontradas na literatura. Por exemplo, no trabalho de Sarwer, Wadden e Foster (1998) foi avaliado o grau de satisfação e insatisfação com a imagem corporal em mulheres obesas e não obesas, utilizando outro instrumento avaliativo de auto-relato chamado "Body Dysmorphic Disorder Examination". Foram avaliadas 79 mulheres obesas em comparação a um grupo controle composto por 43 mulheres não obesas. A grande maioria das mulheres obesas demonstrou maior insatisfação com sua imagem corporal quando comparadas ao grupo de mulheres não-obesas. Entretanto, é interessante notar que não foi encontrada associação entre a insatisfação corporal e índice de massa corporal, uma vez que algumas mulheres não obesas também se julgaram insatisfeitas. Segundo os autores, tais resultados podem indicar que a insatisfação corporal pode estar sendo afetada por outros fatores que não somente o peso. Esta visão é consistente com algumas teorias sobre imagem corporal, onde se argumenta que a percepção subjetiva que uma pessoa tem sobre seu corpo pode ser mais importante do que a realidade objetiva, isto é, sua real aparência. Nesse sentido, o peso (diretamente associado ao IMC), por si só, pode não ser o único determinante do grau de satisfação ou insatisfação com a imagem corporal. Conforme apontam Pastore e Capriglione (1998), isso acontece porque a obesidade é um fenômeno que toca duas esferas simultaneamente, a psicológica e a física.

Outro estudo que aponta para esta mesma linha de argumentação foi desenvolvido por Leonhard e Barry (1998). Estes pesquisadores estudaram os efeitos do sexo e do peso em medidas perceptuais da imagem corporal. Eles verificaram que mulheres com peso normal se sentiam gordas, independente de seu peso, sugerindo que as normas sociais de magreza constituem forte influência sobre a formação da auto-imagem corporal. Novamente, podemos notar a questão da grande relação que os aspectos psicológicos exercem no auto-relato sobre nossa representação corporal. Como apontado por Friedman e Brownell (1995), os aspectos físicos da obesidade têm sido cientificamente documentados com detalhes, contudo, os correlatos psicológicos do excesso de peso ainda carecem de mais estudos.

Segal, Cardeal e Cordás (2002) também contribuíram para esclarecer os aspectos psicossociais da obesidade. Eles apontaram a inexistência de relação direta entre IMC e insatisfação e/ou distorção da imagem corporal. Ponderaram que esta relação está presente com o sobrepeso percebido e não com o sobrepeso real e enfatizaram a relevância dos componentes psíquicos no processo de avaliação e de representação da imagem corporal.

Argumentação semelhante foi desenvolvida por Almeida (2003) e Almeida e colaboradores (2005) ao estudarem a percepção do tamanho e forma corporal em mulheres de diferentes pesos corporais. Concluíram que a satisfação com o peso tende a ir além do tamanho corporal real, sugerindo a influência de aspectos subjetivos ou psicológicos dos indivíduos nesta elaboração.

A esta questão somam-se as argumentações de Schilder (1935/1980) sobre o quanto a imagem corporal ultrapassa os limites do corpo, encontrando mecanismos de movimentação e de alteração não somente no nível orgânico, mas também nas estruturas psicológicas. Capisano (1992) complementa este raciocínio ao afirmar que o mundo psíquico é preponderante na determinação da imagem corporal, no pensamento, nas percepções e nas relações com o mundo externo.

Diante destes argumentos, fica realmente fortalecida a relevância do estudo do construto da imagem corporal, incluindo seus aspectos psicossociais, em pesquisas e em práticas profissionais voltadas à promoção da saúde dos indivíduos. Isto fica ainda mais evidente no caso dos transtornos ligados ao peso e à alimentação, tão freqüentes na atualidade, exigindo cada vez mais novas alternativas terapêuticas, ainda pouco desenvolvidas.

Em relação ao segundo objetivo proposto por este trabalho, sobre a possível influência das variáveis sexo e idade na avaliação do nível de satisfação com a imagem corporal por meio da ESIC, não foram encontradas diferenças significativas em nenhum dos dois fatores desta escala. Estes resultados apontaram que a auto-avaliação do nível de satisfação com a própria imagem corporal em adultos, por meio dos indicadores desta escala de auto-relato, não pareceu influenciada por características da idade e do sexo dos indivíduos a ela submetidos. Um fator que pode ter contribído para este resultado é a questão da caracterização da amostra. Pretendia-se inicialmente uma composição igualitária dos participantes, tanto em função do sexo como da idade. Mas, por motivos já mencionados, não foi possível alcançar tal distribuição. Desta maneira, a amostra foi composta por um percentual mais elevado de mulheres e de jovens (18-30 anos), podendo, assim, ter colaborado para o resultado observado. Neste sentido, a realização de novos estudos envolvendo o uso deste instrumento, com amostras diversificadas, é bastante relevante e pode trazer perspectivas úteis no campo do estudo da imagem corporal.

Apesar destas limitações, os resultados observados confirmaram as possibilidades informativas da ESIC enquanto instrumento de avaliação psicológica. Foram encontradas evidências de validade desta escala para acessar o nível de satisfação com a imagem corporal de indivíduos adultos no atual contexto sócio-cultural.

Uma vez que a produção científica brasileira sobre instrumentos de avaliação psicológica voltados à análise específica da imagem corporal é escassa, o presente trabalho ofereceu contribuição no sentido de estimular novas investigações sobre a ESIC e instrumentos alternativos, de modo a disponibilizar futuros recursos técnicos úteis e adequados ao trabalho do psicólogo brasileiro. Neste sentido, além da vantagem de configurar-se como um instrumento simples e de rápida aplicação, a ESIC também demonstrou ser uma alternativa promissora para a pesquisa e para o uso clínico na área da análise da imagem corporal em adultos.

 

Referências

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Endereço para correspondência
E-mail: srpasian@ffclrp.usp.br

Recebido em Janeiro de 2008
Reformulado em Maio de 2008
Aceito em Junho de 2008

 

 

Sobre as autoras:

* Adriana Martins Saur: psicóloga, mestre em Psicologia pelo Departamento de Psicologia e Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e doutoranda em Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.
** Sonia Regina Pasian: psicóloga, mestre em Filosofia (UFSCar), doutora em Ciências - Saúde Mental (FMRP-USP), docente do Departamento de Psicologia e Educação (pós-graduação e graduação) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, onde coordena o Centro de Pesquisas em Psicodiagnóstico. É assessora científica de periódicos e agências de pesquisa e atual presidente da Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos (ASBRo).

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