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Avaliação Psicológica

Print version ISSN 1677-0471On-line version ISSN 2175-3431

Aval. psicol. vol.20 no.4 Campinas Oct./Dec. 2021

http://dx.doi.org/10.15689/ap.2021.2004.21963.09 

ARTIGOS

 

Indecisão e Maturidade Vocacional, Autoeficácia e Personalidade em Adolescentes Com e Sem Superdotação

 

Vocational and Maturity Indecision, Self-Efficacy, and Personality in Gifted and Non-Gifted Adolescents

 

Indecisión y Madurez Vocacional, Autoeficacia y Personalidad en Adolescentes Superdotados y No Superdotados

 

 

Vera Alice Pereira SilvaI; Dalton Breno CostaII; Marianne FarinaIII; Manoela Ziebell de OliveiraIII; Tatiana Quarti IrigarayIII

IPontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-2205-5892
IIUniversidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Porto Alegre, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-8167-1513
IIIPontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil. https://orcid.org/0000-0003-2496-7411, https://orcid.org/0000-0003-0243-5115, https://orcid.org/0000-0002-3078-4219

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo deste estudo foi comparar as características sociodemográficas, nível de indecisão vocacional (EIV), autoeficácia geral percebida (EAGP), personalidade (BFP) e maturidade para a escolha profissional (EMEP) de adolescentes com e sem superdotação. A amostra foi composta por 31 adolescentes com idade média de 16,29 anos (DP = 1,21), 12 com superdotação e 19 sem superdotação. Os superdotados foram recrutados em um Núcleo Estadual de Altas Habilidades/Superdotação e os sem superdotação em uma escola particular. Os dois grupos de adolescentes responderam os mesmos instrumentos: ficha de dados sociodemográficos, EMEP, EIV, BFP e EAGP. Os sem superdotação apresentaram menores níveis de autoeficácia (EAGP) e maiores níveis de neuroticismo (BFP) e responsabilidade (EMEP). Já os adolescentes com superdotação obtiveram maiores níveis de realização (BFP), autoeficácia (EAGP), determinação (EMEP), extroversão e abertura (BFP) e autoconhecimento (EMEP). Os resultados contribuem para que orientadores profissionais e de carreira desenhem intervenções mais assertivas para adolescentes superdotados.

Palavras-chave: autoeficácia; educação vocacional; personalidade; avaliação; aprendizagem.


ABSTRACT

The aim of the study was to compare the sociodemographic characteristics, level of vocational indecision (EIV), perceived general self-efficacy (EAGP), personality (BFP) and maturity for professional choice (EMEP), of adolescents with and without giftedness. The sample consisted of 31 adolescents with a mean age of 16.29 years (SD = 1.21), 12 with giftedness and 19 without. The gifted students were recruited from a State Center for High Skills/Giftedness and the non-gifted students from a private school. The two groups of adolescents answered the same instruments, including a sociodemographic data form, the EMEP, EIV, BFP and EAGP. The non-gifted students presented lower levels of self-efficacy (EAGP) and higher levels of neuroticism (BFP) and responsibility (EMEP). The gifted adolescents presented higher levels of achievement (BFP), self-efficacy (EAGP), determination (EMEP), extraversion and openness (BFP), and self-knowledge (EMEP). The results can help professional and career counselors to design more assertive actions for gifted adolescents.

Keywords: self-efficacy; vocational education; personality; assessment; learning.


RESUMEN

El objetivo del estudio fue comparar las características sociodemográficas, nivel de indecisión vocacional (EIV), autoeficacia general percibida (EAGP), personalidad (BFP) y madurez para la elección profesional (EMEP), de adolescentes con y sin superdotación. La muestra se compuso por 31 adolescentes con una edad media de 16,29 años (DS = 1,21), 12 con superdotación y 19 sin superdotación. Los superdotados fueron reclutados de un Centro Estatal de Altas Habilidades/Superdotación y aquellos sin superdotación de una escuela privada. Los dos grupos de adolescentes respondieron los mismos instrumentos: ficha sociodemográfica, EMEP, EIV, BFP y EAGP. Los niveles más bajos de autoeficacia (EAGP) y niveles más altos de neuroticismo (BFP) y responsabilidad (EMEP). Los adolescentes superdotados, por su parte, tenían niveles más altos de logro (BFP), autoeficacia (EAGP), determinación (EMEP), extraversión y apertura (BFP) y autoconocimiento (EMEP). Los resultados ayudan a los consejeros profesionales y de carrera a diseñar acciones más asertivas para los adolescentes superdotados.

Palabras-clave: autoeficacia; educación vocacional; personalidade; evaluación; aprendizaje.


 

 

A adolescência compreende o período que ocorre entre os 10 e 20 anos, sendo caracterizada por intensas mudanças biológicas, psicológicas e sociais (Silva et al., 2016). Por esse motivo, trata-se de uma fase potencialmente estressante e inclusive, pensando em suas primeiras escolhas para a vida adulta, como a de sua atividade profissional (Silva et al., 2021).

Em face de uma escolha tão impactante, é comum que os adolescentes apresentem dúvidas e questionamentos sobre si mesmos e sobre o amplo universo das profissões (Campos & Noronha, 2016). Como o adolescente está desenvolvendo a sua identidade ocupacional, a escolha da profissão implica, não somente numa forma de trabalho, mas sim a consolidação de sua construção identitária (Duarte et al., 2010; Guichard, 2015). A literatura aborda que as dificuldades na tomada de decisão de carreira são a demanda mais recorrente nos serviços de orientação profissional e de carreira, bem como estão relacionadas aos obstáculos que o indivíduo antecipa que precisará enfrentar durante o processo de tomada de decisão (Vale, & Silva, 2019).

A indecisão vocacional surgida na adolescência pode dificultar a tomada de decisão em relação a profissão a seguir (Ambiel, & Hernández, 2016). Conforme Campos e Noronha (2016), essa característica é mais presente em indivíduos pessimistas, o que sugere que adolescentes mais seguros estão mais preparados para realizar a escolha por uma profissão. Também, há evidências de que a alta indecisão vocacional tem relação com menores escores de autoeficácia para escolha profissional e exploração de si mesmo (Ambiel, & Hernández, 2016).

A autoeficácia, outro construto importante nos processos de decisão de carreira, é compreendida como as crenças que o indivíduo tem sobre sua capacidade de organizar, desenvolver e realizar algo para alcançar metas e realizações (Bandura, 1977).

A literatura científica da área de orientação profissional e de carreira vem demonstrando que os fatores de personalidade do indivíduo também têm relação com a escolha profissional (Ambiel, & Noronha, 2016; Ourique, & Teixeira, 2012). Um estudo realizado com uma amostra de 308 estudantes com idades entre 14 e 26 anos evidenciou que os fatores de personalidade extroversão, amabilidade e realização foram os principais preditores de autoeficácia da escolha profissional. Outro trabalho apontou uma relação negativa entre neuroticismo e autoeficácia profissional. Além disso, verificou que a extroversão e a realização se correlacionavam de maneira positiva com autoeficácia profissional (Ourique, & Teixeira, 2012).

De acordo com o exposto, é possível compreender que muitas variáveis estão envolvidas no processo de escolha vocacional da maioria dos adolescentes. Observa-se que a literatura da área vem se ocupando de identificar essas variáveis e descrever sua relação com a tomada de decisão de carreira. Segundo uma revisão de artigos nacionais da área publicados entre 2011 e 2015 (Ambiel et al., 2017), os adolescentes são o terceiro grupo mais pesquisado pelos orientadores profissionais de carreira, constituindo a amostra da maioria dos estudos analisados (45% dos estudos investigaram alunos de ensino médio e 10% investigaram grupos de adolescentes, sem outra especificação). Apesar desse achado, o estudo não fez referência a nenhuma investigação com amostras de estudantes com superdotação. Assim, propôs-se a seguinte questão de pesquisa: será que existem diferenças entre aspectos psicológicos e o comportamento vocacional de adolescentes com e sem superdotação?

As altas habilidades ou superdotação (AH/SD) são os termos utilizados no Brasil para se referir às pessoas que possuem inteligência acima da média, destacando-se pelo seu elevado nível de desempenho e cognição (Brasil, 2008; Souza et al., 2020). Indivíduos com AH/SD possuem fatores de personalidade que favorecem o desenvolvimento de suas capacidades, como abertura para novas experiências, autonomia, flexibilidade cognitiva e curiosidade (Fonseca, 2019). Por outro lado, características como o perfeccionismo, podem interferir no desenvolvimento da autoeficácia do superdotado (Ventura, & Noronha, 2014). Ademais, crianças e adolescentes com AH/SD precisam de auxílio para o estímulo correto de suas habilidades, pois têm talentos e formas diferentes de se desenvolverem (Bastos et al., 2016).

Sabe-se que o adolescente superdotado precisa ser estimulado para que consiga fazer sua decisão profissional levando em conta suas facilidades (Camargo, 2020). A literatura mostra que ser superdotado ou talentoso pode representar uma dificuldade adicional para o adolescente na hora da escolha profissional (Moreira, & Ambiel, 2018). Isso se deve ao fato de esses indivíduos demonstrarem facilidades em áreas combinadas, o que pode levá-los a vivenciarem momentos de dúvida e medo quanto a uma tomada de decisão equivocada (Souza et al., 2020).

O presente artigo teve como principal objetivo comparar as características sociodemográficas, o nível de indecisão vocacional, a maturidade para a escolha profissional, a autoeficácia geral percebida e os fatores de personalidade entre adolescentes com e sem superdotação. Além disso, buscou verificar se existiam associações entre as características sociodemográficas, nível de indecisão vocacional, maturidade para escolha profissional, autoeficácia geral percebida e fatores de personalidade entre adolescentes com e sem superdotação. Ao ser identificado os fatores psicológicos e comportamentais de adolescentes com e sem superdotação relacionados ao processo de indecisão e maturidade vocacional para a escolha profissional, intervenções poderão ser delineadas de acordo com as características específicas de cada grupo.

Conforme revisão da literatura realizada, hipotetiza-se com este artigo que: H1) os adolescentes com superdotação apresentarão níveis mais altos de autoeficácia, extroversão, abertura à experiência e de indecisão vocacional, comparados com os adolescentes sem superdotação; H2) a indecisão vocacional irá se correlacionar com os fatores de personalidade neuroticismo (positivo), extroversão (negativa) e realização (negativa) e autoeficácia (negativa).

 

Método

Participantes

A amostra foi composta por 31 adolescentes, sendo 19 sem superdotação e 12 com superdotação, com média de idade de 16,29 (DP = 1,21) anos. Os adolescentes superdotados foram recrutados na rede pública de ensino de Rio Branco, no Acre, Brasil, e identificados como superdotados pelo Núcleo de Atividades para Altas Habilidades/Superdotação (NAAH/S). Os adolescentes sem superdotação foram recrutados por conveniência, em uma escola particular.

A amostra inicial de superdotados foi composta por 30 adolescentes, porém destes, somente 12 concluíram o processo de coleta de dados. A amostra inicial de adolescentes sem superdotação englobou 40 adolescentes, proveniente de uma escola da rede pública do norte do país. No entanto, essa amostra foi excluída por não ter sido possível concluir todo o processo de coleta de dados devido ao adiantamento do término do ano letivo pela escola. Devido a essa situação atípica, buscou-se adolescentes sem superdotação em uma escola particular, pois essa mantinha o calendário normalmente sem adiantamento do término do ano letivo. O grupo sem superdotação foi composto inicialmente por 30 adolescentes, sendo que 19 concluíram o processo de coleta de dados.

Os critérios de inclusão dos adolescentes com diagnóstico de superdotação foram os seguintes: a) adolescentes com idades entre 13 e 20 anos; b) estar cursando o segundo ou o terceiro ano do ensino médio em escola pública na cidade de Rio Branco no Acre e c) ter o diagnóstico de superdotação pelo NAAH/S. Os critérios de inclusão para os adolescentes sem diagnóstico de superdotação foram os seguintes: a) adolescentes com idades entre 13 e 20 anos; b) estar cursando o segundo ou o terceiro ano do ensino médio em escola pública ou privada na cidade de Rio Branco e c) sem diagnóstico de superdotação pelo NAAH/S. O critério de exclusão adotado foi o seguinte: a) não concluir a aplicação de todos os instrumentos.

Instrumentos

O questionário de dados sociodemográficos investigou as seguintes variáveis: idade, sexo, raça, escolaridade dos pais, estado civil dos pais, profissão dos pais, tipo de habilidade identificada, contribuição da escola, dos pais e amigos para a escolha profissional e autoimagem. Também, foi administrado o Critério de Classificação Socioeconômica (Brasil) que avalia o nível socioeconômico e o grau de instrução de chefe de família, de acordo com o sistema de pontos do Critério Brasil (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, 2015).

A Escala de Maturidade para Escolha Profissional (EMEP) mensurou o nível de maturidade para a escolha profissional, detectando os aspectos mais e menos desenvolvidos. A EMEP é composta de cinco subescalas: Determinação, Responsabilidade, Independência, Autoconhecimento e Conhecimento da realidade educativa e socioprofissional. A escala total é composta por 45 itens, sendo que 23 são positivos (indicando maturidade) e 22 são negativos (indicando imaturidade). A escala total alcançou um nível elevado de consistência interna, com o coeficiente alfa de Cronbach de 0,91 (Neiva, 1999).

A Escala de Indecisão Vocacional (EIV) é constituída por sete itens com respostas tipo Likert de 5 pontos (1 = "a frase é totalmente falsa a seu respeito" e 5 = "a frase é totalmente verdadeira a seu respeito"), sendo que pontuações mais altas indicam maior grau de indecisão. A EIV avaliou o sentimento de dúvida e insegurança frente à escolha profissional. A escala apresenta bom nível de consistência interna, com o alfa de Cronbach de 0,86 (Teixeira, & Magalhães, 2001).

A Bateria Fatorial de Personalidade (BFP) é um instrumento psicológico construído para avaliar a personalidade por meio do modelo do Big Five. O BFP possui 126 itens, respondidos em escala de 1 a 7 pontos, na qual o indivíduo indica qual das pontuações quantifica melhor as afirmativas. O alfa de Cronbach de cada fator: 0,89 Neuroticismo; 0,84 Extroversão; 0,85 Socialização; 0,83 Realização e 0,74 Abertura (Nunes et al., 2010).

A Escala de Autoeficácia Geral Percebida (EAGP) trata-se de uma escala de autorrelato de 10 itens, que avalia a autoeficácia percebida. Os itens da escala são respondidos em formato Likert, com as seguintes opções de respostas: 1 = "Não é verdade a meu respeito"; 2 = "É dificilmente verdade a meu respeito"; 3 = "É moderadamente verdade a meu respeito" e 4 = "É totalmente verdade a meu respeito". A soma das respostas gera um escore total, assim, quanto maior o escore, maior o nível de autoeficácia. O alfa de Cronbach da escala foi de 0,85 (Sbicigo et al., 2012).

Procedimentos

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS (CEP-PUCRS) sob o número CAEE: 73999317.9.0000.5336, sendo respeitados todos os procedimentos de acordo com as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo Seres Humanos (Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde). Após a sua aprovação, foram realizados os contatos com o NAAH/S para indicação de alunos superdotados e com as escolas da rede de ensino para indicação de adolescentes, por meio de contatos telefônicos.

A seguir, foi realizado um encontro com os pais dos alunos superdotados e com os pais dos alunos sem superdotação para explicação dos procedimentos da pesquisa. Àqueles que aceitaram a participação dos filhos na pesquisa, preencheram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Em seguida, os alunos que concordaram e que tinham menos de 18 anos de idade, assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE). Os alunos que tinham 18 anos ou mais preencheram e assinaram o TCLE e, após, responderam individualmente aos instrumentos.

Aos participantes, foi garantido sigilo quanto a sua identidade e a possibilidade de desistência da pesquisa a qualquer momento, caso desejassem. Além disso, foi dada devolução dos resultados aos participantes. Quando detectada necessidade de atendimento psicológico, o adolescente foi encaminhado ao Serviço de Psicologia da Faculdade Barão do Rio Branco (FAB), Acre, instituição parceira.

Os instrumentos foram aplicados coletivamente, porém respondidos individualmente, em grupos com até cinco participantes. As avaliações foram realizadas no Serviço Aplicado de Psicologia da FAB com os superdotados. Os adolescentes sem superdotação foram avaliados em uma sala de aula da própria escola. A coleta de dados foi conduzida por uma psicóloga, com experiência e formação teórica na área de orientação profissional, juntamente com dois estagiários de psicologia, previamente treinados.

Os adolescentes com e sem superdotação responderam aos mesmos instrumentos em um encontro com duração total de duas horas. Foram aplicados os instrumentos na seguinte ordem: questionário de dados sociodemográfico, critério de classificação Brasil (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, 2015), EMEP (Neiva, 1999), EIV (Teixeira, & Magalhães, 2001), BFP (Nunes et al., 2010) e EAGP (Schwarzer, & Jerusalém, 1995).

Análise de Dados

Os dados foram organizados e analisados por meio do programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 22. Os resultados foram analisados por meio de frequências absolutas (n) e relativas (%) para variáveis qualitativas e por média e desvio padrão para variáveis quantitativas. Para verificar se tinha diferença significativa entre o grupo com e sem superdotação, utilizou-se teste de Mann-Whitney e o teste Qui-quadrado. Para analisar se tinham correlações entre as variáveis, utilizou-se Correlação de Spearman.

 

Resultados

A média de idade dos adolescentes com superdotação foi de 16,83 anos (DP = 1,74) e sem superdotação foi de 15,95 anos (DP = 0,52). Por meio do teste de Mann-Whitney pode-se verificar uma diferença significativa entre os adolescentes em relação a idade (z = -2,43; p = 0,02), sendo que os participantes com superdotação eram mais velhos. Nas demais variáveis contínuas não foram observadas diferenças significativas entre os grupos com e sem superdotação.

Na Tabela 1 são apresentadas as características sociodemográficas dos participantes e as diferenças entre os grupos com e sem superdotação. Não foi identificada nenhuma diferença significativa entre os grupos em relação a essas variáveis, exceto em relação à idade, por meio do teste do Qui-quadrado.

Na Tabela 2, apresenta-se o desempenho de cada grupo por meio do teste de U de Mann-Whitney. Os resultados mostraram que os grupos se diferenciaram de forma significativa nos fatores de personalidade neuroticismo e realização, sendo o grupo sem superdotação com maiores níveis de neuroticismo e o grupo com superdotação com maiores níveis de realização. Os grupos se diferenciaram também no que se refere aos níveis de autoeficácia geral percebida, sendo que o grupo com superdotação apresentou maiores níveis de autoeficácia em relação ao grupo sem superdotação. Nos outros testes, os grupos não apresentaram diferenças significativas nos escores finais.

A Tabela 3 apresenta, por meio do teste exato de Fischer, as correlações entre o nível de indecisão vocacional e a maturidade para escolha profissional com as variáveis sociodemográficas, autoeficácia geral percebida e fatores de personalidade entre os grupos com e sem superdotação. Ao averiguar se a realização de orientação profissional para adolescentes diminuiria as dúvidas e inseguranças frente a escolha profissional, verificou-se uma relação forte e positiva, no grupo com superdotação, entre a determinação e o fator de personalidade extroversão. Os superdotados apresentaram maiores níveis de determinação e de extroversão em comparação aos sem superdotação.

O grupo com superdotação também apresentou uma correlação forte e positiva entre autoconhecimento e o fator de personalidade abertura, assim, os adolescentes superdotados demonstraram maiores níveis de autoconhecimento e maiores níveis de abertura, em relação ao grupo sem dotação. Por outro lado, o grupo sem superdotação apresentou correlação moderada e negativa com responsabilidade e autoeficácia geral percebida. Assim, os adolescentes sem superdotação apresentam maiores níveis de responsabilidade e menores níveis de autoeficácia em comparação aos superdotados.

 

Discussão

Este artigo buscou verificar e comparar se existiam associações entre as características sociodemográficas, o nível de indecisão vocacional, a maturidade para escolha profissional, a autoeficácia geral percebida e os fatores de personalidade entre adolescentes com e sem superdotação. Os resultados apontaram que não há diferença significativa na maioria das características sociodemográficas entre adolescentes com e sem superdotação, exceto na idade. Os adolescentes superdotados eram mais velhos do que os sem superdotação. Resultado semelhante foi encontrado em outro estudo que investigou as características socioemocionais de estudantes com e sem superdotação (Lamas, & Barbosa, 2015). Os autores não encontraram diferenças significativas entre os grupos em relação ao sexo, idade, cor/raça, classe econômica, escolaridade do pai e da mãe.

Em relação aos fatores de personalidade, observou-se que os adolescentes sem superdotação apresentaram maiores níveis de neuroticismo, ou seja, tinham maior propensão à vulnerabilidade, à instabilidade emocional, à passividade, à falta de energia e depressão, em comparação aos superdotados. Ao investigar a respeito da ruminação e neuroticismo, o estudo de Zanon et al. (2012) com 361 jovens observou que está associado ao uso de formas ineficientes de enfrentamento das dificuldades, levando os jovens a se perceberem como incapazes ou sem condições ideais para enfrentar as adversidades.

Os fatores de personalidade abertura e neuroticismo podem estar relacionados a indecisão vocacional (Ambiel et al., 2018). Ao analisar 237 estudantes do ensino médio de uma escola pública do interior de São Paulo, os autores observaram que os adolescentes que possuíam maior estabilidade emocional eram os mais decididos com relação a sua escolha profissional, em comparação àqueles que apresentavam maiores níveis de ansiedade e/ou depressão, que são fatores presentes no neuroticismo. Em contrapartida, outro estudo realizado com 211 estudantes do ensino médio de uma escola particular do interior de São Paulo não identificou associação entre o neuroticismo e interesse profissional e/ou habilidade cognitiva (Nunes, & Noronha, 2009).

Os adolescentes com superdotação obtiveram maiores níveis de realização, ou seja, poderiam estar se sentindo mais independentes em relação à opinião e a aceitação de outros indivíduos. Também demonstraram ter autoestima mais elevada em comparação aos adolescentes sem superdotação. Resultados semelhantes foram observados no estudo de Lamas e Barbosa (2015), que avaliaram 275 estudantes de quatro escolas de Minas Gerais, 25 dos quais possuíam fatores de dotação e talento e valorizavam mais a realização do que os alunos do grupo sem superdotação.

Também foi observado que os grupos com e sem superdotação se diferenciaram em relação aos níveis de autoeficácia geral percebida, que é um dos construtos importantes a serem investigados em orientação profissional (Ambiel, 2010; Ventura & Noronha, 2014). A autoeficácia permite a verificação das expectativas e interesses positivos que norteiam a escolha profissional, bem como a crença da autoeficácia do adolescente em relação à sua capacidade em realizar ações com controle e sucesso (Bandura, 1977; Vieira, & Coimbra, 2006).

No presente estudo, os adolescentes com superdotação apresentaram maiores níveis de autoeficácia em comparação aos sem superdotação. Assim, compreende-se que os superdotados conseguem identificar melhor as suas capacidades e assim utilizá-las para atingir determinada performance ou objetivo (Costa-Lobo et al., 2016; Zimmerman, & Cleary, 2006). Possuir confiança em suas habilidades e não a expectativa do sucesso também foram fatores observados por Willard-Holt (2008), ao avaliar mulheres superdotadas, que se tornaram professoras.

Foi observado que alunas superdotadas, que frequentavam o ensino regular de uma mesma escola apresentavam maior nível de autopercepção, crença de independência, assertividade e confiança, também possuíam maior nível de motivação para a realização e se interessavam por profissões não tradicionais (Mendez, 2000). Pode-se entender que a autoeficácia é uma capacidade autorreflexiva, pois envolve as crenças do indivíduo sobre si, podendo, portanto, influenciar em suas escolhas, metas e na quantidade de esforço utilizado para alcançar os seus objetivos (Ambiel, & Hernández, 2016; Costa-Lobo et al., 2016).

Ainda, no presente artigo, verificou-se que os adolescentes superdotados apresentaram maiores níveis de determinação, extroversão, autoconhecimento e de abertura em relação ao grupo sem dotação. Por outro lado, o grupo sem superdotação apresentou maiores níveis de responsabilidade e menores níveis de autoeficácia em comparação aos superdotados. Esses resultados podem estar relacionados à maturidade para a escolha profissional, bem como os fatores de personalidade, tendo em vista que nessa fase do ciclo vital, a adolescência, é comum ocorrerem dúvidas quanto ao futuro ingresso no mercado de trabalho. Assim, por já estarem em ambientes mais propícios à aprendizagem, com amparo profissional e psicológico, além de uma expectativa familiar que favoreça essa condição (Ambiel et al., 2019; Colombo, & Prati, 2014), os superdotados podem ter desenvolvido um maior senso de autoeficácia, em comparação com o outro grupo.

Ao realizarem uma intervenção de orientação profissional com 748 adolescentes em um serviço escola, Junqueira e Melo-Silva (2014) observaram que a intervenção favoreceu significativamente o desenvolvimento da maturidade para a escolha profissional. Esse resultado sugere que a diferença na facilidade da escolha profissional entre os grupos de superdotados e sem superdotação deve-se em função da educação e de programas de desenvolvimento oferecidos após a identificação da superdotação, que visam desenvolver a potencialização do talento (Cannon et al., 2009; Gentry et al., 2007; Mendez, 2000).

Ao se verificar os níveis das subescalas, os superdotados apresentaram maior maturidade para escolha profissional em determinação, independência e autoconhecimento, em comparação aos sem dotação. Pode-se pensar que seja em função dos superdotados serem mais determinados na busca de atingirem os seus objetivos e metas, bem como um maior autoconhecimento (Colombo, & Prati, 2014). Essas subescalas também estiveram associadas aos fatores de personalidade abertura e extroversão, o que indica que são indivíduos de modo geral mais comunicativos, que gostam de interação social, criatividade, podendo exercer dominância e liderança (Ambiel et al., 2012), sendo característico de áreas mais voltadas à comunicação e ao contato.

Já na subescala de responsabilidade, os indivíduos sem superdotação apresentaram níveis mais altos, em comparação aos superdotados. Pode-se pensar que ter o diagnóstico de superdotação gera uma pressão psicológica no indivíduo e, sem respaldo psicológico, pode não conseguir dar conta da expectativa envolvida nessa decisão.

Os resultados do presente estudo demonstraram que os adolescentes sem superdotação apresentaram maiores níveis de neuroticismo. Os adolescentes com superdotação obtiveram maiores níveis de realização de autoeficácia geral percebida. Os superdotados também apresentaram maiores níveis de determinação, extroversão, autoconhecimento e abertura, em comparação ao grupo sem dotação. Por outro lado, o grupo sem superdotação apresentou maiores níveis de responsabilidade e menores níveis de autoeficácia em comparação aos superdotados.

Algumas limitações do estudo devem ser consideradas, como o pequeno tamanho amostral. O estado do Brasil em que foi realizada a coleta de dados possui, até o momento, apenas dois NAAH/S (um na capital e outro em uma cidade do interior), local que identifica, orienta e potencializa essas crianças e adolescentes. Outra limitação se deu em função da dificuldade em reunir em grupo os superdotados, pois eles possuíam uma agenda intensa de atividades, sendo difícil de conciliar os horários disponíveis de todos os envolvidos na coleta de dados. Também, ressalta-se a importância de atentar à quantidade de instrumentos administrados na avaliação, tendo em vista que uma grande quantidade de instrumento pode levar à desistência do processo. Além disso, ressalta-se como outra limitação do estudo o fato dos grupos de adolescentes terem sido recrutados em contextos educacionais diferentes, público e particular, o que pode ter interferido nos resultados da pesquisa.

Apesar das limitações destacadas, o presente estudo apresenta insights sobre a prática de orientação profissional e de carreira com adolescentes com superdotação. Na amostra investigada, os adolescentes que integraram esse grupo apresentaram escores mais altos em quase todas as dimensões da maturidade de carreira (exceto responsabilidade), além da autoeficácia, características que contribuem para uma menor percepção de dificuldade para a escolha profissional. É possível que o desenvolvimento dessas características tenha sido facilitado pelo trabalho desenvolvido, em alguns casos desde muito cedo, no Núcleo Estadual de Altas Habilidades/Superdotação. Por isso, torna-se relevante que os profissionais que atuam nesse local possam conhecer e trabalhar com a perspectiva da carreira construída ao longo da vida dos indivíduos, a partir de seu envolvimento em diferentes contextos e com diferentes papeis (Duarte et al., 2010).

Ainda, é importante destacar que não houve diferenças entre os níveis de responsabilidade dos estudantes com superdotação e aqueles que não eram superdotados. A dimensão de responsabilidade da escala de maturidade para a escolha profissional diz respeito a quanto o indivíduo se preocupa com a escolha profissional e realiza ações fazer esta escolha, responsabilizando-se por ela. Esse resultado sugere que, de forma semelhante ao que ocorre com outros adolescentes, é possível que esse grupo possa se beneficiar de espaços de reflexão sobre a relevância da escolha profissional e seu papel ativo na tomada de decisão. Nesses espaços, é importante promover debates, por exemplo, sobre o que significa ter uma alta habilidade e os desafios de fazer escolhas que não contemplem tais habilidades.

Por fim, cabe destacar que os estudos que abordam a temática da orientação profissional com adolescentes superdotados ainda são escassos no país, motivo pelo qual a presente pesquisa parte de referências mais antigas e utiliza todas aquelas que se mostraram ligadas à temática encontradas recentemente. Dessa forma, acredita-se que este estudo poderá contribuiu para preencher, em parte, essa lacuna na literatura científica sobre a temática. Observou-se que há um campo vasto de pesquisas a serem realizadas no campo da superdotação, principalmente no que se refere à orientação profissional e de carreira de superdotados, visando à elaboração de programas de intervenção a esse público. Ressalta-se que essas investigações são fundamentais para compreender o desenvolvimento dos indivíduos talentosos em comparação a indivíduos sem dotação, de forma a elaborar e implantar políticas públicas adequadas à saúde e à educação.

 

Agradecimentos

Não há menções.

Financiamento

Todas as fontes de financiamento para elaboração e produção do estudo (coleta, análise e interpretação dos dados, bem como, escrita dos resultados no presente no manuscrito) foram fornecidas pelo projeto de pesquisa '001 e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES); Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico (CNPq); Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS).

Contribuições dos autores

Declaramos que todos os autores participaram da elaboração do manuscrito. Especificamente, os autores Vera Alice Pereira Silva, Dalton Breno Costa, Marianne Farina e Tatiana Quarti Irigaray participaram da redação inicial do estudo - conceitualização, investigação, visualização, os autores Vera Alice Pereira Silva, Dalton Breno Costa e Tatiana Quarti Irigaray participaram da análise dos dados, e os autores Vera Alice Pereira Silva, Dalton Breno Costa, Marianne Farina, Manoela Ziebell de Oliveira e Tatiana Quarti Irigaray participaram da redação final do trabalho - revisão e edição.

Disponibilidade dos dados e materiais

Todos os dados e sintaxes gerados e analisados durante esta pesquisa serão tratados com total sigilo devido às exigências do Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos. Porém, o conjunto de dados e sintaxes que apoiam as conclusões deste artigo estão disponíveis mediante razoável solicitação ao autor principal do estudo

Conflito de interesses

Os autores declaram que não há conflitos de interesses.

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Tatiana Quarti Irigaray
Av. Ipiranga, 6681, prédio 11, sala 901 - Partenon
Porto Alegre/RS, CEP: 90619-900
E-mail: tatiana.irigaray@pucrs.br

Recebido em novembro de 2020
Aceito em abril de 2021

 

 

Sobre os autores
Vera Alice Pereira Silva é psicóloga e Ph.D. em Psicologia Clínica (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS).
Dalton Breno Costa é graduando em Psicologia (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA) e bolsista de Iniciação Científica (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS).
Marianne Farina é psicóloga e Ph.D. em Psicologia Clínica (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS).
Manoela Ziebell de Oliveira é psicóloga e Ph.D. em Psicologia (Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS).
Tatiana Quarti Irigaray é psicóloga e Ph.D. em Gerontologia Biomédica (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

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