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Psicologia em Revista

versão impressa ISSN 1677-1168

Psicol. rev. (Belo Horizonte) vol.21 no.2 Belo Horizonte ago. 2015

 

EDITORIAL

 

 

Prezado leitor,

Este número especial da Psicologia em Revista se dedica a um tema decisivo e caro ao destino da humanidade, a saber, nossas crianças e adolescentes. A reflexão sobre as condições de vida das crianças e adolescentes precisa ser um trabalho contínuo e um esforço coletivo. As imagens do menino sírio morto numa praia da Turquia não devem produzir somente comoção, mas sim propostas de enfrentamento para a melhoria das condições de vida de tantos Rihan e tantos Alan de Souza Lima, adolescente de 15 anos, morto durante uma ação policial na Favela da Palmeirinha, em Honório Gurgel, Zona Norte do Rio de Janeiro.

De outro lado, comemoramos, em 2015, os 25 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Este Estatuto de vanguarda, promulgado em 1990 pela Lei n.º 8.069, é composto por três grandes sistemas: o primeiro se refere às políticas públicas de atendimento a crianças e adolescentes; a exposição das medidas protetivas constitui o segundo sistema; e, por fim, temos o sistema composto pelas medidas socioeducativas.

Esses dois argumentos revelam a relevância deste número especial que apresenta artigos sobre temas nacionais e internacionais, pesquisas quantitativas e qualitativas, com diferente enfoque teórico.

O tema da promoção da saúde mental para crianças em Casas de Acolhimento Institucional na cidade do Porto, em Portugal, abre a discussão. As autoras (Ana Francisca Cordeiro Pimentel, Joana Matias Antão e Ana Catarina Oliveira Ramos) apresentam um estudo que avaliou a eficácia de um programa de promoção da saúde mental com a duração de dois anos denominado "Chapéu de Chuva".

Outro texto que nos transmite a realidade de jovens em outro país é o artigo de Pedro Félix Chioia e Maria Ignez Costa Moreira que apresenta resultados de uma pesquisa realizada na PUC Minas, discutindo os impactos vividos pelos jovens de províncias angolanas que migraram para Luanda, Angola.

Daniela Castro dos Reis, Arthur Aliverti Saltori de Barros e Lília Iêda Chaves Cavalcante nos oferecem um trabalho de mapeamento sistemático da literatura nacional sobre o tema dos agressores sexuais de crianças e adolescentes, discutindo questões de gênero.

Com metodologia similar, Jorge Luiz da Silva e Marina Rezende Bazon se dedicam à tarefa de realizar uma revisão sistemática da literatura nacional e internacional que trabalhe o tema da relação entre escolarização e conduta infracional na adolescência.

O desafio para os pais de intervir no uso da internet pelos filhos de 7 a 12 anos é o tema do estudo de Simone Maidel e Mauro Luis Vieira. O estudo revela que a maioria dos pais recorre a um tipo de mediação mista, com estipulação de regras e acompanhado constante.

A relação entre pais e filhos também foi objeto de estudo de Gênesis Marimar Rodrigues Sobrosa, Clarissa Tochetto de Oliveira, Anelise Schaurich dos Santos e Ana Cristina Garcia Dias, mas com o objetivo de investigar as influências dos genitores no processo de escolha profissional de jovens pertencentes a classes socioeconômicas desfavorecidas.

Caroline de Oliveira Mozzaquatro, Dorian Mônica Arpini e Rodrigo Gabbi Polli investiram no estudo e análise da relação mãe-bebê em atendimentos do Programa da Criança de uma unidade básica de saúde. A construção de vínculos afetivos primordiais é decisiva para o desenvolvimento infantil.

A criança em acolhimento institucional foi tema do estudo de Rosemara Conzatti e Clarisse Mosmann, que visou a analisar a relação entre resiliência e fatores de risco e proteção na percepção destas crianças.

Conhecer e descrever a ambiência no atendimento de crianças e adolescentes com transtornos mentais graves em um Centro de Atenção Psicossocial Infanto-Juvenil (CAPSi), é o objetivo do artigo de Juliana Peterle Ronchi e Luziane Zacché Avellar.

A equipe do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Clínica Interdisciplinar da Infância da Clínica de Atendimento Psicológico da UFRGS, representando pelas pesquisadoras Andrea Gabriela Ferrari, André Antônio Beltrami e Marília Zancan Frantz nos oferecem uma proposta de escrita de caso clínico de crianças, com base em atendimentos realizados na Clínica-Escola da UFRGS.

Carlo Schmidt, Cristiane Kubaski, Joise de Brum Bertazzo e Livia de Oliveira Ferreira nos apresentam uma experiência de intervenção precoce em criança autista utilizando o Programa Son-Rise, durante 12 meses.

Por fim, nossa Seção Aberta coloca na cena o debate sobre a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Andréa Maris Campos Guerra discute a noção de responsabilidade penal, o modelo socioeducativo brasileiro e a ideia de juventude e conclui que, "além da falta de conhecimento sobre as medidas aplicadas para sanção do ato infracional do menor, instalou-se uma discursividade que localiza o jovem como uma espécie de mal social, retirando a condição de reorientação de seu projeto de vida, ainda não definido na travessia adolescente".

 

A Comissão Editorial.

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