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Avaliação Psicológica

versión impresa ISSN 1677-0471versión On-line ISSN 2175-3431

Aval. psicol. vol.11 no.3 Itatiba jul./sept. 2012

 

 

Semelhanças e diferenças nos desenhos de crianças indígenas brasileiras

 

Similarities and differences in brazilian indigenous children’s drawings

 

Similitudes y diferencias en dibujos de niños indígenas brasileños

 

 

Sonia Grubits1,I; Leila Salomão de La Plata Cury TardivoII; Tania BonfinIII; Marilia VizzottoIV; Heloisa Bruna Grubits FreireI; José Angel Vera NoriegaV; Gleise AriasIII

IUniversidade Católica Dom Bosco
IIUniversidade de São Paulo
IIIUniversidade Metodista de São Paulo
IVUniversidade Estadual de Campinas
VCentro de Investigação em Alimentação e Desenvolvimento A.C.

 

 


RESUMO

O artigo reúne três estudos sobre desenhos de indígenas brasileiros. No primeiro estudo objetivou-se identificar aspectos culturais no desenvolvimento do desenho infantil e semelhanças e diferenças entre crianças indígenas e não índias. Foram estudados os Guarani/Kaiowá, os Kadiwéu e os Terena de Mato Grosso do Sul. O segundo estudo relata uma experiência na escuta psicológica e na análise dos desenhos em oficinas com crianças na aldeia Guarani de Parelheiros. E o terceiro estudo, visou, a partir de oficinas lúdicas, com desenhos de família e estórias, conhecer a percepção de crianças Guarani Mbya sobre a psicodinâmica familiar a partir do referencial psicanalítico. As três pesquisas indicam diferenças relevantes entre os Guarani de Mato Grosso do Sul e São Paulo, assim como entre outras etnias, como Terena e Kadiwéu, mesmo que habitem a mesma região. Discutem-se como fatores determinantes das diferenças o contato e a influência da sociedade não índia.

Palavras-chave: desenhos; crianças; índios.


ABSTRACT

The paper presents three studies about drawings of Brazilian Indians. The first study aimed to identify cultural aspects in the development of children’s drawing and discuss similarities and differences between indigenous and non-Indian drawings. The groups studied were Guarani / Kaiowá, Terena, Kadiwéu of Mato Grosso do Sul. The second study reports an experience in listening and analyzing psychological aspects of drawings in workshops with Guarani children of Parelheiros. The third study aimed to know the perception in children Mbya about family psychodynamics from the psychoanalytic approach, using drawings and stories of family. The three researches indicate significant differences among the Guarani of Mato Grosso do Sul and São Paulo, as well as among other ethnic groups, such as Terena and Kadiwéu, even inhabit the same region. The differences of contact and influence with non-Indian society are discussed like a determinant factor.

Keywords: drawing; children; Indians.


RESUMEN

El artículo presenta tres estudios sobre dibujos de indios brasileños. El primer tuvo como objetivo identificar los aspectos culturales en el desarrollo del dibujo infantil y las similitudes y diferencias entre indígenas y no indígenas. Se estudió a los indígenas Guaraní / Kaiowá, los Kadiwéu y los Terena de Mato Grosso do Sul. El segundo relata una experiencia de escucha y realiza un análisis psicológico de los dibujos de niños en talleres de la aldea Guaraní de Parelheiros. El tercer tuvo como objetivo conocer la percepción de los niños Mbya de la psicodinámica familiar desde el enfoque psicoanalítico. Las tres investigaciones muestran diferencias significativas entre los Guaraní de Mato Grosso do Sul y São Paulo, así como entre otros grupos étnicos, tales como los Terena y los Kadiwéu, aunque vivan en la misma región. Se discuten como factores determinantes de las diferencias el contacto y la influencia de la sociedad no india.

Palabras-clave: dibujos; niños; indígenas.


 

 

O presente estudo discute os resultados de três pesquisas sobre a identificação de características socioculturais e psicológicas contidas em desenhos de crianças indígenas brasileiras. Nessa reunião, buscou-se identificar aspectos psicológicos e socioculturais expressados nas produções gráficas de crianças de etnias distintas.

A importância de se estudar aspectos psicológicos de populações indígenas surge em face às crescentes preocupações, tanto na esfera da saúde pública quanto no âmbito científico, com as ocorrências de suicídio (Cassorla & Smeke, 1994; Dal Poz, 2000; Erthal, 2001; Levcovitz, 1998; Moure, 2005; Oliveira & Lotufo Neto, 2003; Tardivo, 2005) e uso abusivo de álcool (FUNASA, 2000, 2002; Guimarães & Grubits, 2007; Souza, 2005). Mas a compreensão da natureza de conflitos no âmbito da saúde mental também tem sido dificultada pelas diversidades étnicas, uma vez que a população indígena brasileira foi estimada em aproximadamente 350.000 pessoas, pertencentes à de 215 povos, falantes de mais de 180 línguas identificadas, além de uma estimativa de 55 povos isolados, sobre os quais ainda não há informações objetivas (FUNAI, 2005).

Além disso, segundo a mesma Fundação Nacional do Índio, cada um desses povos tem sua própria maneira de entender e se organizar no mundo, que se manifesta nas suas diferentes formas de organização social, política, econômica e de relação com o meio ambiente e ocupação de seu território; diferem também no que diz respeito à experiência histórica na relação com as frentes de colonização e expansão da sociedade nacional, havendo desde grupos com mais de três séculos de contato intermitente ou permanente, principalmente na região litorânea e do Baixo Amazonas, até grupos com menos de dez anos de contato. Esses contatos intermitentes e permanentes também contribuíram com as transformações na organização e dinâmica desses povos e muito se perdeu da cultura (FUNAI, 2005), além de influenciarem na instalação de muitos conflitos (Cassorla & Smeke, 1994; Levcovitz, 1998; Tardivo, 2005).

Assim sendo, em face aos evidentes conflitos de natureza sociocultural, psicológicos e às diversidades étnicas, culturais e linguísticos, julgou-se que a via de comunicação e contato que pudesse facilitar a compreensão da expressão de sentimentos, emoções, preocupações fosse o desenho. O estudo de desenhos tem sido utilizado em culturas e ambientes variados, tanto na avaliação clínica, escolar e profissional

quanto na pesquisa. E foi nessa perspectiva que três estudos distintos foram realizados. Após a realização desses trabalhos, julgou-se importante descrever e apontar as semelhanças e diferenças desses desenhos, bem como analisar a expressão de conflitos de identidade psicológica observados nessas produções gráficas de crianças de etnias distintas.

Entende-se que as representações por meio do grafismo são expressões das relações estabelecidas entre o homem e o ambiente que o envolve. Essas relações são dotadas de valores e sentimentos, sendo que toda representação é um processo criativo no qual o indivíduo precisa resgatar informações que foram armazenadas por meio das experiências vividas.

A realização do desenho evolui junto com saber geral do desenhista, que modifica seus desenhos com a forma de perceber o mundo ao seu redor, transforma imagens mentais construídas e projeções realizadas. Wallon, Cambier e Engelhart (1990) lembram que o desenvolvimento da motricidade é também função da reunião de experiências sensoriais, cognitivas, sócio-afetivas de cada indivíduo e vivências ao longo da vida. Quanto à evolução do desenho infantil, Luquet (1994) afirma que a criança leva em conta seus meios e busca produzir o real nesses desenhos, assim como a preocupação de observação. Assim, na reunião desses três trabalhos, o presente estudo tem como objetivos: identificar aspectos culturais expressados no desenvolvimento do desenho espontâneo infantil; identificar semelhanças na expressão de conflitos de identidade psicológica, observados nas produções gráficas de crianças de etnias distintas; analisar aspectos ambientais, crenças e valores de crianças indígenas, como padrões tradicionais normalmente observados no grafismo de crianças não índias.

Os grupos indígenas estudados

Para fundamentar as reflexões e avaliações do grafismo foi preciso analisar alguns dados culturais e ambientais da cosmologia Guarani, da arte Kadiwéu e evolução das relações dos Terena com os não índios. Dos três grupos estudados em Mato Grosso do Sul, o grupo Guarani é o que se destaca por seu tronco Tupi e pela família linguística Tupi- -Guarani e sua língua sistematizada, falada e escrita.

No Brasil, os Guarani são divididos em três subgrupos: Mbya, os quais estão principalmente no litoral e interior dos estados do sul e sudeste, Chiripa ou Ñandeva, que se encontram no interior e litoral sul e sudeste e Kayowá, localizados principalmente no Mato Grosso do Sul (Litaiff & Darella, 2000). A cultura Guarani é marcadamente masculina, conforme Schaden (1974). Pode-se perceber tal característica verificando que, tanto a liderança religiosa quanto os demais cargos de liderança das aldeias estão invariavelmente nas mãos dos homens da tribo.

O próprio espaço é vivenciado pelos Guarani de acordo com referidas crenças religiosas. Pereira (1995) afirma que, para além do “tekohá”, há um lugar da imortalidade, a chamada Terra Sem Mal, “yvy marã ey”, espaço onde a condição humana é abandonada para que, no homem, possa realizar-se a condição de um deus. Outra questão, que provavelmente determina o estilo de vida Guarani, é a necessidade de permanecer, pelo menos durante um período razoável de tempo, numa região pela sua vocação agrícola.

Não se pode, no entanto, deixar de lado o fato de os mesmos se deslocarem, principalmente no passado. Um dos motivos mais frequentes e citados em diferentes estudos é a busca da “Terra sem Mal”. Meliá (1990) afirma que o motivo principal, bem como a razão da migração Guarani é a busca da “terra sem mal”, elemento essencial na construção do modo de ser Guarani. Os grupos Guarani/Kaiowá estudados no trabalho em questão estão localizados em duas reservas em Mato Grosso do Sul, em Dourados e Caarapó.

Para entende os desenhos de crianças Guarani, torna-se necessário apresentar alguns aspectos da Cosmologia Guarani e a importância da natureza para seus valores e crenças. A terra, para o Guarani, não é um simples meio de produção econômica. O tekoha é o lugar onde se dão as condições de possibilidade do modo de ser Guarani. A terra, concebida como tekoha é, antes de tudo, um espaço sociopolítico (Pereira, 1995).

Tendo em vista a complexidade do tema, é importante apresentar alguns dos aspectos indicados por Viveiros de Castro (1986, p. 202-204), quando descreve a elaboração do domínio celeste e da oposição Céu/Terra, com fragmentos de seu próprio relato: “Na cultura Guarani/Kaiowá, a oposição Céu/Terra pode se transformar em, ou compor com, sistemas horizontais de oposição, notadamente: aldeia/mata, floresta/águas; ou sistemas mais complexos (aldeia/ roça/mata)”.

Cabe ressaltar que, nessa elaboração do domínio celeste e da oposição céu/terra, os sistemas mais complexos, aldeia/roça/mata, são muito presentes em algumas produções infantis, nos estudos em questão. Segundo o autor, as plantas cultivadas remetem integralmente ao domínio humano. Elas são um ex – humano – verdadeiro, que as ofereceu aos homens e aos deuses. Outras árvores e espécies vegetais da mata estão associadas a certos espíritos que são seus donos, que as plantam, assim como os seres humanos fazem com suas culturas de milho, mandioca etc.

Já os Kadiwéu se destacam pela grande área que ocupam há mais de dois séculos. É uma área situada entre a serra da Bodoquena, ao leste, e Paraguai, ao sudoeste e ao sul do pantanal mato- -grossense, na parte oeste do estado de Mato Grosso do Sul. Ressalte-se que a referida área é de difícil acesso. A língua Kadiwéu é a única representante da família Guaicuru ao leste do rio Paraguai.

A economia Kadiwéu se organiza em torno da obtenção dos recursos provenientes do arrendamento dos pastos, atividades agrícolas, de criação de gado bovino e equino e as tarefas são basicamente masculinas, excetuando-se a coleta. As mulheres são as principais produtoras de artesanato para venda, gerando recursos razoáveis para a economia familiar. Estudos sobre o grupo Kadiwéu indicam a questão de gênero, com a divisão de trabalho, como aspecto mais relevante da organização social do grupo (Grubits & Darrault Harris, 2009).

No que se refere à arte, as cerâmicas Kadiwéu são conhecidas pela qualidade, criatividade e uso das cores obtidas na natureza (seiva de um tronco denominado pau santo, diferentes corantes feitos de terra vermelha, esverdeada, rosa etc.). Lévi-Strauss (1955) descreve como traço extraordinário a arte gráfica dos Kadiwéu, cujo estilo não tem comparação com tudo o que a América pré-colombiana nos legou e que só lembra, talvez, a decoração de nossas cartas de baralho. Seus trabalhos traduzem uma preocupação com o equilíbrio. O traçado é abstrato, utilizando formas retilíneas ou arredondadas. A maioria das obras se baseia na alternância dos dois e o fundo ocupando aproximadamente uma superfície igual, de sorte que é possível perceber a composição de duas formas. Nota-se a representação e abstração, ângulo e curva, geometria e arabesco, gargalo e bojo, simetria e assimetria, linha e superfície, contorno e motivo, peça e campo, figura e fundo (Lévi-Strauss, 1955).

Os Terena se destacam pela ocupação das áreas que passam pela história do Brasil e lutas pela defesa do território em questão, o que provavelmente determinou a maior aproximação com a sociedade nacional. Há pelo menos duzentos anos, a região onde se situa o estado de Mato Grosso do Sul foi ocupada por diferentes povos indígenas, destacando- -se os Aruak, os Macro-Gê e os Guarani, dizimados mais tarde em meio ao processo de ocupação do “homem branco”2. Esse processo teve início com a passagem das Bandeiras e tentativa de ocupação econômica do sul de Mato Grosso (Oliveira, 1968).

O grupo é remanescente da grande família linguística Aruak e do complexo cultural chaquenho. Constituíam um grupo relativamente isolado, sofreram algumas transformações a partir da conjunção com a sociedade nacional, principalmente no momento histórico que entraram na guerra contra o Paraguai. Por ser um dos últimos povos indígenas a entrar na guerra, acredita-se que este foi motivo de não terem sido totalmente dizimados (Martinez, 2003; Oliveira, 1968).

Mangolim (1999, p. 37) também explica que “em cada dificuldade vivida, sempre encontraram uma estratégia para ser utilizada na sua superação. Essas estratégias ajudaram a manter elementos profundos que lhes dão coesão como povo, tais como organização social, a língua, as danças, e o próprio sistema educacional”. Oliveira (1960) cita que a história que se desenhou pelos Terena é um caso raro no Brasil. Devido a sua quase total aculturação simultânea à conservação de um abastado número populacional, mantiveram-se participativos na vida regional e, mesmo assim, permaneceram diferenciados como indígenas.

Reestruturando seu estilo de vida em direção a sua estreita ligação com a sociedade nacional, o povo Terena lançou mão de estratégias que têm permitido sua maior integração em espaços que anteriormente não lhes eram comuns. Ocupando cargos na Fundação Nacional do Índio, FUNAI, e na Assembleia Legislativa, os Terena vêm, cada vez mais, buscando meios de sobreviver ao estilo de vida criado pelo intercâmbio social estabelecido.

 

Método

Como destacado anteriormente, este estudo discute os resultados de três pesquisas distintas, realizadas por um grupo comum de investigadores da área da psicologia que se dedica ao estudo e compreensão do desenvolvimento psicológico e organização psicossocial de povos indígenas. Nessa reunião, buscou-se identificar aspectos culturais no desenvolvimento do desenho infantil, bem como semelhanças na expressão de conflitos de identidade psicológica observados nessas produções gráficas de crianças de etnias distintas. Foram então selecionados alguns desenhos de crianças estudadas para ilustrar a representação e expressão de aspectos psicológicos e socioculturais de cada grupo étnico.

No primeiro estudo, participaram 18 crianças na faixa etária de 7 a 9 anos, seis de cada grupo étnico, 09 meninos e 09 meninas, Guarani/Kaiowá, Kadiwéu e Terena, em sessões de desenhos livres realizadas nas distintas comunidades indígenas do Mato Grosso do Sul, durante um ano. No segundo estudo, a proposta de trabalho foi a produção de desenhos espontâneos de crianças como uma forma de mediação do nosso contato com essas crianças indígenas Guarani Mbyá. Foram realizadas “oficinas terapêuticas” que tiveram caráter de grupo aberto formado, em média por 15 crianças em idade de 7 até 12 anos. Os encontros foram realizados no pátio da Escola Estadual de uma aldeia indígena na periferia da cidade de São Paulo, semanalmente, por aproximadamente duas horas, durante o período de maio a dezembro. Esses resultados são parte do trabalho de doutoramento em Psicologia Clínica da Universidade de São Paulo3.

No terceiro estudo, o trabalho proposto foi a produção de desenhos espontâneos e depois a produção de “desenhos de família com estórias” (Trinca, 1997) durante a realização de oficinas Lúdicas numa comunidade Guarani Mbyá de São Paulo; trabalho que transcorreu semanalmente, por um ano e meio aproximadamente. Tais oficinas tinham o objetivo de inicialmente facilitar o contato entre os pesquisadores e as crianças da aldeia, porém, no decorrer do trabalho pode-se perceber que este processo era também rico em projeções referentes à dinâmica familiar das crianças participantes. Esses resultados são parte do trabalho de mestrado em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo4.

Ressalta- se que nosso propósito não é de interpretarmos as presentes produções per si. Buscamos descrever a utilização das técnicas gráficas como meio de interação com crianças indígenas e como estes desenhos permitiram a expressão de emoções e atitudes, dispensando a linguagem verbal já que a comunicação entre indígenas e não indígenas oferece entraves, principalmente referentes às distintas línguas indígenas e o Português.

Os desenhos das crianças

No Primeiro estudo, no que se refere ao Guarani/Kaiowá, nota- se a representação da cosmologia Guarani em todas as crianças nos primeiros desenhos (Desenhos 1 e 4), porém durante um ano de trabalho, começaram a surgir diferenças significativas na construção da identidade dos meninos e meninas. Os meninos foram manifestando características de homem não índio da cidade (Desenhos 2 e 3). As meninas foram afirmando sua identidade de mulher Guarani (Desenhos 4 e 5).

 

 

 

 

 

 

No Desenho 1, pode-se exemplificar a representação dos espíritos nas árvores e natureza, expressada por um menino Guarani. No desenho, uma árvore chama a atenção pelo tronco com olhos, nariz e boca. Percebem-se nitidamente as condições naturais, sol, raios e árvore.

Já, nos desenhos seguintes, de diferentes maneiras, estão presentes os elementos casas e estradas e árvores atrás da casa e árvore antropomórfica. No Desenho 2 aparecem a escola, o ônibus escolar, uma Kombi. A grande quantidade de árvores em torno da escola e da Kombi cerca e impede a movimentação. Nesses trabalhos sempre houve desenhos ou pinturas de “estrada para Caarapó”, que é a cidade mais próxima da reserva. As árvores parecem representar a natureza, assim como o sol e seus raios no desenho número um. Trata- se de um obstáculo, pois tudo indica que a criança vai construindo uma identidade de acordo com a sociedade não índia e não Guarani/Kaiowá. Nota-se também conotações persecutórias na representação dos obstáculos nesses desenhos, pois aparecem, frequentemente, atrás da casa ou escola.

No final dos trabalhos de um ano, não houve mais, pelos meninos, desenhos de árvores atrás das casas ou antropomórficas e sim cada vez mais veículos e aparelhos eletroeletrônicos. Nota-se um começo pela busca de uma identidade de homem da cidade. Em relação às meninas, percebe-se a representação constante dos elementos da cosmologia Guarani – os três níveis descritos por Viveiros de Castro (1986) - e/ou apenas elementos da natureza (Desenhos 4 e 5).

Quanto aos desenhos das meninas Kadiwéu, nota-se inicialmente um contraste em relação à produção dos meninos e uma unidade notável, indicando a divisão de tarefas e de talentos entre os Kadiwéu, fenômeno cultural e social já estudado por Lévi-Strauss (1955) e totalmente ausente na etnia Guarani. Nos estudos, identificam-se especificidades da cultura, ou seja, a exuberância e originalidade dos seus desenhos abstratos, conforme os exemplos 6 e 7.

 

 

 

No Desenho 6, uma menina desenhou uma árvore, planta e cerâmica, expressando uma continuidade entre vegetal e a cerâmica, com a transformação das copas das árvores e corolas de flores em motivos aspirais e a curva dos arbustos em motivos curvilíneos. Já, no Desenho 7, mostra a conversão de um arbusto em flores em um friso de motivos geométricos com o mesmo número de motivos e flores.

Os meninos Kadiwéu, em nenhuma etapa dos trabalhos em um ano de sessões, reproduziram o traçado das cerâmicas. Nos seus desenhos mostraram aspectos da natureza, plantas e animais (Desenho 8). Isso reafirma a divisão de trabalho bem definida e tradicional na cultura e sociedade Kadiwéu, em que somente as mulheres fazem a cerâmica, enquanto os homens trabalham com o gado, cavalos e eventualmente na agricultura.

 

 

Quanto aos Terena, seus desenhos são iguais aos das crianças não índias, evidenciando a transformação cultural sob forte influência da cultura não índia com casa das comunidades rurais (Desenho 9) ou como, por exemplo, o desenho de uma cidade (Desenho 10).

 

 

 

Assim, nesse primeiro estudo, percebe-se que as crianças Guarani indicaram a grande influência da cosmologia e o conflito entre ser Guarani ou homem da cidade, enquanto as meninas construíram uma identidade de mulher Guarani e guardiã das tradições. As meninas expressaram a arte Kadiwéu nas cores e formas dos seus desenhos. Os meninos acompanharam os pais nos trabalhos com gado, cavalos, caça, pesca e, eventualmente, na agricultura. Quanto aos Terena, eles indicaram as transformações pelas quais vêm passando pela proximidade e frequência de contato com a sociedade nacional. Esses três grupos culturais são diferentes no desenvolvimento da construção da identidade infantil.

No segundo estudo, que se referiu aos desenhos espontâneos de crianças Guarani Mbyá de São Paulo, cabe descrever que, nos encontros iniciais, as crianças apresentavam dificuldades para expressar verbalmente sentimentos relacionados às vivências que desejavam relatar, fossem elas conflituosas ou não, já que estes indivíduos possuíam como língua materna o Guarani. O recurso gráfico/ imagético (desenho) se mostrou muito eficiente como facilitador da comunicação. A possibilidade do diálogo livre de entraves contribuiu, inclusive, para o estabelecimento do enquadre das oficinas (Bonfim, 1998).

Nos desenhos a seguir, observam-se especificidades da vida na aldeia e a valorização de sua cultura. São representadas casas de acordo com o padrão das construções existentes na aldeia, objetos de uso dos indígenas, além da presença de animais e da mata. Tais aspectos demonstram que, apesar das dificuldades causadas pela constante influência da cultura não indígena ocidental, os Guarani Mbya procuram valorizar e manter aspectos culturais tradicionais; aspectos estes que também observamos em outro contexto (Bonfim, 2008), na oportunidade dos grupos com adolescentes na aldeia Guarani Krucutu em São Paulo. Nesse sentido, é interessante lembrarmos Stern (1961), que já havia afirmado que os desenhos espontâneos são expressões que conduzem a criança a um ato consciente de ressonâncias mais profundas. Dessa forma, entende-se que a prática do desenho é, por si, elaborativa.

A casa representada ilustra as construções existentes na aldeia. A varanda com pequeno avanço é uma típica residência Guarani Mbyá.

O desenho traz uma representação do Centro de Cultura Indígena da aldeia. Observa-se a representação do cotidiano e da realidade vivida nas aldeias, aspectos comuns entre os Guarani Mbyá, os quais costumam representar e enfatizar a paisagem – a terra, a lagoa, as casas, ou seja, o seu “lugar”. Essa representação do lugar Guarani no mundo é um aspecto bastante discutido por Meliá (1990), que chamou atenção para o fato de que esses povos valorizam o contato com a natureza e apresentam cuidados com aquilo que está ao seu redor.

No terceiro Estudo, que se referiu aos desenhos espontâneos e desenhos de famílias com histórias de crianças Guarani Mbyá de São Paulo, destaca-se que as produções gráficas das crianças estudadas apresentaram aspectos comuns, principalmente no que diz respeito aos conflitos psíquicos. Esses conflitos se referiram à introjeção das figuras parentais frágeis e aos conflitos no desenvolvimento da identidade com indicativos de sofrimento pela influência das interações entre cultura indígena e não indígena. No desenho apresentado a seguir, a criança representa os pais da aldeia indo à busca de comida na mata para seus filhos que estão doentes. Ao mesmo tempo, chega um caminhão de doações que traz comida para a aldeia. Com a dificuldade de os adultos encontrarem alimento, há necessidade da entrada do não índio para suprir as faltas básicas.

O desenho “Família Juruᔠmostra uma família não indígena (Juruá) em visita à aldeia e estão presentes dois indígenas (no rio e colhendo uma fruta). Nota-se que as figuras das pessoas não indígenas, apesar de algumas não possuírem pés e mãos, são mais bem estruturadas e coloridas do que as figuras dos indígenas, já que estes são representados de forma acromática ou em figuras palito. Percebe-se, quanto à distinção do sexo entre as figuras que, nos desenhos dos não indígenas, tal distinção fica clara, porém entre os desenhos dos indígenas tal distinção não existe. O conflito entre ser indígena e ser não indígena está presente. Schaden (1974) afirma que devido à influência da cultura não indígena e possíveis processos aculturativos, muitas das tradições indígenas estão sendo modificadas ou vêm diminuindo gradativamente. Frente a essa afirmação, é possível hipotetizar que os indivíduos indígenas que possuem contato frequente com a sociedade não indígena podem supervalorizar os indivíduos que vêm desta sociedade.

 

 

Similaridades e diferenças

Alguns aspectos foram marcantes no que diz respeito às expressões gráficas, tanto no que se refere à similaridade, quanto ao que diz respeito às diferenças entre as diferentes etnias estudadas.

O lugar indígena e a representação estética

Os Guarani Mbyá enfatizaram a paisagem – a terra, a lagoa, as casas, ou seja, o seu “lugar”. É interessante lembrar que, tanto para os Guarani Mbyá quanto para os Kaiowá, existe uma grande valorização do tekoha, que é o lugar onde se dão as condições e possibilidades do “modo de ser Guarani” e, como destacou (Pereira, 1995), a terra concebida como tekoha é, antes de tudo, um espaço sóciopolítico.

Nessa representação do lugar, houve similaridade com os Kadiwéu, uma vez que seus desenhos também valorizaram aspectos da natureza, plantas e animais. Isso é diferente dos Terena, cujos desenhos apresentam-se iguais aos das crianças não índias, evidenciando a transformação cultural sob forte influência da cultura não índia, como as casas de comunidades rurais ou desenhos de cidade.

O cuidado das crianças com o senso estético, numa preocupação com combinação de objetos, paisagens e cores também foi comum em todas as etnias. A valorização da estética pode ser equiparada aos conteúdos também valorizados pela arte-terapia (Fernandes, 2003) no sentido de compreensão da estética como sendo a qualidade que uma obra apresenta para evocar sentimentos, situações afetivas ou morais. E de outro ponto de vista, essa expressão da arte e de sua estética nos desenhos das crianças indígenas mostra emoções, afetos, que provavelmente nunca vivenciaram concretamente, mas sentiram. Assim, no que diz respeito aos conteúdos psicossociais e culturais, pode-se dizer que a representação do cotidiano, da realidade vivida nas aldeias, foi um fator comum representado entre os grupos étnicos e que enfatizaram a terra, a lagoa, as casas, ou seja, o seu “lugar”, havendo um esforço na manutenção de seus costumes, tradições e de desenvolvimento da identidade pessoal e grupal.

Todavia, mesmo com o esforço de manutenção de suas culturas e tradições, a proximidade das comunidades estudadas dos centros urbanos e o fácil acesso aos meios de comunicação têm forte interferência nas culturas indígenas, o que é bastante evidenciado nos desenhos dos Terena e nos Guarani Mbyá de São Paulo. Essa interferência têm indicado dificuldades ou conflitos psicológicos, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento da identidade dessas pessoas.

 

 

 

A expressão gráfica e os aspectos técnicos

O desenho infantil é uma prática elaborativa independentemente da etnia. Os desenhos espontâneos são expressões de atos conscientes da criança, porém de ressonâncias mais profundas como já o havia dito Stern (1961).

ponderação, tal como enfatizaram Okazaki e Sue (1988), que as investigações psicológicas em populações consideradas minorias étnicas requerem atenção a respeito dos modelos teóricos adotados, dos instrumentos de avaliação e dos delineamentos de pesquisa utilizados. Assim, entende-se que há necessidade de estudos que se preocupem especificamente com a validação das técnicas de avaliação e intervenção para tais populações. Finalmente, a técnica gráfica imagética se apresenta como promissor instrumento de avaliação e intervenção psicológica em minorias étnicas, cujas diferenças culturais e de linguagem desfavorecem a utilização de instrumentos construídos a partir de referenciais não indígenas.

 

 

 

 

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Recebido em março de 2012
Reformulado em junho de 2012
Aceito em julho de 2012

 

 

Sobre as autoras:

Sonia Grubits: Psicóloga. Doutora com status de Pós-doutora em Semiótica por Paris 8 – Sorbonne, França, Pós-doutora e doutora em Saúde Mental pela Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Professora, pesquisadora e coordenadora do Programa de Mestrado em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco, UCDB, MS, Brasil. Bolsista produtividade CNPq. E-mail: sgrubits@uol.com.br.
Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo: Professora Associada da Universidade de São Paulo. Coordena o Laboratório de Saúde Mental e Psicologia Clínica Social do IPUSP. Responsável por Convênios Acadêmicos com países latino-americanos, Portugal e Espanha. Bolsista Produtividade CNPq.
Tania Bonfin: Psicóloga e psicoterapeuta. Doutora em Psicologia Clínica pela Universidade de São Paulo - USP. Professora Titular da Universidade Metodista de São Paulo no curso de Graduação em Psicologia, responsável por Estágio Supervisionado em Psicologia Aplicada à Clínica. E-mail: taniabonfim@usp.br
Marilia Vizzotto: Psicóloga pela Universidade de Uberaba. Doutorada em Saúde Mental pela Universidade Estadual de Campinas. Professora Titular da Universidade Metodista de São Paulo. E-mail: mmvizzotto@ig.com.br
Heloisa Bruna Grubits Freire: Psicóloga. Doutora em Saúde Mental pela Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP. Professora e pesquisadora do Programa de Mestrado em Psicologia da Universidade Católica Dom Bosco, MS, Brasil. E-mail: freirejb@terra.com.br.
José Angel Vera Noriega: Professor pesquisador na área de Desenvolvimento Regional do Centro de Investigação em Alimentação e Desenvolvimento A.C., México. E-mail: avera@cascabel.ciad.mx.
Gleise Arias: Psicóloga. Docente e supervisora dos estágios de Triagem e Plantão Psicológico e Psicodiagnóstico do Curso de Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo. Atua como Psicóloga Clínico-Hospitalar no Hospital do Servidor Público Estadual, com ênfase ao atendimento infantil e como psicoterapeuta em consultório particular. E-mail: gleise.arias@metodista.br.


1Endereço para correspondência:
Av. Mato Grosso, n. 759, Centro Campo Grande, MS - Brasil. CEP: 79002 – 231 E-mail: sgrubits@uol.com.br

2Termo popular usado para identificar o indivíduo não índio. Atualmente esse termo não é mais utilizado pela comunidade científica, que optou pela terminologia “não índio” em seu lugar.

3Tese doutorado de Tânia Elena Bonfim, desenvolvida sob a orientação da Profa. Dra. Leila Cury Tardivo; aprovada em 2011.

4Dissertação de Mestrado de Gleise Arias, desenvolvida sob a orientação da Profa. Dra. Marilia Martins Vizzotto ; aprovada em 2008.