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Psicologia em Revista

versão impressa ISSN 1677-1168

Psicol. rev. (Belo Horizonte) vol.26 no.1 Belo Horizonte jan./abr. 2020

http://dx.doi.org/10.5752/P.1678-9563.2020v26n1p261-276 

ARTIGOS

DOI - 10.5752/P.1678-9563.2020v26n1p261-276

 

Seria a teoria da subjetividade uma vertente da psicologia histórico-cultural?

 

Would the theory of subjectivity be a branch of cultural-historical psychology?

 

¿Sería la teoría de la subjetividad una rama de la psicología histórico-cultural?

 

 

Murillo Rodrigues dos Santos*

 

 


Resumo

Este trabalho tem como objetivo situar a teoria da subjetividade no contexto da Psicologia histórico-cultural, respondendo à pergunta: seria a primeira uma vertente da segunda ou seriam teorias independentes? Para dar conta de tal questão, lança-se mão de uma reflexão teórica baseada na revisão de textos importantes de González Rey, tentando identificar pontos de semelhança e dessemelhança com a proposta vigostkiana, pela demarcação das categorias propostas pelo autor cubano e sua interlocução com as propostas do autor soviético. Com base nisso, chega-se à conclusão de que a teoria da subjetividade tem importantes aproximações ontológicas e epistemológicas com a Psicologia histórico-cultural, mas que, por esta também ter uma base na teoria da complexidade, trata-se, de fato, de uma releitura pós-moderna desta.

Palavras-chave: Vigotski. González Rey. Psicologia histórico-cultural. Teoria da subjetividade. Pós-modernismo.


Abstract

This study aims to place the Theory of Subjectivity in the context of Cultural-Historical Psychology answering the following question: would the former theory be a branch of the latter, or both are independent theories? In order to answer the previous question we propose a theoretical reflection based on an important review of Gonzalez Rey’s texts, trying to identify points of similarity and dissimilarity in relation to Vigotsky’s theory, through the framing of the categories proposed by the Cuban author and its interconnection with the proposals from the Soviet author. Based on this, one concludes that the Theory of Subjectivity has important ontological and epistemological approximation towards the Historical-Cultural Psychology, though, due to the fact that this theory is also based on the Complexity Theory, it is indeed a postmodern review.

Keywords: Vygotsky. González Rey. Historical-Cultural Psychology. Theory of subjectivity. Post-modernism.


Resumen

Este trabajo tiene como objetivo situar la Teoría de la Subjetividad en el contexto de la Psicología Histórico-Cultural, contestando la pregunta: ¿sería la primera teoría una rama de la segunda, o son teorías independientes? Para darse cuenta de responder esta cuestión, emplease una reflexión teórica basada en la revisión de importantes textos de Rey, intentando identificar puntos de similitud y disimilitud con la propuesta vigotskiana, a través de la demarcación de las categorías que han sido propuestas por el autor cubano y su diálogo con las propuestas del autor soviético. Basándose en eso, se puede llegar a la conclusión de que la Teoría de la Subjetividad tiene importantes aproximaciones ontológicas y epistemológicas con la Psicología Histórico- Cultural, pero por tener también una base en la Teoría de la Complejidad, tratase de una relectura posmoderna de esta.

Palabras clave: Vigotski. González Rey. Psicología Histórico-Cultural. Teoría de la subjetividad. Posmodernismo.

1. INTRODUÇÃO

A teoria da subjetividade é uma escola de pensamento psicológico criada pelo cubano Fernando Luis González Rey (1949-2019), psicólogo nascido em Havana e que vivenciou, ainda criança, a Revolução de 1959 em seu país, que destituiu o ditador Fulgêncio Batista para dar lugar ao castrismo. Muito pouco ainda é registrado sobre a biografia pessoal de González Rey, mas se sabe que militou na Juventude e no Partido Comunista durante sua juventude. Graduou-se em Psicologia pela Universidad de la Habana (1973), doutorandose, em 1979, pelo Instituto de Psicologia Geral e Pedagógica de Moscou, obtendo seu pós-doutorado em 1987, pela Academia de Ciências da União Soviética (Gómez & Rey, 2005; Motta & Urt, 2009).

Seu contexto de vida e formação acadêmica foi cercado de ideais marxistas, de onde parece extrair parte de sua inspiração inicial, pois, sob a orientação de Vilen Emmanuilovich Chudnovski (1924-2016), González Rey, começa sua vida acadêmica sob a linha de pesquisa em Psicologia da Personalidade, dirigida por Lidia Bozhovich (1908-1981), discípula de Lev Vigotski (1896-1934).

Porém, ao fazermos uma análise da obra de González Rey, podemos ver que existe uma diferença muito grande entre seus primeiros e últimos trabalhos publicados, no que se refere ao objeto de estudo e categorias utilizadas (Rey, 1977, 2016).

2. ANÁLISE DAS OBRAS DE GONZÁLEZ REY: UMA PERIODIZAÇÃO POSSÍVEL?

Além de fragmentos da própria obra escrita de González Rey, uma fonte importante de pesquisa sobre sua biografia pessoal e acadêmica é seu currículo na plataforma Lattes (última atualização em 21 de julho de 2016), onde está registrada a sua obra, que vai desde artigos em revistas científicas, capítulos de livros, apresentações em conferências e livros escritos e organizados.

O primeiro registro em seu currículo, publicado ainda durante seu doutoramento, é o artigo La personalidad y el rendimiento docente (Rey, 1977), que, em conjunto com muitos outros artigos (publicados na década de 1980), estão indisponíveis para um público mais amplo no Brasil. Todavia, mesmo com a dificuldade de acesso aos primeiros textos de Rey (1977; 1979; 1980), podemos ver, por meio dos títulos registrados no currículo do autor, quais eram os temas/objetos que eram alvo de sua curiosidade.

Nesta parte do texto, gostaria de defender a possibilidade da periodização da obra de González Rey, que parece ter, até o presente, contornos definidos de quatro etapas distintas.

A primeira etapa, que diz respeito ao período compreendido entre os anos de 1973 e 1987, tem como interesse geral os temas da personalidade e motivação, especialmente no que diz respeito à parte do desenvolvimento moral.

Todas as linhas de pesquisa desenvolvidas por mim entre 1973 e 1987 deram origem a meus primeiros três livros orientados para os temas de motivação moral, motivação profissional e saúde, que tinham, na sua base, o meu interesse teórico pela reformulação da categoria personalidade inserida na perspectiva histórico-cultural, hegemonizada na época pela Teoria da Atividade (Rey, 2005, p. 31).

Esse interesse inicial do autor deve-se a suas leituras sobre autores humanistas norte-americanos, especialmente Gordon Allport; as leituras sobre a obra de Lidia Bozhovich, célebre autora soviética na Psicologia da Personalidade, em cujas linhas de pesquisa desenvolveu seu doutorado sob a orientação de Chudnovski; e as críticas próprias do autor sobre a teoria da atividade, que havia hegemonizado o pensamento dentro da tentativa de construção de uma psicologia marxista.

O interesse na personalidade, todavia, que se iniciara em seu doutorado na antiga União Soviética, estendera até Cuba, sua terra natal, onde encontraria trânsito posterior entre renomados pesquisadores de Psicologia Social Crítica da comunidade latino-americana, como Maritza Montero, Ignacio Martin- Baró, Bernardo Jiménez, Sílvia Lane e José Miguel Salazar, que incentivariam sua transição para o segundo momento de sua obra, que seria mais focado na tentativa de articulação entre personalidade e Psicologia Social (Rey & Martínez, 1989; Rey, 2007b; Guedes, 2007; Gómez & Rey, 2012; López, 2016). Foi nesse movimento de articulação entre os temas de Psicologia da Personalidade e Psicologia Social que González Rey chegou à ideia de subjetividade:

Os meus interesses pela Teoria da Personalidade foram evoluindo durante meu trânsito pela psicologia social e pela psicologia da saúde, levando-me à procura de um termo mais abrangente que me permitisse articular meus interesses tanto no sujeito individual como nos complexos processos sociais, políticos e institucionais que caracterizavam sua vida. Foi assim que, com a publicação de Epistemologia Cualitativa y Subjetividad, articulei, pela primeira vez, a definição de subjetividade, já introduzida por mim em 1991, em um marco mais abrangente em que se considerava tanto a nova definição teórica como suas exigências epistemológicas. Nesse trabalho defendi também a articulação entre personalidade e subjetividade (Rey, 2005, p. 31).

Então, entre 1988 e 1997, a produção de González Rey se centrou mais sobre os temas de Psicologia Social, marxismo, Psicologia da Personalidade e saúde, comunicação, quando, a partir de então, com o aprofundamento das leituras epistemológicas do autor, nasceu a publicação do livro Epistemologia cualitativa y subjetividad (Rey, 1997), que deu início a um terceiro momento de produção científica:

Neste livro expressei a importância da epistemologia histórica francesa e da dialética marxista nas posições fundadoras da Epistemologia Qualitativa e, por sua vez, evidenciei as estreitas relações entre a minha proposta epistemológica e a teoria da complexidade (Rey, 2005, p. 31).

O terceiro momento da obra de González Rey foi quando predominam as categorias "sujeito" e "subjetividade", que nomeiam um dos mais importantes livros do autor (Rey, 2003), no qual se trabalha uma série de categorias e conceitos que inaugurarão a teoria da subjetividade.

Desde a segunda metade dos anos 90, orientei meu trabalho para o desenvolvimento do tema da subjetividade a partir de uma posição cultural histórica (González Rey, 1997). No começo, esse esforço esteve, em grande medida, inspirado nas definições de sentido e de "perejivânie" dadas por Vigotski em alguns de seus últimos trabalhos bem como pelo desenvolvimento do legado de Vigotski nos estudos acerca da motivação e a personalidade realizados por Bozhovich (Rey, 2016, p. 48, tradução nossa)1.

Com o passar do tempo, já na primeira década do segundo milênio, González Rey parece cada vez mais consciente de seu movimento de articulação entre a teoria histórico-cultural e movimentos pós-modernos, especialmente dentro de uma concepção complexa:

Na minha opinião, a teoria da subjetividade por nós defendida se insere nesse giro complexo, precisamente pela sua origem em teorias que se alimentam da dialética marxista e que pretenderam compreender o homem como resultado de sua complexa realidade social, sem, para isso, desmembrar a unidade do social e do individual, unidade essa que destaca sistemas ontologicamente diferentes – o social e o individual -, mas capazes de se integrarem no subjetivo ante a emergência da cultura como definidora do espaço social. Essa relação entre a nossa compreensão da subjetividade e as suas origens históricas foi muito bem desenvolvida por A. Mitjans (2005) (Rey, 2007c, p. 229).

E ainda ressalta:

Sinto que o modelo histórico-cultural apresentado neste livro permite um diálogo com outras teorias pós-modernas, no qual pensamos evidenciar pontos que os unem e outros que os diferenciam, o que, acredito, deve caracterizar uma forma diferente de fazer ciência (Rey, 2007c, p. 229).

Essa consciência progressiva a respeito de sua própria obra vai sendo gerada com a observação dos desdobramentos de suas pesquisas e com a incorporação da leitura de novos referenciais teóricos, o que faz a obra de González Rey avançar para o quarto momento teórico, tornando-se uma referência mais interdisciplinar e com um corpus cada vez mais próprio como teoria. Essa consciência se torna clara para mim, visto que, em seu livro Subjetividade e saúde: superando a clínica da patologia (Rey, 2011b) escreve:

Quando a professora Marisa Zavalloni teve a delicadeza de escrever seu interessante prólogo a meu livro Pesquisa Qualitativa e Subjetividade: os processos de construção da informação (2005), me perguntou por que eu não tinha usado o termo Epistemologia da Subjetividade em lugar do conceito Epistemologia Qualitativa para identificar a minha proposta epistemológica sobre a qual se apoia a minha proposta metodológica de caráter construtivo-interpretativo, e essa pergunta retornou reiteradamente em diversos momentos durante todos estes anos. Atualmente eu diria à professora Zavalloni que sua observação é compartilhada plenamente por mim nos dias de hoje, mas que naqueles primeiros momentos eu ainda não representava teoricamente a mim mesmo, de forma mais clara, o quanto a definição ontológica do que pretendemos estudar é central na proposta epistemológica, a que se deve alimentar na filosofia, mas deve ser elaborada e trabalhada de cara ao tipo de problema que definimos como o foco na construção de nosso pensamento (p. 49).

Ou seja, parece-me que o autor toma consciência de que o que produziu até o momento já tem um status de teoria independente; muito embora a noção de que as ideias de González Rey já se constituíam como teoria exista desde Martínez (2005), parece que sua emancipação se dá a partir desse marco (Rey, 2011b).

É a partir daí que parece iniciar-se o quarto momento da obra de González Rey, da qual podemos dizer que, mesmo ainda fortemente ligado a temas da Psicologia Histórico-Cultural (PHC) (Rey, 2012; 2016), parece apresentar características cada vez mais singulares, próprias de uma teoria autônoma e independente, porém inscrita num ideal de teoria complexa, religadora de saberes distintos (Morin, Almeida, & Carvalho, 2007).

3. CATEGORIAS DA TEORIA DA SUBJETIVIDADE

Para sabermos de fato se a teoria da subjetividade se inscreve dentro de um referencial histórico-cultural, devemos analisar quais são as principais categorias empregadas por González Rey, tentando compreender se estas têm correspondência com a teoria soviética.

Como já tratado anteriormente, uma categoria central na obra de González Rey é a de "subjetividade" que, para ele, é "Definida não apenas como organização intrapsíquica individual, mas como produção diferenciada e simultânea de sentidos subjetivos em dois níveis estreitamente relacionados: o individual e o social" (Rey, 2011a, p. 30).

Logo, para entendermos o conceito de subjetividade para o autor cubano, devemos abrir parêntese para a exposição do conceito de "sentido subjetivo", que, para o autor, é "a unidade inseparável do simbólico e do emocional, onde a emergência de um provoca a aparição do outro sem ser a sua causa" (Rey, 2011b, p. 33).

Dessa forma, a subjetividade é composta e se expressa por dois níveis que se relacionam no sujeito: a "subjetividade individual", que permite a expressão do sujeito pelo reconhecimento da ideia de "eu"; e outra, social, que permite a expressão pelo "nós". É por meio do conceito de "subjetividade social" que se pode pensar na possibilidade da formação de uma subjetividade individual, visto que somos formados por diversas instituições, como família, escola, igreja, clubes sociais.

A subjetividade social como um sistema complexo exibe formas de organização igualmente complexas, ligadas aos diferentes processos de institucionalização e ação dos sujeitos nos diferentes espaços da vida social, dentro dos quais se articulam elementos de sentido procedentes de outros espaços sociais (Rey, 2003, p. 203).

Essas noções de subjetividade social e individual, articuladas, demonstram o caráter dialético-dialógico da proposta de González Rey, em pensar categorias por meio de unidades de análise. Justamente com base nessa proposta de pensar dialética e dialogicamente, González Rey também traz a noção de "configuração subjetiva".

Para Rey (2011b), "As configurações subjetivas representam a unidade do histórico e do atual na organização da subjetividade, pois elas representam a expressão do vivido como produção subjetiva" (p. 34). Esse conceito não serve para substituir a ideia de personalidade, mas coexiste com esta, de modo a não aparecer "como causa do comportamento, mas como uma fonte dos sentidos subjetivos que emergem no curso do comportamento" (p. 34). Ou seja, é a forma como os sentidos subjetivos se organizam de modo a manterem o seu funcionamento.

Essas ideias fazem sentido ao pensar a "personalidade" como "uma organização complexa de configurações, formações, níveis de integração e sínteses diferentes que coexistem em complexas relações dialéticas dentro de sua organização geral, constituída de forma diferencial em cada sujeito concreto" (Rey, 1997, p. 143, tradução nossa)2. Essa categoria é, para González Rey (1997; 2003), portadora de um caráter complexo, plurideterminado, holístico, sistêmico, configuracional, processual, fonte permanente de emoção e "auto-organizador da experiência histórica do sujeito concreto" (Rey, 2003, p. 241).

Nesse caminho, outro conceito importante para se compreender sua teoria é o de "tendência orientadora da personalidade", organizada ao redor de "motivos", que são "necessidades humanas sobre os quais se constituem a personalidade" (Rey, 1997, p. 130). Essas tendências orientadoras estão constituídas por um motivo central que orientam o sujeito para a ação (Rey, 1997).

Todos esses conceitos anteriores se integram na ideia de "sujeito", uma categoria marcada pelo caráter consciente, emocional, intencional, atual e interativo, que permitem a expressão da vida social do indivíduo (Rey, 2003).

Para Rey (2003) a "emoção é uma condição permanente na definição de sujeito. A linguagem e o pensamento se expressam a partir do estado emocional de quem fala e pensa" (p. 236). Por isso o autor entenderá a "emoção" como “"um processo de ativação somática produzida por uma experiência, que pode ser exterior ao sujeito, corporal, psíquica e, no caso dos seres humanos, simbólica, dimensão diferenciada do caráter histórico-cultural do psiquismo humano" (Rey, 2003, p. 215).

Outras noções importantes para a teoria da subjetividade são as de "saúde" e "patologia":

A saúde, física e mental, está muito relacionada à capacidade do sujeito de produzir novos sentidos ante seus conflitos. Por exemplo, ante o divórcio, a pessoa produz novos sentidos que a levam a uma reorganização de sua vida. Ou isso ou ela entra num processo progressivo de desorganização que poderia levar a uma configuração patológica da personalidade (Rey, 2003, p. 239).

Assim, a "patologia" é marcada pela incapacidade que o sujeito tem de gerar novos sentidos subjetivos para suas experiências (Rey, 2003; 2011b). E, nesse sentido, o objetivo do trabalho clínico ou da intervenção em Psicologia da Saúde

Não é só o de demonstrar ao sujeito na psicoterapia que as suas crenças são injustificadas, facilitando a modificação destas, mas também de permitir-lhe vivências, reflexões e construções durante o processo terapêutico, que lhe permitam uma modificação das configurações subjetivas implicadas no desenvolvimento destas crenças, e que contribuam para a modificação de seu sentido subjetivo (Rey, 1997, p. 142).

E, para finalizar, parece-me salutar evidenciar o que o autor entende por consciência e inconsciência. Na teoria da subjetividade, a "consciência" é entendida "não como espaço intrapsíquico, mas como processo permanente de significação que tem lugar na atividade interativa e intencional do sujeito" (Rey, 1997, p. 133, tradução nossa);3 a inconsciência, por sua vez, é compreendida como a "configuração complexa de processos emocionais inacessíveis de forma linear aos significados conscientes produzidos pelo sujeito" (Rey, 2003, p. 89).

O pensamento de González Rey é muito fecundo, fruto de mais de quatro décadas de trabalhos e pesquisas em várias áreas da Psicologia e em diversos países. Essas atividades desenvolveram diversos tipos de conceitos e categorias, em vários campos do pensamento psicológico e filosófico, seja no que diz respeito à ontologia, epistemologia e metodologia, seja no que diz respeito à Psicologia Clínica, da Saúde, Social, da Personalidade, do Desenvolvimento, entre outros.

Dessa forma, de posse desses conceitos, devemos verificar se eles têm correspondência com os principais conceitos da Psicologia Histórico-Cultural (PHC), especificamente se têm relação com os trabalhos de Lev Vigotski.

4. APROXIMAÇÕES COM A PSICOLOGIA HISTÓRICOCULTURAL

Lev Vigotski, pai e principal teórico da PHC4, não trabalhou com a categoria subjetividade. Esta foi trazida posteriormente por Sergei Rubinshtein (Rey, 2003), e desenvolvida especialmente a partir da década de 1970, na União Soviética, por Abuljanova, Brushlinsky, Chudnovski e Lomov, discípulos de Ananiev, Bozhovich e Rubinshtein (Rey, 2016).

O doutorado de González Rey foi concluído em 1979, sob orientação de Vilen Chudnovski, que participava da linha teórica de estudo da personalidade inaugurada por Lidia Bozhovich, colaboradora direta de Vigotski, e essa filiação teórica teve importante influência na formação dos conceitos da teoria da subjetividade.

Rey (1997) nos mostra que, após a morte de Vigotski, três linhas de pesquisa foram mais proeminentes entre o grupo de discípulos do pai da PHC: Luria desenvolveu pesquisas na área de neuropsicologia, Leontiev desenvolveu seu trabalho criando a teoria da atividade, e Bozhovich trabalhou pela criação de uma teoria da personalidade.

Foi justamente por ter trabalhado na linha de pesquisa sobre a personalidade que surgiram reflexões e críticas contra a teoria da atividade, que dominava o horizonte intelectual da Psicologia após a morte de Vigotski, que foram essenciais para o desenvolvimento de novas categorias explicativas que não reduzissem o objeto de estudo da ciência psicológica a um mero conceito reificado (Rey, 2005).

Alguns conceitos foram essenciais para o desenvolvimento das categorias subjetividade, sentido subjetivo e sujeito, por exemplo, e cabe a nós refletir sobre as contribuições conceituais da PHC: Rey (2016) ressalta que três conceitos específicos inspiraram o surgimento da categoria subjetividade, sendo eles perejivânie (vivência), sentido e situação social de desenvolvimento.

Vigotski entendeu perejivânie como a integração dos elementos cognitivos e afetivos, que sempre pressupõe a presença de emoções. Vigotski usou este conceito a fim de enfatizar a integralidade do desenvolvimento psicológico da criança, integrando elementos externos e internos de cada estágio do desenvolvimento. De acordo com Bozhovich, por um curto período de tempo, Vigotski considerou perejivânie como a “unidade” do desenvolvimento psicológico no estudo da situação social de desenvolvimento (Daniels, 2012, p. 200, tradução nossa).

González Rey entende que perejivânie é um dos três pontos mais importantes da PHC e que marca um período de transição do pensamento de Vigotski, quando este passa a compreender a consciência como um sistema psicológico aberto, ou seja, não como uma abstração desta, como simples produto da materialidade, mas como um processo em formação por meio das vivências (Fleer & Rey, 2013).

Este, todavia, não é o único ponto em que González Rey utiliza dos conceitos de Vigotski para fundar novas categorias na teoria da subjetividade. A noção de "sentido subjetivo" é uma categoria iniciada pelo autor cubano e que tem diferença ontológica da noção inicial de "sentido" proposta por Vigotski, e da noção intermediária de sentido pessoal fundada por seu discípulo A. N. Leontiev (Rey, 2007a). Sentido, para Vygotski (2001), era "o agregado de todos os fatores psicológicos evocados em nossa consciência graças à palavra" (p. 333), diferentemente de sentido pessoal, que era, na teoria da atividade, "reflexo das relações da ‘personalidade’ com os 'objetos'" (Rey, 2007a, p. 165).

Ciente das limitações da teoria da atividade e tendo entendido no percurso gradual de minha aproximação à questão do sentido na última parte da obra de Vygotsky, concordo com A. A. Leontiev, sobre o fato de que essa categoria levava, não apenas a uma nova compreensão do trabalho de Vygotsky, mas a novos desdobramentos e linhas de pesquisa na psicologia. Foi assim que comecei a me interessar pelas possibilidades de desenvolvimento da categoria sentido, a qual ficou num momento inicial de desenvolvimento na obra de Vygotsky. Nesse processo, aprofundando no percurso do desenvolvimento dessa categoria, percebi sua significação para o desenvolvimento de uma teoria da subjetividade de base histórico-cultural. Foi nesse caminho que defini as categorias de sentido subjetivo e de configuração subjetiva (González Rey, 1995), sobre as quais trabalho até hoje numa nova definição do tema da subjetividade. (Rey, 2007a, p. 170).

Dessa forma, o próprio Rey (2003; 2007a) admite a clara diferença entre a categoria de "sentido" e a de "sentido subjetivo", demarcando um ponto de diferenciação entre a PHC e a teoria da subjetividade.

Em seus estudos sobre Vigotski, Rey (2012) atribui três momentos específicos ao pensamento do autor soviético: o primeiro, quando se preocupa com temas como criatividade, emoções, arte; o segundo, quando Vigotski foca sua atenção em pensamento, linguagem, cognição; e o terceiro momento, quando há um retorno aos interesses do primeiro momento, com a tentativa de uma elaboração melhor de termos esboçados anteriormente.

Sua ênfase na arte, nas emoções e na fantasia, nesse último momento, associa-se à questão do sentido e da vivência, aparta-se do lugar central da linguagem e da cognição que até hoje tem tanta força na leitura que dele se faz no Ocidente. O racionalismo dominante na psicologia ocidental tem dificuldades para assimilar o lugar ativo e gerador atribuído por Vigotski às emoções e, no entanto, é essencialmente esse tema o que abre opções para o desenvolvimento da questão da subjetividade de uma perspectiva histórico-cultural, tema que, em minha opinião, é inseparável da relevância atribuída à cultura, que foi um dos aspectos centrais naquela psicologia de que Vigotski representou uma das figuras mais eminentes (Rey, 2012, pp. 6-7).

Ao periodizar a obra de Vigotski em três partes distintas, González Rey consegue ver que o papel das emoções é central no terceiro momento, e que esse protagonismo é que abre espaço para pensar-se numa nova unidade de análise: a "subjetividade". Essa proposta de periodização da obra de Vigotski, entre outros fatores, ajudaria na compreensão de por que existem tantas interpretações a respeito de sua obra.

O fato é que Vigotski deixou um trabalho inconcluso, o que já facilita a emergência de diferentes leituras e conjecturas a respeito de sua obra. Mas outro elemento se soma a isso: Vigotski era um autor multirreferencial, que fazia uso de leituras que variavam de Freud, Spinoza, Piaget, Lewin e Marx. Essa capacidade multicultural de Vigotski foi outro fator que influiu para o surgimento de diferentes visões a respeito de sua obra.

5. SOBRE AS APROPRIAÇÕES DO PENSAMENTO VIGOTSKIANO FEITAS POR GONZÁLEZ REY

Vimos que González Rey se apropria de muitos conceitos da PHC, especialmente dos cunhados por Vigotski, para propor novas unidades de análise e novas categorias. Mas o pensamento desse autor, apesar de ser bastante difundido, não é unanimidade.

Ao eleger a subjetividade como elemento central do psiquismo humano, González Rey se afasta da noção "ortodoxa" da PHC, de que a consciência é o objeto de estudo da Psicologia para Vigotski (Lucci, 2006; Toassa, 2006; Lordelo & Tenório, 2010). Mas, mesmo assim, há de se convir que é difícil arbitrar a razão sobre uma obra inconclusa, haja vista que as inúmeras lacunas sobre a obra de Vigotski podem facilitar (e facilitaram) diferentes ideias/interpretações a respeito de objetos, unidades de análises e conceitos.

Uma das contribuições epistemológicas de González Rey ao estudo da obra vigotskiana é, em meu ponto de vista, o veemente desafio/negação que ele faz à ideia de que exista "uma única interpretação possível à obra deste autor". A obra de Vigotski é um rico sistema aberto e complexo, que existe até hoje para intrigar pesquisadores e promover diferentes tipos de pesquisa.

Isso não quer dizer, todavia, que se devam fazer apropriações indébitas da obra de Vigotski, alterando-a ou, como diria Eco (2005), usando-a conforme o interesse de quem a ler, mas de que os conceitos já desenvolvidos podem ser utilizados como base para a geração de novos conceitos/categorias/ideais. Devese, portanto, conservar e referenciar o pensamento do autor, em sua integralidade, diferenciando a ideia original de novas propostas, mostrando as semelhanças e dessemelhanças. Esse movimento de criação e separação parece estar sendo realizado por Rey (1997; 2003; 2007a; 2011a).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS: SITUANDO A TEORIA DA SUBJETIVIDADE

Apesar de sempre identificar seu ponto de partida teórico na Psicologia Histórico-Cultural (Rey, 1997, 2003, 2007a, 2011a), existem outros fatores a serem considerados. Martinez (2005) e Rey (1997; 2005) situam a proposta da teoria da subjetividade também dentro do marco teórico da teoria da complexidade.

Martínez (2005) é clara em afirmar que a teoria da subjetividade é uma expressão do paradigma da complexidade, e Rey (2005) concorda com isso. Mas como é possível a teoria da subjetividade ter uma raiz na Teoria Histórico- Cultural e outra raiz na teoria da complexidade? Isso é possível, entre outras coisas, pois a PHC e a teoria da complexidade, ambas, têm o marxismo como uma de suas bases filosóficas.

Morin (2014), pai da teoria da complexidade, mostra que, entre seus referenciais teóricos, encontra-se Marx como um dos principais. Todavia, apesar de ter o marxismo como uma de suas principais bases teóricas, o pensamento complexo tem também outros referenciais igualmente fundamentais em sua constituição, caracterizando o pensamento de Morin, em meu ponto de vista, ao lado do pós-estruturalismo, uma vertente do pensamento pós-moderno francês, o que concorda com Rey (2007c).

Mesmo de origem marxista (Vygotski, 2013), a PHC também apresentou um pensamento bastante flexível, visto que Vigotski, sendo portador de várias leituras diferentes a respeito da Filosofia e da Psicologia de sua época, foi criador de uma espécie particular de materialismo, mediante contribuições do pensamento spinoziano (Toassa, 2015a; 2015b).

Ou seja, se nem o pensamento vigotskiano foi radicalmente marxista, no sentido ipsis litteris de incorporar as contribuições de Marx, poderíamos cobrar a existência de uma PHC pós-vigotskiana assim? Apesar de haver críticas a respeito de apropriações indevidas da obra de Vigotski (Duarte, 2011), não devemos fazer a obra de nenhum autor intocável, a ponto de ser impedida de receber revisões, reconstruções e servir como inspiração para a construção de novas categorias, desde que sempre se evidenciem os pontos onde as alterações estão sendo efetuadas.

Dessa forma, Rey (1999; 2007a; 2012), apesar de ser um dos grandes comentaristas da obra de Vigotski na atualidade, parece já ter alcançado certo grau de autonomia teórica, sendo criador de uma teoria própria. Dessa forma, sua paternidade da teoria da subjetividade existe graças à articulação que este faz entre PHC e teoria da complexidade, além de outras importantes com a psicanálise, teoria das representações sociais, construcionismo social, entre outros.

Assim, "não diria que a teoria da subjetividade seja uma vertente da PHC, mas uma releitura pós-moderna desta", pois, devido ao nível de articulação com outras teorias, somado à criação de um grande número de novas categorias (que não estavam presentes diretamente em Vigotski) e a eleição da subjetividade, e não da consciência como objeto de estudo, é que a teoria da subjetividade me parece, atualmente, apresentar tantos pontos de dessemelhança quanto de semelhança.

Dessa forma, devemos dizer que, devido à grande envergadura tanto da teoria da subjetividade quanto da PHC e da teoria da complexidade, há que se aprofundar e desenvolver novas pesquisas e críticas, no sentido de traçar as diferenças e semelhanças fundamentais, a fim de resguardar quaisquer teorias de interpolações desnecessárias e delimitar o marco teórico de fundação da teoria da subjetividade.

REFERÊNCIAS

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Texto recebido em 29 de outubro de 2016 e aprovado para publicação em 10 de outubro de 2017.

 

 

*Doutorando em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (UnB), mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Goiás (UFG), graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás), com período sanduíche pela Universidad Católica del Norte (Chile), diretor executivo do Instituto Psicologia Goiânia.E-mail: murillo.psi@hotmail.com.
1 "Desde la segunda mitad de los años 90 orienté mi trabajo al desarrollo del tema de la subjetividad desde una posición cultural histórica (Rey, 1997). En los comienzos, ese esfuerzo estuvo en gran medida inspirado por las definiciones de sentido y de "perejivânie" dadas por Vygotsky en algunos de sus últimos trabajos, así como por el desarrollo del legado de Vygotsky en los estudios sobre la motivación y la personalidad realizados por Bozhovich" (Rey, 2016, p. 48).
2"La personalidad [. . . ] como una organización compleja de configuraciones, formaciones, niveles de integración y síntesis diferentes que coexisten en complejas relaciones dialécticas dentro de su organización general, constituida de forma diferencial en cada sujeto concreto" (Rey, 1997, p. 143).
3"La consciencia, la cual pasa a ser comprendida no como espacio intrapsíquico, sino como proceso permanente de significación que tiene lugar en la actividad interactiva e intencional del sujeto" (Rey, 1997, p. 133).
4 O termo Psicologia Histórico-Cultural (PHC) é bastante problemático: Keiler (2012) aponta que este não tenha se originado autenticamente por Vigotski, Luria ou Leontiev, mas foi uma designação da década de 1930, cunhada com objetivos pejorativos por críticos dessa teoria, tendo sido estranhamente aceita depois pelos estudiosos dessa área.

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