EDITORIAL

O volume 13 se encerra com a publicação deste terceiro fascículo do ano de 2014, no qual compartilhamos com a comunidade de pesquisadores e de profissionais uma coletânea de artigos, abrangendo as mais variadas áreas da Psicologia nas quais a Avaliação Psicológica está presente.

É tempo de agradecer aos integrantes do Conselho Editorial e aos vários revisores que colaboraram ao longo deste ano para que a nossa revista continue sendo publicada com regularidade e cujos nomes estão elencados no final deste fascículo. A versão integral deste número estará disponível tanto no site do PePsic, como na revista impressa. Os artigos selecionados para este último fascículo estão brevemente descritos a seguir.

O primeiro artigo Perfil de liderança de treinadores e desempenho das equipes em competição de autoria de Elisa Dell'Antonio e Mario Luiz Couto Barroso traz uma interessante comparação entre perfis de liderança. A Escala de Liderança no Desporto foi o instrumento usado para aferir e comparar a autopercepção e o perfil real de liderança dos treinadores e de atletas de equipes de voleibol feminino.

O segundo artigo é de Cristiane Deantonio Ventura e Ana Paula Porto Noronha e intitulado de Autoeficácia para escolha profissional, suporte familiar e estilos parentais em adolescentes. Recorrendo aos instrumentos Escala de Autoeficácia para Escolha Profissional (EAE-EP), Inventários de Percepção de Suporte Familiar (IPSF) e as Escalas de Responsividade e Exigência as autoras mostraram que a afetividade dos membros da família e a responsividade materna são preditores das crenças de autoeficácia para escolha profissional.

Joana Vieira dos Santos; Gabriela Gonçalves Alejandro Orgambídez-Ramos; Yolanda Borrego-Ales e Isabel Mendoza- Sierra da Universidade do Algarve (Portugal) e da Universidade de Huelva (Espanha) são os autores do trabalho denominado Adaptação da escala de Empowerment Psicológico de Spreitzer numa amostra portuguesa. Nele são trazidos os resultados da Análise Fatorial Confirmatória que mostram a adequação do instrumento para ser usado com a população portuguesa.

Análise semântica e evidências de validade da escala metacognitiva para idosos escrito por Alex Bacadini França e Patrícia Waltz Schelini teve como propósito investigar as evidências de validade baseadas no conteúdo e realizar a análise semântica dos itens de uma escala destinada à avaliação da metacognição em idosos. Os resultados apontaram para a necessidade de modificações na redação das instruções e dos itens, bem como nos descritores da escala.

O artigo Estratégias e instrumentos para a identificação de bullying em estudos nacionais com autoria de Felipe Alckmin-Carvalho, Sarah Izbicki, Luan Flávia Barufi Fernandes e Márcia Helena da Silva Melo expõe as estratégias utilizadas para identificar situações de bullying no país e discutir o alcance e limitações dessas medidas de avaliação. Os autores apontam uma fragilidade metodológica na produção sobre rastreamento de bullying no Brasil.

O sexto artigo Análises psicométricas iniciais de uma escala de empatia infantojuvenil (EEmpa-IJ) de Andréa da Cunha Kirst-Conceição e Selma de Cássia Martinelli descreve a construção e a validação inicial de uma escala de empatia para estudantes brasileiros. Apesar de terem sido obtidos resultados iniciais animadores, as autoras alertam para a necessidade de estudos adicionais visando o aprimoramento se seus parâmetros psicométricos.

O texto intitulado Escala de percepção discente do ensino à distância: estudo de validade, José Maria Montiel, Suselei Aparecida Bedin Affonso, Stelio João Rodrigues e Eliane Quinelato analisam a estrutura interna do instrumento. Concluem que ele fornece um tipo de informação útil, na medida em que caracteriza não só as áreas de satisfação do aluno com o curso, como também seu envolvimento no processo de aprendizagem.

Marina Cardoso de Oliveira, Bruna Rodrigues da Silva, Rafael Guimarães Garcia, Lucy Leal Melo-Silva e Marco Antônio Pereira Teixeira são os autores do artigo Escala de autoeficácia no aconselhamento de carreira: adaptação e evidências de validade. Trata-se da tradução da Career Counseling Self-Efficacy Scale – CCSES, cujo processo de adaptação é relatado no trabalho que permitiu concluir que a versão brasileira da CCSES possui indicadores psicométricos adequados e que pode ser utilizada por orientadores profissionais brasileiros tanto para fins de aconselhamento de carreira, como em suas pesquisas.

Análise fatorial confirmatória da escala de inteligência Wechsler abreviada – versão português brasileiro é o título do trabalho de Flávia Wagner, Suzi Alves Camey e Clarissa Marceli Trentini, que realizaram uma análise fatorial confirmatória em crianças/ adolescentes e adultos. Os resultados indicaram que o modelo de dois fatores foi o que mostrou melhor ajuste.

Com o objetivo de avaliar uma das habilidades mais importantes para os alunos de ensino fundamental, Adriana Cristina Boulhoça Suehiro e Vitória Lage Hohlenwerger escreveram o texto Escrita em grupo de escolares, usando a Escala de Avaliação da Escrita (EAVE). Os resultados mostraram que o instrumento foi suficientemente sensível para captar a progressão no desempenho dos alunos com o avançar da escolaridade.

Nelson Hauck Filho é o autor do artigo Medida psicológica: o debate entre as perspectivas conceituais representacionista e realista, no qual apresenta uma análise crítica das duas perspectivas teóricas às quais a Psicometria recorre para a definição de medida. O autor discute as características e os problemas enfrentados por ambas as perspectivas conceituais e defende a ideia de que é legítimo usar instrumentos psicométricos na avaliação psicológica mesmo que ainda inexista uma resposta definitiva à questão da medida psicológica.

No artigo Validação de instrumento de contrato psicológico, Letícia Gomes Maia e Antônio Virgilio Bastos Bittencourt demonstram o caráter bilateral e multidimensional do conteúdo dos contratos psicológicos, evidenciado nas duas escalas que compõem o instrumento, a de obrigações do Empregado – EEO e a de obrigações do Empregador – EER. Com base nos dados submetidos à análise fatorial exploratória e confirmatória, os autores identificaram que a estrutura empírica e os índices de fidedignidade encontrados tornam seu uso recomendável.

Avaliação psicológica da depressão: levantamento de testes expressivos e de autorrelato no Brasil é o trabalho de Paula Ely, Maiana Farias Oliveira Nunes e Lucas de Francisco Carvalho que traz um levantamento de instrumentos para avaliação da depressão como estado e como traço, incluindo a análise de técnicas expressivas e de autorrelato. Os instrumentos são descritos considerando suas vantagens e limitações para a avaliação da depressão, sendo também discutidas as possibilidade de seu uso pelo psicólogo.

José Aloyseo Bzuneck, Evely Boruchovitch e Sueli Edi Rufini são os autores do texto Eficácia coletiva de professores: evidências de validade de construto de um questionário, no qual descrevem o processo de construção e levantamento de evidências de validade de um instrumento brasileiro para medir a eficácia coletiva de professores. A análise da estrutura interna dos itens foi realizada por meio da análise fatorial exploratória, que permitiu aos autores identificar sua estrutura unifatorial e estimar uma consistência interna bastante satisfatória.

Revisão de uma escala para avaliar atitudes de estudantes de medicina é o artigo de Wilton Silva dos Santos e Jacob Arie Laros. A escala revisada de 50 itens apresenta evidências satisfatórias de validade, com base em estudo cuidadoso de sua estrutura interna. A consistência interna também foi considerada adequada para a amostra pesquisada.

Com base nos dados obtidos de uma amostra de jovens portugueses Alice Amélia de Freitas Pereira, Maria Barbosa-Ducharne e Pedro Teixeira escreveram o texto Propriedades psicométricas da Escala de Percepção do Funcionamento Parental – Mãe e Pai, que é uma versão adaptada do espanhol. Com a remoção de alguns itens a estrutura fatorial original de seis dimensões foi mantida, com base nos resultados da Análise Fatorial Confirmatória, que revelou bons índices de ajustamento. Os autores concluíram que escala apresenta evidências de validade e de fidedignidade para a avaliação do funcionamento parental para a população portuguesa.

Neste número ainda contamos com uma nota técnica sobre o Guia da AAOS/IWH: sugestões para adaptação transcultural de escalas de autoria de Lucilene Ferreira, Angela Nogueira Neves, Mateus Betanho Campana e Maria da Consolação Gomes Cunha Fernandes Tavares que fornece diretrizes para essa importante tarefa. O texto final é de Adriana Satico Ferraz que apresenta uma resenha do livro Educar crianças, grandes desafios: como enfrentar?

Esperamos que a leitura seja inspiradora para novas pesquisas e, também, que possa fornecer apoio para a prática profissional dos colegas psicólogos.

Acácia Aparecida Angeli dos Santos

Editora responsável