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Avaliação Psicológica

versão impressa ISSN 1677-0471versão On-line ISSN 2175-3431

Aval. psicol. vol.20 no.2 Campinas abr./jun. 2021

http://dx.doi.org/10.15689/ap.2021.2002.19439.12 

ARTIGOS

 

Estudo de Evidências de Validade Discriminante para o Desenho da Família Cinética

 

Study of Evidence of Discriminant Validity for the Kinetic Family Drawing Test

 

Estudio de Evidencias de Validez Discriminante para el Dibujo de la Familia Kinética

 

 

Carolina Ferreira Barros KlumppI; Manuela VilarII; Marcelino PereiraIII; Márcia Siqueira de AndradeIV

IUniversidade Ibirapuera, São Paulo -SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-5578-2044
IIUniversidade de Coimbra, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (CINEICC), Coimbra, Portugal. https://orcid.org/0000-0001-5245-7000
IIIUniversidade de Coimbra, Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação (CINEICC), Coimbra, Portugal. https://orcid.org/0000-0002-1468-2124
IVUniversidade Ibirapuera, São Paulo - SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-0998-0143

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo principal investigar evidências de validade discriminante para o Desenho da Família Cinética. Pretendeu também analisar a influência de variáveis sociodemográficas, bem como a frequência e capacidade de discriminação de cada item de análise dessa técnica projetiva. Participaram 112 crianças de 9 a 12 anos pertencentes a dois grupos critério, sendo 80 da amostra normativa e 32 da amostra clínica (com problemas de aprendizagem). Os instrumentos utilizados foram o Desenho da Família Cinética, sua folha de correção e as Matrizes Progressivas e Coloridas de Raven. Os dados foram analisados por meio de estatísticas descritivas e inferenciais com o auxílio do software SPSS. Os principais resultados mostraram que a variável sociodemográfica Idade gerou efeito nos resultados obtidos; houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos-critério, corroborando para as evidências de validade discriminante; e apenas 38,46% dos itens de análise obtiveram diferença estatisticamente significativa entre os grupos critério.

Palavras-chave: técnica autoexpressiva; parâmetros psicométricos; avaliação psicológica


ABSTRACT

This study aimed to investigate evidence of discriminant validity for the Kinetic Family Drawing test. It also intended to analyze the influence of sociodemographic variables, to evaluate the frequency and discriminatory capacity of each analysis item of this projective technique. Participants were 112 children from 9 to 12 years of age, belonging to two criterion groups, 80 from the normative sample and 32 from the clinical sample (with learning problems). The instruments used were the Kinetic Family Drawing test, its correction sheet and Raven's Progressive and Colored Matrices. Data were analyzed through descriptive and inferential statistics using the SPSS software. The main results showed that the sociodemographic variable age influenced the results obtained; there was a statistically significant difference between the criterion groups, corroborating the evidence of discriminant validity; while only 38.46% of the analysis items obtained statistically significant difference between the criterion groups.

Keywords: self-expression technique; psychometric parameters; psychological assessment.


RESUMEN

Esta investigación tuvo como objetivo principal investigar las evidencias de validez discriminatorias para el Dibujo de la Familia Kinética. También se pretendía analizar la influencia de las variables sociodemográficas, así como evaluar la frecuencia y la capacidad discriminatoria de cada ítem de análisis de esta técnica proyectiva. Participaron un total de 112 niños de 9 a 12 años, pertenecientes a dos grupos de criterios, 80 de la muestra normativa y 32 de la muestra clínica (con problemas de aprendizaje). Los instrumentos utilizados fueron el Dibujo de la Familia Kinética, su hoja de corrección y las Matrices Progresivas Coloreadas de Raven. Los datos se analizaron mediante estadística descriptiva e inferencial con la ayuda del software SPSS. Los principales resultados mostraron que la variable sociodemográfica edad tuvo un efecto sobre los resultados obtenidos; hubo una diferencia estadísticamente significativa entre los grupos de criterios, corroborando la evidencia de validez discriminante; y solo el 38.46% de los ítems de análisis obtuvieron diferencias estadísticamente significativas entre los grupos de criterios.

Palabras clave: técnica autoexpresiva; parámetros psicométricos; evaluación psicológica.


 

 

O Desenho da Família Cinética (Kinetic Family Drawing - KFD; Burns & Kaufman, 1972) é uma técnica projetiva gráfica utilizada em contexto psicológico clínico e psicoeducativo para analisar como a criança percebe as relações emocionais e vinculares dos membros de sua família (Andrade, 2011; Wegmann & Lusebrink, 2000). Essa técnica surgiu na década de 1970 por dois autores norte-americanos, Burns e Kaufman, os quais introduziram um comando no desenho da família convencional. Ao invés de ser solicitada à criança que "desenhasse sua família", a nova orientação passou a ser "desenhe sua família fazendo algo". Ao incorporarem a dimensão da cinética nos desenhos (desenhar as figuras em movimento) descobriram um material muito mais rico para compreender a subjetividade das crianças em relação às suas famílias (Burns & Kaufman, 1972; Mercado, (n.d.)).

Quanto à análise do KFD, os autores da referida técnica projetiva elaboraram um manual de interpretação na mesma época, o qual descrevia características, ações, estilos e símbolos que apareciam nos desenhos de seus pacientes clínicos individuais. Os indicadores de análise desse manual foram baseados em dez mil casos acumulados em aproximadamente doze anos de estudos (Burns & Kaufman, 1972). Até o ano de 1994, muitos autores criticavam Burns e Kaufman pela imprecisão e arbitrárias interpretações das variáveis do desenho, as quais foram baseadas, em sua grande parte, em fatos não validados cientificamente. O manual original do desenho criado pelos autores era tido como impreciso e que consistia principalmente de estudos de casos. Na mesma época, afirmava-se que, embora houvesse a utilização dos sistemas de pontuação propostos por Burns e Kaufman e de pesquisas que visavam desenvolver modificações nos sistemas de pontuação, o Desenho da Família Cinética permanecia como um instrumento primário com normas inadequadas e cuja validação era questionável (Handler & Habenicht, 1994). Em revisão integrativa de literatura realizada recentemente (Klumpp, 2017) evidenciou-se que, nos últimos vinte anos, os apontamentos realizados no início da década de 1990 permanecem atuais, pois estudos sobre esse instrumento continuam escassos, e o Desenho da Família Cinética ainda necessita de investigações referentes às suas propriedades psicométricas.

De acordo com a literatura, um instrumento de avaliação deve apresentar parâmetros psicométricos mínimos, ou seja, deve ser submetido a estudos de fidedignidade, evidências de validade e normatização, os quais são os pilares fundamentais da psicometria, que asseguram a qualidade do método e a cientificidade da técnica (de Villemor-Amaral et al., 2016). Juntamente com as evidências de validade, a objetividade e replicabilidade dos resultados são critérios comuns à ciência. Esses parâmetros possibilitam ao avaliador o acesso a informações legítimas oriundas do instrumento, auxiliando-o nas decisões para o diagnóstico e tratamento do indivíduo examinado (Arteche, 2006). Ressalta-se ainda que o profissional deve lidar com uma questão ética indispensável para sua atuação, a qual se refere à escolha de instrumentos para avaliar os casos que atende, uma vez que os testes selecionados devem fornecer dados confiáveis sobre o funcionamento psíquico do indivíduo, bem como aos sofrimentos aos quais esteja exposto (Grazziotin & Scortegagna, 2016). Cabe ao profissional, portanto, a verificação da submissão do instrumento escolhido quanto à sua validação em pesquisas que assegurem a sua cientificidade.

Sobre a cientificidade dos testes em âmbito nacional, um estudo que teve como objetivo analisar os avanços históricos e desafios da avaliação psicológica no Brasil verificou que o país teve um grande desenvolvimento na última década, maior que os demais países da América do Sul. Em contrapartida, constatou-se a necessidade de avanços no que se referem às técnicas projetivas que assegurem sua robustez, uma vez que esses instrumentos, muitas vezes utilizados na prática clínica para a avaliação, possuem especificidades e necessidades diferentes das empregadas nos demais testes denominados psicométricos (Wechsler et al., 2019).

No que se refere à cientificidade do instrumento em questão, há um único estudo de revisão de literatura internacional realizado na década de 1990 sobre o KFD (Handler & Habenicht, 1994), no qual os autores destacam resultados referentes à fidedignidade, evidências de validade e normatização da técnica.

Nas pesquisas de fidedignidade entre-avaliadores, os resultados apontaram percentagens médias substanciais de 87 e 95% de concordância, como no estudo de Mostkoff e Lazarus (1983); porém, em estudos de teste-reteste, como no de Cummings e Ingram (1980), os resultados não foram promissores (escores variando de 40 a 90% de concordância). Em relação aos estudos de validade discriminante, algumas pesquisas não demonstraram diferenças estatisticamente significativas nas pontuações entre grupos controle e patológico (Gardano, 1988; McPhee & Wegner, 1976), porém a explicação incidiu no delineamento metodológico questionável utilizado, como a seleção de uma única variável para análise (linha na parte inferior da folha).

Já em demais estudos realizados com amostragens clínicas diversificadas (crianças de pais alcoólatras e divorciados, crianças com diabetes, crianças com personalidade tímida, crianças com problemas adaptativos/emocionais/comportamentais e/ou de aprendizado; e com adolescentes masculinos delinquentes institucionalizados e adolescentes meninas vítimas de incesto e abuso sexual), os resultados evidenciaram pontuações que se discriminaram estatisticamente entre os grupos investigados nos seguintes itens: encapsulamento, sombreamento de partes do corpo, omissão de membros da família, omissão de partes do corpo, compartimentalismo, barreiras, distanciamento e interação entre os membros da família (Annunziata, 1983; Brewer, 1981; German, 1986; McCallister, 1983; Layton, 1983; Rhine, 1977; Sayed & Leaverton, 1974).

Por último, referente à normatização, Handler e Habenicht (1994) enfatizam que, para que se possa interpretar o KFD precisamente, torna-se necessário compreender as mudanças relacionadas à questão da idade e do gênero que podem refletir nos desenhos, pois indicadores de patologias ou problemas de personalidade avaliados nos desenhos podem indicar outras situações ou até mesmo normalidade em demais contextos.

Em relação às pesquisas do KFD mais recentes, realizadas nas últimas duas décadas, merecem destaque dois estudos identificados na revisão de literatura realizada por Silva (2018), os quais corroboraram com o status científico do KFD, sendo que um foi realizado por Wegmann e Lusebrink (2000), o qual teve como meta descrever e validar um método de pontuação para o KFD que poderia ser utilizado por outros pesquisadores ou clínicos com indivíduos de diferentes culturas. As autoras utilizaram-se da combinação das cinco variáveis descritas por Burns e Kaufman com as encontradas na literatura, levantando um conjunto de 44 itens. Foram coletados desenhos de crianças de 7 a 10 anos de três diferentes continentes (Europa-Suíça; Ásia-Taiwan e América do Norte-Califórnia). Os resultados mostraram que a significância estatística referente aos escores de fidedignidade dos itens de análise sofria alterações conforme a amostragem cultural, demonstrando que o método de pontuação desenvolvido não poderia ser aplicado em diferentes contextos. Já o outro estudo foi realizado por Saneei e Haghayegh (2011), cujo objetivo foi o de verificar se havia diferença estatisticamente significativa entre os itens de análise do KFD de crianças iranianas com autismo e crianças do grupo-controle. Nesse estudo, foram selecionados quatro itens de análise (omissão, distanciamento, tamanho e prioridade dos membros da família). Os resultados mostraram que crianças com autismo tiveram um desempenho significativamente diferente apenas no item omissão de membros da família.

Além desses dois estudos, Kim e Suh (2013) realizaram na Coreia uma pesquisa de validade discriminante para o KFD utilizando-se como amostragem clínica 120 crianças pré-escolares com problemas de comportamento interiorizado. Foram identificadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos avaliados, as quais foram evidenciadas na amostragem patológica nos itens rotação de figuras, omissão de membros da família, extensão de braço, uso excessivo da borracha, encapsulamento, presença de barreiras, distanciamento físico entre os membros, presença de perigo nos desenhos e interação com os membros da família.

Já em âmbito nacional, há uma pesquisa recente que contribuiu para a cientificidade do KFD, e refere-se a estudos de fidedignidade (Klumpp et al., 2020). Os resultados mostraram índices substanciais a perfeitos de concordância nos estudos de fidedignidade entre avaliadores (kappa variando de 0,638 a 1,000) e intra-avaliador (kappa variando de 0,757 a 1,000) para todos os itens de análise do desenho; e no teste-reteste, não houve diferença estatisticamente significativa entre a média das pontuações entre as duas aplicações. Concluiu-se pela robustez psicométrica do instrumento.

Diante desse cenário, visando contribuir com o acúmulo de estudos que corroborem com a cientificidade da técnica em âmbito nacional, a presente pesquisa tem como objetivo principal investigar evidências de validade discriminante para o KFD. Em relação a esse tipo de investigação, pretende-se constatar a capacidade do teste em diferenciar amostras, a qual visa verificar a frequência com que os indicadores de análise aparecem em grupos normal e patológico, de modo que haja uma discriminação estatisticamente significativa entre as populações investigadas. Esse tipo de procedimento consegue averiguar se o instrumento é capaz de captar as diferenças de comportamento ou demais aspectos que o teste se propõe a medir (Pasquali, 2003). As evidências de validade discriminante de um instrumento são verificadas pela análise algébrica dos itens. Essa análise tem como objetivo verificar o potencial de discriminação, ou seja, a capacidade que os itens possuem de diferenciar indivíduos com altas pontuações de indivíduos com baixas pontuações (Pasquali, 2003).

Em relação aos objetivos secundários, pretende analisar a influência das variáveis sociodemográficas coletadas nos resultados obtidos (idade, gênero e nível socioeconômico), bem como avaliar a frequência e capacidade de discriminação de cada item de análise da técnica projetiva estudada.

 

Método

Participantes

Participaram desta pesquisa um total de 112 crianças (amostragem por conveniência) que atenderam aos seguintes critérios de inclusão:

a) Preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos pais ou responsáveis, bem como assentimento pelo participante para realizar a atividade proposta;

b) Possuir entre 9 a 12 anos. Essa faixa etária foi escolhida como sendo um critério da seleção da amostra por pertencer ao período da pré-adolescência, o qual possui características próprias no que se refere ao desenvolvimento emocional e cognitivo. A faixa etária de 9 a 12 anos possui um domínio maior da coordenação motora fina e seus desenhos passam a ter mais detalhes e são cada vez mais próximos da realidade. As figuras humanas já são completas, possuindo todos os membros esperados de um esquema corporal. Nesse período de desenvolvimento, os indivíduos já são capazes de atribuir movimento ao desenho (cinética), bem como de expressar sentimentos nas figuras humanas (Jones, 1992);

c) Não possuir transtornos/patologias/síndromes comprovadas mediante laudo médico ou documentação escolar;

d) Apresentar nível cognitivo preservado (nível intelectual considerado normal para a idade) avaliado por teste específico. Salienta-se que a questão cognitiva foi uma variável que demonstrou necessidade de ser controlada uma vez que a literatura aponta que o grafismo, a composição e a elaboração dos elementos do desenho podem estar relacionados ao nível de desenvolvimento intelectual (Goodenough, 1962/1951; Koppitz, 1968; Jones, 1992). Sendo assim, problemas de natureza cognitiva poderiam afetar a execução da atividade e influenciar os resultados. Outro dado importante relacionado ao nível cognitivo é que, pelo fato do desenho captar esse aspecto, o qual não era o objetivo principal desta pesquisa, houve a necessidade de controlar essa variável, uma vez que o foco dos estudos com o KFD era o de verificar o quanto esse instrumento era sensível para capturar conflitos familiares e/ou demais problemas de caráter emocional, de modo a discriminar grupos normativo e patológico.

Esses participantes estavam divididos da seguinte maneira no que se refere aos grupos critério:

1. Amostra normativa: composta por 80 crianças que não estavam em acompanhamento clínico no momento da pesquisa, as quais não apresentavam queixas escolares e nem problemas comportamentais/emocionais, segundo relato da escola. Esses participantes eram provenientes de escolas públicas e particulares da Grande São Paulo;

2. Amostra clínica: composta por 32 crianças que possuíam problemas de aprendizagem e que estavam em atendimento na Clínica-Escola de Psicopedagogia de uma Instituição de Ensino Superior da Grande São Paulo. Salienta-se que se optou por um grupo clínico composto por problemas de aprendizagem, pois seguiu-se o modelo utilizado por autores internacionais de referência que desenvolveram pesquisas com o objetivo de verificar parâmetros psicométricos do Desenho da Figura Humana, sendo que, nesses estudos, participaram alunos atendidos em uma escola especial por possuir problemas aprendizagem e de comportamento (Naglieri et al., 1991).

Instrumentos

Foram utilizados três instrumentos na presente pesquisa:

Instrumento Desenho da Família Cinética (Kinetic Family Drawing - KFD; Burns & Kaufman, 1972). Essa técnica consiste no ato da criança desenhar individualmente, em uma folha branca de papel (folha tipo A4), com um lápis preto (grafite nº. 2), "uma família fazendo alguma coisa", com duração de 30 a 50 minutos;

Instrumento Folha de correção do Desenho da Família Cinética (Klumpp, 2017)1. Essa folha de correção possui 26 itens de análise do Desenho da Família Cinética, agrupados em quatro conjuntos, descritos a seguir:

1. Características esperadas nos desenhos: a presença dessas características indica desenhos de Família Cinética considerados bem ajustados ou normais, como, por exemplo, ausência de barreiras entre os membros desenhados e sorriso no rosto de todas as figuras;

2. Características das figuras: algumas características presentes nos desenhos podem representar conflitos relacionados ao ambiente familiar, como membro da família desenhado na parte de trás da folha e excesso de rasuras ao desenhar;

3. Ações: a ação pode ser compreendida como sendo um movimento de energia entre as pessoas, o qual é chamado por vários nomes, como relações interpessoais, amor, libido, sentimentos, entre outros. Alguns elementos nos desenhos podem indicar essa energia, como a bola em um jogo de futebol entre os membros da família;

4. Estilos: Espera-se que crianças tenham uma tendência de expressar o amor de forma natural e sem barreiras. Essa disposição seria a ideal e a não patológica. Porém outras formas de expressarem o afeto podem ser percebidas nos desenhos, por meio de indicadores de estilos, como desenhar os membros da família em compartimentos isolados.

Para corrigir os desenhos e gerar uma pontuação, o avaliador assinala os itens que emergem no desenho, atribuindo um (1) ponto para cada indicador presente e zero (0) para a sua ausência. Salienta-se que os itens pertencentes às características esperadas nos desenhos, que indicam um vínculo familiar saudável, devem ter seus escores invertidos. No final, há a soma das pontuações, gerando um escore total. Quanto maior esse escore, maior a probabilidade de que haja conflitos familiares e/ou problemas emocionais.

Instrumento Matrizes Progressivas e Coloridas de Raven (Bandeira et al., 2004; Simões, 2000; Sisto et al., 2006). Esse teste destina-se à avaliação do raciocínio geral da criança. A escala é composta por 36 itens divididos em três séries: A, Ab, B. Cada uma possui 12 itens que estão organizados por ordem crescente de dificuldade. A criança deve apontar ou escrever qual a figura que completa um desenho maior/padrão e/ou sequência lógica. No final, os itens são pontuados gerando um escore total, o qual deve ser interpretado de acordo com uma tabela normativa para verificação do resultado. Esse teste foi utilizado para o rastreio do funcionamento cognitivo da população investigada.

Procedimentos

Inicialmente foi verificado nos prontuários escolares das crianças e nos documentos da Clínica-Escola de Psicopedagogia se os participantes possuíam laudo médico que indicasse a presença de síndromes, transtornos ou alguma patologia que poderia interferir no desempenho no que se referia à realização dos testes.

O grupo pertencente à amostra normativa realizou as atividades propostas no ambiente escolar e somente mediante assentimento e autorização dos responsáveis por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Já o grupo pertencente à amostra clínica realizou as atividades propostas na Clínica-Escola de Psicopedagogia, sob as mesmas condições. Vale ressaltar que as crianças pertencentes à amostra normativa realizaram as atividades coletivamente, em grupos de oito crianças. Sobre esse aspecto, é importante ressaltar que elas se sentaram distantes umas das outras, para que fizessem individualmente seus desenhos; já as crianças da amostra-clínica realizaram as atividades individualmente, durante a sessão de acompanhamento psicopedagógico.

Primeiramente, as crianças das duas amostras responderam o Teste das Matrizes Progressivas e Coloridas de Raven, para que, por meio do resultado referentes à capacidade intelectual geral da criança, o seu desenho fosse incluído ou não neste estudo. As crianças que obtiveram valores abaixo do esperado de acordo com sua idade não tiveram seus desenhos da Família Cinética pontuados. Posteriormente, todas as crianças realizaram o Desenho da Família Cinética.

Vale ressaltar que o presente estudo caracterizou-se por ser de risco mínimo a todos os participantes e que o Projeto de Pesquisa obteve aprovação no dia 01 de outubro de 2015 pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição promotora (CNS n. 196/96), tendo seguido os preceitos éticos que regem a realização de pesquisas com seres humanos (Ministério da Saúde, Conselho Federal de Psicologia).

Análise de Dados

Os dados foram analisados com base nas estatísticas descritivas e por meio dos tratamentos estatísticos Teste t de Student, Análise de variância (ANOVA), Análise de covariância (ANCOVA) e Qui-quadrado; com o auxílio do software estatístico SPSS - Statistical Package for Social Sciences (Versão 23).

 

Resultados e Discussão

Os resultados foram sistematizados em três partes, para uma melhor compreensão.

Parte 1: Evidências de Validade Discriminante

Os resultados revelaram que os participantes do Grupo Normativo obtiveram menor pontuação ( = 4,90, DP = 2,390) no KFD comparado aos participantes do grupo clínico ( = 8,10, DP = 2,660). O teste t de Student para amostras independentes revelou que tal resultado seria improvável de ter ocorrido ao acaso. O Teste de Levene permitiu assumir variâncias iguais, sendo que os resultados mostraram que t(100) = 6,09 com valor-p < 0,001. A diferença de média entre as duas condições foi de 3,15, que é considerado um efeito grande (d = 1,24); o intervalo de 95% de confiança para diferença estimada das médias populacionais foi de 2,1 a 4,2. Ao ser comparada a média entre os grupos considerando apenas os indicadores que sugerem relação saudável entre os membros da família, inseridos no agrupamento da folha de correção Características esperadas nos desenhos; bem como a média dos demais itens inseridos nos outros grupos que sugerem conflitos (Características das figuras, Ações, Estilos), foi possível verificar que houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos, como sumariza a Tabela 1.

Esses resultados mostram que a diferença de três pontos encontrada na média entre os grupos da pontuação total está distribuída em aproximadamente um ponto a mais no que se refere a itens que indicam uma relação familiar saudável e dois pontos a menos de itens que sugerem conflitos vinculares, no grupo normativo em comparação com o grupo clínico. Conclui-se com os escores encontrados na presente pesquisa que o instrumento é capaz de diferenciar os dois grupos critério, possuindo assim a sensibilidade necessária para diferenciar indivíduos com altas pontuações de indivíduos com baixas pontuações. Esses resultados referentes à capacidade do KFD em discriminar grupos convergem com os resultados dos estudos supracitados apontados na revisão de literatura de Handler e Habenicht (1994) e com as pesquisas de Saneei e Haghayegh (2011) e de Kim e Suh (2013). Ressalta-se que o KFD é um instrumento projetivo útil que, além de ser capaz de discriminar crianças com problemas emocionais/comportamentais, auxilia na compreensão das características familiares do sujeito (Kim & Suh, 2013).

Pode-se inferir ainda que crianças pertencentes à condição clínica (problemas de aprendizagem) tendem a expressar seus vínculos familiares nos desenhos da Família Cinética de forma mais conflituosa e menos saudável. Sobre esse aspecto, destaca-se que o grupo familiar é uma importante referência para a aprendizagem do indivíduo, podendo lhe favorecer uma aprendizagem saudável, como também dificultar esse processo (Braga et al., 2007; Cook, 2009; Hoff, 2006; Sénéchal & LeFevre, 2002). Estudos sugerem que as relações entre os membros da família podem afetar o aprendizado e rendimento escolar de seus membros (Casarin, 2007; Klumpp & Andrade, 2013).

Parte 2: Variáveis Sociodemográficas Idade, Sexo e Nível Socioeconômico

No que se refere à idade dos participantes da pesquisa (n- = 112), a média das pontuações das crianças de 9 anos destacou-se como sendo superior em relação às demais faixas etárias, tendo como valor = 8,09 e DP = 2,90, sendo que, para as demais idades, a média ficou em torno de 5 pontos. Uma ANOVA realizada de um fator revelou que qualquer diferença entre as condições dos grupos etários é improvável de ter ocorrido por erro de amostragem, assumindo que a hipótese nula seja verdadeira (F(3,108) = 9,56, com valor-p < 0,001). Esses resultados sugerem que crianças mais novas, de 9 anos, têm maiores pontuações no KFD comparada às demais. Esses dados corroboram com a associação estatisticamente significativa encontrada entre idade dos participantes (n =112) e as pontuações totais obtidas no KFD, a qual foi negativa e de magnitude fraca (r = -0,329, valor-p < 0,001). Embora haja uma fraca correlação entre as duas medidas, pode-se inferir que quanto menor a idade da criança, maior o escore obtido no Desenho da Família Cinética.

Wechsler (1998) afirma que o desenho pode ser considerado uma medida eficaz de avaliação em crianças menores, principalmente para discriminar o desenvolvimento cognitivo, podendo este ser analisado pelas técnicas projetivas gráficas somente até os 11 anos idade. O Desenho da Família Cinética parece captar melhor questões emocionais e relacionadas ao vínculo familiar da criança em idades menores. Porém, esta é uma hipótese que necessita de mais estudos para ser comprovada.

Vale ressaltar que, após a constatação da associação da variável idade nos escores obtidos, os resultados referentes a evidências de validade discriminante foram submetidos a uma Análise de Covariância (ANCOVA), para anular o efeito dessa variável e analisar se ainda haveria diferença estatisticamente significativa entre grupos normativo e patológico. Os resultados desta análise revelaram que o relacionamento entre idade e os escores totais do Desenho da Família Cinética é improvável de ser explicado por erro amostral, assumindo a hipótese nula como verdadeira [F(1,109) = 6,83, valor-p = 0,01]. Os resultados mostraram ainda que os grupos continuaram diferindo quanto aos escores totais obtidos, mesmo com a retirada do efeito da idade [F(1,26) = 22,88, valor-p < 0,001], evidenciando, desse modo, validade discriminante para o Desenho da Família Cinética.

No que se refere à variável Gênero dos participantes, o teste t de Student para amostras independentes revelou que a diferença entre a média das pontuações obtidas no Desenho da Família Cinética pelas crianças (= 5,59 para participantes do sexo feminino e = 6,11 para participantes do sexo masculino) não é estatisticamente significativa (valor-p > 0,05) para diferenciar grupos, o que sugere que não há relação entre o gênero dos participantes com os escores obtidos no Desenho da Família Cinética.

Por último, em relação ao nível socioeconômico, evidenciou-se que a Classe C se destacou com a maior média de pontuações comparada aos demais grupos, com = 5,51 e DP = 2,95, tendo uma diferença de média de 1,38 em relação à Classe B e de 1,40 em relação à Classe A. Já a diferença de média entre as Classes A e B foi pequena, de 0,02. A ANOVA realizada de um fator revelou que a diferença encontrada entre as condições dos grupos (Classes A, B e C) pode ter ocorrido por erro amostral, assumindo a hipótese nula (F(2,109) = 2,23, com valor-p = 0,111), uma vez que não foi evidenciada significância estatística.

Em relação aos resultados encontrados, Handler e Habenicht (1994) enfatizam a necessidade de estudos normativos que considerem as variáveis investigadas, principalmente, que focalizem as diferenças entre grupos de crianças e adolescentes, bem como o gênero dos participantes. Reforçam que alguns itens de análise do KFD podem indicar patologia ou normalidade de acordo com a idade e sexo do indivíduo, como já explicado anteriormente. Crianças menores, por exemplo, costumam se representar nos desenhos da Família Cinética interagindo e mais próximas da figura materna, diferentemente de adolescentes, os quais costumam desenhar em maior frequência indicadores associados ao isolamento (O'Brien & Patton, 1974). Em relação ao gênero, meninos tendem a omitir no KFD partes do corpo e desenhar sem muitos detalhes, diferentemente das meninas (Jacobson, 1973), o que é apontado como normal em outras técnicas gráficas projetivas com a figura humana (Koppitz, 1968; Goodenough, 1926/1951). Desse modo, ressalta-se a necessidade de uma investigação aprofundada dessas variáveis em estudos normativos futuros, uma vez que a influência de cada uma delas nos escores encontrados e o modo de interpretação irá depender das características de cada grupo analisado, bem como do número de participantes, uma vez que amostras mais amplas poderão permitir esclarecer essas questões.

Parte 3: Frequência e Capacidade de Discriminação dos Itens de Análise

Em relação à frequência de ocorrência dos indicadores de análise do KFD da amostra total (n = 112), de acordo com a ordem decrescente dos itens mais frequentes para os menos frequentes, os itens 23, 5, 3 tiveram suas frequências entre 62 e 67%; os itens 2 e 10 entre 55 e 58%; os itens 15 e 1 entre 40 e 43%; os itens 4, 21, 26, 22, 11 entre 20 e 37%; os itens 6, 8, 9 e 24 entre 10 e 19%; os itens 16, 13, 20, 19, 25, 14, 17, 7 e 12 entre 1 e 7%; e apenas o item 18 não obteve frequência. A Tabela 2 sumariza a frequência de cada item de acordo com os grupos critério, como também sinaliza se a diferença encontrada entre as frequências dos grupos foi estatisticamente significativa, por meio da análise estatística do qui-quadrado 2X2.

Os itens que obtiveram diferença estatisticamente significativa entre os grupos representam 38,46% do total (n = 10) e referem-se aos indicadores de análise descritos sucintamente a seguir: luz que brilha acima de todos os membros da família; sorriso em todos os membros da família, mostrando felicidade; atividades que incluem uma única ação; figuras elevadas, em patamar ou nível superior; rasuras; membros da família de origem que não foram desenhados na folha; omissão de partes do corpo; presença de símbolos que indiquem eletricidade no desenho; encapsulamento; linha no topo, na parte superior da folha.

Em relação a esses resultados referentes à validade discriminante da técnica investigada, não há literatura suficiente e recente do KFD para a comparação dos escores, principalmente no contexto nacional. Há disponível apenas o estudo de Kim e Suh (2013) já mencionado, o qual utilizou-se dos itens de análise originais. É importante salientar sobre esse aspecto que as pesquisas realizadas nas últimas duas décadas não trouxeram de modo sistematizado parâmetros de avaliação para a técnica estudada, pois não organizaram os indicadores/categorias de análise de modo que outros pesquisadores pudessem reproduzir estudos ou dar sequência às investigações de evidências de validade para o KFD (Klumpp, 2017; Silva, 2018).

No estudo de Kim e Suh (2013), os itens de análise que foram capazes de discriminar grupos com significância estatística que convergem com os resultados encontrados na presente pesquisa foram os seguintes:

a) Item 8 (Membros da família de origem que não foram desenhados na folha): Esse item apareceu 2,8 vezes mais frequente nos desenhos da amostragem patológica que no grupo-controle (66,7 e 23,5%, respectivamente), sendo que nesta pesquisa a frequência foi de 10 vezes mais (37,7% na amostragem clínica e 1,3% na amostragem normativa);

b) Item 6 (Rasura): Esse item apareceu 4,8 vezes mais frequente nos desenhos da amostragem patológica que no grupo-controle (33,3 e 6,9%, respectivamente), sendo que nesta pesquisa a frequência foi quatro vezes menor (diferença de 1,1 vez, referente a 48,8% na amostragem clínica e 43,3% na amostragem normativa);

c) Item 3 (Atividades que incluem uma única ação): Esse item foi representado no estudo de Kim e Suh (2013) no ato do sujeito interagir com os membros da família. A amostragem normativa obteve duas vezes mais a presença desse item nos desenhos quando comparada à amostragem patológica (61,9 e 30,4%, respectivamente). Esses resultados são muito próximos aos verificados na presente pesquisa no que se refere à proporção de frequência, sendo que os resultados foram de 73,8% para grupo-controle e 34,4% para grupo clínico.

d) Item 22 (Encapsulamento): Esse item apareceu 3,3 vezes mais frequente nos desenhos da amostragem patológica que no grupo-controle (33,0 e 10,0%, respectivamente), sendo que nesta pesquisa a frequência foi semelhante, com diferença de 4,2 vezes entre as amostragens clínica e patológica (53,1 e 12,5%, respectivamente).

Em relação aos itens de maior frequência (> 40%) que apareceram nos desenhos das duas amostras, apenas o item 23 (linha na parte inferior) não apresentou diferença significativa entre os grupos. Esse item é o mais frequente nos desenhos, estando presente em 67% do total dos desenhos coletados (n = 112); e tem sua importância clínica como indicador emocional, uma vez que sua presença pode ser interpretada como sendo a necessidade do indivíduo em ter uma fundação firme, pois simboliza que seu mundo está instável (Burns & Kaufman, 1972). No estudo de Kim e Suh (2013), esse item apareceu em uma frequência total de 35% (n = 120).

Apesar de ter tido uma frequência menor em relação aos resultados da presente pesquisa, ele foi capaz de discriminar grupos, sendo que apareceu em 55,6% nos KFDs de crianças com problemas comportamentais com sintomas psicossomáticos e 31,4% em crianças pertencentes ao grupo-controle. Já na pesquisa nacional desenvolvida por Silva (2018) que objetivou verificar evidências de validade de construto para o KFD, o item 23 apareceu com uma frequência superior a 50% em todos os desenhos coletados, o que reforça a importância desse item como representativo para o KFD. A autora ainda verificou que os itens 2, 3, 5 e 10 também apresentaram frequências na amostragem total superiores a 40% nos KFDs coletados, convergindo com os resultados desta pesquisa. No que se refere aos itens que apareceram com maior frequência (> 40%) na amostra clínica, apenas o item 15 não obteve diferença significativa entre os grupos. Esse item esteve presente em 43,8% dos desenhos coletados da amostra total (n = 112), e possui sua relevância como indicador de análise, pois sua presença pode indicar impedimento de uma ação dentro do ambiente familiar, sugerindo um vínculo conflituoso (Burns & Kaufman, 1972). Esse mesmo item no estudo de Kim e Suh (2013) apresentou significância estatística entre grupos, sendo que teve uma frequência aproximadamente 10 vezes maior em relação à amostra normativa.

Outros três itens que não foram capazes de discriminar os grupos pelas análises estatísticas realizadas foram os seguintes: 4, 11 e 21. Assim como descrito no caso anterior, esses três itens possuem relevância clínica como indicadores de análise do KFD, uma vez que revelam particularidades advindas do ambiente familiar, detalhando alguns aspectos pertinentes à relação entre os membros da família, sendo estes: tentativa de controle do ambiente familiar por um ou mais membros da família; preocupação ou vigilância do sujeito em relação a algo que está acontecendo no ambiente familiar; impedimento de um membro ou mais em expressar amor ou afeto nesse meio (Burns & Kaufman, 1972). Esses itens também não apresentaram significância estatística na pesquisa desenvolvida por Kim e Suh (2013).

Já os demais indicadores que não obtiveram diferença estatisticamente significativa em relação à frequência nos grupos, os itens 7, 9, 12, 13, 14, 16, 18, 19, 20, 24 e 25, além de não terem sido capazes de discriminar as amostras, apresentaram também baixa frequência (<10%) ou frequência nula (= 0%) em uma ou mais condições das amostras (total, normativa, clínica). Esses itens demonstraram não serem representativos, como também revelaram não possuir significância estatística. Esse fato sugere que esses indicadores de análise podem não ter significado ou simbolismo para o contexto brasileiro e/ou atualidade.

Diferentemente deste resultado, os itens 12, 14 e 16 apresentaram significância estatística na discriminação entre grupos no estudo de Kim e Suh (2013), com exceção do item 7, o qual, além de não ter sido capaz de discriminar os grupos, obteve frequência menor que 10%. Por fim, no que se referem a esses resultados, pode-se inferir que os itens de análise 2, 3, 5, 6, 8, 10, 15, 22 e 23 do KFD vêm demonstrando nas pesquisas maior consistência de suas propriedades psicométricas. De qualquer modo, reforça-se a necessidade de mais pesquisas que visem investigar a cientificidade dos itens de análise do KFD, de modo que haja a possibilidade da comparação dos escores, contribuindo com o refinamento dos itens e robustez da técnica.

Destaca-se sobre esses últimos indicadores discutidos que o item 18 (Figura passando roupas) não apareceu em nenhum desenho coletado, tendo frequência igual a zero. O fato desse item não ter aparecido nos desenhos coletados, como também ter havido muitos itens com baixa frequência (< 10%), sugere que esses indicadores de análise podem não ter significado ou simbolismo para o contexto brasileiro e/ou atualidade, por isso a baixa incidência nos desenhos.

Ainda sobre esse aspecto, o item 18 pode ser considerado um exemplo prático e visível, pois, nos dias de hoje, dificilmente a criança irá ter contato com a mãe passando roupas, pois a inserção da mulher no mercado de trabalho mudou a dinâmica familiar, fazendo com que tarefas domésticas sejam muitas vezes compartilhadas com o companheiro ou, em alguns casos, as famílias têm empregadas domésticas, diaristas, que realizam esses tipos de serviços. Por questão de praticidade, mesmo a mãe que permanece em casa e/ou que não tem condições de pagar uma empregada doméstica, muitas vezes opta por comprar peças de roupa que não precisam ser passadas, ou pode ainda se utilizar de outras formas de passar a roupa, diferentemente da convencional proposta pelo Manual, como por meio de ferro a vapor. Esse exemplo serve para mostrar que muitos indicadores de análise podem sofrer influências pela questão da época e contexto, podendo ter significados diferentes quando comparados ao momento e ao meio social de quando a técnica foi criada.

Em contrapartida, outro indicador apareceu nos desenhos da Família Cinética sugerindo um significado semelhante ao que os autores propõem ao item 18. A figura passando roupas, de acordo com o Manual Interpretativo, pode estar associada ao cuidado materno, carinho, amor; podendo às vezes refletir a necessidade de afeto. Nos desenhos coletados da Família Cinética, na amostra total (n = 112), 10,8% deles apresentaram uma figura parental preparando a refeição para a família.

Ainda sobre os resultados encontrados, foram identificados itens que não estavam presentes na folha de correção, mas que obtiveram uma frequência superior a 10% nos KFDs coletados na amostra total. A Tabela 3 sumariza esses resultados. Outros itens que apareceram nos desenhos coletados, separados em amostras clínica e normativa que não estavam presentes na folha de correção do Desenho da Família Cinética, os quais tiveram frequência >10% em pelo menos uma das amostras. Para verificar se a diferença entre as frequências dos grupos era estatisticamente significativa, foram realizadas análises pelo qui-quadrado 2X2, considerando as duas amostras de crianças e a presença ou não de cada item nos desenhos.

Os resultados apontaram apenas três itens com diferenças estatisticamente significativas, sendo esses os itens 4 (X2= 5,83, valor-p = 0,016), o 5 (X2= 37,73, valor-p = 0,000) e o 9 (X2= 4,07, valor-p = 0,04).

Sobre um possível significado a respeito desses itens (presença de flores, casa e alimento) nos desenhos, as flores podem estar relacionadas a algo que está ocorrendo no processo de crescimento da criança. Em meninas pequenas, as flores desenhadas podem representar ainda identificação com a feminilidade (Burns & Kaufman, 1972). Já a casa associa-se a projeções mais regressivas, refletindo principalmente dentro do ambiente familiar a relação do sujeito com a sua mãe. A casa nesse sentido é aquela que abriga o homem, que lhe ampara, de modo que esse sentimento de acolhimento está associado a questões emocionais de afeto e cuidado que a figura materna lhe ofertou durante seu desenvolvimento físico e psíquico. Essa casa simbólica é parte integrante da construção do sujeito sobre sua identidade, sobre onde quem ele é e onde habita no mundo (Cervini, 1998; Freitas & Cunha, 2000).

Em relação ao alimento, este pode estar associado também à figura materna. A mãe é a primeira pessoa que oferece o alimento para o bebê assim que ele nasce por meio da amamentação. É ela quem nutre a criança, não só com o leite, mas também com a maneira como alimenta a criança (Dolto, 2006; Winnicott, 1999). Neste contexto, o alimento pode estar associado ao afeto entre os membros da família, principalmente entre o sujeito e sua mãe. Como esteve mais frequente no que se refere à presença nos desenhos coletados na amostra normativa, infere-se que a presença desse item indique um vínculo familiar saudável.

Salienta-se, por meio desses resultados encontrados, que mais pesquisas devem ser realizadas utilizando os itens de análise do KFD, considerando amostragens mais representativas, com estratos populacionais diversificados, de modo que o instrumento seja aprimorado, contribuindo cada vez mais para sua cientificidade.

 

Considerações Finais

A presente pesquisa tinha como objetivo principal contribuir para as evidências de validade do Desenho da Família Cinética, por meio do processo de validade discriminante. De um modo geral, pode-se concluir que o objetivo foi alcançado, uma vez que o instrumento investigado demonstrou ser capaz de discriminar grupos critério, por meio de parâmetros psicométricos. Os resultados permitiram ainda evidenciar que a variável sociodemográfica idade pode interferir nos escores dessa técnica projetiva gráfica. Ressalta-se ainda que, por meio das frequências e análises estatísticas de cada item de análise do Desenho da Família Cinética, foi possível verificar quais seriam os itens mais robustos e representativos, considerando a sociedade e momento atual. Porém, destacou-se sobre esse aspecto a necessidade de mais pesquisas com a folha de correção utilizada.

Por último, salienta-se que essas evidências de validade discriminante investigadas na presente pesquisa revelam que o instrumento pode ser interpretado como sendo um screening test, pois o fato dele distinguir grupos não revela de forma precisa quais seriam os problemas de ordem emocional que a criança possui, principalmente se estes têm relação direta com o vínculo familiar, apesar de ter sido verificada uma associação entre problemas de aprendizagem e a representação de vínculos conflituosos nos desenhos de crianças inseridas no grupo com essa condição clínica. Neste aspecto, pode-se afirmar que o Desenho da Família Cinética ainda necessita de estudos de validade, principalmente de conteúdo, antes de dar prosseguimento aos seus parâmetros normativos.

 

Agradecimentos

Não há menções.

Financiamento

Todas as fontes de financiamento para elaboração e produção do estudo (coleta, análise e interpretação dos dados, bem como, escrita dos resultados no presente no manuscrito) foram fornecidas pelo Programa 'PROSUP-CAPES' (a autora principal era bolsista).

Contribuições dos autores

Declaramos que todos os autores participaram da elaboração do manuscrito. Especificamente, as autoras Carolina Ferreira Barros Klumpp e Márcia Siqueira de Andrade participaram da redação inicial do estudo - conceitualização, investigação, visualização, os autores Carolina Ferreira Barros Klumpp, Marcelino Pereira e Manuela Vilar participaram da análise dos dados, e as autoras Márcia Siqueira de Andrade e Carolina Ferreira Barros Klumpp participaram da redação final do trabalho - revisão e edição.

Disponibilidade dos dados e materiais

Todos os dados e sintaxes gerados e analisados durante esta pesquisa serão tratados com total sigilo devido às exigências do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos. Porém, o conjunto de dados e sintaxes que apoiam as conclusões deste artigo estão disponíveis mediante razoável solicitação ao autor principal do estudo.

Conflito de interesses

Os autores declaram que não há conflitos de interesses.

 

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Endereço para correspondência:
Carolina Ferreira Barros Klumpp
Departamento de Pós-Graduação (Mestrado) em Educação da Universidade Ibirapuera
Av. Interlagos, 1329 - 4º - Chácara Flora
São Paulo - SP, 04661-100
E-mail: carolfbk@gmail.com
Telefone: (11) 5694-7900

Recebido em novembro de 2019
Aprovado em outubro de 2020

 

 

Sobre os autores
Carolina Ferreira Barros Klumpp é doutora em Psicologia Educacional (UNIFIEO). Atualmente, é docente de cursos de Pós-graduação (lato sensu) no Centro Universitário Adventista de São Paulo e consultora educacional em rede municipal de ensino.
Manuela Vilar é Professora Auxiliar da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra; membro colaborador do Center for Research in Neuropsychology and Cognitive and Behavioural Intervention (CINEICC/FPCE-UC)/ Network_Neuropsychological Assessment and Ageing Processes (NAAP); integra a equipa do PsyAssessmentLab [Psychological Assessment and Psychometrics Laboratory/FPCE-UC].
Marcelino Pereira é Professor Associado da Universidade de Coimbra na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, nela integra a equipa do PsyAssessmentLab e é membro do grupo de investigação NAAP do CINEICC, unidade de investigação da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Márcia Siqueira de Andrade é doutora em Psicologia da Educação (PUC). Atualmente, é docente do Programa de Stricto Sensu (Mestrado) em Educação da Universidade Ibirapuera-UNIB.
1 . Para obter a Folha de Correção do Desenho da Família Cinética favor entrar em contato com um dos autores.
Artigo derivado da tese de doutorado de Carolina Ferreira Barros Klumpp com orientação de Márcia Siqueira de Andrade, defendida em 2017 no programa de pós-graduação em Psicologia Educacional do Centro Universitário FIEO-UNIFIEO.

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