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Avaliação Psicológica

versão impressa ISSN 1677-0471

Aval. psicol. vol.12 no.2 Itatiba ago. 2013

 

 

Desafios Psicossociais da Família Contemporânea – Pesquisas e Reflexões

 

 

Gabriela da Silva Cremasco1

Universidade São Francisco

 

 


 

 

O livro organizado por Adriana Wagner com a colaboração de vários pesquisadores traz em sua 1ª edição os resultados de uma diversidade de estudos com objetivo de auxiliar não somente outros pesquisadores do tema, como também aqueles que trabalham com famílias e os que têm de lidar diariamente com sua própria família. A obra contém 13 capítulos que são divididos em três partes, sendo estas: Conjugalidade, Parentalidade e Educação em diferentes contextos. Ao final de cada texto, é proporcionado para o leitor um resumo com os pontos principais apresentados em cada capítulo, além de questões para reflexão e dicas de filmes sobre o tema abordado. O prefácio é escrito pela Dra. Maria Consuêlo Passos, que discute a importância da família bem como a necessidade de se realizar estudos com a mesma sob diferentes perspectivas, uma vez que a concepção de família está em constante processo de mudança.

No primeiro capítulo, “Os desafios da família contemporânea: revisitando conceitos”, Adriana Wagner, Cristina Tronco e Ananda Borgert Armani apontam diversas considerações sobre o conceito de família, que tem se diversificado muito nos últimos tempos, tornando-se um assunto complexo a ser discutido. Além disso, as autoras definem alguns temas, tais como, configuração e estrutura familiar com intuito de dar um aporte teórico ao entendimento da complexidade dos diferentes grupos familiares existentes atualmente.

João Alves da Silva Neto, Marlene Neves Strey e Andrea Seixas Magalhães assinam o segundo capítulo, “Sobre as motivações para a conjugalidade”, que aborda as relações conjugais tendo em vista suas várias configurações. Os autores descrevem um estudo que serviu de base para discutir a temática das motivações para a relação conjugal. A pesquisa realizada em 2008, no estado do Rio Grande do Sul, contou com a participação de 50 pessoas de camadas médias e baixas que foram distribuídas em grupos, sendo o sexo feminino e o sexo masculino presentes em todos os grupos.

Clarisse Pereira Mosmann, Eliana Piccoli Zordan e Adriana Wagner tratam dos aspectos acerca dos relacionamentos afetivos no terceiro capítulo, intitulado “A qualidade conjugal como fator de proteção do ambiente familiar”. As autoras destacam que as pesquisas têm comprovado que casais com um relacionamento satisfatório tem maior saúde física e emocional, bem como seus filhos apresentam um melhor nível de saúde mental. No texto, também são apresentadas pesquisas realizadas e definições a respeito da qualidade conjugal, os fatores de proteção do ambiente familiar e da temática da conjugalidade e sua relação com a parentalidade.

O quarto capítulo, “Reflexões sobre a violência conjugal: diferentes contextos, múltiplas expressões”, elaborado por Denise Falcke e Terezinha Féres-Carneiro, apresenta para os leitores resultados de pesquisas que mostram que a violência conjugal é cada vez mais recorrente. No decorrer do capítulo, são apresentados alguns trechos de atendimentos psicológicos referentes ao tema discutido, bem como as consequências que a violência conjugal causa no ambiente familiar, tanto para o casal quanto para os filhos que, direta ou indiretamente, acabam se tornando vítimas do ambiente conturbado. No capítulo, também são abordados os problemas que o contexto violento traz na vida dos filhos que tendem a achar que estas situações fazem parte de todo relacionamento e ambiente familiar e esclarecem aos leitores os efeitos que este ambiente pode gerar, considerando que esta configuração familiar será o modelo para suas futuras relações.

Claudete Bonatto Reichert aborda, no quinto capítulo “Educar para a autonomia: desafios e perspectivas”, as principais dificuldades encontradas pelos pais no que diz respeito à educação de seus filhos para a aquisição da autonomia frente às mudanças que ocorrem a cada dia num contexto repleto de adversidades e influências que os filhos têm em seu ambiente. A autora traz ainda a definição de autonomia em diferentes perspectivas, bem como estudos acerca da relação entre autonomia e estilos parentais no desenvolvimento da mesma.

No sexto capítulo, “A vivência da paternidade em tempos de diversidade: uma visão transcultural”, Ana Cristina Pontello Staudt e Adriana Wagner discorrem a respeito do papel do pai na vida e educação dos filhos dadas as mudanças que vêm ocorrendo neste papel atualmente. As autoras discutem a respeito das diferentes formas de exercer a paternidade, visto que estas têm se mostrado cada vez mais diversificadas, tendo como base os contextos sociais, econômicos e culturais do Brasil e Espanha para tratarem do assunto.

Luciana Suárez Grzybowski escreve no sétimo capítulo, “Ser pai e ser mãe: como compartilhar a tarefa educativa após o divórcio?”, sobre a complexidade no dever de educação dos filhos em casais que se separaram. Grzybowski discute, ainda, a necessidade de se manter o vínculo parental quando não há mais o vínculo conjugal, sendo de suma importância um esforço de ambas as partes para que se tenha mais sucesso na tarefa educativa dos filhos.

No oitavo capítulo, “Mamãe, eu acho que estou... ligeiramente grávida! Uma reflexão sobre a gravidez na adolescência”, Daniela Centenaro Levandowski escreve a respeito da adolescência, e das principais questões que levam adolescentes a se tornarem mães tão precocemente em um mundo em constante transformação, bem como o papel das famílias nestas situações que ocorrem frequentemente. Além disso, a autora traz ainda dois casos de adolescentes que tiveram que transformar suas vidas para receber um filho, e ressalta a importância do apoio familiar incondicional nessa transição para a parentalidade. Levandowski finaliza o capítulo chamando a atenção para a necessidade da implantação de programas de prevenção e educação sexual em jovens.

No nono capítulo, “As relações familiares e os problemas emocionais e de comportamento em adolescentes”, Maycoln L. M. Teodoro, Bruna Moraes Cardoso e Tiago Ferraz Porto Pereira discutem a respeito da influência das relações familiares no desenvolvimento de crianças e adolescentes. Os autores ressaltam que um ambiente familiar conflituoso está ligado à presença de transtornos internalizantes e externalizantes, ao passo que um ambiente familiar saudável tende a atuar como um protetor do surgimento de problemas psicológicos na infância e adolescência.

O décimo capítulo, “A violência como instrumento educativo: uma história sem fim?” assinado por Denise Falcke e Larissa Wolff da Rosa, trata do uso da violência pelos pais com intuito de disciplinar os filhos, as diferentes formas de violência, bem como comportamentos no âmbito familiar que podem ser prejudiciais no desenvolvimento dos indivíduos. No final do capítulo, é apresentado para o leitor um caso clínico que retrata a violência física e psicológica a qual um garoto é constantemente submetido pelo pai, além de uma breve análise do caso.

O décimo primeiro capítulo, “O adolescente em conflito com a lei: reflexões sobre o contexto e a rede de apoio social” escrito por Bianca Branco e Karina Demarchi, aborda a temática dos adolescentes que adotam comportamentos delinquentes, além do papel da família e da rede social do adolescente na aquisição de tais comportamentos. São descritos no capítulo alguns estudos realizados com adolescentes infratores e que cumpriam medidas socioeducativas tendo como objetivo avaliar a relação que a família e a rede social podem ter no surgimento de condutas de risco nos adolescentes. As autoras ressaltam a importância de se avaliar a complexidade do tema, visto que várias questões estão associadas a condutas antissociais nos jovens, além das particularidades de cada um.

No décimo segundo capítulo, “A relação família-escola: uma parceria possível?”, Luiza Maria de Oliveira Braga Silveira discorre sobre o surgimento da relação família-escola, bem como sobre a influência do movimento higienista no surgimento desta relação. A autora traz, ainda, o panorama atual referente aos papéis que a família e a escola vêm ocupando atualmente, além da maneira como os pais/mães e professores se utilizam de práticas educativas, além de propostas para o surgimento de uma coerência entre estes sistemas.

Para finalizar, José Luis Gobbi Lanuza Suarez de Puga e Adriana Wagner explicitam no décimo terceiro capítulo “O processo educativo e a empresa familiar: do herdeiro ao sucessor”, a importância das empresas familiares no desenvolvimento da sociedade, bem como sua presença constante na mesma. Os autores tratam da instabilidade inerente no processo de substituição de uma geração para a outra, das diferenças existentes entre o herdeiro e o sucessor, além dos fatores inclusos no processo de construção/ educação de um sucessor.

O livro traz, a partir de uma linguagem clara e de fácil compreensão, os resultados de várias pesquisas e experiências profissionais a respeito da diversidade familiar, bem como uma bibliografia atualizada sobre esta temática. Os resumos, ao final de cada capítulo, facilitam para o leitor a recapitulação dos principais tópicos abordados no decorrer do texto, auxiliando na assimilação dos conteúdos.

 

Referências

Wagner, A. e cols. (2011). Desafios Psicossociais da Família Contemporânea- Pesquisas e Reflexões. 1ª edição. Porto Alegre: Artmed. 208 p.         [ Links ]

 

 

Recebida em setembro de 2012
Aprovada em janeiro de 2013

 

 

Sobre a autora

Gabriela da Silva Cremasco: é graduanda em Psicologia pela Universidade São Francisco e faz parte do Programa de Iniciação Científica como bolsista PROBAIC/ USF.


1E-mail: gabisilva10@hotmail.com