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Psicologia em Revista

versión impresa ISSN 1677-1168

Psicol. rev. (Belo Horizonte) vol.26 no.1 Belo Horizonte ene./abr. 2020

http://dx.doi.org/10.5752/P.1678-9563.2020v26n1p22-39 

ARTIGOS

DOI - 10.5752/P.1678-9563.2020v26n1p22-39

 

Significações de criança/infância no universo das canções de Chico Buarque – momentos da vida

 

Significations of child/childhood in the universe of songs by Chico Buarque - moments of life

 

Niño e infancia y sus significados en el universo de las canciones de Chico Buarque - momentos de la vida

 

 

Ana Maria Monte Coelho Frota*; Ângela de Alencar Araripe Pinheiro**; Rita Cláudia Aguiar Barbosa***; Laisa Forte Cavalcante***; Mateus Frota Freire****

 

 


Resumo

As expressões artísticas constituem e são constituídas pelos contextos sociais e históricos, contribuindo para uma compreensão ampliada das realidades. Refletindo sobre as significações de infância e criança nas canções de Chico Buarque, este estudo efetivou: pesquisa bibliográfica sobre arte e realidade social, infância e ser criança, escuta e reescuta do conjunto de suas canções desde a década de 1960 a 2000. Submetemos os dados construídos à análise de conteúdo temática, emergindo, desse modo, as seguintes categorias: brincadeira, características da infância, cuidados e descuidos, infâncias, momentos da vida. Neste artigo, apresentaremos e discutiremos a categoria "momentos da vida". Encontramos que ser criança faz-se esperança; ser adulto e velho não. Ao adulto cabe trabalho e cuidado; ao velho, desesperança, tristeza e cansaço.

Palavras-chave: Criança. Momentos da vida. Chico Buarque.


Abstract

Artistic expressions build and are built by social and historical contexts, contributing to a broad understanding of realities. This study, reflecting on the meanings of childhood and child in Chico Buarque’s songs, performed: bibliographic research on art and social reality, childhood and being a child, listening, and re-listening to a set of this artist’s songs from the 1960s to 2000s. We submitted the obtained data to thematic content analysis, where the following categories emerged: plays, childhood characteristics, care and carelessness, childhoods, and moments of life. In this study, we display and discuss the category "moments of life". Thus, we realize that being a child turns into hope, being adults and elders do not. The adult faces work and care; the elderly, hopelessness, sadness and fatigue.

Keywords: Child. Moments of life. Chico Buarque.


Resumen

Las expresiones artísticas constituyen y son constituidas por los contextos sociales e históricos. En la búsqueda de comprender los significados de infancia y de niño en las canciones de Chico Buarque, este estudio realizó: investigación bibliográfica sobre el arte y la realidad social, niñez y ser niño, escuchar y volver a escuchar al conjunto de sus canciones, desde la década de 1960 hasta la década de 2000. Presentamos datos incorporados al análisis de contenido temático, que emerge de las siguientes categorías: juguete, características de la infancia, cuidado y descuidos, infancia, momentos de la vida. En este artículo, vamos a presentar y analizar la categoría "momentos de la vida". Por lo tanto, descubrimos que el ser niño se hace la esperanza. Ser adulto y viejo, no. Al adulto cabe destacar el trabajo y el cuidado del otro; al viejo, la desesperanza, la tristeza y la fatiga.

Palabras clave: Niño. Momentos de la vida. Chico Buarque.

1. INTRODUÇÃO: CONTEXTUALIZANDO A DISCUSSÃO

Os fios que constituem o tecido social são incontáveis. Entrelaçam-se, se embatem, se fortalecem, se esgarçam, em processo constante, não linear, ao longo da história e em diferentes contextos sociais. Diferentes concepções, significações, visões de mundo e de infância, por exemplo, circulam no tecido social, por meio de expressões advindas dessas fontes, e contribuem sobremaneira para a concretização de práticas e tratos sociais que são dispensados a crianças, com base em regras que grupos e instituições estabelecem, adotam. Normas que se configuram e se reconfiguram ao largo da história e ao considerarmos diferentes contextos sociais (Pinheiro, 2007; Pinheiro, Melo, Arruda, Nóbrega, & Pinheiro, 2009).

Em nosso trabalho, temos como um de nossos pontos de partida o que sugere Cândido (2000), que a arte é constituída e constitui a realidade em que nos inserimos, qual seja, expressões artísticas e contextos sociais e históricos mantêm mútuas influências. Assim, apontamos para as influências concretas exercidas pelos fatores socioculturais nas expressões artísticas, que "marcam os quatro momentos de sua produção, pois: a) o artista, sob o impulso de uma necessidade interior, orienta-o segundo os padrões de sua época; b) escolhe certos temas; c) usa certas formas; e d) a síntese resultante age sobre o meio" (Cândido, 2000, p. 21).

Temos a arte como sistema simbólico próprio, que assume diversificadas expressões, ao considerarmos sua diversidade: manifestam-se em produções nos campos da literatura e poesia, artes cênicas, artes plásticas, música, dança, cinema e fotografia. Miranda (2010) contribui para clarear nossa compreensão de arte e de suas implicações no cotidiano e na construção de nós, como seres humanos:

Todos nós nascemos, biológica e espiritualmente, incompletos. A humanidade de cada um de nós se constrói na história. E as artes, de forma manifesta e clara ou latente e tortuosa, parecem nos conduzir a este grande termo: superar as incompletudes e insuficiências de nossa humanidade, nos tornando cada mais humanos (p. 7)

Nossa escolha pelas canções de Chico Buarque se fundamenta em alguns critérios: respeitabilidade de que goza o artista; a importância reconhecida de sua obra; a amplitude do trabalho do artista, iniciado nos primeiros anos da década de 1960 até os dias de hoje.

A obra de Chico Buarque tem sido recorrentemente apontada como de elevada relevância no cenário artístico nacional e internacional. São inúmeras as referências que sobre ele encontramos, formuladas por jornalistas, biógrafos, artistas, críticos de arte, literatos (Fernandes, 2004; 2013). Segundo o sociólogo Antônio Cândido (2004, p. 19), como exemplo, destaca a integridade de Chico Buarque bem como a variedade de suas aptidões. Aponta, ainda, que Chico, como poucos, é capaz de "Fundir harmoniosamente a maestria artística e a consciência social, completando um perfil de cidadão serenamente destemido e participante, sempre na linha da melhor orientação política". Já o dramaturgo Augusto Boal (2004, p. 45), contextualizando lembranças de seu exílio em Lisboa, por conta da ditadura militar no Brasil, relembra a chegada, por intermédio de sua mãe, de uma carta de Chico Buarque: trata-se de Meu Caro Amigo (letra dele e melodia de Francis Hime, de 1976), letra que o dramaturgo considera "a mais pura poesia épica". Para Boal, a música os fez (exilados: ele, Paulo Freire, Darcy Ribeiro e outros) ouvir "um canto de esperança", e destaca a resistência de Chico Buarque no Brasil, escrevendo, por exemplo, Apesar de você e Vai passar.

Frei Betto (2004), jornalista e escritor, destaca três dimensões de Chico Buarque como artista: compositor e intérprete, escritor, animal político. O teólogo e escritor Leonardo Boff (2004) destaca, na obra de Chico Buarque, "uma clara visão humanista não sem influência da cultura cristã" (p. 83), e reconhece no artista "o poeta cantador engajado com as causas maiores, que têm a ver com o humanismo e o cristianismo secular" (p. 88), bem como "uma das referências fundamentais da resistência à ditadura militar, através de seu engajamento discreto, mas persistente" (p. 88).

Zappa (2004, p. 107), jornalista e biógrafa de Chico Buarque, traz observações sagazes sobre a alma brasileira presente nas músicas de Chico Buarque e viceversa. Zappa baseia sua afirmativa no conteúdo de músicas de Chico Buarque. Zappa descreve Chico como "um homem inteligente, de humor refinado e alma sensível, e um atento observador da natureza humana".

Indicamos outros predicativos reconhecidos em Chico Buarque: o músico Aquiles Reis (2004, p. 47) reconhece-o como "fantasista de truz'; o cantor e compositor Chico César (2004, p. 49) fala de sua “bondade e retidão”, e seu "rigor estético e sua verve generosa". O diretor de teatro Gerard Thomas (2004, p. 55) qualifica Chico como "um dos grandes, senão maiores poetas de todos os tempos, como um dos grandes gênios universais". O compositor cubano Silvio Rodriguez (2004, p. 59) faz afirmativa similar à de Thomas, ao afirmar que Chico Buarque "é um grande artista brasileiro, latino-americano e do mundo" (tradução nossa)1. Na mesma linha de declarações, Zappa (2004, p. 107) aponta-o como "um dos artistas brasileiros mais importantes do nosso tempo".

Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório e documental. Trabalhamos com a análise do acervo musical de Chico Buarque. Toda a sua produção de letras de música, entre os anos 1960 e anos 2000, foi analisada mediante a pesquisa em seu sítio oficial. As letras foram estudadas, escutadas e reescutadas, sendo selecionadas aquelas que fazem alusões diretas e ou indiretas à criança e à infância. Os dados construídos foram submetidos a processo de análise de conteúdo temático, durante o qual emergiram as seguintes categorias: "brincadeira", "infâncias", "cuidados e descuidos", "características da infância" e "momentos da vida". Neste artigo, trataremos da categoria "momentos da vida".

Em análise de conteúdo que permita o tratamento de dados advindos de canções, consideramos estudos de Bardin (2009), Minayo (2001), Pinheiro (2006), Frota, Pinheiro, Sousa, Sousa, Oliveira, & Querioz. (2013). Durante todo o desenvolvimento de nossa investigação, acompanha-nos um questionamento central: quais significações sociais explícitas e implícitas, relacionadas ao ser criança e à infância, são refletidas na obra musical de Chico Buarque de Holanda?

É na década de 1960 que Chico Buarque inicia a produção artística. Já são, assim, mais de 50 anos de profícua criação, no âmbito de melodias e letras de música, peças teatrais e romances. Em nosso estudo, como dito anteriormente, escutamos suas canções desde a década de 1960 até os anos 2000. Embora houvesse poucos indícios de que Chico abordasse a temática da infância em sua obra, para nossa surpresa, encontramos uma diversidade enorme de canções que tratam sobre a criança em diversas representações.

Fizemos uma pré-seleção das canções de Chico, consultando as letras em seu sítio oficial e escutando-as por intermédio do sítio de audiovisuais conhecido como Youtube, assim como em discos, em interpretações que contassem com a participação do compositor. Posteriormente, reescutamos as músicas já préselecionadas, para uma reverificação das nossas escolhas. Dessa forma, pudemos ter um segundo olhar sobre as músicas. Encontramos, na década de 1960, 15 canções contendo algum tipo de representação da infância. A década de 1970 se apresenta como tendo o maior acervo de letras de músicas que tratem, implícita ou explicitamente, sobre o tema de nossa investigação, contendo 26 canções. Na década de 1980, identificamos 12 canções nas quais aparece alguma alusão à infância. Já a década de 1990 revelou um número pequeno de letras de músicas com alusão ao tema pesquisado: selecionamos somente 2. Finalmente, nos anos 2000, aparecem 3 canções que abordam o ser criança e a infância.

Indagamo-nos de que modo o contexto efervescente dos anos 1960 a 1980, marcados por grande convulsão social e política, possa ter contribuído para o delineamento dessa realidade. Parece existir uma relação direta e clara entre a realidade social e as letras das músicas. Pivete, que se configura numa clara denúncia social, data de 1981. O meu guri, que também retrata a exclusão e uma dura realidade de crianças em conflito com a lei, foi criada em 1976. Finalmente, à guisa de exemplificação, Brejo da Cruz, de 1984, também é emblemática como denúncia de descuido e privação existentes na infância.

A seguir, passamos a apresentar a análise das letras das músicas já em categoria, como falado anteriormente.

2. CATEGORIA MOMENTOS DA VIDA: CRIANÇA, ADOLESCENTE, ADULTO E VELHO

Uma discussão muito presente na Contemporaneidade se refere ao conceito de infância, que se desdobra em sua compreensão como um vir a ser e um devir. Enquanto, para a tradição, a infância é uma fase da vida que se caracteriza pela incompletude e falta, que descreve a criança como um projeto de um vir a ser (Frota, 2007); para a Filosofia da Diferença, a infância é compreendida como um devir, um acontecimento aberto ao inesperado (Kohan, 2014).

Para a Psicologia do Desenvolvimento, por muito tempo, as idades da vida eram marcadas pelo tempo cronológico ou transformações fisiológicas. No entanto uma crítica é feita a esse pensamento: "A linearidade do tempo cronológico autoriza uma compreensão da infância que lhe atribui uma qualidade de menoridade e, consequentemente, sua relativa desqualificação como estado transitório, inacabado e imperfeito" (Souza, 1997, p. 44). Para Jardim (2002), a ideia da criança como um vir a ser elimina a possibilidade de multiplicidade, pois pressupõe um modelo a ser seguido e completado, diferentemente do devir. Assim, o vir a ser já é determinado antes de ser e se encontra inscrito aprioristicamente. Nesse rumo é que a Psicologia do Desenvolvimento tem, predominantemente, caminhado, pelo menos até a década de 1980. Já o devir sugere um percurso atravessado por encontros e desencontros, por acasos.

Teorias da Psicologia têm questionado o dogma da infância caracterizada somente com base em uma compreensão biologicista e universal, negando essa determinação. Pino (2005), por exemplo, considera que "Na medida em que as ações da criança vão recebendo as significações que lhe dão o Outro #91. . .], ela vai incorporando a cultura que a constitui como um ser cultural, ou seja, um ser humano" (p. 66). Assim, estudiosos da Psicologia do Desenvolvimento têm buscado pensar o homem como um ser no qual as dimensões cultural, histórica e biológica são mescladas e, como tal, impossíveis de serem negadas. Isso é um passo importante, mas ainda há muito a ser feito em direção a uma psicologia que consiga olhar a criança como uma pessoa completa, diferente, mas não desigual do adulto.

Como afirma Arenhart (2003, p. 25), não cabe olhar as crianças a partir da "ausência de características em relação aos adultos, mas pela presença de outras características diferentes das de adultos".

Hoje existe uma clareza muito grande, um movimento assumido amplamente, no sentido de considerar a criança um devir, um ser aberto às possibilidades. Percebemos que a criança vem ocupando, além de um lugar definido anteriormente, iluminado pelo ideário modernista, uma compreensão mais aberta e prenhe de possibilidades, trazida pelo movimento da Pós-Modernidade. Como afirma Larrosa (2015, p. 186): "Trata-se aqui de devolver à infância a sua presença enigmática e de encontrar a medida da nossa responsabilidade pela resposta, ante a exigência que esse enigma leva consigo.

Dornelles (2010) considera a infância como acontecimento, imprevisibilidade e movimento. Acredita na provisoriedade das verdades modernas. Desse modo, tende a ver a criança como independente, como um ser que é cuidado para cuidar de si mesmo, podendo escolher e assumir responsabilidades por sua escolha. Para tanto, o devir se faz presente: "Re-interpretar as infâncias, fazendo-as transbordar de significados, na tentativa de mostrá-las como uma possibilidade de viver e viver outra forma de ser criança" (Dornelles, 2010, p. 4). Assim como a pesquisadora, percebemos que as letras do poeta Chico Buarque retratam diferentes infâncias e crianças com diversas inserções sociais.

Analisando a obra musical de Chico Buarque, Dornelles (2010) enxerga variadas formas de compreensão da infância: a criança da guerra, que está à margem da sociedade que, em nossa compreensão, pode ser representada por O meu guri, Pivete e Brejo da Cruz; a criança percebida como uma divindade, um anjo ou um deus, representação presente em letras como Malandro quando morre, Minha história e Angélica; a criança das brincadeiras, evidenciada em João e Maria e Pivete; e a criança da Modernidade, fruto de uma sociedade que assusta os adultos avessos à tecnologia, como na letra de Nina.

Compreendendo que existem diferentes cartografias da infância, Dornelles (2010) assegura que Chico Buarque enxerga a multiplicidade de infâncias possíveis e concretas em nosso País. Assegura que toda criança inaugura um devir criança, pois que é, sendo em movimento e indiscernibilidade. Além disso, chama atenção para o devir criança como uma política de afirmação da vida, como possibilidade de viver o criançar, de viver o ser criança como prática de potencialização da alegria da vida.

Nesse momento, a Filosofia da Infância traz uma contribuição muito importante aos estudos que têm sido feitos nessa seara: a criança precisa dizer-se! Para Kohan (2014):

A infância pronuncia uma palavra que não se entende. A infância pensa um pensamento que não se pensa. Dar espaço a essa língua, aprender essa palavra, atender esse pensamento pode ser uma oportunidade não apenas de dar um espaço digno, primordial e apaixonado a essa palavra infantil, mas também de educar a nós mesmos (p. 131).

A compreensão da infância como um tempo de possibilidade da experiência, da alteridade radical, de ruptura, é ressaltada por Kohan (2014) e Agambem (2005). A infância resgata a experiência, expropriada que foi pela época da técnica. Daí a grande necessidade de proteger e cuidar da infância. Falamos aqui de uma possibilidade existencial para além da cronologia. Uma possibilidade com capacidade transgressora e disruptiva.

Desse modo, consideramos que Chico Buarque enxerga uma multiplicidade de infâncias, caracterizando-as diferentemente, como podemos perceber na categoria "características da infância". Existe, porém, uma linha comum ao falar da criança: a potência de vida, claramente percebida em algumas letras de músicas, como A banda: "A criançada toda se assanhou / pra ver a banda passar / cantando coisas de amor"; Olê, olá: "Seu padre toca o sino que / é pra todo mundo saber / Que a noite é criança, que o samba é menino/ Que a dor é tão velha / que pode morrer"; Sonho de um carnaval: "Que gente longe viva na lembrança / Que gente triste possa entrar na dança / Que gente grande saiba ser criança"; Roda viva:

Tem dias que a gente se sente

Como quem partiu ou morreu

A gente estancou de repente

Ou foi o mundo então que cresceu

A gente quer ter voz ativa

No nosso destino mandar

Mas eis que chega a roda-viva

E carrega o destino pra lá [. . .]

A cidade ideal:

O sonho é meu e eu sonho que

Deve ter alamedas verdes

A cidade dos meus amores

E, quem dera, os moradores

E o prefeito e os varredores

Fossem somente crianças [.. .]

Por outro lado, é importante deixar claro que adolescências e adolescentes não foram objeto de nosso olhar. Sugerimos, assim, o aprofundamento desse objeto de estudo em outro momento. Desse modo, nossas reflexões com relação à adolescência são incompletas e ainda introdutórias.

Aparece a figura do púbere/adolescente, por exemplo, em Carioca, encarnada na menina de peitinhos de pitomba, que, para sobreviver, vende bugigangas na noite. Também aparece em Uma canção desnaturada, ao descrever o sofrimento dos pais diante do crescimento de uma filha bem amada: "Por que cresceste curuminha / assim depressa, estabanada". Ou ainda em Ai, se eles me pegam agora: "Ai, se mamãe pega agora / de anágua e de combinação / Será que ela me manda embora, ou não".

As três letras/poesias se referem a uma pessoa não mais criança, mas ainda não adulta, pois que depende dos pais. É perceptível, então, a existência de uma diferença, no conteúdo dessas canções de Chico Buarque, entre ser criança e ser adolescente. No entanto será possível afirmar que a adolescência se deixa ver como uma categoria social? Essa é uma indagação que não é possível de ser respondida, pelo menos por este estudo.

Chico não usa o termo "adolescência". Será que, para ele, crianças e adolescentes podem ocupar os dois lugares ao mesmo tempo? Talvez não, pois ele fala de pessoas crescendo, rompendo com a tradição familiar, tentando ser por si mesmas. Algo como descreve Paz (2014), em sua poesia:

Para todos nós, em algum momento, nossa existência se revela como alguma coisa de particular, intransferível e preciosa. Quase sempre esta revelação se situa na adolescência. A descoberta de nós mesmos se manifesta como um saber que estamos sós; entre o mundo e nós surge uma impalpável, transparente muralha: a da nossa consciência (Paz, 2014, p. 13).

Em contraposição à criança, Chico fala do adulto, como aquele que cuida/ descuida do filho. O adulto é aquele que mantém a casa, cuida da comida e da vida. Educa e ensina a moral vigente. Vejamos a letra de Ai, se eles me pegam agora, na qual isso fica muito evidente:

Ai, se mamãe me pega agora de anágua e de combinação
Será que ela me leva embora ou não
Será que vai ficar sentida, será que vai me dar razão
Chorar sua vida vivida em vão
Será que faz mil caras feias, será que vai passar carão
Será que calça as minhas meias e sai deslizando pelo salão
Eu quero que mamãe me veja pintando a boca em coração
Será que vai morrer de inveja ou não
Ai, se papai me pega agora abrindo o último botão
Será que ele me leva embora ou não [. . .]

Também em Madalena foi pro mar: "Madalena foi pro mar / e eu fiquei a ver navios [. . .] que é preciso voltar já / pra cuidar dos nossos filhos"; Pedro Pedreiro: "Esperando um filho pra esperar também"; Morena de Angola: "Será que quando fica choca põe de quarentena o seu chocalho / Será que depois ela bota a canela no nicho do pirralho"; Uma canção desnaturada: "Porque cresceste, curuminha / Assim depressa, e estabanada / Saíste maquiada / Dentro do meu vestido [. . .["; entre outras letras, aparece a figura do adulto como o responsável por cuidar da criança.

No entanto, em O meu guri, essa ideia de cuidado unidirecional adulto-criança é substituída por cuidado mútuo, entre mãe e filho: "Eu consolo ele / Ele me consola / Boto ele no colo / Pra ele me ninar / De repente acordo, olho pro lado / E o danado já foi trabalhar". Chama-nos a atenção Chico Buarque significar o Guri como capaz de cuidar de sua mãe, ao mesmo tempo em que é por ela cuidado, utilizando termos como "colocar no colo", "consolar" e "ninar". O consolar, o ninar, em mútua direção, quebra, portanto, esse unidirecionamento do cuidado adulto-criança, adulto-adolescente, tão amplamente difundido em nossa cultura.

Se ao adulto cabe o trabalho como característica marcante, também ele aparece fortemente presente na criança, em canções tais como Pivete, O meu guri, Carioca. Então não parece ser o trabalho um traço determinante da adultície, para Chico Buarque. Pelo menos não tão forte quanto a indissociabilidade com o cuidar, manter financeira e emocionalmente, ensinar a ética social. É preciso levar em conta que, nas três canções acima citadas, há uma forte marcação de classes, tudo apontando para a subalternidade dos personagens (ressaltamos expressões como "morro", "carregamento", "vender bugigangas na noite", "capricha na flanela" e "vende chicletes no sinal", por exemplo). Ou seja, a admissão de trabalho para crianças e adolescentes não é para qualquer um deles, e sim para aqueles pertencentes a classes trabalhadoras. Nessa situação, infância e adultície não parecem se distinguir pelo trabalho também nas canções referidas de Chico Buarque.

Identificamos a velhice retratada nas composições musicais do poeta Chico Buarque como um momento da vida caracterizado por tristeza, desilusão, cansaço, desgaste, morte e doença. Em nenhuma de suas letras percebemos a velhice como um tempo de sabedoria, amadurecimento e plenitude, como sugerem atuais estudos sobre o envelhecimento (Debert, 2004; Costa & Favero, 2004, o que nos chama atenção.

Em A banda, por exemplo, enquanto "A meninada toda se assanhou / O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou / Que ainda era moço para sair do terraço e dançou"; em Olê, olá, é dito que "A noite é criança / Que o samba é menino / Que a dor é tão velha / Que pode morrer". Ao velho, mesmo que de modo indireto, por uma alusão também indireta, cabe a ameaça da morte, do fim, não como parte de um processo de vida, mas como uma decrepitude e perda.

Velho Francisco mostra claramente a ideia do velho representado como um "já vivido", um "que já não é":

Já gozei de boa vida
Tinha até meu bangalô
Cobertor, comida
Roupa lavada
Vida veio e me levou [. . .]
Hoje é dia de visita
Vem aí meu grande amor
Hoje não deram almoço, né
Acho que o moço até
Nem me lavou [. . .]
Acho que fui deputado
Acho que tudo acabou
Quase que
Já não me lembro de nada
Vida veio e me levou

Nessa letra, Chico Buarque parece descrever uma vida vivida por meio de momentos existenciais, cheios de acontecimentos, por vezes plenos de energia e glamour. Ao velho, tristeza, memória falha e inércia!

Já em Essa pequena, letra escrita em 2011, Chico fala também da maturidade, em contraposição à juventude, embora que de forma mais lírica e menos pungente:

Meu tempo é curto
O tempo dela sobra
Meu cabelo é cinza
O dela é cor de abóbora
Temo que não dure muito
A nossa novela, mas
Eu sou tão feliz com ela
Meu dia voa
E ela não acorda
Vou até a esquina
Ela quer ir pra Flórida
Acho que nem sei direito
O que que ela fala, mas
Não canso de contemplá-la
Feito avarento conto meus minutos
Cada segundo que se esvai
Cuidando dela que anda noutro mundo
Ela que esbanja suas horas
Ao vento, ai [. . .]

Nessa poesia, Chico parece dar-se conta da passagem do tempo e da necessidade de aproveitar cada segundo da vida. O amor por uma jovem mulher lhe trouxe essa perspectiva?

Stair (2014), no escrito Instantes2 já havia acenado para esta urgência de viver a vida, muitas vezes não consciente para a maioria de nós.

Se eu pudesse novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito,
relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários [. . .].
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente
de ter bons momentos.
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora [. . .]
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo.

Ser criança faz-se esperança. Ser adulto não? O conteúdo das canções de Chico Buarque parece nos apontar para tal. As contraposições entre momentos da vida, as quais identificamos em suas canções, fazem-nos lembrar de colocações de Sarmento (2013), quanto a representações sociais mútuas, do tipo intergeracionais. Entendemos tais representações como expectativas que são atribuídas por uma geração em relação a outra. Como diz Sarmento (2013, p. 19-20):

([. . .] "brincar é coisa de criança", "o trabalho está reservado para os adultos" etc.), têm implicações na construção de programas institucionais diferenciados (por exemplo, a construção de creches e escolas infantis e de centros de acolhimento de idosos para a terceira idade) e exprime-se numa normatividade específica, ou seja, um conjunto de regras e de prescrições, algumas formais – ou seja, formuladas como normas jurídicas – outras expressas através de orientações morais e comportamentais assumidas pelo senso comum e que incidem, umas e outras, no que é permitido às crianças, no que é suposto que elas façam e no que lhes é interdito.

Nessa linha de pensamento, podemos apontar, por exemplo, para as recorrentes alusões que são feitas, na sociedade contemporânea ocidental, considerando a infância como momento de vida marcado por falta, por incapacidade, por incompetências, expressas por adultos. Crianças, postas, portanto, em situações inferiorizadas em relação a adultos e com interditos por vezes excessivos, como a proibição de participarem de instâncias de decisão de assuntos coletivos.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A primeira consideração que fazemos é a de termos nos surpreendido, neste estudo, com a quantidade de canções de Chico Buarque que abordam a infância e o ser criança (para além de algumas poucas que são mais comumente citadas neste sentido, O meu guri; Pivete; Acalanto para Helena). São 58 canções.

A maior incidência das canções se dá entre as décadas de 1960 a 1980, período em que houve imensa visibilidade de questões relacionadas à infância e ao ser criança no Brasil e no exterior. Vivíamos a ditadura militar e consideração do "problema do menor" como de segurança nacional. Sua criminalização era de tal monta que a elaboração da PNBEM (Política Nacional do Bem-Estar do Menor) se deu na ESG (Escola Superior de Guerra), espaço no qual o regime totalitário concebia as leis de exceção. Ao mesmo tempo, foi nas décadas de 1970 e 1980 que o País viveu processos extraordinários de mobilização social, que se voltavam, basicamente, para quatro objetivos: volta ao pluripartidarismo; retorno de eleições diretas em todos os níveis; anistia política real e irrestrita; e a elaboração de nova Constituição Federal, desta feita por uma Assembleia Nacional Constituinte, que substituísse a Carta Magna então vigente, que fora outorgada pelo regime militar.

Chico Buarque, artista engajado, exímio observador, reflete, em suas canções, sobre o cotidiano brasileiro e contribui para reflexões sobre esse cotidiano, suas contradições, tais quais as que podemos observar entre as significações de crianças e adolescentes no Brasil. A peculiar acuidade de Chico para revelar, por meio de suas canções, profundezas do cotidiano reitera em nós um de nossos pressupostos, de que expressões artísticas refletem as realidades e contribuem para seu conhecimento e para reflexões sobre elas.

De tal forma é a capacidade desse poeta do cotidiano que identificamos imensa diversidade de significações de infância e de ser criança. Chico Buarque parece atentar para tantas nuances das múltiplas realidades em que vivem crianças e adolescente no País, e o faz em diferentes tons. Pensar nos diferentes momentos da vida, do ciclo vital, tal como aparece na obra musical do artista, remetenos a uma possibilidade de sua compreensão, por parte da sociedade, em um dado momento histórico. Essa é a grande riqueza que procuramos mostar neste recorte de nosso estudo! À criança cabe a brincadeira, a alegria, o movimento, uma abertura ao devir. A adolescência, embora não nomeada, aparece mostrando sonhos, quebra de paradigmas, crescimento. Ao adulto cabe o trabalho, o cuidado com seus filhos, e, de vez em quanto, o carnaval ou o samba. Ao velho, desesperança!

Tudo isso nos revela a extrema sensibilidade do compositor, que podemos perceber na diversidade também de emoções em suas composições; e nos encanta por sua capacidade imensurável de despertar emoções as mais diversas em nós.

REFERÊNCIAS

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Texto recebido em 12 de maio de 2016 e aprovado para publicação em 20 de março de 2018. Agradecemos o apoio da Capes-CNPq, pela bolsa de pesquisa concedida à estudante Laisa Cavalcante.

 

 

*Doutora e mestra em Psicologia, professora titular na Universidade Federal do Ceará (UFC), vinculada ao Programa de Pós- Graduação em Educação Brasileira. Endereço: Avenida Antônio Sales, 2367, ap. 401 - Dionísio Torres, Fortaleza-CE, Brasil. CEP: 60135-101.E-mail: anafrota@ufc.br.
**Doutora em Sociologia, mestra em Psicologia, professor adjunta na UFC, psicóloga. Endereço: Rua Professor Dias da Rocha, 1300, ap. 1201 – Aldeota, Fortaleza-CE, Brasil. CEP: 60170-310.E-mail: a3pinheiro@gmail.com.
***Mestra em Economia, professora assistente na UFC, economista. Endereço: Rua Silva Jardim, 704 - Fátima. Fortaleza-CE, Brasil. CEP: 60040-260.E-mail: rcab@ufc.br.
****Graduada em Psicologia, psicóloga. Endereço: Avenida Professora Letícia Marques Cavalcante, 1483 – Capuan, Caucaia-CE, Brasil. CEP: 61615-000.E-mail: laisacavalcante9393@gmail.com.
*****Graduado em Música, músico. Endereço: Avenida Antônio Sales, 2367, ap. 401 - Dionísio Torres, Fortaleza-CE, Brasil. CEP: 60135-101.E-mail: mateus_mcf@yahoo.com.
1"Es un gran artista brasileño, latinoamericano y del mundo" (Rodríguez, 2004, p. 59).
2 Autoria de Instante é contestada, sendo atribuída erradamente a Jorge Luis Borges.

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