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Revista da SPAGESP

versão impressa ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP v.1 n.1 Ribeirão Preto  2000

 

PARTE V - PERSPECTIVAS DO TRABALHO GRUPAL

 

Os deuses de ontem. Uma aproximação entre a Psicanálise e a Poesia1

 

 

Catalina Pagés2

Núcleo de Estudos em Saúde Mental e Psicanálise das Configurações Vinculares - NESME

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A autora nos apresenta a idéia que o trabalho em grupo com um texto poético, permite transitar pelas Idades do homem e recuperar e conquistar a sua herança. Esse trânsito dá uma compreensão maior da própria humanidade; o nosso vínculo com o passado não é mais visto como um peso a ser eliminado e sim como um apoio a ser buscado.

A união da arte e a Psicanálise, particularmente a poesia, pelo seu conteúdo simbólico possibilitam o vínculo atemporal com as verdades eternas.


ABSTRACT

The author presents the idea that works in groups with a poetic text enables us to travel among the ages of Man and recover our heritage. This journey endows us with greater understanding of our own humanity. Our link with the past is seen no more as a burden to be removed but as a source of sustenance to be sought.

The union of art, especially poetry, and psychoanalysis, both endowed with symbolism, provide us with timeless ties to eternal truths.


RESUMEN

La autora nos presenta la idea que el trabajo en grupo con textos poéticos permite transitar por las edades del hombre y reconquistar su herencia. Este Tránsito da una comprensión mayor de la propia humanidad y nuestro vinculo con el pasado no es mas visto como un peso a ser eliminado y si un apoyo a ser buscado.

La unión del arte y el psicoanálisis, particularmente la poesía por su contenido simbólico posibilita ese vínculo atemporal con las verdades eternas.


 

 

Os Deuses de Ontem

Gostaria de falar da minha experiência usando um texto, muitas vezes um texto clássico, no trabalho em grupos que venho desenvolvendo. Neste momento estou trabalhando em grupos os conceitos freudianos de Totem e Tabu e da Psicologia das Massas e Análise do Eu , e qual não foi a minha surpresa e alegria ao encontrar no texto de Elliot "Talento Individual e Tradição"  tanta proximidade e afinidades entre ambos. E quero fazer uma ponte entre a literatura e os conceitos da psicanálise, mostrando como no trabalho em grupo eles se complementam.

Os artistas nos lembram do que esquecemos; no grupo a pluralidade dos componentes nos leva a esse tempo anterior mais arcaico e portanto mais próximo da origem. O que mais desejamos é sentir que aqueles que vieram antes de nós, ou seja a tradição, que nos apóia e ajuda a voar mais alto, sem medo de cair, já que estamos amparados pelas suas raízes. Podemos assim abrir novos caminhos a fim de que outros sentidos venham em um processo emancipatório.

Segundo Elliot, a tradição não pode ser herdada, e, se alguém a deseja tem de conquistá-la A tradição envolve... o sentido histórico, que é indispensável a alguém que pretende continuar poeta depois dos 25 anos .O sentido histórico implica a percepção do passado em nós, ...esta mentalidade é uma mentalidade que muda, essa mudança é um desenvolvimento que nada abandona no caminho não aposenta nem Sheakespeare nem Homero, nem tampouco os desenhos rupestres dos artistas primitivos .....Toda literatura tem uma experiência simultânea. O sentimento histórico é a reunião do temporal e atemporal, num mesmo momento presentes na obra. O poeta sente que esse passado, essa mentalidade é mais importante que sua mente particular, tem uma complexidade maior, um refinamento. Ele se entrega inteiramente à obra, mesmo sem saber o que virá a ser concebido No fazer artístico ocorre uma contínua entrega de si, e num dado momento algo que se revela mais valioso. (pág.7) É fácil observar que todo artista se apropria de um tema e a primeira de suas obras vai encontrando resignificados à medida que ele compõe novos trabalhos. Esse tema provém dos temas de sempre e já foram anteriormente tocados por artistas anteriores que também são resignificados, ou melhor, tem o seu sentido enriquecido nos novos tempos. Depois da descoberta da psicanálise a obra de arte tem uma função social mais completa.

Pode-se ver que a criação só se dá na fusão e na entrega. É uma aposta no vir a ser, é a confiança, a fé, o fio condutor (fio &– trama &– tecido &– fiação) compostos de muitos fios. Como Penélope que tecia durante o dia e desfazia a sua tarefa à noite, e se aparentemente não saía do lugar, por outro lado, ao refletirmos sobre essa sua atitude podemos observar que ela mantinha a permanência do vínculo afetivo  com Ulisses, o marido ausente. Com isso Penélope preservava o seu lugar, garantindo a sua volta ao lar.

Segundo Freud existe uma mente coletiva em que ocorrem processos mentais, exatamente como acontece na mente de um indivíduo ...a menos que os processos psíquicos continuassem de uma geração a outra, não existiria progresso... A herança das disposições psíquicas, necessita receber alguma espécie de ímpeto na vida do indivíduo, para poder ser despertada para o seu funcionamento real ... pode ser o significado das palavras do poeta Goethe ‘aquilo que herdastes de teus pais, conquista-o para fazê-lo teu’... Nenhuma geração pode ocultar à geração que a sucede  nada de seus processos mentais mais importantes , pois a Psicanálise nos ensina que todos possuem uma atividade mental inconsciente, um apparatus que lhes permite interpretar as reações de outros homens, isto é, desfazer as deformações que os outros impuseram à expressão de seus próprios sentimentos. Por este caminho do entendimento inconsciente, de todos os costumes, cerimônias e estatutos que restaram como marcas originárias da relação com o pai primordial, as gerações posteriores puderam receber sua herança de emoções. (pág.187 e 188).

Refletindo sobre isto, entendo que para Elliot, o que sustenta a criação do poeta é a tradição. Com a sua obra mantém vivo o elo com a tradição dos poetas anteriores, uma filiação, um contínuo movimento que vai além de si mesmo através de sua poesia. A função dos poetas é acordar o coração, lembrá-lo daquilo que ele sabe, mas esqueceu. A poesia penetra no coração e não deixa cair no esquecimento as coisas que necessitam ser lembradas. A poesia pode ser uma sublimação, ou uma criação de um nível mais alto que dá sentido aos demais, pois os símbolos de que ela se utiliza fazem do homem um ser alado capaz de recriar os múltiplos sentidos e significados que nunca se esgotam. Mas vou parar por aqui, pois esse é um outro tema cuja discussão também não termina, ela nos levaria ao infinito.

Freud postula a existência de uma mente coletiva, onde o passado está sempre operando dentro de nós, através desse “apparatus, isto é, o inconsciente tem acesso à tradição, à herança arcaica”.

Ambos, Freud e Elliot falam que essa herança necessita ser conquistada, que cada um precisa se apropriar dela para poder usufruir seus benefícios, sem ela nos sentimos sós, presos ao presente, à tirania do Eu.

No “Vocabulário da Psicanálise” de Laplanche e Pontalis o aparelho psíquico é definido como sucessão de inscrições... de sinais, idéia que é retomada e discutida em textos ulteriores. As representações inconscientes são dispostas em fantasmas, histórias imaginárias em que a pulsão se fixa e que podemos conceber como verdadeiras encenações de desejos... a maior parte dos textos freudianos anteriores à segunda tópica, assimilam o inconsciente ao recalcado, vários textos reservam o lugar para conteúdos não adquiridos pelo indivíduo, filogenéticos, que constituiriam o núcleo do inconsciente... (pág.307).

Aparelho psíquico, expressão que sublinha certas características que a teoria freudiana atribui ao psiquismo: sua capacidade de transmitir e de transformar uma energia determinada e a sua diferenciação em sistemas ou instâncias... O termo aparelho sugere a idéia de uma tarefa, ou mesmo um trabalho. O esquema preponderante foi obtido por Freud de uma determinada concepção de arco reflexo, segundo a qual este transmitiria a energia recebida. O aparelho psíquico deve ser concebido como um aparelho reflexo. O processo reflexo continua a ser o modelo de todo o funcionamento psíquico. O comentário da expressão aparelho psíquico remete a uma apreciação de conjunto da metapsicologia freudiana e das metáforas que põe em jogo. (idem, pág.64 e 65).

É interessante refletir sobre o porque dessas duas palavras juntas &– aparelho psíquico. Aparelho como sendo algo útil, prático, servindo para desempenhar uma determinada função. O psíquico, muitas vezes traduzido como mente, alma, ou seja algo volátil e inapreensível, mas que tem autonomia e vida própria, capaz de transmitir e transformar energia. Essa atividade mental inconsciente manifesta-se de uma forma específica nos mitos, nos sonhos, na poesia, na literatura, nos atos falhos. Se essa energia ficasse apenas no corpo e não se transformasse criaria sintomas psicossomáticos, transformando-se em dor e doença. O trabalho de Lazslo Antonio Ávila sobre as descobertas de Grodeck nos ensina a discriminar as doenças do corpo das doenças da alma. Mas a discussão dessas idéias nos levaria muito longe, seria um outro trabalho que vamos deixar para um outro momento.

A técnica do trabalho em grupo usando  um texto clássico, seria o ímpeto que nos ajudaria a recuperar esta herança. Os escritores têm este dom, este talento, de diminuir a distância que separa um Eu do outro, um tempo do outro; nos fazem sentir que todos somos poetas, que também poderíamos ter escrito aquilo que eles escreveram, tal é a familiaridade e intimidade que seus escritos despertam em nós. Através deles, recuperamos este tempo anterior, esta parte de nós mesmos, que vivemos nos sonhos, que é a multiplicidade de almas na simultaneidade de tempos.

Segundo Garcia Rosa, Freud nos propõe que pensemos o sonho como uma estrutura psíquica. O sonho é uma encenação, mas não de um texto prévio que ele traduz em imagens; ele é o próprio texto, escritura feita de elemento pictográficos originais, que não obedecem a nenhum código anterior a ela própria. Mesmo quando utiliza elementos já codificados, quando recorre ao léxico da cultura, o sonho os submete a uma sintaxe própria “o sonhador inventa a sua própria gramática” escreve Derida, o que nos transforma em leitores decifradores se queremos aprender seu significado... os antigos caminhos que o sonho repete, ele o faz diferencialmente  é uma reprodução ampliada da matéria prima. Não se trata de uma repetição do mesmo, do idêntico, mas de algo que se produz a cada vez, a partir de uma matéria prim, que não é ela própria um texto origina,l... os sonhos quando submetidos a uma análise a partir da teoria do inconsciente, revelam uma lógica própria capaz de desvelar toda a sua coerência e de nos indicar múltiplas possibilidades de sentidos...o sonho não é apenas um texto, mas o texto de uma mensagem cifrada, um enigma que cabe ao destinatário decifrar. Mas quem é o destinatário? Mais ainda, quem é o remetente? Quem é o sujeito do sonho? Não é certamente o eu. Aquilo que no sonho diz respeito ao sujeito está para além do eu. Descentrado em relação ao eu, remete ao inconsciente ou, mais precisamente, ao sujeito do inconsciente... o sonho faz apelo ao outro, ouvinte intérprete de sua narrativa....Freud considerava o aparelho de linguagem (e portanto o próprio aparelho psíquico) como um aparelho cuja construção se faz numa relação com o outro, sendo que esse outro era entendido como um outro aparelho de linguagem... se de fato o aparelho psíquico é um aparelho que se dirige a outros aparelhos e que somente nessa relação ele pode ser considerado como aparelho psíquico, então se justifica a tese de que o sonho não se esgota em si mesmo, mas se dirige ao outro, destinatário, intérprete, numa relação da qual resultará o seu sentido. Aquilo a que o sonho faz apelo é a fala, a fala do próprio sonhador e a fala do outro, apenas nesse sentido pode ser considerado um texto ou, mais especificamente, uma mensagem. (pág. 65 e 66).

O sonhar, em seu conjunto, é uma regressão à condição mais primitiva do sonhador, uma reanimação de sua infância, das noções pulsionais que o governam e dos modos de expressão de que dispunha. Mas para além dessa infância individual a regressão aponta também para a infância da humanidade, para essa infância filogenética da qual somos, segundo Freud, uma repetição abreviada. O aparelho psíquico concebido por Freud é um aparelho simbólico... o simbólico é o que fundamenta esse aparelho. Sua natureza é simbólica. (idem, pág.156).

Não posso deixar de citar esse longo parágrafo de Garcia Rosa na íntegra, porque ele conseguiu dizer de maneira exemplar o que eu penso que seja essencial.Ele transita da encenação da imagem até a escritura feita de elementos pictográficos, e à medida que o sonhador encontra um outro a quem dirigir a mensagem, a imagem do sonho une este sonhador ao destinatário através da palavra.  Considerando que num grupo temos vários aparelhos psíquicos, ou seja, aparelhos de linguagem, a mensagem do sonho encontra-se com diversos destinatários e conseqüentemente diversas tradições. Assim, as palavras nos enlaçam e nos envolvem, favorecendo o vínculo com as outras pessoas e estruturando  aquilo que está acontecendo no aqui-agora. Ao comunicar o que sentimos criamos algo novo -  uma reprodução ampliada com múltiplos desdobramentos, pois o aparelho psíquico é pura potência que só se realiza na interação.

Freud falou em sonhos típicos. São sonhos que lançam mão de símbolos já existentes no inconsciente de cada indivíduo. Encontraríamos esses símbolos não apenas nos sonhos, mas na arte, nos mitos, na religião. Sua característica básica é a constância da relação entre o símbolo e o simbolizado. Freud os denomina ‘elementos mudos do sonho’, pois sobre eles o paciente é incapaz de fornecer associações. A existência desses símbolos nos sonhos faz com que Freud distinga duas formas de interpretação: uma que faz uso das associações fornecidas pelo paciente e outra que se exerce diretamente sobre os símbolos. Apesar do sonho ter sido uma produção sua, o símbolo utilizado pertence à cultura e seu significado transcende a ele. A interpretação, então, dependeria mais do conhecimento que o intérprete possua dos símbolos de uma determinada cultura, do que das associações fornecidas pelo sonhador (pág.134). Os sonhos típicos nos mostram mais uma vez a necessidade de conhecer os símbolos da cultura, sonhamos com eles mas sem o conhecimento desses símbolos ficamos sem saber o sentido do que nos habita. É muito importante ouvir o que é pessoal e único do paciente na sua livre associação. E também perceber o que é típico porque certos temas se repetem de uma forma estereotipada. Para o trabalho em grupo é essencial que o coordenador seja um estudioso da mitologia e da arte nas suas diferentes facetas. Assim ele vai poder discriminar e juntar o que é próprio, específico da pessoa, daquilo que vem  do coletivo. Quando se consegue fazer essa distinção abrimos um espaço enorme e a pessoa sente-se inserida num contexto maior &– o que estava mudo ganha sentido e significado. A mensagem do sonho encontra um porto e pode transitar na amplidão dessa matéria prima que é o inconsciente e sair assim da fixação. O porto visto como uma âncora da tradição que possibilita o viver criativo.3

O sonho, tal como a obra de arte tem vida própria, contudo,  sabemos o quanto nos convoca a decifrá-lo. Incita o nosso desejo de conhecer, acorda novos sentidos toda a vez em que estamos dispostos a enfrentar o desafio de entrar em contato com a alma humana. Essa  vivência, pela  intensidade de emoção que contém, necessita do encontro com o outro e ganha sentido ao ser decodificada. O espaço grupal é o espaço ideal para a vivência das mais variadas emoções, sentimentos, fantasias, afetos e desejos. Ela transforma-se em experiência quando podemos falar dela.

Estamos referindo-nos ao conhecimento do belo, que é apreendido através do encantamento o qual denominamos de conhecimento estético. Nós,  seres humanos, quando estamos juntos, alegres, entregues, criamos algo novo, mas sempre sentimos, temos necessidade de achar que existe algo além de nós. A este algo que nos acontece  necessitamos de dar nome; são epifanias4, revelações. Esses momentos em que criamos nos tornam cúmplices dos deuses, homens que criaram antes de nós.

No grupo, a poesia é a musa que nos encanta, nos leva devagar a divagar e nos deixamos levar porque temos confiança no coordenador, que tem experiência e gosta dessa viagem, já fez muitas viagens. A vivência no tempo presente, da simultaneidade de tempos,  nos libera das limitações do eu. No grupo conquistamos o direito de sonhar.

Sonhar é o estado da alma, da multiplicidade de Eus. Sem nos dar conta, nesse momento de encantamento, mergulhamos no nosso inconsciente, tal qual nas profundezas das águas do mar e depois desse mergulho nos tempos primevos, estaremos sempre diante de um novo nascimento. Esse “nascer-com” nada mais é que o “re-conhecimento” que nos leva a outros nascimentos.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ávila, L, A, (1996) - Doenças do Corpo e Doenças da Alma, Editora Escuta, São Paulo, 1996.        [ Links ]

Elliot, T.S. (1950) - Selected Essays of T. S. Eliot. New York: Brace and Company, 1950.        [ Links ]

Freud, S., (1913-1914) - Totem e Tabu, volume XIII, Imago Editora, Rio de Janeiro, 1997.        [ Links ]

Garcia Rosa (1991) - Introdução à Metapsicologia Freudiana, vol. 2, Jorge Zahar Editora, 1993.        [ Links ]

Joyce, J. (1950) - Sthephen o herói. In. Theodore Spencer ed. Jonathan Cape Thirty Bedford Square - Londres, 1950.        [ Links ]

Laplanche e Pontalis (1967) - Vocabulário da Psicanálise, Livraria Martins Fontes Ltda, São Paulo, 1967.        [ Links ]

Lima, da C.T.M. (2000) - Desenhando o viver &– Uma investigação sobre o viver criativo a partir do pensamento de Marion Milner &– Dissertação de mestrado PUC SP.        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Catalina Pagés
Rua Itacolumi, 44/601
01239-020 - São Paulo.

 

 

1 Mesa de encerramento da IV Jornada da SPAGESP &– Ribeirão Preto, Abril/2000.
2 Filósofa, docente e membro efetivo do NESME, e docente da SPAGESP.
3 “é na matriz do ato criativo, tanto na ciência quanto nas artes que o viver criativo pode vir a ser despertado.” (p123,124-Lima, da C.T.M.).
4 “Uma súbita manifestação espiritual que na vulgaridade da fala que na do gesto ou numa fase memorável da própria mente James Joyce acreditava que era função o do homem de letras registrar as epifanias com extremo cuidado, reconhecendo que elas mesmas são os momentos mais delicados e evanescentes.” (in Sthephen D.)