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Avaliação Psicológica

Print version ISSN 1677-0471On-line version ISSN 2175-3431

Aval. psicol. vol.20 no.1 Campinas Jan./Mar. 2021

http://dx.doi.org/10.15689/ap.2021.2001.15974.01 

ARTIGOS

 

Escala de Disposição à Nostalgia: Desenvolvimento e Evidências Psicométricas

 

Disposition to Nostalgia Scale: Development and Psychometric Evidence

 

Escala de Disposición Nostálgica: Desarrollo y Evidencias Psicométricas

 

 

Maria Gabriela Costa RibeiroI; Valdiney V. GouveiaII; Alessandro Teixeira RezendeII; Gleidson Diego Lopes LouretoIV; Lucas José Bacalhau SilveiraV

IUniversidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil https://orcid.org/0000-0001-6920-9070
IIUniversidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil https://orcid.org/0000-0003-2107-5848
IIIUniversidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil https://orcid.org/0000-0002-5381-2155
IVUniversidade Federal da Paraíba, João Pessoa-PB, Brasil https://orcid.org/0000-0002-0889-6097
VUniversidade Federal de Pernambuco, Recife-PE, Brasil https://orcid.org/0000-0002-5165-4624

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente estudo teve como objetivo desenvolver a Escala de Disposição à Nostalgia (EDN), reunindo evidências de validades baseada na estrutura interna, concorrente e consistência interna. Procurou-se reunir 20 itens que constavam na literatura ou foram elaborados com o fim de descrever vivências nostálgicas. Os participantes do estudo foram 208 estudantes universitários (Midade = 22,8; DP = 6,13; variando de 18 a 60 anos), a maioria do sexo masculino (50,7%), solteira (86,5%) e de classe social média (54,1%). Estes responderam aos itens iniciais da EDN e duas outras medidas que avaliam o mesmo construto: Inventário de Nostalgia (IN) e Southampton Nostalgia Scale (SNS), além de perguntas demográficas. Uma análise fatorial (PAF) foi realizada, identificando um fator geral que explicou 42,3% da variância total, apresentando precisão adequada (α = 0,84). Corroborando evidências de validade convergente, as pontuações da EDN se correlacionaram positivamente com as duas outras medidas de nostalgia (IE e SNS). Conclui-se que a EDN pode ser usada para avaliar a disposição à nostalgia, mostrando evidências psicométricas adequadas.

Palavras-chave: nostalgia; escala; validade; precisão.


ABSTRACT

This study aimed to develop the Disposition to Nostalgia Scale (DNS) and to investigate evidence for its factorial validity, convergent validity and internal consistency. The aim was to assemble 20 items that were in the literature or were designed with the purpose of describing nostalgic experiences. Participants were 208 undergraduate students (Mage = 22.8 years, SD = 6.13, ranging from 18 to 60), the majority male (50.7%), single (86.5%), and from the middle social class (54.1%). They answered the initial items of the DNS and two other measures that assess the same construct: The Nostalgia Inventory (NI) and the Southampton Nostalgia Scale (SNS), in addition to demographic questions. Factorial analysis (PAF) was performed, identifying a general factor that accounted for 42.3% of the total variance, presenting adequate reliability (α = .84). Corroborating evidence for its convergent validity, the DNS scores correlated positively with the two other nostalgia measures (NI and SNS). In conclusion, the DNS presents adequate psychometric properties and can be used to assess the disposition to nostalgia.

Keywords: nostalgia; scale; validity; reliability.


RESUMEN

Este estudio ha tenido como objetivo desarrollar la Escala de Disposición Nostálgica (EDN), concentrando evidencias de validez factorial, validez convergente y fiabilidad. Se reunieron 20 ítems, de los cuales, algunos fueron respaldados por la literatura, y otros fueron elaborados con la finalidad de describir vivencias nostálgicas. Participaron del estudio 208 estudiantes universitarios (MEdad = 22.8, SD = 6.13, variando de 18 a 60 años), la mayoría del sexo masculino (50.7%), soltero (86.5%) y de clase social media (54.1%). Estos contestaron a los ítems de la versión inicial de la EDN y otras dos medidas que evalúan el mismo constructo: Inventario de Nostalgia (IN) y Southampton Nostalgia Scale (SNS), además de cuestiones demográficas. Se realizó un análisis factorial (PAF), identificando un factor general que explicó un 42.3% de la varianza total, presentando fiabilidad adecuada (α = 0.84). Corroborando evidencias de validez convergentes, los resultados de la EDN se correlacionaron positivamente con las otras dos medidas de nostalgia (IN y SNS). Se concluyó que la EDN puede ser utilizada para evaluar la disposición nostálgica, mostrando evidencias psicométricas adecuadas.

Palabras clave: nostalgia; escala; validez; fiabilidad.


 

 

O estudo da nostalgia como recurso psicológico tem se destacado na área dada à sua importância no funcionamento psíquico saudável no indivíduo. A história desse construto perpassa diferentes campos de conhecimento, como a Sociologia (Davis, 1979), a Antropologia (McCracken, 1988), a História (Hobsbawm, 1983) e a Publicidade (Holak & Havlena, 1998; Holbrook & Schindler, 1991). As pesquisas na Psicologia, por sua vez, ganharam notoriedade nas duas últimas décadas a partir das publicações de Batcho (1995) e Wildschut et al. (2006).

Em relação à sua natureza, um ponto diverge entre os seus principais proponentes: identificar se a nostalgia é uma característica intrínseca da pessoa ou uma emoção. Inicialmente, Batcho (1995) considera a nostalgia como uma característica intrínseca dos indivíduos, cuja expressão desse traço depende da magnitude com que cada um a apresenta, isto é, a frequência das experiências nostálgicas difere entre as pessoas devido à sua característica de personalidade. Além disso, a autora sugere que o sentimento nostálgico ocorre por meio da interação entre a interpretação cognitiva da experiência e a emoção do momento lembrado (Batcho, 2013). Assim, a nostalgia tem como objetivo essencial a estimulação cognitiva sobre o passado, com o propósito de encontrar significado no presente e no futuro do indivíduo (Batcho et al., 2011).

Por outro lado, a nostalgia também é compreendida como uma emoção, que possui como finalidade aliviar sentimentos negativos (e.g., solidão) e, consequentemente, aumentar a percepção positiva de atributos pessoais, dar significado existencial e estabelecer conexão entre os pares (Wildschut et al., 2006). Em outras palavras, quando sentimentos desadaptativos ou eventos externos (e.g., música, cheiro) são desencadeados, a nostalgia serve como um recurso homeostático, que diminui possíveis danos desses gatilhos e, por sua vez, aumenta a autoestima, sentido de vida e conectividade social (Sedikides et al., 2015).

Nessa linha de pensamento, compreende-se a nostalgia como um recurso psicológico para o aumento do bem-estar (Sedikides et al., 2015). Embora considerem também a presença de afetos negativos (Sedikides & Wildschut, 2016), a nostalgia é considerada uma emoção predominantemente positiva. Ademais, essa perspectiva entende a nostalgia como multifacetada e que abarca uma experiência comum entre as pessoas, não se restringindo apenas aos elementos do passado, mas voltando-se também às expectativas positivas frente ao futuro, ou seja, o otimismo (Cheung et al., 2016).

Há um consenso relativo quanto à ambivalência em torno da nostalgia. Efetivamente, Batcho (2013), ao fazer uma revisão procurando entender a natureza ambivalente da nostalgia, concluiu que a percepção desse sentimento amargo ou doce depende do viés contextual e disciplinar. Nessa mesma direção, Sedikides e Wildschut (2016) concebem a nostalgia como uma emoção ambivalente, mas que pode se relacionar à melhor adaptação e ao bem-estar a longo prazo, ou seja, pode ser parcialmente responsável por benefícios à saúde.

A partir do exposto, no presente estudo adota a definição da nostalgia como uma característica relativamente estável (Batcho, 1995) e ambivalente, uma vez que há a justaposição de afetos negativos e afetos positivos (Sedikides & Wildschut, 2016). Ademais, é um construto profundamente social, uma vez que os relacionamentos interpessoais são importantes para o seu manejo (Batcho, 2013) e para suas implicações motivacionais (Stephan et al., 2015).

Dada sua importância, é justificável todo esforço de mensurar esse construto, favorecendo conhecer seus antecedentes e consequentes. Procurando conhecer se havia alguma medida prévia a respeito no Brasil, realizaram-se buscas nas bases Index Psi, PubMed, SciELO e Google Acadêmico; utilizaram-se como descritores "escala", "nostalgia", "Brasil" e "Scale Nostalgia Brazil". No caso, não se encontrou qualquer estudo relacionado à construção ou à adaptação de medida para avaliar a nostalgia neste país. Contudo, identificaram-se duas escalas utilizadas no âmbito internacional, que são descritas a seguir.

 

Medidas de Nostalgia

Os estudos sobre nostalgia, apesar de uma história recente, têm um longo passado. Apesar de algum consenso sobre sua definição, existem diversas concepções sobre sua natureza, função e desencadeadores (Sedikides et al., 2015). Esse cenário pode impactar, por exemplo, nas decisões quanto à sua operacionalização. Por exemplo, na área de marketing foram desenvolvidas as medidas Holbrook's Nostalgia Index (Holbrook & Schindler, 1991) e Index of Nostalgia Proneness (Holak & Havlena, 1998), ambas voltadas na mensuração das lembranças do passado de determinados produtos. Todavia, no campo da Psicologia, identificam-se na literatura duas medidas: o Nostalgia Inventory (Batcho, 1995; 2007), que examina a nostalgia como um traço de personalidade, e a Southampton Nostalgia Scale (Barrett et al., 2010; Routledge et al., 2008), que a avalia como uma emoção.

O Inventário de Nostalgia foi desenvolvido por Batcho (1995) com o fim de avaliar esse construto como um traço de personalidade, procurando identificar elementos relacionados ao passado que os indivíduos sentem falta (e.g., brinquedos, filmes, família e amigos), elaborou uma medida composta por 20 itens. Estes foram divididos em categorias concretas (e.g., filmes, animais de estimação, família) e categorias abstratas (e.g., ser dependente de alguém, sentimentos do passado) em que os indivíduos são instruídos a responder o quanto sentem falta desses elementos, utilizando escala de resposta de cinco pontos, variando de 1 (Nada) a 5 (Muito); posteriormente, essa escala de resposta passou a ter nove pontos, indo de 1 (Nada) a 9 (Muito) (Batcho, 2007). A autora encontrou uma estrutura pentafatorial (aspectos cognitivos-emocionais, contexto social-cultural, experiências individuais concretas, círculo social mais próximo da pessoa e elementos macrossociais). Ao procurar demonstrar sua precisão/confiabilidade, o fez considerando o conjunto total de itens, como se fosse uma medida unifatorial, considerando a consistência interna por meio da estabilidade temporal (N = 50; r = 0,84, p < 0,001).

Mais recentemente, Routledge et al. (2008) criaram a medida Southampton Nostalgia Scale (SNS), composta por cinco itens que avaliam a frequência do sentimento da nostalgia. Em seguida, Barrett et al. (2010) acrescentaram dois itens à SNS, compondo sua versão atual com sete itens, com uma estrutura unifatorial, que se mostrou consistente (α = 0,93). Ressalta-se que os autores procuram examinar a frequência e a propensão da nostalgia simultaneamente, em que o último item dessa medida (Especificamente, com que frequência você traz à mente experiências nostálgicas?), apresenta escala de resposta diferente da dos demais itens; enquanto os seis primeiros itens variam de 1 (Nada) a 7 (Muito); a resposta a esse último item foi apresentada como frequência em termos de tempos delimitados (e.g., pelo menos uma vez ao dia, uma ou duas vezes por ano).

Entretanto, essas medidas apresentam limitações. Inicialmente, o Inventário de Nostalgia (Batcho, 1995) foi importante na operacionalização da nostalgia em Psicologia. Porém, apresenta limitações que restringem sua utilização. Por exemplo, quanto ao conceito, considerou apenas uma dimensão, isto é, os aspectos que as pessoas sentem falta do passado, excluindo o anseio de reviver uma experiência ou situação passada (Newman, Sachs, Stone, & Schwarz, 2019), enquanto os resultados da pesquisa demonstraram a nostalgia ser um construto multifacetado. Além disso, embora tenha se proposto a avaliar a nostalgia como um traço de personalidade, por vezes a trata como uma emoção (Batcho, 2007). No que diz respeito aos estudos empíricos, o único realizado com o fim de conhecer sua estrutura fatorial, foi aquele de 1995, quando de sua proposição; não se conhece de outros estudos que tenham comprovado suas propriedades psicométricas. Por fim, talvez não seja essa uma medida multifatorial, como sugere sua autora, embora logo demonstre a confiabilidade como se tratasse de uma medida unidimensional.

Em relação aos estudos recentes sobre nostalgia como emoção que têm recorrido SNS para avaliar a propensão à nostalgia, destacam-se limitações potenciais dessa medida. Como ocorre com o Inventário de Nostalgia (Batcho, 1995; 2007), no âmbito conceitual, a nostalgia acaba sendo tratada como uma emoção ligada ao passado, embora a definem como traço de personalidade ao descreverem os indivíduos como mais predispostos a vivenciarem (Cheung et al., 2016). No aspecto mais operacional, não parece adequado contar com duas escalas de resposta no mesmo instrumento. Como apresentado anteriormente, as respostas do último item diferem das demais, o que pressupõe a nostalgia como uma variável dicotômica, no lugar de uma contínua (o indivíduo pode se sentir nostálgico em diferentes graus); além disso, dois dos itens da ENS indagam aos respondentes como os sentimentos nostálgicos são significativos e valiosos para eles, o que seleciona a atenção para os elementos positivos da nostalgia (Newman et al., 2019).

A perspectiva adotada nesta pesquisa considera os estudos realizados no âmbito da nostalgia ao corroborar a ideia de Batcho (1995) como uma característica relativamente estável. Entretanto, a compreensão desse traço de personalidade aqui, parte do entendimento da sua natureza como uma disposição, uma vez que a nostalgia abarca implicações motivacionais (Stephan et al., 2015). Por isso, ao conceber à nostalgia como uma disposição, torna-se pertinente a elaboração de uma nova medida na avaliação da nostalgia.

O presente estudo apresenta como objetivo avaliar a nostalgia como um aspecto disposicional da personalidade. Para isso, especificamente, procurou-se elaborar a Escala de Disposição à Nostalgia (EDN) e explorar as evidências de estrutura interna, consistência interna e validade concorrente da escala. Especificamente, objetiva-se contar com duas versões da EDN, isto é, a versão completa, assim como sua versão reduzida. Essa medida pode fornecer a ampliação de estudos sobre a nostalgia no país. Indivíduos que frequentemente remetem ao passado em suas vidas podem apresentar uma característica elevada do traço de nostalgia, acarretando em benefícios ou prejuízos no âmbito psicológico e comportamental. Ademais, autores indicam que a função principal da nostalgia se refere ao aumento da conexão social (e.g., família, amigos), dado que as situações lembradas são relacionamentos interpessoais importantes na vida da pessoa (Batcho, 2007; Wildschut et al., 2006).

 

Método

Elaboração da Escala de Disposição à Nostalgia (EDN)

Para elaboração da EDN, procurou-se adotar a definição apresentada anteriormente, a saber: a nostalgia é traço da personalidade com implicações motivacionais para as experiências do passado. Especificamente, essa característica relativamente estável acarreta uma maior ocorrência de evocação de lembranças do passado. Para esse manejo comportamental, reconhece-se o papel preponderante do apoio social (e.g., relacionamento com pares, amigos, familiares) como um recurso que contribui para a homeostase psicológica e tem implicações para a motivação e o comportamento (Batcho, 1995; Batcho, 2013; Wildschut et al., 2006; Cheung, et al., 2016; Stephan et al., 2015).

Na elaboração dos itens, teve em conta as referências teóricas propostas nos estudos de Batcho (1995), Wildschut et al. (2006) e Stephan et al. (2015), os quais possuem como ponto comum a importância da nostalgia nos relacionamentos interpessoais significativos. A partir disso, foram criados 20 itens, cumprindo os critérios de adequação, relevância e clareza (Pacico, 2015), realizando análise teórica e checando evidências de validade baseadas em conteúdo, os quais procuraram abarcar os principais pares sociais na vida dos indivíduos (e.g., família, escola, amigos) e expressassem envolvimento cognitivo e comportamental.

Por último, ressalta-se a decisão de redigir a quantidade específica de 20 itens, procurou adotar de forma igual o mesmo número de itens da primeira medida de nostalgia, isto é, Nostalgia Inventory (Batcho, 1995), uma vez que concebe a natureza do fenômeno como um traço de personalidade; além disso, tomou como base os itens da NI na visão das principais categorias que remetem ao passado e são significativas para as pessoas. Nesse sentido, pretendeu compreender uma visão unifatorial do construto, variando em um continnum de um ponto que apresenta nível baixo do traço nostálgico ao outro extremo representando alto nível do traço de nostalgia.

Evidências de Validade da EDN Baseadas em Conteúdo

Inicialmente, consideraram-se cinco juízes, todos professores da área de psicologia social, a maioria do sexo feminino (60%) e doutora (80%), tendo idade média de 29 anos (DP = 3,27). Considerando a definição constitutiva do construto, os juízes tiveram em conta os critérios "pertinência do item ao construto", "relevância do item ao construto" e "clareza na redação do item", avaliando cada um dos 20 itens iniciais. Suas respostas foram analisadas para calcular o coeficiente de validade de conteúdo, proposto por Hernández-Nieto (2002).

Os juízes pontuaram esses critérios de acordo com uma nota que variou entre 0 (zero) e 10 (dez); o seu cálculo desse coeficiente considera o número de juízes e sua média de respostas, podendo ser avaliado para cada item ou para a medida como um todo. Considerando a literatura, adotou-se como ponte de corte o valor de 0,70 (Cassepp-Borges et al., 2010).

De acordo com a Tabela 1, todos os 20 itens apresentaram evidências de validade baseadas em conteúdo. Portanto, atenderam aos critérios estabelecidos de clareza, relevância e pertinência, apresentando coeficientes acima do ponto de corte de 0,70. Desse modo, a versão inicial da Escala de Disposição à Nostalgia foi a considerada no presente estudo e, em seguida, procurou checar suas evidências de estrutura interna fatorial, validade convergente e consistência interna.

Participantes

Contou-se com a participação de 208 estudantes universitários de uma instituição pública de João Pessoa (PB). Estes tinham idade média de 22,8 anos (DP = 6,13; variando de 18 a 60 anos), sendo a maioria do sexo masculino (50,7%), solteira (86,5%) e católica (53%), percebendo-se como de classe social média (54,1%) e se declarando heterossexual (89,8%). Tratou-se de amostra de conveniência, participando as pessoas que concordaram em fazê-lo voluntariamente.

Instrumentos

Os participantes responderam a um questionário com perguntas demográficas (idade, classe social autopercebida, estado civil, orientação sexual, religião e sexo), dispostas ao final, e às três seguintes medidas, nesta ordem:

Escala de Disposição à Nostalgia (EDN). Conforme descrita previamente, essa medida é composta por 20 itens que abarcam a disposição à nostalgia (e.g., Revejo fotos do passado; Tenho pensado sobre as brincadeiras de infância). Estes são respondidos em escala de cinco pontos, variando de 0 (Quase nunca) a 4 (Quase sempre).

Inventário de Nostalgia (IN). Essa medida foi desenvolvida por Batcho (1995), concebendo a nostalgia como traço de personalidade. Os participantes devem responder a elementos que sentem falta do passado, estando formada por 20 itens (e.g, família, o modo como as pessoas eram, escola, feriado), divididos em cinco dimensões previamente descritas. Como anteriormente indicado, sua versão atual conta com escala de resposta de nove pontos, variando de 1 (Nada) a 9 (Muito). Neste estudo, entretanto, admitiu-se sua estrutura unifatorial, calculando um único alfa de Cronbach que se mostrou adequado (α = 0,88).

Escala de Nostalgia Southampton (ENS). Foi desenvolvida por Routledge et al. (2008), tendo sido reformulada por Barrett et al. (2010). Procura avaliar a propensão e a frequência à nostalgia, reunindo sete itens (e.g., Quão valiosa é a nostalgia para você? Com que frequência você sente nostalgia?). A escala de resposta varia entre sete pontos de 1 (Nada) a 9 (Muito); a exceção é o item 7 (Especificamente, com que frequência você traz à mente experiências nostálgicas?) que apresenta a escala de resposta sobre a frequência do sentimento nostálgico (e.g, pelo menos uma vez ao dia; uma ou duas vezes por mês). Sua consistência interna no presente estudo foi satisfatória (α = 0,84).

Procedimento

O projeto foi submetido ao Comitê de Ética da Plataforma Brasil (CCAE n° 70957517.0.0000.5188), recebendo parecer favorável (Parecer nº 2.191.039). Portanto, cumprindo os aspectos éticos em pesquisa com seres humanos (Resolução CNS/MS n° 510/16). Os questionários foram aplicados em uma instituição pública de ensino superior de João Pessoa (PB), contando com a colaboração de três assistentes de pesquisa devidamente treinados; eles expuseram resumidamente os objetivos da pesquisa, permanecendo em sala de aula para dirimir eventuais dúvidas. No caso, a coleta de dados ocorreu nesse contexto coletivo de sala de aula, mas os instrumentos foram respondidos individualmente. Os participantes foram informados acerca da participação voluntária, a garantia do anonimato, confidencialidade de suas respostas e a possibilidade de desistir do estudo sem qualquer penalização. Os que decidiram participar assinaram Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Em média, 20 minutos foram suficientes para concluir a participação.

Em relação aos instrumentos Inventário de Nostalgia e Escala de Nostalgia Southampton, suas versões originais da IN (Batcho, 2007) e ENS (Barrett et al., 2010) foram traduzidas para o português por dois psicólogos bilíngues. Posteriormente, as medidas foram repassadas para a língua inglesa, as quais foram avaliadas por um terceiro psicólogo bilíngue, processo denominado de back-translation, sendo observado a necessidade de nenhuma modificação. Por fim, uma versão preliminar foi submetida à avaliação semântica em um grupo com dez estudantes universitários, o qual também não necessitou de alteração.

 

Análise de Dados

Utilizou-se o programa SPSS (versão 21) para realização de estatísticas descritivas (média, desvio padrão e frequências) e inferenciais. Nesse caso, empregou-se a MANOVA para avaliação do poder discriminativo dos itens; posteriormente, realizou-se análise fatorial exploratória (eixos principais, PAF) com o intuito de conhecer a estrutura da escala. Empregaram-se múltiplos critérios para avaliar a fatorabilidade da matriz de correlação inter-itens (KMO e Teste de Esfericidade de Bartlett) e checar o número de fatores a extrair (Kaiser, Cattell e Horn). Procurando conhecer a consistência interna dessa medida, calcularam-se o alfa de Cronbach e a homogeneidade dos itens (correlação média inter-itens; rii). Por fim, estabeleceu-se a comparação entre os alfas de Cronbach das versões propostas da medida, ponderando o número de itens (Hakstian & Whalen, 1976).

 

Resultados

Para avaliar a qualidade psicométrica dos itens, foram adotados os seguintes critérios: primeiro, avaliou-se quais itens conseguem discriminar a magnitude do traço de nostalgia. Em seguida, realizou-se uma análise fatorial exploratória para conhecer a estrutura interna da medida, pretendendo explorar tanto a versão completa (20 itens) quanto a versão reduzida da escala. Por fim, também se identificou a confiabilidade e homogeneidade da medida e evidências de validade concorrente.

Poder Discriminativo dos Itens

Inicialmente, procurou-se investigar a qualidade métrica dos itens na tentativa de avaliar se estes conseguiam discriminar os indivíduos com magnitudes próximas em nostalgia. Nessa direção, com base na mediana empírica da pontuação total (somatório dos itens) (Md = 23), definiram-se os grupos inferior e superior, comparando-os por meio de MANOVA em relação ao conjunto de itens e cada item especificamente. Observou-se que o conjunto de itens foi discriminativo [ΛWilks = 0,31; F(20, 154) = 17,20, p < 0,001; η2 = 0,69]. Especificamente, os três itens mais discriminativos foram (nesta ordem): 13 (Tenho pensado sobre as brincadeiras na infância), 9 (Lembro-me do cheiro das coisas de minha infância) e 15 (Fico pensando sobre os brinquedos que eu gostava na infância).

Evidências de Validade Fatorial

Procurando conhecer a estrutura fatorial da EDN, realizou-se uma análise fatorial dos eixos principais (Pasquali, 2012). Inicialmente, checou-se se os itens eram passíveis de fatoração, o que foi comprovado [KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) = 0,82 e Teste Esfericidade Bartlett, χ2 (190) = 1276,70, p < 0,001]. Desse modo, procedeu-se a esta análise sem fixar número de fatores, decisão que foi tomada a partir de três critérios: (1) Kaiser (valores superiores a 1), tendo sido identificados até seis fatores que explicaram conjuntamente 60,8% da variância total, apresentando os seguintes valores próprios: 5,88, 1,56, 1,35, 1,20, 1,14 e 1,03; (2) Cattell surgiu a retenção de um único fator, que claramente se destacou dos demais na distribuição gráfica dos valores próprios; os demais praticamente não se diferenciaram entre eles; e, finalmente, (3) Horn (análise paralela), realizando 1.000 simulações da estrutura do banco de dados (20 itens e 208 participantes), sugeriu extrair dois fatores, pois o terceiro valor próprio simulado foi superior (1,39) ao correspondente empírico (1,35).

Em razão da divergência entre os três critérios de retenção dos fatores, decidiu-se pelo critério de parcimônia, adotando a estrutura da medida como unifatorial uma vez que a criação dos itens procurou acessar a experiência nostálgica por meio da interação entre a interpretação cognitiva e a situação do passado. A lembrança dessa experiência ocorre em um contínuo que varia entre pessoas que apresentam nível baixo do traço nostálgico para o outro extremo, indivíduos com elevado nível de traço nostálgico. No caso, para atender à estrutura unidimensional, realizou-se uma nova PAF, dessa vez fixando a extração de um único fator, observando que 19 dos 20 itens saturaram com cargas superiores a |0,30|; o único que não o fez foi o item 5 (Tenho assistido novelas que estão sendo reprisadas), cuja carga fatorial foi 0,28. Embora a maioria dos itens tenha apresentado saturações satisfatórias (l 0,30; Pasquali, 2010), para a versão reduzida da EDN, decidiu-se impor critério mais estrito (l |0,50|), visando contar com uma medida mais curta de nostalgia. Portanto, selecionaram-se dez itens, mostrando-se os resultados de uma e outra estrutura na Tabela 2 a seguir.

 


Tabela 2 - Clique para ampliar

 

Evidências de Consistência Interna (Alfa de Cronbach e Homogeneidade)

Procurando comprovar, inclusive, a adequação da versão reduzida da Escala de Disposição à Nostalgia, calcularam-se indicadores de consistência interna com as versões de 19 (α = 0,86 e rii = 0,47) e dez itens (α = 0,84 e rii = 0,54). Posteriormente, comparou-se os alfas de Cronbach entre as duas versões [MH-W = 0,84; p > 0,05], demonstrando que a consistência interna não diferira entre si (Hakstian & Whalen, 1976).

Evidências de Validade Convergente

Decidiu-se, por fim, conhecer evidências de validade convergente da EDN com instrumentos que têm sido empregados para medir nostalgia. No caso, utilizaram-se o Inventário de Nostalgia (IN) e a Escala Nostalgia de Southampton (ENS), correlacionando suas pontuações totais com as da Escala de Disposição à Nostalgia (EDN), tendo em conta as versões amplas (19 itens) e abreviada (dez itens). Especificamente, as correlações da versão ampliada EDN com o IN e a ENS foram 0,56 e 0,36, respectivamente (p < 0,001); valores similares foram observados para sua versão reduzida (0,57 e 0,31, respectivamente; p < 0,001). Também se observou correlação positiva entre IN e ENS (r = 0,50, p < 0,001).

 

Discussão

O presente trabalho teve como objetivo construir e reunir evidências de validade de estrutura interna, concorrente e a consistência interna da Escala Disposição à Nostalgia (EDN), na versão ampliada e sua versão reduzida, o qual foi alcançado. Após a análise exploratória, verificou-se que o modelo mais adequado foi da estrutura unifatorial. Tais resultados confirmam a dimensão geral, uma vez que a criação dos itens procurou corroborar com o modelo teórico da nostalgia como promotora da conexão social ao relembrar momentos associados com outras pessoas significativas (Batcho et al., 2011; Hepper et al., 2014).

No primeiro momento, ressalta-se que, apesar de existirem instrumentos voltados a medir a nostalgia no contexto internacional, em lugar de adaptá-los ao Brasil, decidiu-se elaborar uma escala, superando limitações das medidas prévias, que, por exemplo, em suas versões finais, consideram muitos itens (Batcho, 1995) ou empregam diferentes escalas de respostas (Barrett et al., 2010), a qual demonstra confusão na mensuração da nostalgia como uma variável dicotômica, em vez de uma variável contínua. Além disso, nesses instrumentos não se conhece adequadamente suas estruturas fatoriais; embora possam até admitir múltiplos fatores, no momento de correlacionar a pontuação da escala ou calcular sua consistência interna, consideram-na como unifatorial (Barrett et al., 2010; Batcho, 1995; Routledge et al., 2008).

Com o intuito de construir a EDN, o primeiro passo foi elaborar uma definição constitutiva do construto a partir da literatura em Psicologia focada no tema (Barrett et al., 2010; Batcho, 1995; Holbrook & Schindler, 1991; Routledge et al., 2008). Em seguida, procurou-se operacionalizar o construto, reunindo itens que poderiam representar sua definição conceitual, mas também elaborando novos itens que são recorrentes para representá-lo na realidade brasileira. Isso porque os 20 itens elaborados buscaram atender sentenças que fossem relevantes na mensuração do construto latente, mas procurando um equilíbrio na quantidade de informação apresentada. Assim, estabeleceu a mesma quantidade de itens proposta pela medida IN (Batcho, 1995), uma vez que assume a concepção teórica da nostalgia como traço de personalidade. Procurando avaliar se os itens reunidos poderiam ser considerados uma amostra adequada para apresentar o construto da nostalgia, tiveram-se em conta os critérios de simplicidade, credibilidade e clareza. (Pasquali, 2010).

O conjunto de 20 itens reunidos foi posteriormente submetido à análise de juízes, visando avaliar sua qualidade a partir de critérios comumente recomendados na literatura, isto é, pertinência e relevância do item ao construto, além de sua clareza (Reppold et al., 2014), os quais foram considerados adequados pelos juízes mediante ao Coeficiente de Validade de Conteúdo (Hernández-Nieto, 2002). Portanto, na versão preliminar da EDN, foram mantidos os itens iniciais, que são coerentes com a concepção da nostalgia como um traço de personalidade, a qual abarca aspectos cognitivos e comportamentais na expressão do construto (Batcho et al., 2011). Especificamente, consoante à ideia proposta por Batcho (2007), os itens procuraram representar que as pessoas com disposições nostálgicas tendem a recordar lembranças da infância e relacionamentos interpessoais próximos, além de apresentarem memórias mais sociais, como comidas ou bebidas típicas que marcam determinada época (Batcho, 1995).

Essa perspectiva vai ao encontro dos estudos que concluíram que a função principal da nostalgia se refere à conectividade social. Por exemplo, Abeyta et al. (2015) demonstraram que a emoção nostálgica promove metas de interação com os amigos, corroborando aos achados de Hepper et al. (2012), que os significados centrais atribuídos à nostalgia são referentes às lembranças agradáveis, principalmente aos relacionamentos interpessoais e ao período da infância. Desse modo, a elaboração dos itens partiu de pesquisas prévias, adotando o entendimento da nostalgia como uma característica relativamente estável que serve no estabelecimento da conexão social.

Com a EDN aplicada, realizaram-se os procedimentos empíricos de análise do instrumento (Pasquali, 2010). Decidiu-se realizar uma análise fatorial exploratória (PAF), avaliando quantos fatores extrair a partir de múltiplos critérios (Kaiser, Cattell e Horn). Não houve consenso, podendo o número de fatores variar de um a seis. Levando em consideração o critério de parcimônia, baseada teoricamente na perspectiva da nostalgia como traço de personalidade, a qual é representa por meio de elementos cognitivos e comportamentais, o desejo de experienciar interações sociais significativas que ocorreram no passado (Newman et al., 2019), checando como os itens se comportariam em uma solução unifatorial. Observando-se que 19 dos 20 apresentaram cargas superiores ao ponto de corte recomendado na literatura. Já em sua versão reduzida, definiu-se como ponto de corte a saturação mínima de 0,50, que permitiu identificar dez itens que explicaram mais de um quarto da variância total (Costello & Osborne, 2005; Tabachnick & Fidell, 2013). Portanto, pareceu adequado tratar essa medida como unidimensional.

No que diz respeito à consistência interna dessa escala, as versões original e reduzida se mostraram adequadas e coerente com o que tem sido observado para outras medidas sobre nostalgia, como a NI com índice de 0,84 (Batcho, 1995) e a ENS com o valor de 0,93 (Barrett et al., 2010). Procurou-se, ainda, comprovar evidências de validade concorrente da Escala de Disposição à Nostalgia com duas outras medidas comumente utilizadas para avaliar esse construto, isto é, o Inventário de Nostalgia e a Escala de Nostalgia Southampton. Os resultados foram promissores, na direção do que se poderia esperar. Por exemplo, Routledge et al. (2008) observaram correlação entre essas duas últimas medidas de 0,40 (p < 0,001), e a EDN se correlacionou positivamente com ambas as escalas na faixa de 0,30-0,60 (p < 0,001). Portanto, o construto nostalgia é claramente compartilhado por esses três instrumentos, favorecendo pensar em evidências de validade concorrente da escala ora proposta.

Em resumo, as duas versões da EDN se mostraram uma medida adequada da nostalgia, consonante, inclusive, com recomendações da literatura (Clark & Watson, 1995; Pasquali, 2012) e regulamentação recente sobre elaboração de instrumentos para prática psicológica (Resolução CFP nº 009/2018) (CFP, 2018). Entretanto, frisa-se que seu uso é estritamente com propósito de pesquisa, tratando a nostalgia como um atributo individual, uma característica de personalidade (Batcho, 1995; Cheung et al., 2016) ou, como aqui dito, uma disposição para vivenciar lembranças do passado. Conta, ademais, com a vantagem de apresentar uma medida breve, reunindo apenas dez itens, cujo interesse tem sido recorrente em Psicologia (Schweizer, 2011), sobretudo por avaliar um traço de personalidade, que comumente demanda medidas com maior número de itens (Romero et al., 2012).

As contribuições dos possíveis estudos na investigação da nostalgia com outras variáveis externas são extensas, sobretudo, na função principal da nostalgia que são os relacionamentos interpessoais. Essa ideia se relaciona com argumento defendido por Baumeister e Leary (1995) da necessidade humana de pertencer, ou seja, uma necessidade de interações frequentes. Entretanto, as pessoas lidam com o rompimento de relacionamentos e sentem-se solitárias na sua ausência (Cacioppo & Cacioppo, 2014). Assim, a nostalgia se transforma em uma estratégia compensatória indireta (Sedikides et al., 2015) para sustentar o meio social, isto é, utilizam essa estratégia quando os pares de interação não estão disponíveis de modo a confiarem nas suas representações mentais.

Os estudos sobre a nostalgia podem se expandir no país para o entendimento dos benefícios, a exemplo, do bem-estar (Cox et al., 2015; Newman et al., 2019). Apesar de a nostalgia ser complexa e ambivalente (Batcho, 2013; Sedikides & Wildschut, 2016), ela representa os elementos cognitivos-comportamentais que se evocam memórias do passado sobre pessoas, objetos e eventos importantes durante a vida. Na ocasião, a recordação das lembranças envolve a alusão aos objetos (e.g., brincadeiras, comidas) e relacionamentos com pares importantes, a exemplo da figura materna. Nesse sentido, indivíduos apresentam maior predominância para lembrar das vivências do passado comparado a outras. Assim, conhecer sua relação com outras variáveis, como otimismo, esperança, podem fornecer explicações adicionais do comportamento humano.

Por fim, como limitações deste estudo, destacam-se as seguintes: (a) contou-se apenas com estudantes universitários; (b) foi restrito à cidade de João Pessoa (PB); (c) não se avaliou a estabilidade temporal (teste-reste) da escala; (d) as análises fatoriais realizadas foram estritamente exploratórias, carecendo da confirmação da estrutura interna; e (e) não foram consideradas evidências de validade discriminante, por exemplo, com medida de desejabilidade social. Nesse sentido, ademais de replicar a presente pesquisa em outros contextos e com outros grupos, sugerem-se novos estudos que possam testar a estrutura fatorial identificada e checar evidências de estabilidade temporal e validade discriminante dessa medida. Contudo, confia-se que foi dado um passo importante para contar com uma medida de nostalgia no contexto brasileiro, reunindo parâmetros psicométricos aceitáveis.

 

Agradecimentos

Não há menções.

Financiamento

A presente pesquisa não recebeu nenhuma fonte de financiamento sendo custeada com recursos dos próprios autores.

Contribuições dos autores

Declaramos que todos os autores participaram da elaboração do manuscrito. Especificamente, o(s) autor(es) Maria Gabriela Costa Ribeiro, Alessandro Teixeira Rezende e Lucas José Bacalhau Silveira participaram da redação inicial do estudo - conceitualização, investigação, visualização, o(s) autor(es) Maria Gabriela Costa Ribeiro e Gleidson Diego Lopes Loureto participou(ram) da análise dos dados, e o autor Valdiney Veloso Gouveia participou da redação final do trabalho - revisão e edição.

Disponibilidade dos dados e materiais

Todos os dados e sintaxes gerados e analisados durante esta pesquisa serão tratados com total sigilo devido às exigências do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos. Porém, o conjunto de dados e sintaxes que apoiam as conclusões deste artigo estão disponíveis mediante razoável solicitação ao autor principal do estudo.

Conflito de interesses

Os autores declaram que não há conflitos de interesses.

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Maria Gabriela Costa Ribeiro
Universidade Federal da Paraíba - CCHLA Departamento de Psicologia
Bloco C - 2° Andar, Sala 1 Cidade Universitária, s/n
58051-900 - João Pessoa, PB, Brasil
E-mail: mariagabicr@gmail.com

Recebido em junho de 2018
Aprovado em março de 2020

 

 

 Sobre os autores:
 Maria Gabriela Costa Ribeiro é psicóloga pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). É mestra e doutoranda no Programa de Pós-graduação em Psicologia Social (UFPB). Atualmente, é Professora do curso de Psicologia da Escola de Ensino Superior do Agreste Paraibano (EESAP).
 Valdiney V. Gouveia é doutor em Psicologia Social pela Universidade Complutense de Madrid (1998), professor titular do Departamento de Psicologia da Universidade Federal da Paraíba e bolsista de produtividade (1A) do CNPq.
 Alessandro Teixeira Rezende é psicólogo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). É mestre e doutorando no Programa de Pós-graduação em Psicologia Social (UFPB).
 Gleidson Diego Lopes Loureto possui bacharelado em Psicologia pela Universidade Federal de Roraima (UFRR). É mestre e doutor no Programa de Pós-graduação em Psicologia Social (UFPB). Atualmente, é Professor do curso de Psicologia da Faculdades Integradas de Patos (FIP).
 Lucas José Bacalhau Silveira é graduando do curso de Psicologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

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