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Avaliação Psicológica

versão impressa ISSN 1677-0471versão On-line ISSN 2175-3431

Aval. psicol. vol.21 no.4 Campinas out./dez. 2022

http://dx.doi.org/10.15689/ap.2022.2104.ed 

EDITORIAL

 

Número Especial dos 25 Anos do Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP)

 

 

Acácia Aparecida Angeli dos SantosI; Ana Paula Porto NoronhaII

IUniversidade São Francisco, Campinas - SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-8599-7465
IIUniversidade São Francisco, Campinas - SP, Brasil. https://orcid.org/0000-0001-6821-0299

 

 

Festejando os 25 anos do Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP) vários eventos comemorativos foram programados. Importante lembrar que, no mesmo ano de celebração dos 60 anos de existência da profissão, foi possível celebrar, também, o Jubileu de Prata do IBAP. Nesse período, as psicólogas e os psicólogos brasileiros puderam acompanhar, a criação, o desenvolvimento e a solidificação do IBAP, enquanto associação científica e profissional.

As muitas realizações ocorridas nesses anos de existência, incluíram o enfrentamento de desafios, sendo o principal deles, mais recentemente, a Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI 3481. Sem dúvida, a busca coletiva e criativa de soluções para as questões postas, envolveu o trabalho hercúleo dos vários grupos de trabalho da ANPEPP, envolvidos com temáticas de Avaliação Psicológica, e uma dedicação ímpar de todos os integrantes da própria Comissão Consultiva em Avaliação Psicológica (CCAP) do triênio 2020-2022.

A II Jornada de Avaliação Psicológica, ocorrida em outubro de 2022, de forma online, fez parte dos eventos comemorativos dos 25 anos da entidade. Nela, convidados relevantes da nossa história estiveram presentes como conferencistas e membros de mesas-redondas e ministrantes de cursos, partilhando conosco o conhecimento que têm produzido, fruto da atuação em vários campos da área. Em complemento, esta edição do número especial da revista Avaliação Psicológica foi realizada com o ensejo de compartilhar com os colegas, a vanguarda das contribuições das investigações na área, que resultaram nos artigos originais aqui publicados. Vale salientar que cada um deles foi selecionado com base em sua qualidade e relevância e que foram aprovados por um corpo de pareceristas com expertise nas temáticas, que os recomendou enfaticamente.

O primeiro deles escrito por Carmen Flores-Mendoza (Universidade Federal de Minas Gerais) e por Daniel Marcos Andrade (Universidade Pitágoras), tem como título How Stable is the Intelligence Over Time? Evidence from Brazilian Data. Os autores referem evidências resultantes de um estudo longitudinal, realizado ao longo de 15 anos (2002-2017) durante os quais a inteligência, tal como entendida sob o aspecto psicométrico, permaneceu estável avaliada por medidas repetidas. O conteúdo permite aos leitores retomarem a discussão sobre o Efeito Flynn e deixa em aberto dúvidas e desafios para futuras investigações sobre o tema.

O segundo artigo denominado Desafios e Proposições para a Avaliação Psicológica com Grupos Minorizados: (Des)alinhamentos Sociopolíticos é de autoria de Leogildo Alves Freires (Universidade Federal de Alagoas), Valeschka Martins Guerra e Andrea dos Santos Nascimento (Universidade Federal do Espírito Santo). No trabalho os autores discutem os desafios referentes à avaliação psicológica e à pesquisa com grupos minorizados no nosso país. Examinando todos os artigos publicados na Revista Avaliação Psicológica entre 2011 e 2021 geraram um corpus, analisado pelo software Iramuteq. Com base na análise dos dados, foi verificado que seria importante que os estudos que apresentassem maior detalhamento nos dados sociodemográficos, necessários para que fosse dada maior visibilidade a grupos minorizados socialmente. Propostas de agendas de pesquisa nesse sentido são apresentadas como contribuição.

Em terceiro lugar temos o artigo Avaliação psicológica e avaliação da aprendizagem em larga escala: Diretrizes para pesquisadores escrito por Jacob Arie Laros e Josemberg Moura de Andrade (Universidade de Brasília), que aborda a importância da contribuição da avaliação psicológica (AP) e da avaliação educacional (AE). Sendo advindas das ciências cognitivas e comportamentais, ambas têm contribuído sobremaneira para a sociedade atual, visto que cumprem a função social de identificar lacunas e, também, aspectos funcionais, que necessitam ser mantidos e incentivados.

Na sequência temos o artigo Desafios da Avaliação Psicológica no Brasil: Nova Realidade, Velhas Questões, cujos autores Daniela Sacramento Zanini (Pontifícia Universidade Católica de Goiás), Karina da Silva Oliveira (Universidade Federal de Minas Gerais), Katya Luciane de Oliveira (Universidade Estadual de Londrina) e Marcelo Henrique Oliveira Henklain (Universidade Federal de Roraima), membros da diretoria do IBAP, referem a importância do desenvolvimento de pesquisas que qualificam a prática e a formação em psicologia. Ademais, evidenciam sua relevância histórica e social, visto que seus parâmetros atendem aos critérios internacionalmente estabelecidos e consistem recursos de proteção ao indivíduo e sociedade nos diferentes contextos de atuação. No texto são ainda retomados os desafios existentes e como a Psicologia tem encontrado formas para o seu enfrentamento.

No quinto artigo Modeling Social Desirability in the Antisocial Self-Report (ASR-13) scores, apresentado por Nelson Hauck e Felipe Valentini da Universidade São Francisco, é trazida a questão da possibilidade de contaminação com a desejabilidade social de instrumentos que avaliam comportamentos antissociais. Focalizando um desses instrumentos, a saber, o Inventário Breve de Comportamentos Antissociais, desenvolvido para avaliar a personalidade antissocial, os autores mostram como por meio do Multiple Indicator Multiple Cause (MIMIC), é possível identificar quais itens são suscetíveis às respostas socialmente desejáveis, especialmente quando os dados são coletados em ambientes prisionais. As implicações dos resultados são amplamente discutidas, permitindo entender os processos latentes envolvidos.

Makilim Nunes Baptista e Natalício Augusto da Silva Junior (Universidade São Francisco), Cristiane Faiad (Universidade de Brasília) e Hugo Ferrari Cardoso (Universidade Estadual Paulista) são os responsáveis pelo sexto artigo, intitulado Atitudes Frente à Testagem e Competências Requeridas na Avaliação Psicológica. Nele os autores relatam uma pesquisa feita com profissionais psicólogos para investigar suas atitudes e competência relativas à avaliação psicológica (AP). Os resultados evidenciam que a formação no stricto-sensu é fundamental como preditora das competências necessárias para uma prática profissional adequada na área de AP.

Abordando um tema bastante atual O Futuro das Avaliações por Meio das Redes Sociais, Víthor Rosa Franco e Ricardo Primi (Universidade São Francisco) escreveram o sétimo artigo deste número especial. No trabalho, os autores caracterizam as práticas e as fragilidades da avaliação psicológica convencional, bem como aquela realizada pelos métodos modernos de psicometria computacional. São trazidos exemplos de aplicações de psicometria computacional a partir de dados provenientes de redes sociais. São discutidas aplicações como essa e inovações, de forma geral, bem como suas implicações que poderão trazer profundas mudanças.

Por fim, os dois últimos textos são de entrevistas realizadas com dois expoentes da Psicologia Brasileira, especialmente na área de Avaliação Psicológica. Foram escolhidos personagens centrais, que desenvolveram pesquisas, fortaleceram os laboratórios da área e formaram outros profissionais. Manuela Ramos Caldas Lins (Centro Universitário de Brasília) foi a entrevistadora de Luiz Pasquali e conseguiu captar toda a sutileza do pensamento desse importante psicometrista brasileiro que foi o influenciador de toda uma geração de pesquisadores, como afirmado anteriormente. Por sua vez, dois grandes nomes, a saber, Solange Muglia Wechsler (Pontifícia Universidade Católica de Campinas), entrevistou Claudio Simon Hutz, que trouxe à tona toda a sua sabedoria e competência na área, tanto como investigador e responsável pela formação de dezenas de pesquisadores/as como por dar início no Brasil ao desenvolvimento da Psicologia Positiva, da qual é um dos principais expoentes.

Dito isto, estendemos nossos agradecimentos a todos os autores deste número especial, aos pareceristas que, com celeridade, avaliaram e sugeriram aprimoramentos aos artigos, ao corpo editorial da Revista de Avaliação Psicológica, por nos acolherem tão presentemente ao longo dos meses e à diretoria por nos confiarem a tarefa. Esperamos que vocês aproveitem a leitura e celebrem com o IBAP a comemoração histórica de seus 25 anos.

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