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Avaliação Psicológica

Print version ISSN 1677-0471On-line version ISSN 2175-3431

Aval. psicol. vol.20 no.3 Campinas July/Sept. 2021

http://dx.doi.org/10.15689/ap.2021.2003.20611.08 

ARTIGOS

 

Uma Revisão Integrativa da Literatura sobre os Erros de Percepção Sexual

 

An integrative review of the literature on sexual perception errors

 

Una revisión bibliográfica integradora sobre errores de percepción sexual

 

 

Estela Maris Nicz; Sidnei Rinaldo Priolo Filho; Pedro Afonso Cortêz

Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba - PR, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-6925-0671, https://orcid.org/0000-0003-1320-9674, https://orcid.org/0000-0003-0107-2033

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A Psicologia tem buscado compreender como ocorrem os processos de interesse e percepção sexual, contudo essa área ainda carece de estudos. Buscando compreender o estado da arte da área dos erros de percepção sexual, esta pesquisa realizou uma revisão integrativa da literatura utilizando o termo "sexual misperception" obtido do APA Thesaurus. Foram pesquisadas as bases PsycNet, Pubmed, Web of Science, Lilacs, Wiley e Sage Journals. Foram obtidos, ao final dos processos de inclusão e exclusão, 19 artigos. Foi observada uma concentração das pesquisas nos Estados Unidos, com foco nas diferenças de gênero na percepção sexual. Outras variáveis investigadas estavam relacionadas ao consumo de álcool e comportamentos violentos. Os resultados apontam para poucas pesquisas realizadas nos contextos concretos e com elevada utilização de amostras WEIRD (ocidentais, com alto grau de alto escolaridade, de sociedades industrializadas, ricas e democráticas), as quais devem inspirar estudos em outras realidades.

Palavras-chave: percepção sexual, revisão de literatura, diferenças de gênero


ABSTRACT

Psychology tries to understand how the processes of sexual interest and perception occur however this area still needs further investigation. Focusing on understanding the state of the art in the field of ​​sexual perception errors, we carried out a systematic review of the literature using the term sexual misperception obtained from the APA Thesaurus. We reviewed the following databases; PsycNET, PubMed, Web of Science, Lilacs, Wiley, and Sage Journals. After the inclusion and exclusion processes, we obtained 19 articles. Most studies were performed in the United States, with a focus on gender differences in sexual perception. Other variables investigated were alcohol consumption and violent behavior. We identified a small number of studies carried out in real contexts, using exclusively WEIRD (white, educated, industrialized, rich, and democratic) samples, which should inspire studies in other realities.

Keywords: sexual perception, literature review, gender differences.


RESUMEN

La psicología ha buscado comprender cómo ocurren los procesos de interés y percepción sexual, sin embargo, esta área aún carece de estudios. Buscando comprender el estado del arte en el campo de los errores de percepción sexual, esta investigación llevó a cabo una revisión integradora de la literatura, utilizando el término sexual misperception obtenido del APA Thesauros. Se realizaron búsquedas en las siguientes bases de datos: PsycNet, Pubmed, Web of Science , Lilacs, Wiley y Sage Journals. Al finalizar los procesos de inclusión y exclusión, se obtuvieron 19 artículos. Se observó una concentración de investigación en los Estados Unidos con enfoque en las diferencias de género en la percepción sexual. Otras variables investigadas fueron el consumo de alcohol y el comportamiento violento. Se identificó un pequeño número de investigaciones realizadas en contextos reales y con alto uso de muestras WEIRD (occidentales, con alto grado de educación, sociedades industrializadas, ricas y democráticas), que deberían inspirar estudios en otras realidades.

Palabras clave: percepción sexual, revisión de literatura, diferencias de género.


 

 

Os estudos sobre percepção sexual têm sido alvo da Psicologia Evolutiva desde seu princípio, estendendo-se até a atualidade (Abbey, 1982; Buss, 2019; Haselton, 2003; Mikulincer & Shaver, 2019; Perilloux & Kurzban, 2014; Trivers, 1972). Os impactos que a percepção sexual e eventuais equívocos interpretativos do interesse sexual ocasionam sobre os comportamentos de homens e mulheres vêm sendo investigados de diversas maneiras. Pesquisas foram realizadas com universitários e adultos de ambos os sexos com imagens, vinhetas e instrumentos validados. Contudo, há uma lacuna na literatura quanto ao estado da arte dessa área - bem como as principais metodologias de pesquisa e variáveis investigadas - que deve ser explorado para contribuir no desenvolvimento de relacionamentos saudáveis entre gêneros.

A percepção do interesse sexual não possui uma definição única, mas é majoritariamente compreendida como a decodificação dos sinais, comportamentos ou compreensões que um indivíduo faz do interesse sexual de outro (Abbey, 1982; Farris et al., 2008a, 2008b). Trata-se de um processo cognitivo para interpretar a probabilidade de as interações cotidianas serem indicativas de intenção sexual (Carmen & Dillon, 2019). Apesar da diversidade na área, a definição de Trivers (1972) é amplamente aceita como uma resposta dos indivíduos à discriminação e seleção de parceiros, é considerada uma tarefa mais criteriosa para as mulheres por fazerem um maior investimento parental nas crianças. Dessa forma, a percepção de interesse sexual dependeria das mensagens e sinais que homens emitiriam acerca da possibilidade de investimento parental em conjunto com a parceira (Buss, 2019).

A percepção sexual é relacionada à Psicologia Evolutiva e considerada um dos aspectos fundamentais das relações sociais e amorosas (Buss, 2019). Essa compreensão pode estar calcada na própria história do indivíduo e no ambiente cultural em que se encontra, o que faz com que alguns comportamentos possam ser compreendidos como de interesse em determinadas culturas e vistos como não relacionados ao interesse em outras (Haselton, 2003; Bendixen, 2014). O papel dos pesquisadores tem sido identificar comportamentos que seriam universais ou presentes na maioria das culturas, bem como detectar problemas relacionados à compreensão equivocada dos sinais.

Dessa forma, identificar as principais pesquisas e as respectivas variáveis de interesse deve auxiliar no processo verificação dos aspectos saudáveis dos relacionamentos humanos. Avaliar as variáveis de interesse e as diferenças e semelhanças entre os dados provenientes dos países amostrados pode auxiliar na compreensão do fenômeno psicológico do interesse sexual. Como a área de percepção sexual está em constante crescimento dentro da Psicologia Evolutiva, os autores definiram como objetivo deste trabalho realizar uma revisão integrativa das pesquisas empíricas que tratam da percepção sexual em pessoas heterossexuais, para investigar acerca do estado da arte dos erros da percepção do interesse sexual, as variáveis desse interesse e os dados provenientes dos países amostrados nos diferentes estudos.

 

Método

Fontes de Informação e Estratégias de Busca

As buscas utilizaram a palavra-chave "sexual misperception" em outubro de 2018 nas bases de dados PsycNet, Pubmed, Web of Science e Lilacs e em duas bibliotecas (Sage Journals e Wiley Library). A pergunta norteadora da revisão, conforme sugerido por Souza et al. (2010) foi: "Quais evidências empíricas a Psicologia possui sobre os erros de percepção sexual?". O termo "sexual misperception" foi utilizado por se usdo no Thesaurus da American Psychological Association (APA), tendo sido adotado, de maneira específica, por ser a palavra-chave definidora dessa temática. Com o objetivo de realizar uma revisão integrativa, os autores buscaram incluir o maior número possível de artigos na seleção inicial, a fim de evitar exclusões indevidas. A inclusão das bibliotecas permite obter maior amplitude de busca e interdisciplinaridade, considerando que essas bibliotecas sintetizam áreas de conhecimento correlatas ao tema da percepção sexual. Adicionalmente, optou-se pela adoção da revisão integrativa por ser considerada uma forma de revisão mais abrangente, que permite revisar e integrar evidências científicas de um determinado fenômeno (Whittemore & Knafl, 2005).

Critérios de Elegibilidade

Foram utilizados como critérios de inclusão artigos revisados por pares, em qualquer idioma e em qualquer ano de publicação. Capítulos de livros, anais de congresso e resumos não foram incluídos na análise final, sendo descartados na leitura inicial, uma vez que a busca visava apenas estudos científicos revisados por pares. Não foram selecionados trabalhos relacionados a revisões sistemáticas ou meta-análises sobre o tema, pela inexistência de trabalhos de revisão do estado da arte dessa área, o que torna o presente estudo integrativo ainda mais relevante, em especial, pelas transformações teóricas e avanços empíricos ocorridos nos últimos anos. Também não foram realizadas análises de vieses das pesquisas encontradas, uma vez que se priorizou uma perspectiva de revisão qualitativa e integrativa sobre o tema.

Seleção dos Estudos e Extração dos Dados

Todos os artigos selecionados investigavam a palavra-chave em algum aspecto. Após a inserção dela nas bases de dados, foram realizadas a leitura dos títulos dos artigos, sendo excluídos os não relacionados com a temática do trabalho. Em seguida, foram realizados os mesmos procedimentos para os resumos. Ao final, os artigos selecionados eram lidos em sua totalidade para a seleção final. O processo de seleção e extração dos dados foi conduzido por ao menos dois dos autores, sendo necessária a concordância de ambos com a inclusão ou exclusão dos artigos. Esse processo foi realizado de forma independente e, em casos de discordância, realizadas discussões pontuais sobre os artigos para tomada de decisão.

 

Resultados

A Figura 1 apresenta o diagrama contendo a seleção dos artigos por meio das bases de dados utilizadas. Conforme pode ser observado, na base APA PsycNet foram obtidos 16 artigos, após a leitura do título e resumo foram selecionados 13 trabalhos, três foram descartados, dentre os quais dois eram resumos de congressos e um estava fora do tema proposto. Do banco de dados da Sage foram selecionados 11 artigos, dois não diziam respeito ao tema, restando nove artigos relativos à temática. Na base Pubmed, foram encontrados e selecionados sete artigos, todos dentro do tema. A busca na Wiley obteve oito estudos, quatro foram selecionados e quatro eliminados por serem capítulos de livros. Por meio da busca da Web of Science foram obtidos 10 artigos, todos relativos à temática.

 

 

Nos bancos latino-americano e brasileiros, foram encontrados sete artigos no Lilacs, todos relacionados ao tema. Foi obtido um total de 59 artigos, 28 destes eram duplicados e nove foram eliminados na leitura complementar, restando o total de 22 artigos. Após a leitura completa e fichamento de todos os artigos, verificou-se duas revisões de literatura e um artigo em desacordo com a temática e o público-alvo proposto. Dessa forma, o total de artigos encontrados nesta revisão integrativa é de 19 artigos. A Tabela 1 apresenta os autores, ano de publicação, variáveis de interesse das pesquisas e país da amostra para cada um dos artigos relevantes.

Dentre os principais resultados, observou-se que as variáveis Diferenças de gênero e Diferenças individuais estavam presentes em todos dos artigos. A primeira variável refere-se a estudos que buscaram comparar diferenças entre homens e mulheres quanto ao interesse sexual e possíveis erros dessa classe de comportamentos. Enquanto as pesquisas sobre Diferenças individuais focaram em características que poderiam explicar os erros de percepção. Para grande parte dos estudos (73,6%), os homens superestimaram o interesse sexual das mulheres, enquanto as mulheres subestimaram o interesse sexual dos homens.

Igualmente, para a maior parte dos estudos, as consequências decorrentes do erro de percepção relacionam-se às diferenças individuais. Dependendo do temperamento e personalidade do sujeito, o erro de percepção do interesse sexual pode ser encarado de modo amigável ou com agressividade, podendo até mesmo desencadear condutas danosas.

Os resultados apontam que a maioria das pesquisas (80%) que trata do erro da percepção do interesse sexual foram realizadas nos Estados Unidos. Dos outros países, foram encontrados apenas dois estudos no Canadá (Hynie, et al., 2003; Benbouriche, et al., 2018), um na Noruega (Bendixen, 2014) e outro na Inglaterra (Howell, et al., 2012). Não existem estudos em países latino-americanos, o que implica que os resultados obtidos nessas pesquisas não necessariamente são generalizáveis para outras culturas, especialmente considerando as diferenças nas relações sociais e culturais dos países pesquisados, se comparados com a América Latina.

 

Discussão

De forma geral, somente é possível integrar as diferentes concepções, variáveis e estudos sobre os erros de percepção sexual ao compreendê-los em aspectos temáticos, uma vez que a literatura apresenta diferentes interfaces sobre o tema. Por essa razão, optou-se por discuti-los em função de grandes subseções, as quais abordam, respectivamente: 1) diferenças entre os gêneros, interesse sexual e fatores individuais; 2) fatores ambientais e 3) violência sexual. As seções a seguir discutem os resultados principais obtidos acerca das variáveis identificadas ao longo dos estudos da presente revisão, que culmina em uma agenda de pesquisa, investigação e atuação sobre o tema.

Diferenças entre os gêneros, interesse sexual e fatores individuais

A totalidade dos artigos selecionados de acordo com os critérios estabelecidos investigaram aspectos relacionados ao interesse sexual e a ocorrência de erro na percepção do interesse sexual. Esse equívoco pode se dar em grau de superestimação (alarme falso) ou subestimação (miss ou perda de oportunidade), aliado com a diferença entre os gêneros (Perilloux & Kurzban, 2014). A maioria dos estudos (73,6%) aponta que os homens tendem a superestimar a percepção das mulheres, enquanto as mulheres tendem a subestimar o interesse sexual dos homens, ou seja, muitos homens confundem amizade, cordialidade com interesse sexual (Perilloux, et al., 2012; Engeler & Raghubir, 2018). Aparentemente há um padrão que trespassa culturas relativo ao interesse e aos erros de percepção de interesse praticados mais comumente pelos homens. Importante destacar que, mesmo em uma cultura mais igualitária como a da Noruega, que possui um escore de Global Gender Gap Index - GGI (World Economic Forum, 2018) superior ao dos outros países, esse resultado foi replicado. Pesquisas com amostras latinas e de outras partes do mundo podem confirmar a universalidade desse fenômeno, o relacionando com aspectos de adaptação e evolução da espécie (Bendixen, 2014; Perilloux & Kurzban, 2014).

Essa superestimação do interesse sexual das mulheres pelos homens também pode ocorrer durante os relacionamentos amorosos (Treat & Viken, 2018). Contudo, o contrário não é observado, ou seja, as mulheres não superestimam os seus próprios interesses sexuais durante um relacionamento amoroso. Ao tratar sobre o interesse sexual, a maioria dos autores (84,6%) aponta para esse efeito conjunto entre a superestimação dos homens e a subestimação das mulheres, que podem levar a mal-entendidos problemáticos entre as intenções de parceiros que realmente desejam praticar sexo (Abbey, 1982; Farris et al., 2008; Perilloux & Kurzban, 2014).

Interessante observar que a percepção de interesse sexual e os sinais emitidos apresentam diferenças sutis em comportamentos específicos. Por exemplo, Hynie et al. (2003) apontaram que um homem carregando preservativos consigo não afetava o julgamento das pessoas sobre a suas intenções sexuais. Contudo, uma mulher de posse de preservativos era vista como mais disposta sexualmente e com maiores intenções de praticar sexo, quando comparada a uma mulher com os mesmos comportamentos, mas sem a posse de uma camisinha.

A maior parte das pesquisas foi realizada com jovens adultos (18 a 30 anos), em países industrializados, que estão em uma etapa do desenvolvimento de busca pelo parceiro estável em sua vida adulta (Hynie et al., 2003; Farris et al., 2006; Farris et al., 2008; Perilloux & Kurzban, 2014; Treat & Viken, 2018). Contudo, os padrões descritos também foram observados na pesquisa de Galperin e Haselton (2010) com uma amostra de idade mais alta, isto é, apesar dos indivíduos estarem em etapas do desenvolvimento distintas, esse padrão de comportamento masculino com maior quantidade de erros de percepção comparados as mulheres continuou a ocorrer.

Os fatores que favorecem a ocorrência do equívoco na percepção do interesse sexual advêm, principalmente, das diferenças individuais. A pesquisa mostrou que indivíduos que apresentam estilos de apego evitativos podem prever tendências motivacionais e cognitivas que, por sua vez, influenciam nos resultados pessoais e interpessoais por meio de uma variedade de comportamentos de interesse sexual (Hart & Howard, 2016).

Koenig et al. (2007) apontam que as diferenças entre os gêneros ocorrem também com pessoas que não estão envolvidas em relacionamentos amorosos. Dessa forma, homens que são amigos de mulheres em relacionamentos sociais, não amorosos, apresentam maior interesse sexual nas amigas e acreditam que elas possuem maior interesse sexual do que o reportado por elas. Esses autores ainda indicam que as mulheres também têm interesse sexual nesses amigos, contudo, em escala menor do que a percebida por eles. Assim não há uma condição binária de erro de percepção, mas sim matizes desse comportamento que dependem de sinais contextuais, individuais e históricos do sujeito envolvido na situação de interesse romântico.

Fatores Ambientais

As variáveis contextuais mais relacionadas com o interesse e o erro de percepção são o álcool, as roupas utilizadas pelo alvo do interesse, as atitudes sexuais e a intenção atribuída a elas e as estratégias de acasalamento do ponto de vista evolutivo (Farris et al., 2008; Treat & Viken, 2018). Algumas pesquisas focaram exclusivamente no consumo de álcool como a de Yeater et al. (2015) constatando que, em mulheres mais desinibidas e com maior número de parceiros sexuais, a presença de álcool foi associada significativamente à escolha de resposta mais aquiescentes às situações sexuais. No entanto, para as mulheres com baixa desinibição e aquelas com menor número de parceiros sexuais, a presença ou ausência de álcool não influenciou significativamente suas escolhas de respostas.

Testa et al. (2015), por sua vez, observaram que episódios de consumo de álcool aumentam as chances de sexo agressivo e não agressivo com um novo parceiro. Em contraste, ele não foi um preditor de agressividade envolvendo parceiros anteriores e diminuíam as chances de sexo não agressivo com esses parceiros antigos, sendo que o consumo diário não afetou a percepção sexual). Esses autores apontam que não há uma resposta simples para a avaliação de como o consumo de álcool poderia afetar o interesse e a percepção sexual, nem sobre como estaria relacionado com a agressão sexual. Todavia, os universitários utilizariam o álcool para facilitar relações sexuais com novos parceiros, podendo esse uso estar relacionado a uma diminuição da ansiedade, de inibições ou ainda a um aumento da impulsividade e comprometimento no julgamento de situações de risco.

O álcool aumentaria o risco de erros de percepção sexual, o que, por sua vez, poderia aumentar o risco de agressão sexual. A constatação do consumo do álcool como uma sugestão sexual alude que o álcool aumenta a probabilidade de a simpatia platônica de uma mulher ser interpretada pelo parceiro do sexo masculino como um sinal de interesse sexual (Farris et al., 2008).

Além disso, o modo como as mulheres se vestem também pode influenciar na percepção do interesse sexual. O erro em julgar o interesse sexual não aumentou com roupas provocantes, apenas os erros no julgamento simpatia (Farris et al., 2008). Porém, o estudo de Farris et al. (2006) aponta que roupas reveladoras ou sexy foram particularmente perturbadoras para homens sexualmente coercitivos, que podem ser particularmente propensos a uma "super percepção" da intenção sexual. A sensibilidade desses homens diminuía quando essas mulheres demonstravam afeto negativo e comprometiam a negociação sexual quando estas se vestiam provocativamente.

Farris, et al. (2010) buscaram verificar a interação entre roupas e consumo de bebidas alcoólicas e observaram que o álcool foi associado a uma mudança na sensibilidade e viés dos participantes na dimensão afetiva. A identificação dos participantes das diferenças de estilo de roupa não foi influenciada pelo álcool, tampouco a sensibilidade e a estimativa de viés para ele. Dessa forma, o consumo de álcool parece estar mais relacionado às próprias percepções e reações advindas delas, e não tão ligado aos aspectos contextuais para comportamentos sexuais não violentos.

A sensibilidade para amizade foi maior quando as mulheres se vestiam de forma conservadora, não provocativa (Farris et al., 2015). Quando o homem avaliava como congruente com a categoria de afeto a sensibilidade, isto é, os acertos quanto ao interesse feminino dependiam se a percepção sexual da parceira pelo homem condizia com o estilo da roupa feminina. Enfim, o tipo de afeto e estilo de vestuário influenciam o processamento masculino de pistas afetivas relevantes para o relacionamento amoroso e os homens que mostravam identificação empobrecida de pistas afetivas das potenciais parceiras, tinham maior influência de fatores contextuais não relacionados à afetividade, como o vestuário feminino (Farris et al., 2015). Esses autores apontam para um aspecto cultural relacionado a atitudes misóginas de homens, suas percepções e suscetibilidade à influência no estilo de vestir. Esse dado indica que diferentes contextos culturais presentes em que a vestimenta pode gerar interpretações equivocadas de interesse sexual por parte dos homens a partir de avaliações misóginas. Acredita-se que é fundamental a construção de pesquisas que confirmem essas hipóteses.

As inferências sexuais de pessoas sobre uma mulher podem ser influenciadas por outras variáveis contextuais não destacadas. O mero conhecimento de que ela está carregando um preservativo e essas impressões sobre esse evento podem exercer influência no julgamento das pessoas sobre seu comportamento sexual (Hynie et al., 2003).

A atratividade física foi investigada por Perilloux et al. (2012). Esse estudo sugere que as mulheres também percebem erroneamente o interesse dos homens. Homens considerados atraentes pelas mulheres subestimaram o interesse sexual destas, enquanto as mulheres atraentes tendem a ser mal interpretadas pelos homens, pois eles levam em consideração alguns traços de interesse sexual que as mulheres ignoram quando se avaliam. Encontrar parceiros de curto prazo é mais difícil para os homens do que para as mulheres, devido aos custos comportamentais envolvidos. Nesse sentido, a Teoria de Gerenciamento de Erros (EMT) ou Teoria dos Vieses Cognitivos destaca que as pressões seletivas teriam promovido a existência de respostas mais que proporcionais aos problemas enfrentados em razão dos custos e benefícios de erros de avaliação como falsos positivos ou falsos negativos (Haselton & Buss, 2000). Segundo a EMT, em relação à seleção de parceiros, para os homens um falso positivo sobre a receptividade de uma parceira em potencial significaria apenas a rejeição, enquanto um falso negativo significaria a perda da oportunidade de reprodução. Para as mulheres, um falso positivo sobre a sinalização correta de comprometimento futuro de um potencial parceiro poderia significar anos de investimento em um, ou mais, descendentes sem a ajuda de um parceiro, enquanto um falso negativo significaria apenas uma oportunidade perdida. Para os homens, os custos de uma oportunidade sexual perdida são maiores que os custos de um alarme falso.

Violência Sexual

Outro aspecto interessante encontrado nesta revisão é a estreita ligação entre o erro da percepção do interesse sexual e as condutas coercitivas sexuais, culminando em crimes sexuais. A vitimização é prevalente entre as mulheres em idade universitária, conforme destacam os estudos de Hynie et al. (2003) e Treat e Viken (2018). Um dos aspectos preocupantes observados por Hynie et al. (2003) foi que a alegação sexual de uma mulher era menos crível se ela estivesse carregando um preservativo.

Treat e Viken (2018) apontam que homens que relataram nenhuma história de coerção sexual ou agressão percebida, continuaram a declinar acentuadamente em face da resistência e sofrimento das mulheres, ou seja, mostraram níveis mais elevados de sensibilidade. Ao passo que homens que relataram perpetração de qualquer tentativa ou consumação de violação apresentaram declínios graduais nas suas classificações de sensibilidade em relação a parceira. Já os homens que relataram uma história de perpetração de estupro, tentado ou consumado, justificaram sua conduta de avanços sexuais em situações em que a mulher respondia positivamente a esse comportamento. Os homens com maior histórico de agressão também demonstravam mais preconceito aos seus pares amorosos.

Farris et al. (2006) apontam como essa percepção equivocada de homens sexualmente coercitivos deve ser um alvo dos programas de prevenção de agressão sexual. Esse fenômeno de erro de percepção e violência sexual tem apresentado relação com consentimento, uma das questões que gerou o movimento #MeToo (https://twitter.com/hashtag/MeToo). Embora o equívoco sexual não leve irrevogavelmente à agressão sexual, ele continua sendo um fator de risco significativo (Benbouriche et al., 2018).

Uma Agenda de Investigação e Atuação em Psicologia

Essas diferentes evidências demonstram que o erro na percepção sexual é uma temática relevante de investigação acadêmica, assim como têm impactos concretos nas realidades sociais, devendo ser, portanto, discutido e inserido no escopo de uma agenda de investigação e atuação da Psicologia. Nesse sentido, apresentam-se algumas ponderações que a integração da literatura ao longo da revisão possibilitou abarcar, conforme Tabela 2.

Nesse sentido, estudos sobre o tema no Brasil e América Latina devem partir do presente quadro como um panorama geral sobre os erros de percepção sexual, buscando apreender de forma mais específica esses efeitos em suas populações. Isso é importante, pois as amostras das pesquisas obtidas nessa revisão têm característica WEIRD (ocidentais, com alto grau de alto escolaridade, de sociedades industrializadas, ricas e democráticas). Henrich et al. (2010) apontam para essa incongruência nas amostragens das pesquisas atuais e da necessidade de coletas de dados que consigam compreender de maneira mais extensiva as diferenças entre os indivíduos. Observou-se que as diferenças de nacionalidade e etnias ou raça não foram avaliadas mais profundamente nos artigos encontrados.

Além disso, ressalta-se a um problema definidor do construto "erro de percepção sexual", restrita à sua presença ou ausência. As pesquisas ignoram que muitas vezes há sentimentos contraditórios na expressão e recepção de sinais de intenção sexual. Aspectos que requerem especial atenção empírica. Dos trabalhos extraídos, pode-se definir a percepção sexual como um processo de informação social em que as pistas sexuais e sociais podem ser percebidas e interpretadas para orientar o julgamento e tomada de decisões sobre a intenção sexual de outrem, desde o interesse precoce ou desinteresse até o consentimento. Como consequência, o equívoco sexual está atrelado à percepção errônea da intenção sexual de alguém, tanto do interesse sexual como do consentimento sexual. Essa definição e compreensão de erro de percepção sexual pode facilitar que estudos futuros apreendam de forma mais adequada os erros como um continuum, de forma a estratificar os impactos em consequências de maior e menor vulto, por exemplo.

Uma agenda de pesquisa deve incluir projetos que avaliem como o apego romântico pode favorecer a percepção e o interesse, pois, como apontado por Mikulincer e Shaver (2019), o sistema romântico envolve aspectos de apego romântico, aspectos biológicos e de modelagem na infância que interagem e afetam os comportamentos amorosos durante toda a vida. Farris et al. (2008) apontam que o afeto positivo e negativo, conjunto de respostas emocionais diante de eventos, tem efeito sob a percepção e o interesse, adicionalmente, as mulheres eram mais sensíveis que os homens ao distinguir tristeza e rejeição em fotografias. Isso demonstra a diferença de sensibilidade entre as categorias de afeto. Adicionalmente, pesquisas futuras devem buscar compreender como as relações entre consumo de álcool, percepção sexual e comportamento sexual podem trazer consequências negativas. Lacunas nessa literatura científica abrem oportunidades para novas formas de avaliação desse fenômeno, bem como uma compreensão que consiga identificar diferenças culturais.

Em uma perspectiva voltada à prática profissional que vise gerar orientações e intervenções sobre o tema, é importante destacar que a diferença entre os gêneros foi a variável mais relacionada com o interesse e o erro de percepção sexual, que também foi afetado pelas diferenças individuais, diferenças culturais e diferenças sociais. Nesse sentido, em um espectro prático, é importante manter uma perspectiva psicossocial e multinível sobre a questão, abrangendo, por exemplo, a personalidade, a ingestão de álcool, a autopercepção, a percepção de emoções, expressões faciais, sinais de afeto e estilos de apego dos indivíduos, as diferenças culturais e os estereótipos em uma dimensão cultural, além dos diferentes ritos e práticas psicossociais que perpassam a socialização em encontros amorosos e as própria definições de amizade e amor em contextos concretos. Ressalta-se ainda a importância da implementação de programas educacionais para a conscientização de jovens e adultos quanto aos limites inconscientes associados às variáveis encontradas, pois influenciam a percepção sexual e os erros derivados dela.

Observou-se ainda que a importante ligação entre o erro da percepção do interesse sexual e as condutas coercitivas sexuais favorecem a incidência de crimes sexuais, em sua maioria ligados às influências situacionais. Os referidos crimes e comportamentos violentos são mais pronunciados quando o alvo é feminino, sendo prevalente em idade universitária, atitudes e características individuais como a desinibição e simpatia, vestimenta mais relevadora, porte de preservativo, podem ser interpretadas como sinônimo de interesse sexual (Farris et al., 2006; Farris et al., 2008; Hynie et al., 2003; Yeater et al., 2015; Testa et al., 2015; Treat et al., 2015; Treat & Viken. 2018; Benbouriche et al., 2018). Embora o equívoco da percepção do interesse sexual não possa passar de mero aborrecimento e não levar à agressão sexual, ele continua sendo um fator de risco significativo, principalmente nas sociedades patriarcais. Nessa dimensão, é relevante que tais evidências sejam consideradas ao se formular investigações, políticas e estratégias de segurança pública, as quais podem ser delineadas ao foco de erro na percepção de interesse sexual de forma direta ou por meio de temas correlatos, como o feminicídio, femicídio, bullying, agressão moral, stalking, machismo, feminismo, sexismo, misandria, assédio sexual em diferentes contextos.

Em uma perspectiva teórico-epistemológica para investigações ulteriores, destaca-se que a concentração dos estudos em aspectos evolucionistas e cognitivos dos participantes tem sido de extrema valia na construção do conhecimento dessa área, contudo uma abordagem complementar por meio de aspectos históricos, culturais e psicossociais dos temas associados com os erros de percepção sexual pode ser útil ao aprimoramento dos impactos dos estudos delineados futuramente. Nessa seara, os estudos devem atuar na compreensão dos vieses de gênero, bem como na identificação da formação da feminilidade e da masculinidade na sociedade.

No aspecto instrumental, existe possibilidade de desenvolvimento de medida para avaliação expandida sobre o tema que integra cognições e aspectos psicossociais, podendo ser destacadas as alternativas geradas por Murta et al. (2016) que aplicou a Escala de Significados da Masculinidade para Adolescentes; Oransky e Fisher (2009) que avalia o endosso normas tradicionais de papeis de gênero masculino. Compreender como essas visões da masculinidade afetam a percepção do interesse sexual pode auxiliar a compreensão mais ampla do fenômeno, o que, por sua vez, demanda pela elaboração e adaptação de medidas apropriadas aos contextos que se pretende avaliar.

 

Considerações Finais

Pela perspectiva integrativa apresentada, urge a necessidade de estudos em contextos concretos, delineados de forma ampla ao integrar elementos psicológicos, culturais e ambientais para que se possa maximizar a validade ecológica dos estudos sobre o tema e, por conseguinte, os impactos gerados em contextos reais. Ademais, em decorrência do elevado número de estudos na literatura internacional e da ausência de pesquisas nas realidades latino-americanas, faz-se ainda mais importante que esses estudos sejam delineados ao se considerar a realidade e população dessas localidades. Um aspecto importante a ser considerado nesses estudos futuros é que, com o aumento de movimentos sociais sobre o tema, a percepção sexual e erros derivados desse processo se torna cada vez mais local e contingencial, demandando por investigações e práticas que deem conta desse aspecto para que, efetivamente, possam contribuir ao contexto que se pretende explicar e intervir.

Nesse sentido, a principal contribuição do corrente estudo se situa na apresentação das variáveis e efeitos associados aos erros de percepção sexual de forma integrada, o que possibilitou derivar um quadro integrativo de pesquisa, intervenção, conceitualização e operacionalização desse processo de forma individual, cultural e situacional. Uma limitação do presente estudo é o uso da palavra-chave "sexual misperception" como único descritor, o que maximizou a compreensão específica desse fenômeno, mas pode ter diminuído a amplitude da revisão sobre temas correlatos. Assim, estudos futuros que integrem termos associados ao tema podem aprimorar uma compreensão mais expandida dessa variável.

Ademais, estudos futuros sobre o tema devem integrar os aspectos destacados nessa revisão para otimizar o impacto oferecido à questão de forma concreta. A revisão permite integrar um quadro geral em que os erros na percepção sexual apresentam diferenças entre gêneros, sendo afetados também por fatores individuais e contextuais. Assim, a contínua exploração desses fatores de forma conjunta pode favorecer a formulação de instrumentos e práticas que avaliem de que maneira a percepção sexual e os vieses dela decorrentes incidem em atratividade ou violência sexual. Isso pode facilitar, por fim, a formulação de investigações, políticas e práticas ulteriores que favoreçam relacionamentos interpessoais positivos e previnam a ocorrência de relações abusivas. Dessa feita, compreende-se que o objetivo desta revisão foi cumprido ao apresentar e integrar as pesquisas sobre erros na percepção sexual.

 

Agradecimentos

Não há menções.

Financiamento

Todas as fontes de financiamento para elaboração e produção do estudo (coleta, análise e interpretação dos dados, bem como, escrita dos resultados no presente no manuscrito) foram fornecidas pelo projeto de pesquisa 'código do financiamento 001' e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - BRASIL (CAPES).

Contribuições dos autores

Declaramos que todos os autores participaram da elaboração do manuscrito. Especificamente, o(s) autor(es) Estela Maris Nicz e Sidnei Rinaldo Priolo Filho participaram da redação inicial do estudo - conceitualização, investigação, visualização, os autores Estela Maris Nicz, Pedro Afonso Cortêz e Sidnei Rinaldo Priolo Filho participaram da análise dos dados e da redação final do trabalho - revisão e edição.

Disponibilidade dos dados e materiais

Todos os dados e sintaxes gerados e analisados durante esta pesquisa serão tratados com total sigilo devido às exigências do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos. Porém, o conjunto de dados e sintaxes que apoiam as conclusões deste artigo estão disponíveis mediante razoável solicitação ao autor principal do estudo.

Conflito de interesses

Os autores declaram que não há conflitos de interesses.

 

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Endereço para correspondência:
Estela Maris Nicz
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia Forense, Universidade Tuiuti do Paraná
Rua Sydnei Antônio Rangel Santos, 238 - Santo Inácio
Curitiba - PR, 82010-330- Brasil
E-mail: estela_nicz@hotmail.com

Recebido em maio de 2020
Aceito em março de 2021

 

 

Artigo derivado da dissertação de mestrado da Estela Maris Nicz com orientação de Sidnei Rinaldo Priolo Filho, defendida em 2020 no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia Forense da Universidade Tuiuti do Paraná.
Sobre os autores:
Pedro Afonso Cortêz é psicólogo (UFU - Uberlândia, Brasil), doutor em Psicologia pela Universidade São Francisco (USF - Campinas, Brasil) com período sanduíche no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE IUL - Lisboa, Portugal). Atualmente, é Professor Adjunto no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP - São Paulo, Brasil).
Sidnei Priolo Filho é psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Atualmente é Professor no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Psicologia Forense da Universidade Tuiuti do Paraná em Curitiba.
Estela Maris Nicz é bacharel em Direito (ISULPAR - Paranaguá, Brasil), mestra em Psicologia, área de concentração Psicologia Forense, pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP - Curitiba, Brasil). Atualmente, é advogada e professora no Curso de Graduação em Direito do Instituto Superior do Litoral do Paraná (ISULPAR - Paranaguá, Brasil).

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