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Avaliação Psicológica

versão impressa ISSN 1677-0471versão On-line ISSN 2175-3431

Aval. psicol. v.7 n.3 Porto Alegre dez. 2008

 

EDITORIAL

 

Ao fechar o terceiro número da Revista Avaliação Psicológica no ano de 2008 é possível fazer análises interessantes. A primeira refere-se ao fato de termos conseguido publicar três números com uma quantidade satisfatória de artigos e resenhas, o que significa que os pesquisadores/profissionais da área têm se empenhado em publicar seus achados de pesquisa. Ao lado disso, é possível inferir que mais pesquisas estão sendo desenhadas, gerando dados e reflexões.

Aproveitamos para anunciar que em 2009 haverá o IV Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica, e terá a parceria da Conferência Internacional de Avaliação Psicológica - Formas e Contextos, reforçando os laços de empenhos conjuntos. A novidade neste congresso será a interlocução com a Associação Brasileira de Rorschach e outros métodos projetivos (ASBRo), que estará realizando concomitantemente o seu V Congresso Brasileiro.

Assim, acredita-se que esta reunião consolidará a nova era da avaliação psicológica brasileira. Com este mesmo intuito, qual seja, o de promover a integração entre as Associações, a partir do primeiro número do ano que vem, virá compor o Conselho Editorial da Revista, uma editora associada, representante da ASBRo, com vistas a auxiliar na análise de manuscritos específicos das técnicas projetivas. Antes de apresentarmos os resumos dos trabalhos desse número, aproveitamos para agradecer a todos pela confiança depositada e para desejar um bom final de ano.

O primeiro trabalho da Revista Avaliação Psicológica visou analisar o estilo de condução agressiva a partir das variáveis da personalidade que poderiam predispor a esse tipo de comportamento e explicar as diferenças individuais de motoristas. Fernando Poó (Universidad Nacional de Mar del Plata), Rubén Ledesma (Universidad Nacional de Mar del Plata e CONICET) e Silvana Montes (CONICET) no artigo Rasgos de Personalidad y Agresión en Conductores investigaram 245 condutores argentinos, que responderam a uma escala de estilo agressivo para condução e um inventário de personalidade. Os resultados indicaram que alguns traços de personalidade podem explicar a agressão no trânsito, mas também que esses traços podem variar entre diferentes grupos.

Utilizar o rastreamento ocular como parte da avaliação neuropsicológica em crianças e jovens com Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID) foi o objetivo do artigo Novas Possibilidades na Avaliação Neuropsicológica dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento: Análise dos Movimentos Oculares, de autoria de Fernanda T. Orsati, José Salomão Schwartzman, Décio Brunoni, Tatiana Mecca e Elizeu C. de Macedo, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Os resultados obtidos, que contaram com dados provindos de avaliação de inteligência (WISC III) e do rastreamento ocular (Tarefa de Sacada Preditiva e Tarefa de Anti-Sacada), indicam concordância com a literatura, concluindo-se que a avaliação dos movimentos oculares contribui para a avaliação neuropsicológica, assim como para intervenções eficazes nos TID.

Da Universidade Federal da Paraíba veio o artigo Inventário de Depressão Infantil (CDI): Evidências de validade de constructo e consistência interna, cujas autoras são Maria da Penha de Lima Coutinho, Zulmira Carla Gonçalves Carolino e Emerson Diógenes de Medeiros. Neste estudo objetivou-se adaptar e verificar evidências de validade de construto e consistência interna do Inventário de Depressão Infantil (CDI) para o contexto da cidade de São Luís - MA. Participaram 280 escolares, com idades variando entre 9 e 17 anos. A análise fatorial indicou a existência de um único fator, 36,86% de variância explicada e consistência de 0,91, indicando parâmetros psicométricos aceitáveis.

Estudo de validação do Inventário de Perspectiva de Tempo do Zimbardo é o título do artigo de Umbelina do Rego Leite, da Universidade de Rio Verde e Luiz Pasquali, da Universidade de Brasília. Os autores conduziram dois estudos para contribuir para a validação do Zimbardo Time Perspective Inventory - ZTPI no Brasil. Inicialmente, uma amostra respondeu à versão integral traduzida, sendo que posteriormente houve nova aplicação, em outra amostra, com a versão já adaptada do inventário. Os resultados indicaram que o construto pode ser avaliado em amostras brasileiras, sugerindo duas versões para o inventário.

Eliane Mary de Oliveira Falcone (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Maria Cristina Ferreira (Universidade Salgado de Oliveira), Renato Curty Monteiro da Luz (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Conceição Santos Fernandes (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Camila de Assis Faria (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Juliana Furtado D'Augustin (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), Aline Sardinha (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e Vanessa Dordron de Pinho (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) são os autores do artigo Inventário de Empatia (I.E.): Desenvolvimento e validação de uma medida brasileira. O estudo desenvolveu e analisou as características psicométricas de um Inventário de Empatia (IE). A partir da identificação de 16 situações de interação social, fornecidas pela literatura, foi construída uma escala inicial com 74 itens, baseados nos componentes cognitivos, afetivos e comportamentais da empatia. Os resultados indicaram boas características psicométricas, e os autores recomendaram seu uso clínico ou em pesquisa.

O objetivo de Lucas de Francisco Carvalho (Universidade São Francisco), José Maurício Haas Bueno (Universidade São Francisco) e da psicóloga Fernanda Kebleris foi investigar as propriedades psicométricas de um Inventário de Ciúme Romântico. O instrumento foi aplicado a 577 universitários de ambos os sexos que também preencheram um inventário para avaliação dos cinco grandes fatores de personalidade. Uma análise fatorial exploratória revelou uma estrutura primária com seis fatores com precisão variando entre 0,62 e 0,89. Além disso, e a maioria dos fatores apresentou correlação positiva e significativa com o traço de neuroticismo, conforme esperado teoricamente. O título do trabalho é Estudos Psicométricos Preliminares do Inventário de Ciúme Romântico - ICR.

O objetivo do artigo denominado Diferenças relacionadas ao sexo observadas no Cheklist de Relações Interpessoais - Revisado foi verificar diferenças nas dimensões do instrumento. Para tanto, os autores (Gleiber Couto, da Faculdade de Estudos Administrativos de Belo Horizonte; Monalisa Muniz, da Universidade São Francisco e das Faculdades Integradas Einstein de Limeira; Luc Vandenberghe, da Universidade Católica de Goiás; e Antonius Cornelius van Hattum, da Faculdade de Divinópolis) pesquisaram as respostas de 551 estudantes com idades variando entre 13 e 52, sendo a maioria do sexo feminino, por meio de Análise Discriminante que sugeriu uma função composta por seis escalas, que classificou corretamente 64,4% dos casos.

Marcello de Abreu Faria, da Universidade Católica de Brasília, realizou estudo com o Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister em um caso de Transtorno Dissociativo de Identidade. A amostra foi composta por uma paciente, e seus dados foram analisados segundo os princípios de interpretação do referido teste. Foram verificados indicadores sintomatológicos e dissociativos significativos caracterizados por amnésia, traumas e emersões espontâneas entre personalidades. O título do trabalho é O Teste de Pfister e o Transtorno Dissociativo de Identidade

Jacob Arie Laros e João Luiz Marciano, da Universidade de Brasília, são os autores do artigo Índices educacionais associados à proficiência em Língua Portuguesa: um estudo multinível, no qual investigou-se, utilizando-se de análises multinível, os dados de 33.962 alunos da 3ª série de 1.661 escolas de Ensino Médio, da prova de Língua Portuguesa do SAEB. Os resultados indicaram que mesmo depois da inserção das variáveis de controle, o conjunto de fatores escolares pôde explicar entre 10% e 13% da variabilidade total do desempenho em português.

O artigo intitulado Limite da Validade de um Instrumento de Avaliação Docente, de autoria de Cristiano Mauro Assis Gomes e Oto Borges, da Universidade Federal de Minas Gerais, descreveu e discutiu as qualidades psicométricas de um instrumento de avaliação docente de uma instituição de ensino superior. De forma geral, os resultados indicaram um instrumento confiável e unidimensional que acessa a avaliação socialmente compartilhada pelos estudantes concernente ao seu grau de satisfação em relação ao trabalho docente.

O artigo Interesses profissionais: perspectivas teóricas e instrumentos de avaliação, de autoria de Maiana Farias Oliveira Nunes (Universidade São Francisco), Erika Tiemi Kato Okino (Universidade de São Paulo), Mariana Araújo Noce (Universidade de Ribeirão Preto) e Maria Luisa Casillo Jardim-Maran (Universidade de São Paulo) tratou da revisão de modelos teóricos sobre o desenvolvimento dos interesses profissionais, mais especificamente a Teoria Sócio-Cognitiva para o Desenvolvimento de Carreira, a teoria de Holland sobre os tipos profissionais e a perspectiva psicodinâmica. As autoras destacaram a necessidade da realização de pesquisas na área, com a disponibilização de novos instrumentos.

O genograma é definido como um desenho gráfico da vida em família, podendo ser um importante instrumento em avaliações e intervenções familiares. Assim, Liara Lopes Krüger, do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, e Blanca Susana Guevara Werlang, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, em O genograma como recurso no espaço conversacional terapêutico, relatam a construção do genograma, na qual a ênfase na informação é substituída pela busca de oportunidades para re-historiar as experiências vividas por dois grupos familiares que vivenciaram uma crise gerada pela tentativa de suicídio de um dos seus membros.

Sheila Tatiana Duarte Cordazzo, Josielly Pinheiro Westphal, Fernanda Balem Tagliari, Mauro Luis Vieira e Ana Maria Faraco de Oliveira, da Universidade Federal de Santa Catarina, apresentam os passos da construção de uma metodologia observacional para coletar dados de crianças brincando no ambiente escolar. Os autores de Metodologia observacional para o estudo do brincar na escola apontam que a utilização de um protocolo adequado de observação facilita na codificação dos comportamentos conduzindo os pesquisadores a uma discussão mais fidedigna dos resultados.

Inteligência e maturidade viso-motora: estudo com adolescentes em situação de risco é o título do artigo de Bianca Carolina Vendemiatto (Universidade São Francisco), Acácia Aparecida Angeli dos Santos (Universidade São Francisco) e Adriana Cristina Boulhoça Suehiro (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia). Desse estudo, participaram 41 sujeitos, ambos os sexos, entre 13 e 17 anos, de 5a a 8a série do ensino fundamental, de uma obra social do interior de São Paulo, que responderam aos testes R1-Forma B e o Bender Sistema de Pontuação Gradual (B-SPG). Os achados sugerem a necessidade de novos estudos a fim de se elucidar esse resultado, aparentemente incongruente com a literatura na área.

Por fim, são apresentadas duas notas técnicas e uma resenha. Caio César Rodrigues Toledo é o autor de Escala de Aconselhamento Profissional: Apresentação de um teste para orientação vocacional. Dario Cecílio-Fernandes escreveu Inteligência e trânsito, em que apresenta o Teste Conciso de Inteligência, e Geruza Oliveira de Aquino Pereira fala sobre Intervenções vocacionais: Proposta de modelos e desafios para o futuro. Os três autores são da Universidade São Francisco.

Ana Paula Porto Noronha, editora.

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