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Avaliação Psicológica

versão impressa ISSN 1677-0471versão On-line ISSN 2175-3431

Aval. psicol. vol.15 no.2 Itatiba ago. 2016

 

 

Produção científica sobre o Transtorno de Estresse Pós-Traumático no contexto de desastres

 

Scientific literature about Post-Traumatic Stress Disorder in disaster context

 

Literatura científica sobre el Trastorno de Estrés Post-Traumático en el contexto de desastres

 

 

Ana Maria Reis1; Lucas de Francisco Carvalho1

Universidade São Francisco

 

 


RESUMO

O presente estudo teve por objetivo verificar a produção científica sobre o TEPT, em bases de dados on-line, tendo como foco estudos que abordem esse transtorno em contextos de desastres ambientais. Por meio das bases de dados (SciELO e Science Direct), verificou-se que, dentre os 964 estudos identificados, apenas 38 se relacionaram a desastres ambientais, os quais apresentaram objetivos, populações e eventos diversificados, sugerindo a presença de investidas na compreensão desses fenômenos. Além disso, observou-se um número inexpressivo de publicações nacionais, contrastando com as publicações internacionais, sobretudo, EUA e China. Os dados torna evidente a necessidade da realização de pesquisas que clarifiquem as implicações psicológicas provenientes de desastres para conferir auxílio ao manejo efetivo desses eventos em território nacional.

Palavras-chave: estresse; literatura cientifica; trauma.


ABSTRACT

This study aimed to examine the scientific literature on PTSD in online databases, focusing on studies that address this disorder in contexts of environmental disasters. Through the databases (SciELO and Science Direct), it was found that, among the 964 identified studies, only 38 were related to environmental disasters. Among those were diverse objectives, people and events, which suggests the presence of advances in the understanding of these phenomena. In addition, there was an unimpressive number of national publications, contrasting with international publications, predominantly from the US and China. The data makes clear the necessity of conducting research to clarify the psychological implications of disasters in order to aid in the effective management of these events domestically.

Keywords: stress; scientific literature; trauma.


RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo verificar la producción científica sobre el trastorno de estrés pós-traumático em las bases de dados em línea, centrándose em los estúdios que abordan este transtorno em contextos de desastres ambientales. A través de bases de datos (SciELO y Science Direct), se encontró que entre los 964 estudios identificados, sólo 38 estaban relacionados con los desastres ambientales, que tenían diversos objetivos, personas y eventos, lo que sugiere la presencia de los avances en la comprensión de estos fenómenos. Además, hubo um número impressionante de publicaciones internacionales, principalmente de Estados Unidos y China. Los datos muestran claramente la necesidad de llevar a cabo investigaciones para aclarar las implicaciones psicológicas del desastre para dar ayuda a la gestión eficaz de estos acontecimientos en el país.

Palabras-clave: estrés; literatura científica; trauma.


 

 

Considerando o expressivo aumento de eventos de desastres ambientais em escala global (Vianna et al., 2014), assim como a sua recorrente implicação psicológica denominada transtorno de estresse pós-traumático (Castillo, Recondo, Asbahr, & Manfro, 2000; Gaborit, 2006), o presente estudo teve por objetivo a investigação da produção científica dessa psicopatologia, em base de dados on-line, focando em estudos relacionados a contextos de desastres ambientais. O fenômeno de desastre, por sua vez, configura- se como o resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem sobre um cenário vulnerável, causando grave perturbação ao funcionamento de uma localidade, na medida em que envolve extensivas perdas e danos humanos, materiais, econômicos ou ambientais (Ministério da Integração Nacional, 2012). Já os desastres ambientais se referem especificamente a eventos como enchentes, escorregamentos de solo, secas ou furacões, os quais são influenciados por características regionais, como condições de solo, topografia, vegetação ou condições meteorológicas (Kobiwama et al., 2006).

Considerando a trajetória histórica e social que permeia a ocorrência desses eventos, observa-se que, com a implantação do processo de industrialização no século XVIII, em escala global, alterações marcantes foram conferidas ao meio ambiente. Tal processo foi caracterizado por uma desenfreada corrida desenvolvimentista liderada por países detentores de capitais para investimentos tecnológicos com vistas à exploração de bens naturais, o que promoveu efeitos negativos e prejudiciais à natureza, como contaminação do solo, poluição atmosférica, poluição e exaurimento de mananciais hídricos e, consequentemente, financiou a instalação de desastres ambientais (Vianna et al., 2014). Desse modo, esses fenômenos refletem o resultado de relações não sustentáveis que se estabelecem entre o homem e a natureza, sendo que, nas últimas décadas, o número de registros de desastres ambientais em várias partes do mundo tem apresentado um considerável aumento (Kobiwama et al., 2006).

Embora, pelo senso comum, o Brasil seja considerado um país privilegiado pela estabilidade das forças da natureza e ausência de eventos climáticos extremos (Moraes, 1999; Valencio, 2009), sua economia capitalista, que tem por objetivo o alcance das grandes potências mundiais, faz com que eventos de desastres ambientais, assumam um status de maior frequência e intensidade. Desse modo, a derrubada de 93% da floresta da Mata Atlântica, mais da metade da cobertura vegetal da caatinga e do cerrado e degradada cerca de 20% da floresta Amazônica, contribuíram significativamente para o aquecimento global, emissão de gases poluentes e diversas contaminações, promovendo longos períodos de estiagem, enchentes, vendavais e demais eventos de desastres ambientais (Brasil, 2012b).

Nesse ínterim, dados numéricos comprovam o aumento da ocorrência de eventos de desastres ambientais no Brasil. Conforme o Anuário Brasileiro de Desastres Ambientais, somente no ano de 2011, oficialmente, foi relatada a ocorrência de 795 desastres ambientais, os quais causaram 1.094 óbitos e afetaram 12.535.401 pessoas (Brasil, 2012a).

Ao lado do expressivo aumento desses fenômenos, não só em território nacional, mas também em escala mundial, faz-se relevante a consideração das implicações psicológicas promovidas por esses eventos, os quais provocam um significativo impacto na saúde mental daqueles que as vivenciam, promovendo o medo, feridas físicas e emocionais e perda de entes queridos (Cohen, 2008; Sá, Werlang, & Paranhos, 2008). Nesse sentido, logo após e durante a ocorrência de um desastre, pode ser instalado um estado de atordoamento, perda da orientação temporal, espacial e de identidade (por exemplo, Carlson & Rosser-Hogan, 1991; Loewestein, 1996; Van der Kolk, 1996). Esse estado de choque pode ser acompanhado por um alto nível de ansiedade (Gaborit, 2006), assim como de respostas psicológicas caracterizadas por re-experienciação e evitação (Horowitz, 1976), que podem gerar sintomas afetivos, cognitivos, comportamentais e fisiológicos (Van der Kolk, 1987).

Em níveis moderados de temporalidade e intensidade, tais reações podem ser observadas como estresse pós-traumático, o qual se configura por uma reação aguardada frente a uma situação que seja atípica e não esperada (Bobes, Bousõno, Calcedo, & Gonzáles, 2000), na medida em que a maioria das pessoas que vivenciam situações traumáticas tende a apresentar reações de estresse pós-traumático, sem que se configure um transtorno. Entretanto, conforme elucidado por Gaborit (2006), em alguns indivíduos, essas reações emocionais podem se estender por um período excessivo, promovendo uma limitação na recuperação emocional por meio do estabelecimento de um quadro de transtorno de estresse pós- -traumático (TEPT).

Conforme a American Psychiatric Association (APA, 2013), o TEPT é caracterizado pela presença de memórias intrusivas após a vivência de um evento traumático, a qual é acompanhada por sintomas de excitação, esquiva de estímulos associados ao trauma e alterações negativas na cognição e humor. O quadro possui como característica essencial, o desenvolvimento de uma sintomatologia específica após a exposição a um agente estressor que seja traumático, que pode se desenvolver após uma experiência pessoal direta a um evento real ou ameaçador que resulte em risco de morte, ferimentos ou qualquer ameaça à integridade física do indivíduo ou de outra pessoa, tendo ou não a presença de laços de estreitamento afetivo entre os envolvidos ou após o conhecimento de alguma ocorrência traumática que envolva familiares ou amigos. Em termos diagnósticos, para a configuração do TEPT o quadro sintomático deve estar presente por mais de um mês sendo que a perturbação deve causar sofrimento e prejuízo clinicamente significativos no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes na vida do indivíduo

Ainda ao que concerne aos critérios diagnósticos estabelecidos para o TEPT, desde sua introdução no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-III; 1980), até as diretrizes encontradas no DSMIV- TR (APA, 2003), poucas modificações foram efetuadas, sendo que a maioria delas se direcionou para a definição do que seria um evento traumático (Filho & Sougey, 2001). Contudo, recentemente o DSM-5 (APA, 2013) introduziu importantes revisões para os critérios sintomatológicos da patologia (Carmassi et al., 2014), sendo que primeira mudança relevante foi a inclusão de um capítulo dedicado exclusivamente ao trauma e transtornos relacionados.

Ao lado da classificação do que seria um evento traumático (critério A), no DSM-5 também foram propostas alterações nos critérios sintomatológicos. Nesse âmbito, na versão do DSM-IV-TR, encontra- -se um modelo de três fatores, a saber: a re-experienciação do evento traumático (critério B), a evitação e o entorpecimento (critério C) e a hiperexcitação (critério D) (APA, 2003). Entretanto, pesquisas empíricas demonstraram inadequações na manutenção dos sintomas de evitação e entorpecimento em um único critério, devido a se referirem a sintomas distintos, o que promove implicações importantes no diagnóstico e tratamento da patologia (por exemplo, Asmundson, Wright, McCreary, & Pedlar, 2003; Calhoun et al., 2012; Forbes et al., 2011; Marshall, 2004; Marshall, Spitzer, & Liebawitz, 1999; McWiliams, Cox, & Asmundson, 2005), de modo que, no DSM-5, esses sintomas foram separados em critérios diferenciados (APA, 2013).

Nesse sentido, estudos demonstram que as alterações realizadas em relação aos critérios diagnósticos de TEPT no DSM-5 possibilitam um diagnóstico mais adequado (Forbes et al., 2011). Ainda assim, a literatura reporta dificuldades para o estabelecimento de diagnóstico diferencial (Elhai, et al., 2011; Filho & Sougey, 2001; Horowitz, Weiss, & Marmar, 1987) entre TEPT e outros quadros clínicos, como o transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico e depressão.

Desse modo, tendo por base os apontamentos da literatura de que o TEPT tende a se desenvolver após a vivência de um evento de desastre (APA, 2013; Castillo, et al., 2000; Gaborit, 2006), assim como a constatação de um expressivo aumento desses fenômenos em escala global (Vianna et al., 2014), o presente estudo teve por objetivo a verificação da publicações científicas sobre o TEPT, em bases de dados on-line, tendo como foco estudos que abordem esse transtorno em contextos de desastres ambientais. Os procedimentos adotados foram baseados em Sampaio e Mancini (2007).

 

Método

Material e Procedimentos

Com o intuito de verificar o panorama científico do quadro de TEPT em âmbito nacional e internacional, no que se refere a estudos que relacionaram o transtorno a eventos de desastres ambientais, foram analisadas publicações presentes nas bases de dados SciELO e Science Direct entre os anos de 2009 a 2014, no campo da Psicologia, sendo utilizados os descritores transtorno de estresse pós-traumático e posttraumatic stress disorder, respectivamente. Os autores optaram por manter somente esses descritores, pois, de maneira isolada, um número mais expressivo de publicações foram recuperadas. Na base de dados SciELO foram identificados 78 estudos ao passo em que na Science Direct, 886 publicações. O critério para manter as publicações foi a abordagem do TEPT em contextos de desastres ambientais. Posteriormente foi realizada a leitura dos títulos e resumos dos trabalhos com vistas à identificação daqueles que se relacionavam a eventos de desastres ambientais, o que resultou em 38 trabalhos selecionados, os quais, após leitura, foram classificadas conforme o ano de publicação, periódico, modalidade de trabalho, metodologia de pesquisa adotada, região de filiação dos autores, qualidade com base no número de citações, objetivo e temáticas relacionadas. Cabe ressaltar que a qualidade dos estudos selecionados foi baseada no cálculo do número de citações por ano. Desse modo, ao inserir o título da publicação no Google Scholar, foi verificado o número de estudos que a utilizou como fonte de referência. Posteriormente, o número de citações encontrado foi dividido pelo número de anos em que o artigo foi publicado, resultando no número de citações por ano, sendo que o procedimento foi realizado para todas as publicações selecionadas.

 

Resultados e Discussão

Por meio da base de dados SciELO, em agosto de 2014, utilizando o descritor “transtorno de estresse pós- -traumático”, na área de Psicologia, nos últimos seis anos, foram encontradas 78 publicações, sendo que apenas dois estudos se relacionaram a eventos de desastres ambientais. Já na base de dados Science Direct, utilizando apenas o descritor “posttraumatic stress disorder”, foram encontradas 886 publicações, de modo que 36 se relacionaram a essa modalidade de eventos. No que se referem aos anos das publicações, na base de dados SciELO, observou-se a presença de um estudo em 2012 e outro em 2013, ao passo em que, na base Science Direct, foram levantadas publicações, nos anos de 2011 e 2013 (26,5%; n=9, em cada ano), 2014 (22,2%; n=8), 2012 (11%; n=4), 2009 (8,3%; n=3) e 2010 (5,5%; n=3).

Com base nesses dados, inicialmente pode ser observada uma discrepância entre a quantidade de estudos nacionais e internacionais, sendo que a inexpressividade de estudos nacionais verificada pode estar associada à errônea consideração, pelo senso comum, de que o Brasil é um país privilegiado pela estabilidade das forças da natureza e ausência de eventos climáticos extremos (Moraes, 1999; Valencio, 2009). Isso ocorre, pois são desconsiderados impactos sociais, como moradias insalubres, índices alarmantes de violências de diversas modalidades, epidemias, rompimento de barragens, falta de infraestrutura e crescimento desordenado dos centros urbanos, como fatores configurativos de um cenário de desastre.

Em contrapartida, dados provenientes do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais (Brasil, 2012b) comprovam o discurso frequente acerca do aumento da ocorrência de eventos de desastres ambientais no Brasil. Na década de 1990, foram verificados 8.671 eventos, ao passo em que na década de 2000 foram registradas 23.238 ocorrências, sendo que 10% se deram no ano de 2009 e 8% no ano de 2010, afetando 96.220.879 pessoas, principalmente por eventos recorrentes de estiagem (50,34%) e inundações bruscas (29,56%). Nas bases de dados pesquisadas, não foram encontrados estudos que investigaram implicações psicológicas, como o acometimento de TEPT em vítimas de desastres no Brasil, entre os anos de 2009 e 2011. Além disso, pode ainda ser observada uma tendência de que as publicações nacionais continuarão sucintas, já que em 2013 só foi encontrada uma publicação e nenhuma no ano de 2014, o que demostra que, apesar da definição do TEPT apontar como sua causa primordial, a ocorrência de eventos traumáticos, como, por exemplo, desastres ambientais, tais estudos têm sido banalizados pela literatura científica nacional.

Em relação à distribuição dos estudos conforme o periódico de publicação, com vistas à identificação de revistas nacionais e internacionais que apresentam em seu escopo a divulgação de estudos acerca do TEPT em eventos de desastres, observou-se que, na base de dados Science Direct, a maior parte das publicações está disponibilizada nos periódicos Journal of Anxiety Disorders (39,9%; n=14), Comprehensive Psychiatry e Psychiatry Research (11%; n=4, cada), European Neuropsychopharmacology, Journal of Behavior Therapy and Experimental Psychiatry e Archives of Psychiatric Nursing (5,5%; n=2, cada). Os demais, nessa mesma base, apresentaram somente uma publicação, totalizando oito, distribuídas em periódicos distintos. Ao lado disso, na SciELO, identificou-se trabalhos publicados nas revistas Ciência e Saúde Coletiva e Psicologia em Estudo, com a presença de um estudo em cada periódico.

Desse modo, dentre as publicações nacionais, nota-se que uma delas foi publicada em periódico de Psicologia e uma em uma revista de saúde coletiva, ao passo em que os estudos internacionais foram publicados em revistas de psiquiatria, neurologia, com foco em crianças e adolescentes e Psicologia (incluindo Psicoterapia Comportamental, Psicologia do Desenvolvimento, Psiconeuroendocrinologia e Psicofisiologia). Vale ressaltar que o envolvimento de diversas áreas no estudo do TEPT em desastres vai de encontro com a proposta adequada de assistência multiprofissional para as implicações que permeiam esses eventos (Kobiyama et al., 2006).

No que se refere às modalidades de trabalho e metodologia de pesquisa adotada, na SciELO foi identificado um estudo na modalidade de artigo original e um artigo de revisão da literatura. Na base de dados Science Direct, a maior parte dos estudos se caracterizou na modalidade de artigo original, os quais se configuraram por pesquisa empírica com uso de instrumentos de medida para a avaliação do quadro de TEPT (n=34; 94,1%) e apenas dois estudos se referiram à revisão de literatura. Nesse âmbito, o número reduzido de estudos de revisão de literatura verificados (n=3), pode ser reflexo de uma escassez de literatura na área.

No que se refere à autoria das pesquisas, na base de dados Science Direct, a maior parte dos estudos foi realizada por autores filiados a instituições localizadas na China (40,6%; n=69), seguido por autores provenientes de instituições nos EUA (30%; n=51) e Turquia (5,9%; n=10). O restante (23,5%; n=40) referem-se a Israel, Taiwan, Suécia, Reino Unido, Japão, Dinamarca, Holanda, Paquistão e Tailândia. Já, na base de dados SciELO, a maior parte (62,5%; n=5) dos autores era proveniente de instituições localizadas na região Sudeste, seguidos de autores da região Sul do Brasil (37,5%; n=3), sendo que estudos de revisão em Psicologia mostram que o Sul e o Sudeste são as áreas que mais publicam temáticas gerais em Psicologia (Hutz, Rocha, Spink, & Menandro, 2010; Wendt & Lisboa, 2013). Não foram encontrados estudos realizados por autores filiados a instituições localizadas na região Norte, Nordeste e Centro-Oeste, apesar de serem identificados, e exaustivamente alardeados de forma sensacionalista pelos veículos midiáticos, a ocorrência de eventos de desastres ambientais nessas regiões, como, por exemplo, o fenômeno da seca nas regiões Norte e Nordeste, assim como enchentes e escorregamentos de solo, atualmente usuais, na região Centro-Oeste (Brasil, 2012a).

A partir desses dados, constata-se que a autoria dos trabalhos verificados se distribuiu em 13 países, com predominância expressiva de autores filiados a instituições localizadas na China e nos EUA, respectivamente, demonstrando que a maior parte do conhecimento gerado na área vem desses países. O Brasil, por sua vez, dividiu com a Holanda o oitavo lugar no ranking com a presença de duas publicações nos últimos seis anos; entretanto, uma delas, apesar de ter sido realizada por autores provenientes de instituições nacionais, analisou profissionais que atuavam no Haiti após a ocorrência de um tsunami no ano de 2010. Assim, apenas um estudo investigou as relações entre TEPT e desastres em território nacional, tratando-se de uma revisão de literatura acerca da atuação do profissional de Psicologia na área. Na continuidade, com o intuito de verificar quais dos estudos foram utilizados como base de referência para outras publicações, foi analisado o número de citações dos estudos por país, dados organizados em quatro tabelas distintas. Na Tabela 1 estão apresentados os estudos realizados por autores filiados a instituições chinesas em parceria com autores filiados a instituições pertencentes aos EUA (n=5), de acordo com o número de citações.

 

 

De forma geral, pode ser observada uma média de 15,6 (DP=15, 2) de citações das publicações realizadas por autores provenientes de instituições chinesas em parceria com autores de instituições pertencentes aos EUA, o que resulta em uma média de 4,9 (DP=3,5) citações por ano desses estudos. Além disso, observa-se que, apesar de serem estudos incluindo pesquisadores de ambos os países, existe um maior foco em desastres ocorridos na China, sendo que também foi encontrada a replicação na China de um estudo de com um modelo de cinco fatores para o diagnóstico de TEPT, criado nos EUA. Ressalta-se ainda que dados da literatura apontam que EUA e China são os países que mais publicam material científico (Scimago Institutions Rankings, 2014) e, especialmente os EUA, em Psicologia (Biglu, M., Chakmachi, & Biglu, S., 2013). Na Tabela 2, pode ser observada a distribuição das publicações de autores provenientes de instituições chinesas (n=10).

 

 

Ao que concerne ao número de citações de publicações provenientes da China, verifica-se uma média de 13,9 (DP=15,4) citações de forma geral e uma média de 4,0 (DP=3,6) por ano, sendo que tais estudos abordaram de forma exclusiva “eventos de terremotos”. Na sequência, tem-se as publicações de autores provenientes de instituições localizadas nos EUA (n=8), conforme apresentação na Tabela 3.

 

 

De forma geral, observa-se uma média de 11,8 (DP=10,0) citações e, por ano, média de 2,9 (DP=1,5) citações. Além disso, os estudos provenientes dos EUA abordaram especificamente fenômenos de furacão, sendo observada a abordagem de questões mais específicas e complexas, como, por exemplo, a investigação de fatores biológicos, como a variação do CRHR1 na etiologia da patologia (White et al., 2013), assim como pesquisas epidemiológicas Pietrzak, Goldstein, Southwick, e Grant (2011). Na Tabela 4, verificam- -se os estudos (n=14) realizados no Brasil e demais países (Suécia, Israel, Reino Unido, Japão, Dinamarca, Malásia, Turquia, Holanda, Tailândia, Taiwan e Paquistão).

 

 

Os países anteriormente apresentados apresentaram média de oito citações (DP = 9,6) de forma geral e duas (DP = 2,4) por ano. Já as publicações realizadas por autores brasileiros (n = 2), apresentaram apenas uma citação por estudo. Desse modo, constata-se que, em relação aos estudos que foram utilizados como base de referência para outras publicações, foi observada uma maior média de citações das publicações realizadas por autores provenientes de instituições chinesas em parceria com autores de instituições pertencentes aos Estados Unidos, tanto de forma geral quanto por ano, fator que aponta para uma parceria produtiva entre os dois países frente à promoção de conhecimentos científicos para a temática de desastres.

Com exceção do Brasil, no que se referem aos demais países, observaram-se somente países dos continentes europeu e asiático, sendo que seis estudos eram provenientes da Europa, três da Ásia e quatro provenientes de parcerias entre países de ambos os continentes. Verificou-se, na Europa, uma maior tendência à realização de estudos acerca de furacões e terremotos ao passo em que os países asiáticos tenderam a apresentar publicações relacionadas a tsunamis e terremotos, eventos que são usuais nos referidos continentes. Além disso, é importante ressaltar que diversos estudos tratam especificamente de desastres ocorridos no país correspondente à instituição de filiação dos autores, o que foi observado de forma inexpressiva nos estudos nacionais. Na Tabela 5, pode ser observada a distribuição de estudos por objetivo conforme país da instituição de filiação dos autores.

 

 

Entre os estudos provenientes de autores filiados a instituições chinesas, foram observados objetivos voltados à verificação da incidência do quadro em vítimas de terremotos, crianças, adolescentes e profissionais que atuam em situações de desastres (Wang et al., 2011a; Zhen et al, 2012), fatores de risco, como deslocamento habitacional (Xu & Song, 2011; Zhou, et al., 2013), comorbidades com depressão e crescimento pós-traumático (Jin, Xu, Liu, & Liu, 2014), critérios diagnósticos (Wang et al., 2013; Whang, Elhai, Dai, & Yao, 2012; Wang et al., 2011b), verificação das propriedades psicométricas para instrumentos de medidas (Lau et al., 2013) e o reflexo atencional frente a estímulos inesperados em indivíduos com diagnóstico de TEPT (Ge, Wu, Sun, & Zhang, 2011).

Já os que se referem aos EUA tinham por escopo a verificação da eficácia de abordagens psicoterapêuticas para crianças (Pfefferbaum et al., 2014), intervenção cognitivo comportamental (Taylor & Weems, 2011), investigação de incidência em adolescentes e crianças (Davis, Grills-Taquechel, & Ollendick, 2010; Overstreet, Salloum, & Badour, 2010; Terranova, Boxer, & Morris, 2009), comorbidade com transtornos da personalidade (Pietrzak et al., 2011), critérios diagnósticos (Rosellini, Coffey, Tracy, & Galea, 2014) e investigação de fatores biológicos associados ao TEPT (White et al., 2013).

No que se refere aos estudos em parceria de autores tanto da China quanto dos EUA, tinham por objetivo a investigação de incidência em adolescentes e fatores de risco (Whang, Elhai, Dai, & Yao, 2012), comorbidade com depressão (Chan et al., 2012) e critérios diagnósticos (Guo et al., 2014; Liu et al., 2014; Wang et al., 2011c). Já os dois estudos brasileiros encontrados tinham por objetivo a investigação de incidência de TEPT em profissionais que atuam em situações de desastres (Guimaro, Ciuby, Santos, Lacerda, & Andreoli., 2012) e a verificação de intervenções psicológicas utilizadas nesse contexto (Alves, Lacerda, & Legal, 2012).

Por fim, os estudos correspondentes aos demais países (Suécia, Israel, Reino Unido, Japão, Dinamarca, Malásia, Turquia, Holanda, Tailândia, Taiwan e Paquistão) apresentaram objetivos relacionados à investigação de prevalência em adolescentes (Yang et al., 2011), comorbidades com o transtorno de sofrimento prolongado (Tsutsui, Hasegawa, Hiraga, Ishiki, & Asukai, 2014), transtornos de ansiedade, depressão e burnout (Ehring, Razik, & Emmelkamp, 2011; Rosendal, Salcioglu, Andersen, & Mortensen, 2011; Udomratn, 2009), critérios diagnósticos (Armour, Ghazali, & Elklit, 2013), fatores de risco (Arnberg, Johannesson, & Michel, 2013), processos psicológicos referentes a

memória traumática (Palgi et al., 2014), aspectos sociais associados ao quadro de TEPT (Ben-Ezra, Palgi, Rubin, Hamama-Raz, & Goodwin, 2013), preditores da patologia em adolescentes e crianças (Hizli, Taskintuna, Isikli, Kilic, & Zileli, 2009; Kadak, Nasiroglu, Boysan, & Aydin, 2013), verificação de propriedades psicométricas para instrumentos de medida (Arnberg, Michel, & Johannesson, 2014) e a funcionalidade de um manual de autoajuda (Basoglu, Salcioglu, & Livanou, 2009).

Em relação aos objetivos dos estudos, em todos os grupos de países pode ser observada a investigação da incidência de sintomas de TEPT na população pesquisada o que se faz relevante, já que a literatura apresenta a associação entre o desenvolvimento do quadro após a ocorrência de fenômenos de desastres (APA, 2013, Castillo et al.; Gaborit, 2006). Também se verificou que muitos estudos se referiram à questão das comorbidades com depressão, transtornos ansiosos, sintomatologia dissociativa e transtornos de personalidade, o que também vai de encontro com a literatura especializada (APA, 2013). Finalizando, cabe ressaltar que a maior parte das modalidades de desastres estudadas pelas publicações pesquisadas, não são de ocorrência usual em território nacional, como tsunamis, furacões e terremotos, o que dificulta a compreensão científica das implicações psicológicas que permeiam a população brasileira submetida a eventos de desastres.

O presente estudo teve por objetivo a investigação do panorama científico de publicações que relacionaram o quadro de TEPT e eventos de desastres ambientais. De forma geral, os estudos apresentaram objetivos, populações e modalidades de eventos diversificadas, o que aponta para adequadas investidas na compreensão das implicações psicológicas resultantes desses eventos. Entretanto, em território nacional, esse fator não se mostrou verídico na medida em que foi encontrado um número inexpressivo de estudos, o que pode estar associado à errônea compreensão de que no Brasil não há uma grande incidência de desastres naturais a ponto de ser necessário o investimento por parte da comunidade científica em Psicologia. Desse modo, a contribuição deste trabalho seria elucidar a evidente necessidade da realização de pesquisas que abordem as implicações psicológicas provenientes de desastres para contribuir com o manejo efetivo das consequências destes eventos na população brasileira. Dentre as fragilidades relacionadas a essa pesquisa ressalta-se a não apresentação, assim como a não realização de análises estatísticas dos resultados encontrados nos estudos analisados (Sampaio & Mancini, 2007), sendo que se sugere a realização de pesquisas futuras que abordem o referido conteúdo.

 

Referências

Referências precedidas de um asterisco indicam estudos incluídos na revisão

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recebido em novembro de 2015
reformulado em fevereiro de 2016
aprovado em março de 2016

 

 

Sobre os autores

Ana Maria Reis: é doutoranda em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco (USF), Itatiba-SP e bolsista Capes.
Lucas de Francisco Carvalho: é docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia da Universidade São Francisco (USF), Itatiba-SP.


1Endereço para correspondência: Universidade São Francisco – USF. Rua Alexandre Rodrigues Barbosa, 45, Diretoria Acadêmica de Pós-Graduação, Centro, 13251-900, Itatiba-SP. E-mails: anamariareisdasilva@yahoo.com.br, lucas.carvalho@usf.edu.brlucas.carvalho@usf.edu.br


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