SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.8 número2Analises confirmatória da Escala de Atitudes para o Perdão: EFI índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Avaliação Psicológica

versão impressa ISSN 1677-0471versão On-line ISSN 2175-3431

Aval. psicol. v.8 n.2 Porto Alegre ago. 2009

 

ARTIGOS

 

Valores de vida em estudantes universitários de cursos tecnológicos e de humanidades

 

Life values in technologies and humanities college students

 

 

Leonor Almeida *; Patrícia Tavares **

Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Lisboa, Portugal

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Pretendeu-se com este estudo caracterizar o sistema de valores de um grupo de estudantes universitários e fazer o estudo das diferenças entre grupos com base nas variáveis: área de formação (Área de Humanidades vs. Área das Tecnologias), género, localização geográfica (Lisboa vs. Interior) e tipo de ensino (público vs. privado). Para operacionalizar a variável valores foi utilizado o Inventário dos Valores de Vida. Este estudo contou com uma amostra de 271 estudantes universitários. Foram encontradas diferenças significativas entre grupos ao nível dos valores, para todas as variáveis com excepção da variável localização geográfica. Foi, também, realizado o estudo psicométrico do instrumento na amostra em estudo. A análise factorial permitiu identificar 11 factores que explicam 63% da variância total. Os resultados obtidos ao nível da consistência interna do instrumento revelaram-se dentro de níveis aceitáveis. Os resultados encontrados revestem-se de relevância para a discussão dentro desta área temática.

Palavras-chave: Valores, LVI, Estudantes universitários, Desenvolvimento profissional.


ABSTRACT

We intend to characterize the value system from a group of college students and analyze the differences between groups considering the variables: field of studies (Humanities vs. Technologies), gender, geographic area (Lisbon vs. Interior), and public vs. private universities. To operationalize the variables we have used Life Values Inventory (LVI) with a sample of 271 college students. Significant differences were founded between groups for all variables except geographic area. Exploratory Factor Analysis of Life Values Inventory, items/Reliability analysis Alpha coefficients were runned. Accepted Alpha coefficients were obtained. The factorial structure, revealed an 11 factor structure responsible for 63% of total variance. The results have relevance for the discussion in this thematic field.

Keywords: Life values, LVI, College Students, Career Development.


 

 

Introdução

O termo valor já foi associado a crenças (Rokeach, 1968, 1973), necessidades (Super, 1973), objectivos (Bilsky & Schwartz,1987), critérios para definir objectivos (Locke, 1976) e atitudes (Ajzen & Fishbein; Chaiken & Eagly, citados por Dose, 1997). No entanto, os autores concordam que os valores são o padrão ou o critério (Kilmann, 1981; Rokeach, 1968, 1973; Bilsky & Schwartz, 1987) a partir do qual se traçam objectivos, e que guiam a acção do indivíduo, sendo relativamente estáveis e duradouros (Atkins, Meglino & Ravlin, 1989; Rokeach, 1968, 1973). A maioria dos autores defende também que os valores se desenvolvem a partir da influência da cultura, da sociedade e da personalidade.

Os valores ocupam uma posição central no sistema cognitivo e na personalidade dos indivíduos, determinando as suas atitudes, estando intimamente ligados com a motivação, têm uma componente cognitiva, afectiva e comportamental (Rokeach, 1968). Servem diferentes finalidades: tornam possíveis as interacções sociais que possibilitam aos indivíduos satisfazer as suas necessidades; fornecem padrões a partir dos quais as pessoas julgam as suas acções e as dos outros; têm um papel central no processo de tomada de decisão porque servem de base aos objectivos que são estabelecidos e, por fim, fornecem uma base para racionalizar o comportamento (Brown, 1996).

A variável valores tem sido abordada por diferentes autores, tendo cada um deles aplicado esta variável a diferentes áreas da vida dos sujeitos. Um dos contextos onde esta variável mais tem sido estudada é o contexto de trabalho e organizacional (Becker & Connor, 1977). As pesquisas nesta área tem sido impulsionada pela sua relação com a motivação dos trabalhadores (Brown,1997), bem como pelo reconhecimento da importância da existência de valores compatíveis entre empregados, superiores e a restante organização (Atkins, Meglino & Ravlin, 1991).

Autores como Becker e Connor (1977) afirmaram que os valores têm implicações nos conflitos, na comunicação, no desempenho organizacional, nos tipos de controlo e na definição de objectivos, na produtividade e nos resultados obtidos pelos indivíduos, nos tipos de controlo e na definição de objectivos em contexto organizacional. Os estudos de Meglino, Ravlin e Adkins (1989), ilustram a importância dos valores como variável empiricamente relacionada com importantes aspectos do comportamento organizacional.

Segundo Super (1973), os valores de trabalho são objectivos que são perseguidos com vista a atingir a satisfação de uma necessidade, sendo que podem ser satisfeitos por mais do que um tipo de actividade ou ocupação. O Inventário de Valores de Trabalho de Super (WVI, Super, 1970) é um dos mais conhecidos instrumentos para aceder aos valores em termos vocacionais, sendo muito usado em amostras de estudantes.

Pryor (1979) adoptou o termo preferências porque vê os valores de trabalho como que dizendo respeito a algo que os sujeitos preferem numa ocupação ao invés de um imperativo moral. Apesar de os valores terem sido definidos de forma diferente por estes autores, as medidas por eles criadas parecem aceder a constructos semelhantes. Assim, possuir determinado valor ou conjunto de valores vai influenciar os indivíduos a preferirem determinada profissão (Dose, 1997).

Os estudos demonstraram que existem relações entre os valores e a satisfação no trabalho, a tomada de decisão, a ética e o sucesso na carreira (Bertz & Judge, 1992; McNeely & Meglino, 1994). Há autores que sugerem que os valores deviam ser tidos em conta na forma como as organizações são geridas e estruturadas (Hofstede, 1980), tendo sido demonstrado que o valor 'Preocupação com os Outros' modera a relação entre as variáveis situacionais ou de tarefa, como o feedback.

Finnegan (2000) explorou a relação entre valores pessoais, valores da organização e compromisso organizacional. Os resultados demonstraram que o nível de compromisso organizacional podia ser previsto pela percepção que os trabalhadores tinham dos valores da organização e pelos seus próprios valores (Tarik & Tayyab, 2001).

Inicialmente as pesquisas debruçavam-se sobre a relação entre os valores de trabalho e a escolha ocupacional, tendo demonstrado uma forte relação entre estas duas variáveis (Davis & Lofquist, 1971). Posteriormente os estudos passaram a comparar os valores de trabalho de diferentes grupos. Avi-Itzahak e Ben-Shem (1991) compararam os valores de trabalho de caloiros universitários de áreas de profissões de ajuda com caloiros de outras áreas; Beutell e Brenner (1986, citados por Lebo & Tillman, 1995) compararam valores de homens e mulheres; Kramer e Vodanovick (1989, citados por Lebo & Tillman, 1995) estudaram os valores de trabalho de crianças e de pais; Griffith e Shapira (1990, citados por Lebo, Harrington & Tillman, 1995) compararam valores de trabalho de engenheiros e gestores. Todos estes estudos demonstraram existirem diferenças significativas entre grupos no que diz respeito à variável valores.

Knox e Lindsay (1984) demonstraram existir estabilidade nos valores de trabalho de jovens adultos que foram acompanhados num estudo longitudinal. Muitos autores se têm concentrado em estudos inter-culturais. Engel (1988, citado por Lebo & Tillman, 1995) contrastou os valores de homens americanos e japoneses. Hostetler, Shimizu, Schulenberg, Sakayanagi e Vondracek (1990, citados por Lebo & Tillman, 1995) estudaram os valores de trabalho de jovens americanos e jovens japoneses. Estes estudos mostraram a existência de diferenças significativas no que diz respeito aos valores de trabalho nestas duas culturas.

Para além de os valores terem sido empiricamente relacionados com aspectos importantes do comportamento organizacional (Atkins & cols., 1989), do desempenho académico (Coyne,1988 citado por Brown, 2002) e das decisões de carreira (Meglino & Ravlin, 1987) foram também associados à satisfação conjugal (Vaitkus,1995, citado por Brown, 2002) e aos diferentes papéis de vida do sujeito (Braithewaite & Law, 1985).

Braithewaite e Law (1985) demonstraram como os sujeitos hierarquizam os seus valores de forma diferente consoante o papel de vida a que se referem. Flannelly (1995, citado por Brown, 1996), num estudo levado a cabo com estudantes universitários utilizando o Inventário de Valores de Vida de Brown e Crace (LVI) também constatou que os valores considerados mais importantes variavam consoante o contexto a que os sujeitos se referiam.

Coombs (1966, citado por Brown, 1996) chegou à conclusão que, durante o namoro, os parceiros estão mais satisfeitos quando acreditam que o seu respectivo companheiro partilha os mesmos valores de vida. McCallister (1986, citado por Brown, 1996) estudou a insatisfação conjugal em mais de 700 casais, tendo concluído que as diferenças de valores eram umas das principais variáveis a contribuírem para esta situação.

As diferenças entre géneros, no que diz respeito aos valores, têm sido objecto de pesquisa por serem vistas como um factor importante na gestão de carreiras e no comportamento vocacional (Jacobs, 1992, citado por Abu-Saad & Isralowitz, 1997), tendo demonstrado resultados contraditórios.

Alguns estudos (Aldag & Brief, 1975; Brief & Oliver, 1976) sugerem não haver diferenças significativas entre géneros no que se refere a valores de trabalho. Outros estudos, no entanto (Bartol & Manhardt, 1979; Earle & Harris, 1986; Graham; Moore & Young, 1981, citados por Elizur, 1994), indicam diferenças significativas nos valores de homens e de mulheres, sendo que os homens tendem a valorizar mais o aspecto económico, a independência, a segurança e os objectivos a longo prazo para a sua carreira; enquanto as mulheres tendem a ser mais orientadas para as relações interpessoais, para o ambiente e para objectivos a curto prazo (Pryor, 1983).

Já foram apresentadas diversas explicações para estas diferenças, incluindo instrumentos de medida, técnicas de pesquisa, amostras utilizadas nos estudos e a diferença na forma como os dois géneros vêem o trabalho e a família (Elizur, 1994).Sendo que muitos estudos têm demonstrado que os valores estão na base das escolhas profissionais e pessoais que fazemos, das decisões que tomamos, das características culturais e das relações interpessoais, os valores estão também envolvidos no percurso escolar e nas escolhas realizadas ao longo deste percurso.

Assim, o estudo levado a cabo por Duys e Shaw em 2005, visou caracterizar o sistema de valores de estudantes universitários de um curso na área das Ciências com uma média de idades de 26,6 anos. Para tal, foi utilizada a Escala de Valores de Nevil e Super (1989) que mede 21 valores e lhes permitiu concluir que estes estudantes apresentavam índices mais elevados nos valores relacionados com: Segurança Económica, Realização, Desenvolvimento Pessoal, Utilização de Capacidades e Recompensa Económica. Ainda de acordo com os autores deste estudo não houve diferenças significativas entre os géneros.

Fitzsimmons, Madill, Montgomorie, Stewin e cols. (2000) analisaram o sistema de valores de estudantes do sexo feminino da área de Engenharia, Ciências e Tecnologia através da Escala de Valores (Casserly, Fitzsimmons & Macnab, 1985), onde estão representados 20 valores, cada qual com 5 ítens que o sujeito deverá qualificar, utilizando uma escala de Likert, em que o 1 corresponde a 'pouco importante' e o 5 a 'muito importante'. Os resultados mostraram que os valores mais relevantes nesta amostra eram: Desenvolvimento Pessoal, Utilização de capacidades, Realização, Relações Sociais, Altruísmo, Remuneração, Prestígio e Autonomia.

Knezevic (1999) realizou um estudo para conhecer o sistema de valores de trabalho de 196 estudantes de Serviço Social. Os seus resultados apontam para valores mais elevados relacionados com a Auto-actualização e Contribuição para a Sociedade.

O estudo de Abu-Saad e Isralowitz (1997) levado a cabo com estudantes universitários israelitas contou com uma amostra de 366 estudantes de Humanidades que apresentavam uma média de idades de 24 anos e 339 estudantes de Engenharias cuja média de idades era de 25 anos.

Foi utilizada uma Escala de 25 ítens de Monhard (1972), construída especificamente para identificar diferenças entre géneros no que diz respeito aos seus valores de trabalho. A cada ítem o sujeito responde utilizando uma escala de Likert de que varia entre 1 ('pouco importante') e 5 ('muito importante'). No que diz respeito às diferenças entre géneros, as estudantes do sexo feminino identificaram como valores mais importantes: a Contribuição Social, os Interesses Estéticos e Culturais, a Interacção com Outros, o Desenvolvimento de Conhecimentos e Habilidades e a Estimulação Intelectual. Os sujeitos do sexo masculino consideraram mais importantes: o Correr Riscos, a Supervisão de Outros e o Lazer.

No que se refere às diferentes áreas de formação, os estudantes de Engenharias valorizaram mais: a Responsabilidades Administrativa, o Correr Riscos, a Estabilidade no Trabalho, a Supervisão de Outros e o Rendimento. Os alunos da área de Humanidades e Ciências Sociais obtiveram valores mais elevados na Contribuição Social, na Estimulação Intelectual, nos Interesses Culturais e Estéticos, na Diversidade e na Autonomia.

Almeida e Pinto (2003) efectuaram um estudo que visava caracterizar o sistema de valores de um grupo de estudantes universitários de diferentes áreas de formação (Humanidades e Tecnologias) através da utilização da versão portuguesa do Life Values Inventory (LVI, Crace & Brown, 1996). Para tal, utilizaram uma amostra de 251 estudantes, cujas idades variavam entre os 18 e os 25 anos, sendo que 150 eram do sexo feminino, 101 do sexo masculino, 138 pertenciam à área de Humanidades e 111 à área de Tecnologias.

Os resultados obtidos indicaram diferenças significativas no que diz respeito aos géneros em 9 dos 14 valores: Preocupação com o Ambiente, Preocupação com os Outros, Prosperidade Económica, Saúde e Actividade Física, Lealdade à Família e ao Grupo, Privacidade, Responsabilidade, Compreensão Científica e Espiritualidade. Os valores considerados mais importantes pelas estudantes do sexo feminino foram, em termos de média: Realização (12,13), Preocupação com os Outros (12,33), Lealdade à Família e ao Grupo (12,19) e Responsabilidade (13,66). Os estudantes do sexo masculino demonstraram considerar como valores mais importantes a Realização (12,09) e a Responsabilidade (13,20).

Quanto às diferentes áreas de formação, os estudantes da área de Humanidades colocaram no topo da sua hierarquia de valores a Preocupação com os Outros (12,30) e a Responsabilidade (13,59). Os estudantes da área de Tecnologias parecem considerar como valores mais importantes a Realização (12,32) e a Responsabilidade (13,30). Para além destes valores, e no que diz respeito às áreas de formação, foram também encontradas diferenças significativas no valor Compreensão Científica.

Um estudo levado a cabo por Almeida e Lopes (2004) que visou caracterizar e comparar os valores de vida de trabalhadores do sector público e privado, em Portugal, utilizando para tal o LVI e uma amostra de 160 indivíduos (sendo 63 trabalhadores de empresas públicas e 97 de empresas privadas) permitiu concluir a existência de diferenças significativas entre estes 2 grupos em 7 dos 14 valores: Prosperidade Económica, Privacidade, Preocupação com o Ambiente e Preocupação com os Outros, tendo sido significativamente mais elevados, nos trabalhadores da empresa pública, os valores Preocupação com os Outros (12,46) e Preocupação com o Ambiente (11,82), e mais elevados, para os trabalhadores da empresa privada, os valores Prosperidade Económica (12,97), Privacidade (11,63) e Saúde e Actividade Física (11,32). Os trabalhadores da empresa pública apresentaram, ainda, um índice mais elevado no valor Compreensão Científica do que os da empresa privada (com médias respectivamente, 11,41 e 10,48), enquanto os trabalhadores do sector privado obtiveram resultados significativamente mais elevados no valor Espiritualidade, com valores médios de 10,68 e 9,35, respectivamente.

O estudo de Almeida (2005) com uma amostra de 209 mulheres portuguesas com idades compreendidas entre os 18 e os 55 anos, sendo que 59 eram trabalhadoras, 65 estudantes e 85 trabalhadoras-estudantes, que visava caracterizar o sistema de valores das mulheres portuguesas, permitiu observar que os valores que obtiveram médias mais altas foram: Responsabilidade (13,61), Preocupação com os Outros (12,40), Realização (12,06), Lealdade à Família e ao Grupo (12,05) e Independência (11,62). Os valores considerados menos relevantes foram a Compreensão Científica (9,12) e a Humildade (9,49). A partir destes resultados foi possível afirmar que não existiu uma diferenciação muito acentuada na médias obtidas pelos diferentes valores.

No que diz respeito às diferenças entre grupos, os valores considerados mais importantes pelas mulheres trabalhadoras foram a Responsabilidade (13,59) e a Preocupação com os Outros (12,60). As estudantes parecem valorizar mais a Responsabilidade (13,48), a Preocupação com os Outros (12,40), a Lealdade à Família e ao Grupo (12,16) e a Privacidade (12,03). No que diz respeito às trabalhadoras-estudantes, as médias mais elevadas são as que se referem aos valores Responsabilidade (13,80), Realização (12,38), Preocupação com os Outros (12,28), Preocupação com o Ambiente (12,25) e Lealdade à Família e ao Grupo (12,16).

Almeida e Fraga (2004) realizaram um estudo com o objectivo de caracterizar o sistema de valores de alunos do 12º ano de escolaridade, utilizando para tal o LVI. A amostra foi de 701 alunos, sendo que 463 eram do sexo feminino e 238 do sexo masculino. No que diz respeito aos resultados encontrados, os valores que obtiveram médias mais elevadas foram a Responsabilidade (13,19), a Independência (12,12) e a Preocupação com os Outros (11,92). Pelo contrário, os valores menos pontuados foram a Compreensão Científica ( 8,79), a Espiritualidade (9,16) e a Humildade (9,58).

O estudo de Gomes (2006) que pretendeu comparar os valores de vida de estudantes do ensino superior público e privado, através da aplicação do LVI, a uma amostra de 202 alunos (sendo 105 do ensino superior público e 97 do ensino superior privado) obteve resultados que demonstraram que os valores considerados mais relevantes para os estudantes do ensino superior, de modo geral, são a Responsabilidade (13,18) e a Realização (12,14). Quando analisadas as duas amostras separadamente, os valores mais elevados voltam a ser a Realização (com uma média de 12,00 nos estudantes do ensino público e 12,29 nos estudantes do ensino privado) e a Responsabilidade (com resultados de 13,32 no ensino público e 13,02 no ensino privado). Ficou, também, demonstrado existirem diferenças significativas entre as duas amostras nos valores Preocupação com os Outros, Prosperidade Económica e Saúde e Actividade Física.

O presente estudo assenta no Modelo Holístico dos Valores de Base de Duane Brown que tem na sua base a definição de valores proposta por Rokeach (1973), que define os valores como padrões que guiam o comportamento e que servem de base para julgar o comportamento dos outros. Desta forma, os valores são vistos como as lentes através das quais o sujeito se vê a si mesmo, aos outros e ao mundo. Eles são a base para os seus pensamentos, crenças, sentimentos e comportamento. São, também, a base para a avaliação que faz de si mesmo e dos outros.

Desta forma, os valores influenciam todas as esferas da vida do sujeito, desde o trabalho, ao casamento , ao seu desempenho enquanto estudante, sendo igualmente importantes para compreender as especificidades culturais e os comportamentos afectados por estas. À medida que estes valores se desenvolvem no decorrer da vida do sujeito, eles vão sendo cristalizados e hierarquizados formando um sistema de valores que reúne aqueles que precisam de estar satisfeitos para que o sujeito experiencie satisfação na sua vida. Um valor está cristalizado quando o sujeito consegue identificá-lo claramente como sendo importante para si e o aplica na sua vida e nas suas escolhas. Um valor é visto como prioritário quando o sujeito consegue hierarquizar, de acordo com a importância que têm para si, determinados valores.

Assim, este modelo teórico tenta aceder ao sistema holístico de valores, tendo em conta os diferentes papéis que o sujeito ocupa na sua vida e a relevância que estes têm para si, atendendo ao facto de que todos se afectam mutuamente e que a satisfação do sujeito e as suas tomadas de decisão dependem da forma como os seus valores se reflectem nestes diferentes papéis e da medida em que consegue permanecer fiel a estes mesmos valores, nos diferentes cenários em que se vai movimentando.

Este modelo distingue-se dos demais porque não se centra apenas numa esfera da vida do sujeito e no estudo dos valores que a afectam, mas antes tenta compreender de forma holística e global todo o sistema de valores do sujeito, a forma como este se reflecte nos diferentes papéis de vida que ocupa, tendo em conta que todos eles interagem entre si e se afectam mutuamente. De acordo com a Teoria Holística dos Valores de Base de Duane Brown (1997), para que o sujeito atinja a satisfação ele tem que conhecer os seus valores, saber hierarquizá-los e fazer escolhas pessoais, profissionais e de lazer que estejam de acordo com este mesmo sistema de valores.

Assim, as opções que são feitas ao planear a vida profissional e ao percorrer o caminho escolar devem reflectir o sistema de valores de cada um, assentando naqueles que são, para si, os valores prioritários.

Sendo que os valores de vida se encontram na base dos objectivos que estabelecemos, das escolhas profissionais que fazemos, para atingir a satisfação é fundamental que as nossas escolhas coincidam com os nossos valores de vida, que haja congruência entre os valores que nos regem e a forma como vivemos os nossos papéis, nomeadamente enquanto estudantes e profissionais. Assim, este estudo é relevante porque permite compreender em que medida os alunos que optam por diferentes áreas têm valores diferentes e onde residem essas diferenças, o que permitirá não só um melhor conhecimento desta matéria, mas um melhor acompanhamento dos sujeitos nestes cursos, rumo ao sucesso nas suas carreiras.

Como já foi descrito, existem numerosos estudos que relacionam os valores de trabalho e as escolhas ocupacionais, que medem as diferenças entre grupos com profissões distintas e até de estudantes de áreas de formação diferentes. No entanto, encontramos poucos estudos que se debrucem sobre os valores de vida e a sua importância na compreensão do ser humano de uma forma holística, englobando, portanto, todos os seus papéis de vida, incluindo as suas escolhas vocacionais. Desta forma, este estudo vai também no sentido de ajudar a clarificar a importância deste olhar holístico sobre a forma como os valores de vida afectam o sujeito e o influenciam na sua vida académica. A juntar a isto, os resultados de estudos que medem diferenças de valores entre os dois géneros têm sido contraditórios, sendo assim, este estudo também vai no sentido de ajudar a clarificar estas conclusões.

Tendo em conta que diferentes sujeitos fazem semelhantes opções de carreira, espera-se que haja entre eles valores prioritários semelhantes que os aproximam entre si e os distinguem de pessoas que fazem escolhas profissionais e académicas distintas. Assim, espera-se, também, que os estudantes que se encontram na mesma área de formação partilhem sistemas de valores semelhantes, dando prioridade aos mesmos valores. Logo, estudantes de áreas de formação distintas, como no caso Humanidades e Tecnologias, deverão apresentar diferentes hierarquias de valores que os terão conduzido àquela opção académica. Por outro lado, no que diz respeito aos géneros, não é possível prever se existirão ou não diferenças significativas e o sentidos destas, já que os resultados são muito controversos.

 

Método

Participantes

Foi utilizada uma amostra de 271 estudantes universitários de duas áreas de formação diferentes: Humanidades e Tecnologias, sendo que a área de Humanidades abrange os cursos de Direito, Gestão de Recursos Humanos, História, Sociologia, Turismo e Hotelaria, Arqueologia e cursos ligados ao ensino; e a área de Tecnologias inclui os cursos de Engenharia Zootécnica, Engenharia Florestal, Engenharia Biológica e Alimentar, Engenharia Civil e Engenharia Agronómica. A idade dos elementos desta amostra varia entre os 18 e os 47 anos, apresentando uma média de 23,98 e um desvio padrão de 3, 71.

Da amostra fazem parte 132 estudantes de Humanidades (48,70%) e 139 estudantes de Tecnologias (51,30%), sendo 167 elementos do sexo feminino (61,62%) e 104 elementos do sexo masculino (38,38%). Cento e cinquenta e seis elementos frequentam um estabelecimento de ensino público (57,60%) e 115 frequentam um estabelecimento de ensino privado (42,40%). Cento e quinze estudam em universidades na área de Lisboa (42,40%) e 156 frequentam universidades ou institutos politécnicos no interior do país (57,60%), nomeadamente Castelo Branco, Tomar e Coimbra.

Instrumento

O instrumento utilizado foi a versão portuguesa (Inventário dos Valores de Vida) do Life Values Inventory (LVI) de Crace & Brown,(1996) na versão revista de Almeida (2006) assentando na Teoria Holística dos Valores de Base (Brown, 1996; Brown & Crace, 1995).

O LVI compõe-se de três partes. A parte I é de natureza quantitativa e começa com a apresentação de uma definição de valores e com um exemplo explicativo da tarefa que se segue. O sujeito deverá, nesta parte, classificar as 42 crenças que lhe são apresentadas, com base numa escala de Likert, de 1 a 5 para identificar até que ponto a crença apresentada serve de guia ao seu comportamento (1, 'quase nunca guia o meu comportamento'; 3, 'por vezes guia o meu comportamento'; e 5, 'quase sempre guia o meu comportamento').

Nesta fase pretende-se avaliar 14 valores relativamente independentes: Realização, Pertença, Preocupação com o Ambiente, Preocupação com os Outros, Criatividade, Prosperidade Económica, Saúde e Actividade Física, Humildade, Independência, Lealdade à Família e ao Grupo, Privacidade, Responsabilidade, Compreensão Científica e Espiritualidade.

Na parte II, qualitativa, o sujeito deverá responder a uma série de perguntas abertas que visam estimulá-lo a reflectir mais sobre os seus valores. No final desta parte deverá fazer uma lista dos valores importantes para si e outra dos valores não importantes.

Na parte III, deverá identificar qual ou quais os valores importantes que espera ver satisfeitos em cada um dos quatro maiores papéis de vida (papel de trabalhador, de estudante, familiar ou relações importantes e de serviço à comunidade). Este exercício permite ajudar os indivíduos a cristalizar os seus valores. No presente estudo apenas foi aplicada a parte quantitativa do LVI.

Seguidamente apresenta-se a descrição dos 14 valaores avaliados na parte I do LVI. O valor Realização diz respeito à importância de nos desafiarmos a nós mesmos e ao trabalhar arduamente para melhorar o nosso desempenho. Quem possui este valor considera-se ambicioso, capaz, corajoso, de confiança, com controlo sobre si mesmo e sobre a sua vida, sendo orientado para objectivos. Estas pessoas podem, ainda, gostar de actividades emocionantes que envolvam risco.

A Pertença diz respeito à importância de se sentir aceite e parte de um grupo e, também , de aceitar os outros. O reconhecimento social e a inclusão são aspectos muito valorizados por pessoas com este valor priorizado.

O valor Preocupação com o Ambiente traduz-se na importância de preservar e proteger o ambiente. Quem tem este valor priorizado considera-se honesto, com preocupação com a beleza natural do ambiente, auto-controlado e com facilidade em perdoar. Também pode estar relacionado com crenças acerca da paz no mundo e da igualdade de oportunidades.

A Preocupação com os Outros manifesta-se na preocupação com o bem-estar das outras pessoas. Quem possui este valor crê na igualdade para todos e procura harmonia interna, beleza e paz no mundo, perdoa facilmente e cria empatia também com facilidade.

A Criatividade tem a ver com a importância de ter ideias novas ou criar coisas novas. Estas pessoas têm valores ligados à preocupação com as qualidades estéticas dos ambientes naturais e físicos. Vêem-se a si mesmas como imaginativas, ambiciosas, inteligentes, com uma mente aberta, idealistas, expressivas, capazes e corajosas.

O valor Prosperidade Económica diz respeito à importância de se ser bem sucedido a ganhar dinheiro ou a comprar coisas. Quem possui este valor vê-se a si mesmo como ambicioso, capaz, corajoso, inteligente, lógico, alguém que procura prazer e valoriza a independência.

A Saúde e Actividade Física traduz-se na importância de se ser saudável e activo fisicamente. Quem tem este valor procura reconhecimento social através de actividades ligadas ao físico e à saúde.

A Humildade reflecte-se na importância de se ser humilde e modesto acerca das suas conquistas. Estas pessoas tendem a ser retraídas, obedientes, gentis, leais e auto-controladas.

O valor Independência diz respeito à importância dada à possibilidade de tomar as suas próprias decisões e realizar as coisas à sua maneira. Quem tem este valor luta pela sua liberdade individual e pela sua autonomia de expressão e acção. Vêem-se a si mesmas como ambiciosas, corajosas e alguém que procura o prazer.

A Lealdade à Família e ao Grupo corresponde à importância em seguir tradições e expectativas da família ou do grupo. Estas pessoas consideram-se cooperativas, honestas, gentis e auto-controladas.

O valor Privacidade reflecte a importância de ter algum tempo para si mesmo, procurando liberdade individual e valorizando a sua independência.

A Responsabilidade prende-se com a importância de se ser alguém em quem se pode confiar. Estas pessoas consideram-se ambiciosas, responsáveis, que perdoam, honestas, cooperativas, lógicas, auto-controladas e confiáveis.

O valor Compreensão Científica tem a ver com a importância dada à utilização de princípios científicos para perceber e resolver problemas. Quem possui este valor considera-se lógico, inteligente, criativo, analítico, crítico, curioso, preciso, independente, reservado e introspectivo.

O valor Espiritualidade revela a importância de se ter crenças espirituais e acreditar que se é parte de algo maior que nós próprios. Estas pessoas procuram harmonia interior e salvação. Consideram-se honestas e obedientes com as suas crenças espirituais.

As escalas do LVI foram seleccionadas com base numa série de estudos de análise factorial. Varios estudos foram realizados no sentido de verificar as qualidades psicométricas do instrumento. Dois métodos foram utilizados para determinar a precisão das escalas: o teste-reteste e a consistência interna utilizando o alfa de Cronbach. Ambos os coeficientes se encontram dentro de limites satisfatórios. Relativamente à validade, esta foi determinada utilizando a avaliação da validade convergente e divergente, assim como um rigoroso controlo da validade preditiva (Crace & Brown, 1996).

No que diz respeito à adaptação e validação do LVI para a realidade portuguesa, um estudo preliminar foi levado a cabo (Almeida & Pinto, 2002), após terem adaptado o instrumento. Este permitiu identificar algumas fragilidades no instrumento, principalmente, a nível da consistência interna. Os estudos subsequentes permitiram, no entanto, colmatar estas fragilidades, sendo que, actualmente, o LVI apresenta resultados de validade e precisão bastante satisfatórios.

Procedimento

As aplicações do Inventário dos Valores de Vida foram realizadas em ambiente de sala de aula. Ao chegar às salas, constatou-se que os alunos já estavam sensibilizados para a razão da sua visita e se mostraram bastante receptivos. Apesar disto, foi explicado o objectivo do trabalho e da recolha de dados pessoais, garantindo-se, mais uma vez, a confidencialidade e agradecendo a ajuda disponibilizada. Todos os alunos participaram. Desta forma, os inquéritos foram respondidos em contexto de sala de aula, durante o período lectivo, geralmente no início da aula, tendo o seu preenchimento demorado cerca de vinte a trinta minutos.

 

Resultados

As médias obtidas pelos Valores de Vida abrangidos pelo LVI variaram entre 9,61 (com um desvio padrão de 1,94) no valor Humildade e 12,80 (com um desvio padrão de 1,90) no valor Responsabilidade. Outros valores que apresentaram médias mais elevadas foram: a Independência (11,65), a Realização (11,64), a Preocupação com o Ambiente (11,61) , a Preocupação com os Outros (11,49) e a Lealdade à Família e ao Grupo (11,45) (ver Tabela 1).

No que diz respeito às diferenças obtidas nos Valores de Vida de acordo com a área de formação, foi utilizado um teste t para amostras independentes e constatou-se que a única diferença considerada significativa foi encontrada no valor Espiritualidade (p=0,03) , que obteve um resultado mais elevado na amostra de estudantes dos cursos de Humanidades. Os estudantes da área de Humanidades identificaram como valores mais importantes a Responsabilidade (12,80), a Realização (11,74), a Independência (11,50), a Preocupação com os Outros (11,45) e Preocupação com o Ambiente (11,40). Os estudantes da área de Tecnologias obtiveram resultados mais elevados nos valores: Responsabilidade (12,81), Preocupação com o Ambiente (11,81), Independência (11,78) e Lealdade à Família e ao Grupo (11,78) (ver Tabela 2).

 

 

 

Para estudar as diferenças entre as médias dos valores dos estudantes do sexo masculino e do sexo feminino foi utilizado um teste t para amostras independentes com o qual se concluiu que é possível encontrar diferenças estatisticamente significativas nos valores Saúde e Actividade Física (0,01), Espiritualidade (0,04) e Lealdade à Família e ao Grupo (0,05). O valor Saúde e Actividade Física obteve uma média estatisticamente mais elevada no sexo masculino, e os valores Espiritualidade e Lealdade à Família e ao Grupo demonstraram ser mais elevados no sexo feminino. No que diz respeito aos estudantes do sexo masculino, os valores por estes indicados como os que, com maior frequência, guiam o seu comportamento foram: a Responsabilidade (12,43), a Independência (11,49), a Realização (11,47) e a Preocupação com o Ambiente (11,42). As estudantes do sexo feminino obtiveram resultados mais elevados nos valores: Responsabilidade (13,03), Preocupação com os Outros (11,84), Realização (11,74), Independência (11,74) e Preocupação com o Ambiente (11,73) (ver Tabela 3).

 

 

Para comparar as médias obtidas nos diferentes Valores de Vida dos estudantes do ensino público e privado foi utilizado um teste t para amostras independentes através do qual se demonstrou haver diferenças estatisticamente significativas, no que diz respeito ao valor Criatividade (0,04), que aparece com um resultado mais elevado na amostra de estudantes que frequentam o ensino privado.

Os estudantes que compõem a amostra do ensino público obtiveram médias mais elevadas nos valores: Responsabilidade (12,96), Independência (11,74), Preocupação com o Ambiente (11,66), Lealdade à Família e ao Grupo (11,60) e Preocupação com os Outros (11,59). Os estudantes do ensino privado identificaram como valores mais importantes para si: a Responsabilidade (12,59); a Realização (11,75); a Preocupação com o Ambiente (11,55), a Independência (11,52) e a Preocupação com os Outros (11,37) (ver Tabela 4).

Foram, também, comparadas as médias obtidas pelos estudantes que frequentam estabelecimentos de ensino em Lisboa e noutras cidades, utilizando o teste t para amostras independentes. Concluiu-se que não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre estas duas amostras. Os valores que obtiveram resultados mais elevados na amostra de estudantes de estabelecimentos em Lisboa foram: Responsabilidade (12,57); Realização (11,78); Preocupação com o Ambiente (11,49), Independência (11,47) e Preocupação com os Outros (11,36). As médias mais elevadas obtidas na amostra de estudantes de outras localidades dizem respeito aos valores: Responsabilidade (12,97); Independência (11,78); Preocupação com o Ambiente (11,71); Lealdade à Família e ao Grupo (11,61) e a Preocupação com os Outros (11,60) (ver Tabela 5).

 

 

 

Foi, também, realizado o estudo psicométrico do instrumento na amostra. A análise factorial permitiu identificar 11 valores que explicam 63% da variância total (ver Tabelas 6 e 7).

Para avaliar a consistência interna foi utilizado o método do Alpha de Cronbach. Os resultados obtidos nos diferentes valores de vida estiveram sempre acima de 0,50, tendo o valor mais baixo sido de 0,54 no valor Humildade. Os resultados mais elevados foram obtidos nos valores Espiritualidade (0,84), Preocupação com o Ambiente (0,83), Saúde e Actividade Física (0,75), Prosperidade Económica (0,74), Criatividade (0,74) e Responsabilidade (0,70) (ver Tabela 8).

 

 

Discussão

O processo de tomada de decisão, em qualquer esfera da vida do sujeito, é influenciado pelo seu sistema de Valores de Vida, ou seja, pela forma como ele organiza e hierarquiza os valores que vão reger as suas escolhas e que vão ter de ser satisfeitos para que ele se sinta realizado (Brown,1996). Isto também acontece quando o sujeito se depara com escolhas que dizem respeito ao seu percurso profissional e académico, isto é, às suas decisões de carreira. Daí que seja pertinente tentar perceber se os sujeitos que optam pela mesma área de formação partilham sistemas de valores semelhantes e se estes valores são diferentes dos que guiam quem opta por uma área distinta.

Independentemente da área pela qual optam, os estudos têm demonstrado que há valores que, recorrentemente, surgem como os mais importantes para os estudantes universitários. Por exemplo, Duys e Shaw (2005), utilizando a Escala de Valores de Nevil e Super (1989), obtiveram como valores com médias mais elevadas a Realização e o Desenvolvimento Pessoal. Estes mesmos valores já tinham obtido, a par da Utilização de Capacidades, os resultados mais elevados no estudo de Fitzsimmons, Madill e Montgomorie, Stewin e cols, 2000), que utilizaram a Escala de Valores (Casserly, Fitzsimmons & MacNab, 1985). Knezevic, um ano antes (1999), já havia referido que, num estudo realizado com a mesma população, tinha obtido como valores mais elevados a Auto-actualização (novamente relacionado com o desenvolvimento de capacidades) e a Contribuição para a Sociedade. Os estudos em Portugal (Almeida & Pinto, 2005; Gomes 2006) utilizando o LVI, demonstraram que os valores Responsabilidade e Realização tendem a ser, invariavelmente, os valores com resultados mais elevados em amostras de estudantes universitários, sendo, em ambos os estudos, seguidos dos valores Preocupação com os Outros e Lealdade à Família e ao Grupo. É, também, de destacar que o valor Humildade é, nestes dois estudos, o que aparece com resultados mais baixos.

 

 

 

Neste estudo, o valor mais baixo volta a ser a Humildade e o mais elevado a Responsabilidade. Os valores que surgem como mais relevantes voltam a ser a Realização, a Preocupação com os Outros, a Lealdade à Família e ao Grupo, bem como a Independência -referida como mais importante num estudo de Almeida e Fraga (2004) com estudantes do 12º ano) - e a Preocupação com o Ambiente, que até aqui não havia aparecido com resultados tão elevados noutros estudos, mas que neste se destaca como um dos valores mais importantes, tanto quando olhamos para as médias gerais, como quando nos concentramos nas diferentes amostras. Talvez esta valorização da Preocupação com o Ambiente possa ser explicada à luz da recente divulgação nacional e internacional de problemas relacionados com o Ambiente e com os riscos que este corre, mas não é possível afirmar isto partindo apenas deste estudo. Talvez seja pertinente analisar até que ponto toda a informação relativa a estas problemáticas está a afectar as preocupações e os valores que guiam o comportamento dos sujeitos.

No que se refere às duas áreas de formação (Humanidades vs Tecnologias), esperava-se encontrar diferenças significativas que justificassem as opções académicas distintas feitas pelos estudantes. De acordo com Abu-Saad e Isralowitz (1997), que utilizaram a Escala de 25 ítens de Manhardt (1972), os estudantes de cursos tecnológicos valorizariam mais: a Responsabilidade Administrativa, o Correr Riscos, a Estabilidade no Trabalho, a Supervisão de Outros e o Rendimento; e os estudantes de Humanidades teriam obtido médias mais elevadas nos valores: Contribuição Social, Estimulação Intelectual, Interesses Culturais e Estéticos, Diversidade e Autonomia. O estudo de Avi-Itzhak e Ben-Shem (1991) que pretendia caracterizar o sistema de valores de estudantes de Engenharias (Tecnologia), permitiu concluir que estes valorizavam mais a Independência. Duys e Shaw (2005) estudaram os valores de estudantes universitários da área de Tecnologias utilizando a Escala de Valores de Nevil e Super (1989) e encontraram médias mais elevadas nos valores: Segurança Económica, Realização, Desenvolvimento Pessoal e Utilização de Capacidades, resultados estes que vão ao encontro dos que tinham sido obtidos por Fitzsimmons e colaboradores (2000), quando estes analisaram o sistema de valores de estudantes de Tecnologias. Os valores que surgiram como mais significativos foram o Desenvolvimento Pessoal, a Realização, a Utilização de Capacidades, o Prestígio, a Remuneração e o Altruísmo.

O estudo de Almeida e Pinto (2005) que comparou os sistemas de valores de estudantes de cursos Tecnológicos e de Humanidades concluiu que os alunos da área de Tecnologias obtinham resultados mais elevados nos valores Realização e Responsabilidade; e que os alunos de Humanidades valorizavam mais a Preocupação com os Outros e a Responsabilidade. Encontraram, também, diferenças significativas no valor Compreensão Científica.

Neste estudo verificou-se que, tal como já havia sido observado nos estudos anteriores já referidos, os estudantes de Humanidades valorizam mais a Responsabilidade, a Realização, a Preocupação com os Outros e, também, a Preocupação com o Ambiente e a Independência. Os estudantes de Tecnologias obtiveram médias mais elevadas nos valores Responsabilidade, Preocupação com o Ambiente, Independência e Lealdade à Família e ao Grupo. Foram encontradas diferenças significativas no que diz respeito ao valor Espiritualidade que surge com uma média significativamente mais elevada na amostra de estudantes de Humanidades. Talvez estas diferenças entre os resultados obtidos neste estudo e os resultados dos estudos anteriores já referidos possam ser explicadas quer pelo facto da amostra utilizada ser uma amostra de conveniência e que , possivelmente, não é totalmente representativa da população em estudo; quer por diferenças metodológicas que não puderam ser controladas ,como por exemplo, por diferenças no instrumento utilizado, na altura da aplicação, nas instruções dadas, nos cursos que compõem a amostra de cada área de formação. Sendo que alguns destes elementos não vinham explícitos na literatura , não foi possível uma replicação exacta o que pode explicar as diferenças encontradas.

As diferenças de Valores entre géneros têm sido alvo de estudos que têm revelado resultados contraditórios no que diz respeito à existência de diferenças significativas e ao sentido destas diferenças.

De acordo com os estudos de Bartol e Manhardt (1979), Earle e Harris (1986) e Pryor ( 1983) os elementos do sexo masculino valorizariam mais o Aspecto Económico, a Independência e a Segurança; e os do sexo feminino teriam obtido médias mais elevadas nos valores relacionados com as Relações Interpessoais e com o Ambiente. Fitzsimmons e colaboradores (2000), num estudo sobre estudantes do sexo feminino utilizando Escala de Valores (Casserly, Fitzsimmons & MacNab, 1985), demonstraram que os valores com resultados mais elevados eram: o Desenvolvimento Pessoal, as Relações Sociais, o Altruísmo, a Realização, a Remuneração, o Prestígio e a Autonomia. No estudo de Abu-Saad e Isralowitz (1997), acerca dos Valores de Vida dos estudantes do ensino superior, os elementos do sexo masculino obtiveram médias mais elevadas nos valores: Correr Riscos, Supervisão de Outros e Lazer; os elementos do sexo feminino mantém, de forma coerente em relação a outros estudos, como valores com médias mais elevadas: a Contribuição Social, a Interacção com Outros, o Desenvolvimento de Conhecimentos e a Estimulação Intelectual.

Nos estudos portugueses (Almeida & Pinto, 2005 ; Almeida, 2005) os resultados nas amostras do sexo masculino demonstram que os valores com médias mais elevadas são a Realização e a Responsabilidade; ao passo que o sexo feminino parece valorizar mais a Preocupação com os Outros, a Lealdade à Família e ao Grupo e, tal como o sexo masculino, a Realização e a Responsabilidade.

Neste estudo as estudantes do sexo feminino mostraram valorizar mais, tal como nos estudos portugueses já mencionados e indo ao encontro dos resultados obtidos nos outros estudos também já referidos, a Responsabilidade, a Preocupação com os Outros, a Realização, a Preocupação com o Ambiente e a Independência. Os estudantes do sexo masculino tiveram resultados mais elevados na Realização e na Responsabilidade. As diferenças significativas encontradas mostram que as mulheres valorizam mais a Espiritualidade e a Lealdade à Família e ao Grupo e os homens a Saúde e Actividade Física, o que parece fazer sentido quando enquadrado nos resultados descritos.

No que se refere à comparação entre os Valores de Vida de estudantes do ensino público e do ensino privado, o estudo de Gomes (2006) mostra que os valores que obtiveram, em ambas as amostras, resultados mais elevados foram a Responsabilidade e a Realização. Neste estudo, apenas na amostra do ensino privado é que a Realização surge entre os valores com resultados mais elevados, sendo que a Responsabilidade continua a ser o valor com maior destaque em ambas as amostras. Anteriormente, haviam sido encontradas diferenças significativas respeitantes aos valores Preocupação com os Outros, Prosperidade Económica e Saúde & Actividade Física. Desta vez o único valor que obteve diferenças estatisticamente significativas foi o valor Criatividade, que mostrou ser significativamente mais valorizado pela amostra do ensino privado. Esta diferença encontrada não pode ser explicada por nenhum outro estudo realizado até agora, o que torna este ponto um aspecto interessante para futuros estudos que possam explicar o que justifica esta aparente maior importância dada à Criatividade pelos estudantes do ensino privado.

Na comparação das médias dos valores das amostras de estudantes que estudam em Lisboa e que o fazem noutras cidades, não foram encontradas diferenças, o que se pode dever, talvez, ao facto da maioria dos estudantes, tanto de Lisboa como do resto do país, estarem fora da sua localidade, sendo que, dessa forma, o local onde estudam não seria tão significativo para analisarmos os seus valores como o local de onde provêm..

Quanto às qualidades psicométricas do instrumento na amostra em estudo, foi realizada uma análise factorial exploratória que permitiu encontrar uma estrutura de 11 factores que explicam 63% da variância total . Os estudos realizados até este momento encontram, geralmente, uma estrutura factorial que varia entre 13 e 10 valores, sendo que, nos estudos portugueses ainda não surgiu a estrutura factorial de 14 valores proposta pelos autores do LVI.

É de salientar a relação encontrada entre os ítens que dizem respeito ao valor Privacidade e os que dizem respeito ao valor Prosperidade Económica e que, neste estudo, demonstraram ser fortemente associados em dois dos factores.

O Alpha de Cronbach manteve-se sempre acima dos ,50, como tem acontecido nos estudos mais recentemente realizados em Portugal, sendo, tal como nestes estudos, o valor Humildade a demonstrar uma maior fragilidade (,54), ainda que a sua consistência interna seja já bastante superior àquela que foi encontrada em outros estudos, e sendo, novamente os valores Espiritualidade e Prosperidade Económica e a Preocupação com o Ambiente a revelarem resultados mais elevados como tem sido observado noutros estudos portugueses (Almeida & Pinto, 2005 ; Almeida, 2005 Almeida. & Pinto 2004).

 

Referências

Abu-Saad,I. & Isralowitz, R.(1997). Gender as determinant of work values among university students in Israel. The Journal of Social Psychology, 137, 749-743.        [ Links ]

Aldag, R. & Brief, A. (1975). Male and female differences in occupational values within minority groups. Journal of Vocational Behaviour, 6, 305-314.        [ Links ]

Aldag, R. & Brief, A. (1975). Male and female differences in work attitudes among retail sales managers. Journal pf Applied Psychology, 61, 526-528.        [ Links ]

Almeida, M. L. (2006). Inventário dos Valores de Vida - Revisto. Lisboa. Edição de Autor.        [ Links ]

Almeida, M. L. (2005). Life Values Inventory: Um Estudo com Mulheres Potuguesas. Análise Psicológica, 23, 187-199.        [ Links ]

Almeida, M. L. & Fraga, S. (2004). Os valores em estudantes do 12º ano de escolaridade: estudos com o LVI. Em M.C. Taveira, H. Coelho, H. Oliveira & J. Leonardo (Eds), Desenvolvimento Vocacional ao Longo da Vida: Fundamentos, Princípios e Orientações (pp. 269-276). Coimbra: Almedina.        [ Links ]

Almeida, M.L. & Lopes (2004). Inventário de Valores de Vida: Estudos com Adultos Trabalhadores. Revista do Comportamento Organizacional e Gestão, 10(2),189-206.        [ Links ]

Almeida, M. L. & Pinto, H. R. (2004). Life Values Inventory: Portuguese Adaptation Studies. Canadian Journal of Career Counseling, 3 (1), 28-34.        [ Links ]

Almeida, M. L. & Pinto, H.R. (2005). Life Values Inventory: Studies with Higher Education Students. FEDORA Publications,191-203.        [ Links ]

Almeida, M.L. & Pinto, H.R. (2002b). Inventário dos Valores de Vida. Lisboa: Edição de Autor.        [ Links ]

Atkins, C.L. Meglino, B.M. & Ravlin, E.C. (1989). Work Values approach to corporate culture. Journal of Applied Psychology, 74,424-432.        [ Links ]

Atkins, C.L. Meglino, B.M. & Ravlin, E.C. (1991). Value congruence and satisfaction with leader. Human Relations, 44,481-495.        [ Links ]

Avi-Itzahak, T.E.& Ben-Shem, I. (1991). On work values and career choice in freshman students: the case of helping vs other professions. Journal of Vocational Behavior, 39, 369-379.        [ Links ]

Baithewait, V.A. & Law, H.(1985). Structure of human values. Journal of Personality, 49, 250-263.        [ Links ]

Bartol, K & Manhardt, P.J. (1979). Sex differences in Job outcome preferences: trends among newly hired college graduates. Journal of Applied Psychology, 64,(2) 477-482        [ Links ]

Becker, B. W. & Connor, P. E. (1977). Values biases in organizational research. The Academy of Management Research, 2, 421-432.        [ Links ]

Bertz, R.D. & Judge, T. A. (1992). Effects of work values on job choice decisions. Jounal Of Applied Psychology, 77, 261-272.        [ Links ]

Beutell, N.J. & Brenner, L.F. (1986). Sex differences in work values. Journal of Vocational Behaviour, 28, 29-41.        [ Links ]

Bilsky, W. & Schwartz, S.H. (1987). Toward a universal psychological structure os human values. Journal of Personality and Social Psychology,53,550-562.        [ Links ]

Brief, A.P. & Oliver, R.L. (1976). Male-female differences in work attitudes aming retail sales managers. Journal of Applied Psychology, 61, 526-528.        [ Links ]

Brown, D. (2002). The role of work and cultural values in occupacional choice, satisfaction, and success: A theoretical statement. Journal of Counseling and Development,80, 48-56.        [ Links ]

Brown, D. & Crace, R.K. (1996). Values in life choices and outcomes: a conceptual model. The Career Development Quarterly, 44, 211-223.        [ Links ]

Casserly, C Fitzmmons, G. & Macnab, D. (1985). Technical manual for life roles inventory values and salience. Edmond, Alberta: Psychometrics Canada.        [ Links ]

Dawis, R.V. & Lofquist, L. H. (1971). Values as second order needs in the theory of work adjustment. Journal of Vocational Behavior, 12,12-19.        [ Links ]

Dose, J. (1997). Work values: A integrative framework and illustrative application to organizational socialization. Journal of Occupational and Organizational Psychology, 70, 219-240.        [ Links ]

Duys, D. & Shaw, T. (2005). Work values of mortuary science students. The Career Development Quaterly, 53, 348-352.        [ Links ]

Earl, J & Harris, C (1986). Gender and work values: survey findings from a working class sample. Sex Roles, 15.        [ Links ]

Elizur, D. (1994). Gender and work values: a comparative analysis. The Journal of Social Psychology,134, 2, p 201-211.        [ Links ]

Finnegan, J.E. (2000). The impact of pearson and organization values in organizational commitment. Journal of Occupational and Organizational Journal, 73, 149-169.        [ Links ]

Fitzmmons, G., Madill, H, Montgomorie, T & Stewin, L (2000). Young women's work values and role salience in Grade 11. The Career Development Quaterly,49, 16-28.        [ Links ]

Gay, E. G., Weiss, D. J., Hendel, D. D. Dawis, R. V. & Lofquist, R. H. (1971). Manual for the Minnesota Importance Questionnaire. Minnesota Studies in Vocational Rehabilitation, 28 (Bulletin nº 54).        [ Links ]

Gomes, A. R. (2006). Valores de Vida em estudantes do Ensino Superior Público e Privado. Monografia não publicada. Licenciatura em Psicologia das Organizações e do Trabalho. Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Lisboa.        [ Links ]

Harrington , T. F. Lebo, B, & Tillman, R. (1995). Work values similarities among students from six countries. The Career Development Quaterly, 43, 350-362.        [ Links ]

Hofstede, G. (1980). Culture's Consequences: International Differences in Work Related Values.Beverly-Hills: CA: Sage.        [ Links ]

Knezevic, M. ( 1999). Social work students and work values. International Social Work, 42, 419-430.        [ Links ]

Jacobs, J.A. (1992). Women's entry into management: trends in earnings, authority and values among salaried managers. Administrative Science Quaterly, 37,282-301.        [ Links ]

Knox, W.E. & Lindsay, P. (1984). Continuity and change in work values among adults. American Journal of Sociology, 84,918-931.        [ Links ]

Locke, E. A. (1976). The nature of job satisfaction. In M. D. Dunnette (Eds), The Handbook od Industrial and Organizational Psychology (1297-1345). Chicago: Rand McNally.        [ Links ]

McNeely, B.L. & Meglino, B.M. (1994). The role of dispositional and situational antecedents in pro-social organizational behavior. Journal of Applied Psychology 79, 836-844.,        [ Links ]

Manhardt, P.J. (1972). Job orientation among male and female college graduates in business. Personnel Psychology, 25,361-368.        [ Links ]

Meglino, B. & Ravlin, E.C. (1987). Effects of values and perception in decision making. Journal of Applied Psychology, 77,666-673.        [ Links ]

Nevill, D. & Super, D. (1989). The values scale, Palo Alto, CA: Consulting Psychologists Press.        [ Links ]

Pryor, R (1979). In search of a concept: work values. Vocational Guidance Quaterly, 27,250- 256.        [ Links ]

Pryor, R.G.L. (1983). Sex differences in the levels of generality of values/preferences related to work. Journal of Vocational Behaviour, 23,233-241        [ Links ]

Rokeach, M. (1968). Beliefs, Attitudes and Values. San Francisco, CA: Jossey- Bass.        [ Links ]

Rokeach, M. (1973). The Nature of Human Values. New York: Free Press.        [ Links ]

Super, D.E. (1970). Work Values Invntory. Boston, M.A.: Houghton-Mifflin.        [ Links ]

Super, D. E. (1973). Work Values Inventory. In Contemporary Approach to Interest Measurement (pp. 189-205). Minneapolis, MN: University of Minnesota Press.        [ Links ]

Tariq, N. & Tayyab, S. (2001). Work values and organizational commitment in public and private sector executives. Pakistan Journal of Psychological Research, 16, 95-107.        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
E-mail: leonor.almeida@ulusofona.pt

Recebido em Novembro de 2008
Reformulado em maio de 2009
Aceito em Junho de 2009

 

 

Sobre os autores:

* Leonor Almeida: Professora Associada da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Dotorada em Psicologia(1997) na Faculté de Psychologie et des Sciences de l'Éducation de l'Université de Liège. É docente nas áreas de Avaliação Psicológica e Desenvolvimento Pessoal e da Carreira.
** Patrícia Tavares: licenciada em Psicologia na especialidade de Psicologia do Trabalho e das Organizações pela Faculdade de Psicologia da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Actualmente é consultora junior em recrutamento e selecção.

Creative Commons License