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Avaliação Psicológica

versão impressa ISSN 1677-0471

Aval. psicol. vol.10 no.3 Itatiba dez. 2011

 

 

As atividades de pesquisa, extensão e monitoria na formação em psicologia

 

The activities of research, extension and monitoring by psychology students

 

 

Neuza Maria de Fátima GuareschiI; Guilherme Welter WendtII; Gisele DheinIII

IUniversidade Federal do Rio Grande do Sul
IIUniversidade do Vale do Rio dos Sinos
IIICentro Universitário Univates

 

 


RESUMO

Este artigo analisa o questionário socioeconômico que acompanhou a prova do ENADE-2006 nas atividades de iniciação científica, extensão e monitoria, respondido pelos alunos de Psicologia. A maioria dos alunos que responderam ao ENADE-2006 são oriundos de instituições privadas (n=19.756), sem curso de pós-graduação (n=19.187) e que residem no interior (n=12.797). Do total de respondentes, 2.382 são alunos de instituições federais, 863 estaduais, 612 municipais e 19.756 particulares. Em relação ao intercâmbio efetivo entre a graduação e a pós-graduação, é possível identificar um número pequeno de alunos que obtiveram a possibilidade de envolver-se em projetos de pós-graduandos (1,5%), estando mais envolvidos em projetos do professor orientador (9,9%). Em relação às atividades de monitoria, os alunos das instituições federais são os que mais participavam (61,6%) seguidas das instituições particulares (52,9%), das municipais (50,4%) e das estaduais (49,9%).

Palavras-chave:Iniciação científica; Formação do psicólogo; Monitoria.


ABSTRACT

This article analyses the socioeconomically questionnaire that accompanied the ENADE-2006 test on the activities of scientific initiation, extension and monitoring answered by psychology students. Most of the students that answered the test come from private institutions (n=19.756), lack a Graduate School (n=19.187) and live in small countryside cities (n=12.797). On the total of students who answered, 2.382 are from federal institutions, 863 are students from state institutions, 612 from municipal institutions and 19.765 come from private institutions. Regarding the effective exchange between Undergraduate e Graduate School, it’s possible to identify a small number of students that gained the possibility of getting involved graduation research projects (1,5%), being more involved in projects of the teacher class (9,9%). Regarding monitoring activities, students from federal institutions are the ones who participated the most (61,6%) followed by students from private institutions (52,9%), municipal institutions (50,4%) and state institutions (49,9%).

Keywords:Undergraduate research; Psychologist; Monitoring activities.


 

 

Este artigo analisa as atividades de iniciação científica ou tecnológica, participação em projetos de pesquisa, monitoria e extensão, participação dos alunos em eventos científicos culturais e artísticos durante a formação em Psicologia no Brasil. Foram analisados os resultados do questionário socioeconômico do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), em sua edição 2006, em todos os cursos em funcionamento até então (INEP, 2006).

Os critérios de análise das diversas variáveis que estabelecemos para as discussões das atividades acadêmicas que os alunos indicam estarem ou não envolvidos durante o curso de formação foram: categoria administrativa da instituição, se capital ou interior, localização geográfica de acordo com as cinco grandes regiões brasileiras e se o curso dispõe, ou não, de um programa de Pós-Graduação (PPG) na área. Como as questões que analisamos tratam do envolvimento dos alunos relacionado com as atividades citadas acima, durante a formação, estas mostram não somente como os alunos buscam se envolver com estas atividades, mas o movimento das instituições neste processo, principalmente, o de oferecerem ou não oportunidade aos alunos de vivenciarem essas atividades.

Lüdke (1995) entende que o incentivo à pesquisa não deve estar restrito apenas nos cursos latu ou scricto sensu, uma vez que, na atualidade, é urgente transpor apenas a formação pluralista de seguidores doutrinários para uma construção crítica do saber. Assim, acreditamos que essas informações possam ser úteis na formulação de políticas públicas para o ensino superior, e em especial à psicologia e ao fomento de novos pesquisadores. Possíveis disparidades identificadas, assim, podem subsidiar o incremento na formação desse profissional em diversos âmbitos.

Aspectos metodológicos

As análises que propomos são oriundas do levantamento de algumas questões do Questionário Socioeconômico, que acompanhou a prova do ENADE para os cursos de Psicologia no Brasil, no ano de 2006. Esse questionário contém 109 questões, de múltipla escolha, que abordam temas referentes aos hábitos e atividades dos alunos, a percepção destes em relação à formação e características socioeconômicas desta população e foi respondido por 23.613 alunos, ingressantes e concluintes dos cursos de graduação em Psicologia no Brasil. A Tabela 1 sumariza os participantes.

 

 

Como evidenciado na Tabela 1, escolhemos alguns critérios para podermos especificar a proveniência desses alunos. São estes os critérios: 1) instituições com e sem pós-graduação na área da Psicologia1; 2) localidade destas instituições, ou seja, se estão localizadas nas capitais dos estados ou fora delas; e 3) o caráter administrativo e jurídico da instituição; se federal, estadual, municipal, ou particular. Vale destacar que as instituições municipais são as também denominadas, na maioria dos casos, de comunitárias, com a administração realizada em nível municipal.

Assim, dos alunos que responderam ao questionário, 4.426 são provenientes de instituições com programa de pós-graduação, e 19.187 sem a oferta deste tipo de programa; 2.382 são alunos de instituições federais, 863 estaduais, 612 municipais e 19.756 particulares. São provenientes de capitais 10.816 e 12.797 do interior. Ainda, 3193 são de Instituição de Ensino Superior (IES) com PPG de capitais, 1233 de IES com PPG no interior; 7623 são de IES sem PPG em capitais e 11564 alunos são provenientes de IES sem PPG no interior dos estados.

As figuras que seguem ilustram a quantidade de alunos de acordo com os critérios acima explicitados e que foram os utilizados para demonstrar os tópicos do questionário que detalharemos nas análises que são realizadas neste texto. Os tópicos do questionário remetem às atividades fora da sala de aula que os alunos indicam participar, a contribuição destas na sua formação e a avaliação das IES em relação a alguns aspectos destas atividades.

 

 

 

 

 

Atividades de iniciação científica ou tecnológica

Como já mencionado anteriormente, as questões do questionário que analisamos dizem respeito ao envolvimento dos alunos em atividades de pesquisa, extensão e monitoria, que são desenvolvidas fora da sala de aula, durante o curso de formação. Entretanto, cabe esclarecer que somente duas questões do questionário sociodemográfico, mais especificamente as questões de número 29 e 30, fazem uma distinção entre a atividade de iniciação científica ou tecnológica da atividade de pesquisa. Essas duas questões são subsequentes, sendo que a segunda delas diz respeito, unicamente, à atividade de Iniciação Científica (IC) ou tecnológica no que se refere ao modo do seu desenvolvimento, ou seja, se esta acontece de forma independente, supervisionada, vinculada a projeto de professor ou a projeto de estudantes de pós-graduação.

 

 

Pode-se pensar que a atividade de iniciação científica, ou tecnológica seja desenvolvida por alunos que possuem bolsas de IC, de agências fomentadoras de pesquisas vinculadas a projetos de professores pesquisadores, que fazem parte de programas de pós-graduação, ou ainda, de mestrandos e doutorandos integrantes de grupos de pesquisa destes programas. Nesse sentido, o indicativo é de que a atividade de pesquisa esteja relacionada a projetos de pesquisas desenvolvidas por professores de graduação, por interesse próprio, institucional ou vinculada ao desenvolvimento de conteúdos de algumas disciplinas que ministram.

Contudo, não se pode esquecer que professores de algumas instituições que, inclusive, não possuem programas de pós-graduação podem receber bolsas de IC para desenvolver projetos de pesquisas, principalmente, de agências de fomento dos estados, como no caso das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa. Levando-se em consideração o baixo número de programas de pós-graduação, 53, em relação ao número total de cursos de Psicologia, 373, e os alunos que responderam participar desta atividade, 1.570 de 23.613, representando um percentual de 7,4%, a hipótese de que esta atividade de iniciação científica ou tecnológica seja quase que, exclusivamente, de alunos que participam de grupos de pesquisa em programas de pós-graduação em Psicologia é reforçada. Porém, se observarmos os dados da Figura 5, entre o modo como esta atividade é ou foi desenvolvida, ou seja, de forma independente, supervisionada por professor, vinculada a projetos de professores ou a projetos de alunos de pós-graduação e as IES dos cursos de Psicologia, com e sem programas de pós-graduação, a indicação de que os alunos que participam desta atividade seja vinculada a professores desta área do ensino, não pode ser sustentada, pois as frequências numéricas não são significativas.

 

 

Assim, no que se refere às duas questões do questionário mencionadas acima, além dos 1.570 dos alunos que participam de atividades de iniciação científica ou tecnológica, temos 1.117 em atividade de monitoria, 4.119 que participam de projetos de pesquisa e 4.085 que participam de atividades de extensão. Porém, não esquecendo que a segunda dessas questões é associada somente às atividades de iniciação científica ou tecnológicas.

Ainda, é importante salientar que a maioria dos alunos indica não participar dessa atividade, tanto os oriundos de IES com programas de pós-graduação como os que estudam em IES sem estes programas, o que leva a pensar que o fato de as IES possuírem ou não PPG não implica em diferenças significativas na participação dos alunos nestas atividades. As razões assinaladas pelos alunos para justificarem a não participação são a falta de interesse ou a falta de oportunidade. Essas razões serão analisadas posteriormente neste texto, porém, cabe mencionar que não é feita distinção na questão do questionário que possibilita esta a alternativa, ou seja, as duas razões são colocadas na mesma opção.

Quanto a outras características das IES, como o caráter administrativo e jurídico das instituições, isto é, federal, estadual, municipal e privada, e a localização delas, ou seja, se em capitais ou em outras cidades, em relação aos alunos com participação ou não em IC e tecnológica, os dados das figuras seguintes evidenciam poucas diferenças e, de modo geral, não muito significativas. Uma dessas diferenças pode ser apontada entre as IES privadas com e sem PPG, localizadas em capitais, no que diz respeito à forma de participação em iniciação científica ou tecnológica pelos alunos em projetos com supervisão de professor. As IES privadas sem PPG apresentam um índice um pouco mais elevado do que as IES com PPG. Essa mesma situação se repete em relação às IES estaduais nas capitais, ou seja, estas IES possuem menos alunos participando em pesquisas com supervisor de professor naquelas que possuem PPG do que as que não possuem.

Ainda em relação a essa modalidade de participação dos alunos em iniciação científica e tecnológica, as IES federais apresentam uma pequena diferença de forma contrária às IES privadas e estaduais. Isso é, as IES federais, nas capitais, com PPG possuem um número de alunos envolvidos em pesquisa com supervisão de professor um pouco maior. Do mesmo modo, nota-se, nas IES federais, que estas possuem uma pequena diferença em relação às outras IES com PPG, nas capitais e em relação à própria IES federal sem PPG, no que diz respeito à participação dos alunos em projetos de pesquisa de estudantes de pós-graduação. Entretanto, as IES estaduais evidenciam um dado significativo em relação às outras IES nas capitais, tanto as privadas como as federais, quando se trata de alunos que participam em pesquisas vinculados a projetos de professores, no que diz respeito às IES que possuem e as que não possuem PPG nas capitais. A diferença é de 19% a mais de participação de alunos nessa forma de envolvimento em pesquisa nas IES estaduais que possuem PPG.

 

 

 

Em relação às IES com e sem PPG, que estão localizadas fora das capitais, algumas diferenças de dados entre as IES de caráter jurídico e administrativo se mostram importantes. Com exceção das IES federais, localizadas no interior, com e sem PPG, e que se mostram mais equilibradas, no que diz respeito à participação de alunos em projetos de pesquisa de professores, as IES estaduais, com PPG, localizadas no interior, são as únicas que acompanham as federais, nesta modalidade de participação de alunos em pesquisa.

Em relação às outras formas de participação dos alunos em IC ou tecnológica, dessas IES localizadas no interior, pode-se destacar o fato de as IES municipais, que estão localizadas somente fora das capitais e que nenhuma delas possuem PPG, serem as que possuem mais alunos não participando de pesquisas. Porém, deve-se pontuar que essas IES municipais, mesmo assim, apresentam um índice de participação de alunos em pesquisas independentes, com supervisão de professor e vinculados a projetos de professores e de estudantes de pós-graduação, que se equiparam aos índices de todas as outras IES, sejam estas de capitais, fora delas, e com ou sem PPG.

Já as IES particulares, localizadas no interior, a exemplo do que já acontece com este tipo de IES localizadas nas capitais, novamente apresentam um número maior de alunos envolvidos em pesquisa, com supervisão de professor, naquelas IES que não possuem PPG. Nesse caso, apresentam um índice de 28,9% por 12,8% a favor das IES particulares que possuem PPG também fora das capitais. Também, em relação às IES privadas, localizadas no interior, são as que apresentam o maior índice de alunos que não participam em pesquisas, em geral, em todas elas, mas, especialmente, naquelas que possuem PPG. Esse índice é, até mesmo, mais elevado, do que o índice de alunos que não participam em pesquisa, nas IES municipais, que estão localizadas somente fora das capitais e que não possuem nenhum curso de Psicologia com PPG.

 

 

 

Atividades de iniciação científica, extensão e monitoria

As informações que são apresentadas a partir desta parte do texto, dizem respeito às questões do questionário sociodemográfico, de número 86 a 95, que remetem aos tópicos de iniciação científica, extensão e monitoria. Essas questões não fazem distinção entre iniciação científica ou tecnológica e a participação em projetos de pesquisa e suas modalidades de participação, como as duas questões analisadas anteriormente. Essas questões tratam destes três tópicos designados como iniciação científica, extensão e monitoria, quando os alunos referem à participação ou não nestes três tipos de atividades fora da sala de aula.

 

 

Contudo, em relação a essas três atividades, nessas questões do questionário, outros três aspectos são mensurados pelos alunos em relação a elas: o primeiro deles é a indicação se essas atividades são ou não regulamentadas no sentido de integrarem as horas curriculares de formação e, ainda, situam se essas atividades que, embora não sendo regulamentadas pelas IES, são ou não aproveitadas para integrarem os conhecimentos dos conteúdos curriculares. O segundo aspecto é o quanto a atividade que participam contribui na formação. Já o terceiro aspecto remete a uma avaliação dos alunos sobre o modo de como as IES oferecem e desenvolvem as atividades, ou seja, se de modo contínuo ou sistemático, pleno, e se com critérios adequados aos objetivos do tipo de atividade em questão.

Em relação às atividades de monitoria e de iniciação científica, os alunos respondem somente no que diz respeito aos três critérios gerais das atividades acima, já mencionados. Contudo, para a atividade de extensão existem alguns itens que implicam em características específicas desta atividade e que são classificados em três aspectos: tipo de atividade; entidade promotora desta atividade; e forma de apoio da instituição para com o aluno quando da sua participação em alguma destas atividades de extensão.

O primeiro aspecto, o tipo de atividade de extensão, é relacionado em: culturais, artísticas, desportivas e estudo de línguas estrangeiras. Em relação ao segundo aspecto, a entidade promotora é mencionada pelos alunos se a promoção é da IES em que estuda, de outras IES, de diretórios acadêmicos ou centros estudantis, ou de associação científica ou profissional da área de estudo. Já, o terceiro aspecto, a forma de apoio da instituição para com o aluno, é focalizada nas questões financeiras, o tipo de participação e a dispensa das aulas, assim organizado: com auxílio financeiro, independente da forma de participação e dispensa das aulas; com dispensa das aulas e auxílio financeiro somente para quem apresenta trabalhos; dispensa das aulas para quem participa independente do modo de participação; dispensa das aulas somente quando a participação do aluno acontece por iniciativa da IES em que estuda; nenhuma forma de apoio.

As questões que remetem às atividades de iniciação científica das IES com programas de pós-graduação e das IES sem programas de pós-graduação, nas capitais e fora delas, foram respondidas por 21.115 alunos. A primeira figura, em relação à participação do aluno nesse tipo de atividade permite visualizar a relação existente entre os alunos provenientes de IES com e sem programas de pós-graduação, em atividades de iniciação científica e como esta atividade está colocada diante do currículo do curso de Psicologia.

 

 

As instituições sem PPG, com um índice levemente abaixo das instituições localizadas no interior, são as que apresentaram os programas de iniciação científica sem regulamentação. Contudo, na Tabela 4, podemos ter uma visualização geral dos alunos que participam da atividade de iniciação científica de acordo com o caráter da instituição, se com ou sem PPG e se a IES está localizada na capital do estado ou em outras cidades. Esses dados estão expressos em percentuais e correspondem a 3.948 alunos que estudam em IES com PPG e de 17.195 alunos que estudam em IES sem PPG.

 

 

Fica evidenciado na Tabela 4 que, no geral, a atividade de iniciação científica, em todas as IES que possuem PPG, independente do seu caráter jurídico e administrativo e da sua localização, possui uma maior regulamentação e integralização no currículo do curso. Podem-se destacar algumas diferenças que numericamente se colocam significativas, como por exemplo, as IES federais, estaduais e particulares das capitais, sem PPG, em relação a estas mesmas IES, também das capitais, sem PPG. Já nas IES localizadas no interior, a atividade de iniciação científica nas particulares, a exemplo do que acontece com estas mesmas IES localizadas nas capitais, possui maior regulamentação e está mais bem integrada ao currículo do curso nas IES com PPG.

Se compararmos a atividade de IC nas IES municipais, com as outras IES localizadas fora das capitais e sem PPG, pelo fato de estas somente existirem no interior e não possuírem PPG, quanto à regulamentação e integração curricular desta atividade, percebe-se que somente se mostram superiores as IES estaduais, sem PPG, localizadas nas capitais.

Quanto à avaliação da atividade de IC que fazem, ilustrado na Tabela 5, em relação à contribuição desta na formação, é indicado pelos alunos como sendo significativa em todas as IES que possuem PPG e que são localizadas nas capitais, com exceção somente das particulares, que é demonstrada a atividade de IC como sendo de maior contribuição nas particulares localizadas no interior sem PPG, do que estas mesmas IES com PPG.

 

 

As IES municipais, mais uma vez, como localizadas somente fora das capitais e não possuindo PPG, são as que apresentam o menor índice de contribuição da atividade de IC na formação dos alunos. Os índices dos alunos que não participam da atividade de IC durante a formação são superiores aos índices indicados como sendo os de contribuição plena, em todas as IES, com ou sem PPG, independente do caráter jurídico e administrativo e da localização destas. Porém, se levarmos em consideração a soma dos índices de como a atividade de IC contribui na formação, isto é, se de forma plena, parcial ou restrita, em qualquer tipo de IES, nos indica que esta é importante e que os alunos que participam desta atividade durante a graduação é significativo.

Quanto à avaliação que os alunos fazem das IES sobre o modo e a adequação dos critérios para o desenvolvimento da atividade de IC, novamente fica evidenciado que todas as IES com PPG, independente do seu caráter jurídico e administrativo e da sua localização, são ligeiramente mais bem avaliadas pelos alunos que participam desta atividade. Também, nesta questão da avaliação, as IES particulares foram exceções, pois mais uma vez as IES particulares e sem PPG, tanto as localizadas nas capitais quanto as localizadas fora delas, apresentam um índice levemente maior, em relação à avaliação da atividade de IC do que estas mesmas IES com PPG.

 

 

Ainda, os índices da não avaliação das IES, em relação ao modo e critérios de desenvolvimento desta atividade de IC, são bastante próximos dos índices dos alunos que avaliaram as IES, independente das características destas. Porém, esses índices de não avaliação das IES, sobre o modo e critérios de desenvolvimento desta atividade de IC, variam muito pouco dos índices do item no qual os alunos indicam não terem participado deste tipo de atividade, evidenciado na Tabela 6. Contudo, a diferença desses dois índices, sobre esses dois itens, em relação ao item que trata da regulamentação e integralização dessa atividade ao currículo do curso, é bem mais significativa. Como demonstrado na primeira tabela sobre a atividade de IC e a regulamentação e integralização desta ao currículo do curso, os alunos informam muito mais sobre esta atividade, tanto nas IES com PPG como nas IES sem PPG.

A atividade de extensão na formação em psicologia

As atividades que foram realizadas com maior frequência pelos alunos, sendo que mais de 16 mil participantes relataram a prática de atividades culturais, como participação em palestras, congressos e seminários. Uma proporção de 14,7% não participou de nenhuma atividade o que corresponde a 3110 alunos. As tabelas a seguir expõem esses dados.

 

 

Em vista dos dados expostos na Tabela 7, é possível construir alguns comentários. Primeiro, as IES estaduais do interior e com PPG foram as que mais integraram a atividade de extensão ao currículo do curso (72,9%). Porém, alunos de IES com a mesma categoria administrativa, ou seja, estaduais, embora em capitais, mas sem PPG, foram os que mais apontaram a ausência dessas atividades durante a formação em Psicologia.

 

 

Os percentuais de alunos que consideraram a contribuição da atividade de extensão de modo amplo não diferiram significativamente quando se compara IES com e sem PPG. Alunos de IES Estaduais, com PPG e nas capitais foram os que evidenciaram maiores índices (53,3%) de não participação nessa atividade. A Tabela 9 resume a avaliação das IES, por parte dos alunos, em relação aos critérios dessas atividades:

 

 

A participação em eventos científicos pode contribuir positivamente na formação acadêmica do aluno. Dessa forma, analisamos a contrapartida institucional nesse processo. As tabelas 10 e 11 contêm os dados, expressos em frequência absoluta, no tocante aos aspectos da entidade promotora dos eventos e seus consequentes tipos de atividades nos quais participaram os alunos durante a formação em Psicologia.

 

 

Quando questionados a respeito da entidade promotora desses eventos, 60,6% dos alunos declararam que a própria instituição se encarregava da organização dos mesmos; 12,1% frequentaram eventos promovidos por outras instituições e 12,8% organizados por associações científicas ou de profissionais da área. Os diretórios estudantis apresentaram a menor representação na promoção de eventos, com 4,2%.

 

 

 

O índice foi de 7,6% dos alunos que assinalaram que suas respectivas instituições não favorecem, de modo algum, a participação em eventos científicos. Esse fato é mais frequente nas instituições particulares, com 8,2% contra 4,1% das IES federais. Percebe-se, ainda, que instituições estaduais apresentaram um índice de 12% no primeiro item, contra 25,6% das instituições privadas, apoio total.

A atividade de monitoria na formação em psicologia

As atividades de monitoria podem contribuir positivamente à formação dos alunos. Quando executada de modo sistemático e coordenado, podem, inclusive, figurar como atividades complementares, com ou sem integralização curricular. A Tabela 13 expõe os dados segundo a categoria administrativa da IES, se capital ou interior, bem como analisa os dados das IES com e sem PPG.

 

 

Os alunos das IES com PPG foram os que mais declararam regulamentação e integralização curricular das atividades de monitoria. Alunos que provinham de instituições localizadas no interior, estaduais e sem PPG foram os que declararam o maior valor (16%) no tocante à ausência das atividades de monitoria. Do mesmo modo, estudantes de IES sem PPG foram os que mais responderam "não sei informar" no tocante à regulamentação da monitoria.

 

 

A Tabela 14 nos mostra, mesmo que sumariamente, que os alunos de IES estaduais, tanto nas capitais como no interior, em programas com e sem programa de pós-graduação foram os que evidenciaram uma menor participação nas atividades de monitoria. Consequentemente, a Tabela 15 reflete o porquê de esses mesmos alunos terem evidenciado os maiores índices de "não há avaliação" no tocante às atividades de monitoria.

 

 

Foi possível verificar um intervalo significativo entre a avaliação sistemática dos programas de monitoria, com índices de 38,8% para alunos provenientes de instituições estaduais, 45,6% de federais, 48,9% das municipais e 51,6% das particulares.

 

Considerações Finais

Nas três atividades investigadas, a maioria dos alunos considerou os programas sistemáticos. Não foram encontradas diferenças significativas entre a avaliação dos programas de IC e extensão quanto à categoria administrativa das instituições. As instituições particulares foram as que mais ofertaram programas de IC sem regulamentação, 10%, seguido das municipais, 8,2%, estaduais, 7,0%, e federais, 6,8%. 6,6% das universidades particulares não ofertam programas de IC, contra 3,7% das federais.

A mesma tendência foi observada nas atividades de extensão descritas na Tabela 3, ou seja, as instituições particulares disponibilizaram menos esta modalidade de atividade do que as instituições municipais, federais e estaduais, respectivamente. Segundo Cury (2004), a prática de pesquisa, ensino e extensão não deve se restringir apenas na pós-graduação. Além desse fato, o mesmo autor conduz a um raciocínio que parte do princípio que o ensino tradicional, no qual o aluno é apenas receptor de informações, tem a função de transmitir verdades universais. Portanto, cabe à pesquisa a tarefa de fazer emergir novos saberes, alinhados com o pensamento de uma determinada sociedade, num dado período.

Sabe-se que instituições com PPG geralmente oferecem aos alunos mais oportunidades. Assim, achamos interessante seguir as análises com esse critério como parâmetro. A maioria dos estudantes (57,1%) não participou de atividades que envolvam pesquisa, por falta de interesse ou oportunidade. Em relação ao intercâmbio efetivo entre a graduação e a pós-graduação, é possível identificar um número pequeno de alunos que obtiveram a possibilidade de envolver-se em projetos de pós-graduandos (1,5%), estando mais envolvidos em projetos do professor orientador (9,9%). Em relação às atividades de monitoria, as instituições federais ofertaram programas regulamentados numa frequência superior, 61,6%, às instituições particulares, 52,9%, municipais, 50,4%, e estaduais, 49,9%. As IES estaduais foram as que menos ofertaram programas de monitoria, a um índice de 8,4%.

Deve-se considerar que:

1 – IES que possuem pós-graduação estão quase que na sua totalidade localizadas em capitais ou grandes centros urbanos.

2 – Nesses locais os alunos possuem interesse ou necessidade de buscar outras atividades, inclusive de maior remuneração para seu sustento

3 – Entende-se também que o custo de vida, ou as despesas para os alunos se manterem nesses locais são menos onerosos e apresentam outras facilidades de residência e transporte ou estas não são tão dispendiosas como nos centros urbanos maiores e capitais.

 

Referências

Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. (2006). Resumo Técnico ENADE 2005. Ministério da Educação. Brasília (DF). Retirado em 22 de março de 2011 do World Wide Web: http://www.inep.gov.br/download/enade/2005/Resumo_Tecnico_ENADE_2005.pdf

Cury, C. R. J. (2004). Graduação/Pós-graduação: a busca de uma relação virtuosa. Educação & Sociedade, 25(88), 777-793.         [ Links ]

Lüdke, M. (1992). Aprendendo o caminho da pesquisa. Em I. Fazenda. (Org.). Novos enfoques da pesquisa educacional (pp. 35-50). 2. ed. São Paulo: Cortez.         [ Links ]

 

 

Notas

1Para incluirmos esse critério nos fundamentamos na relação dos 57 programas de pós-graduação stricto sensu publicada no site da Capes e da ANPEPP na área de Psicologia. Porém, desses 57 programas, 4 são da USP, instituição que não participa do ENADE. Assim, estamos considerando nessa análise somente a existência de 53 programas de pós-graduação em Psicologia.