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Revista da SPAGESP

versão impressa ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP v.7 n.2 Ribeirão Preto dez. 2006

 

ARTIGOS

 

A guerra e os grupos: um encontro entre Bion e Lacan

 

The war and the groups: a meeting between Bion and Lacan

 

La guerra y los grupos: una reunión entre Bion y Lacan

 

 

Alexandre Mantovani1

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP
Sociedade de Psicoterapias Grupais do Estado de São Paulo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho constitui um comentário a respeito de um texto de Jaques Lacan intitulado “A psiquiatria inglesa e a guerra”, no qual o autor descreve seu encontro com outro psicanalista: W.R Bion. Analisando o relato de Lacan e as conseqüências deste encontro, são feitas algumas considerações sobre a possibilidade de se aproximarem contribuições psicanalíticas do trabalho com grupos da escola inglesa quanto da escola francesa de psicanálise. Lacan foi inspirado pelos trabalhos com grupos de Bion e fundou um tipo de “grupo de trabalho” como instrumento essencial para a transmissão da psicanálise. Nesse sentido o trabalho com grupos constitui um campo de aproximação entre as escolas inglesa e francesa de psicanálise, apesar da rivalidade histórica que envolve estas duas escolas.

Palavras-chave: Psicanálise; Grupo de trabalho; Transmissão.


ABSTRACT

This work constitutes a commentary regarding a text of Jaques Lacan untitled “the English psychiatry and the war”, in which the author describes its meeting with another psychoanalyst: W. R. Bion. Analyzing the Lacan’s report and the consequences of this meeting it’s made some consideration on the possibilities to approach English and French contributions to the psychoanalytical study of groups. Lacan was inspired by Bion’s group work and founded a kind of “work group” as an instrument for the psychoanalysis transmission. In this way the work with groups constitutes an historic field of approximation between English and French psychoanalytical contributions in spite of the historic rivalry that surround these two schools.

Keywords: Psychoanalysis; Work group; Transmission.


RESUMEN

Este trabajo constituye un comentario con respecto del texto de Jaques Lacan, “La psiquiatría inglesa y la guerra”, en lo cual el autor describe su reunión con otro psicoanalista: W.R. Bion. Analizando el informe de Lacan y las consecuencias de esta reunión, son hechas consideraciones sobre las posibilidades para acercarse a contribuciones inglesas y francesas al estudio psicoanalítico de grupos. Lacan fue inspirado por el trabajo del grupo de Bion y fundó una clase de “grupo de trabajo” como instrumento para la transmisión del psicoanálisis. De esta manera el trabajo con los grupos constituye un campo histórico de la aproximación entre las contribuciones psicoanalíticas inglesas y francesas a despecho de la rivalidad histórica que rodean estas dos escuelas.

Palabras clave: Psicoanálisis; Grupo de trabajo; Transmisión.


 

 

Nesse trabalho me disponho a compartilhar algumas reflexões acerca de uma guerra que atravessa a história da psicanálise e que para um iniciante como eu se torna objeto de imensa curiosidade: a rivalidade entre a psicanálise inglesa e francesa, ou poderíamos apenas dizer; as rivalidades do movimento psicanalítico.

Rivalidades que se expressam intelectualmente em artigos e livros e também na forma de disputa pelas diretrizes do movimento psicanalítico. Neste mais de cem anos de existência a história registrou diversos embates ideológicos entre psicanalistas que geraram rupturas, cisões, conflitos e diásporas.

Nesses anos de minha formação como grupoterapeuta venho observando como essas rivalidades também se mostram nas sociedades de psicoterapias analíticas grupais e adquirem forma quando observamos a preferência por determinados teóricos por parte de professores e supervisores, que ora se apóiam em autores de língua inglesa, outros optam pelos de língua francesa, o que contribui para que uma determinada escola, vamos assim dizer, tenha maior “presença” no discurso científico da sociedade.

Acredito que nem sempre essa configuração dicotômica da psicanálise franco-anglicana adquire um estatuto de guerra. Todavia, considerando que as instituições psicanalíticas constituem centros de transmissão cultural, no fim das contas, ao se privilegiar um grupo em detrimento de outro, surge um discurso predominante que será o veículo de transmissão do saber, do qual os novos e emergentes terapeutas serão (ou não) porta-vozes.

Em minha formação como grupoterapeuta, venho procurando agrupar conhecimentos tanto dos autores ingleses como franceses. Desde meus anos de graduação adquiri uma profunda admiração por dois autores, dois dos “mestres” da psicanálise: Bion e Lacan. Nos últimos anos tenho me concentrado nos estudos sobre as teses lacanianas por conta de meu trabalho de pesquisa em etnopsicologia, mas em meu trabalho clínico tenho sempre Bion como uma importante referência, uma fonte de inspiração para a prática clínica.

O que apresentarei nessa comunicação serão algumas considerações sobre um real encontro ocorrido entre esses dois autores, relatados em um texto de Lacan intitulado “A psiquiatria inglesa e a guerra”. Nesse texto Lacan descreve seu encontro com Bion e Rickman e como ficou admirado por seus trabalhos com grupos.

Após a 2ª Grande Guerra houve um encontro entre dois gênios. Este foi um encontro fecundo e do qual podemos tirar algumas lições.

 

ATRAVESSANDO O CANAL DA MANCHA

Bion nasceu na Índia, migrou para a Inglaterra, viveu a guerra de perto e passou como analista por diversos países, inclusive o Brasil. Muitos psicanalistas brasileiros têm se identificado com suas idéias, que trouxeram novas leituras de conceitos kleinianos, bem como sobre a teoria e técnica psicanalítica. Pensar em Bion é pensar nos pensamentos e na atuação do psicanalista em termos de sua “função”, um termo oriundo da matemática (uma ciência cara a Bion) presente nas “cogitações” bionianas. Foi um autor que gerou polêmica, foi tenaz frente às críticas e teve como vela-mestra a fidelidade à busca da verdade.

Lacan foi líder de uma geração intelectual francesa. Figura polêmica que adquiriu status em meio às revoluções políticas e intelectuais francesas, teve no movimento de Maio de 68 sua participação na intelligentsia parisiense e entre o meio acadêmico. Psicanalista de notável erudição, percorria campos variados do saber, desde as ciências sociais, filosofia, matemática, medicina e lingüística, além de ter sido formado analista pela IPA, instituição da qual rompeu dando origem ao seu próprio movimento. Suas contribuições extrapolam a psicanálise e em seus escritos nota-se a presença da marca da polêmica e de suas teses apresentadas como citações “agudas” que incidem em pontos-chaves da teoria e técnica psicanalítica. Estudar Lacan é um exercício de intensa leitura, entrar em contato com mistérios cifrados em cadeias de palavras e aprender a ser sujeito ocupando “posições” éticas frente ao desejo.

Esses dois psicanalistas, Bion e Lacan, contribuíram para o pensar psicanalítico e para se pensar sobre a prática psicanalítica, o estatuto de ser psicanalista e o lugar que esta disciplina do pensamento ocidental tem em nossa história. Acredito que podemos aproveitar muito se nos dispusermos a cruzar as teses desses dois pensadores. É um trabalho ainda em aberto que pouco se atreveram a fazer. Rezende (1993) faz uma aproximação entre os dois, como uma espécie de “associação-livre” de idéias na qual agrupa e relaciona conceitos. Acredito que essas considerações devem apontar caminhos, mas ainda há muito a ser feito.

Mas, tendo em vista a rivalidade entre franceses e ingleses e a distância que separa os dois autores, do ponto de vista da clínica e das concepções psicanalíticas, como poderíamos promover este encontro?

Na verdade, a guerra promoveu. Lacan atravessou em 1945 o Canal da Mancha e conheceu Bion, em meio à euforia inglesa do pós-guerra. Deste encontro, dois grupos da psicanálise se aproximaram.

 

A PSICANÁLISE EM TEMPOS DE GUERRA

A 2ª Guerra Mundial foi um evento marcante para o pensamento ocidental. Muitos intelectuais, dentre filósofos, acadêmicos, profissionais de diversas áreas, sofreram com o impacto da guerra e se dispersaram pelo mundo em uma verdadeira diáspora.

Ao término da guerra foi urgente a reconstrução da Europa, para cobrir os estragos feitos pela campanha e ação nazista. Neste contexto houve o encontro entre Lacan e Bion, ao término da guerra e marcado por ela.

Segundo Lacan, na França após a guerra havia:

Um desconhecimento sistemático no grupo, então às voltas com uma dissolução verdadeiramente assustadora de seu status moral, as mesmas modalidades de defesa que o indivíduo utiliza na neurose contra sua angústia e com um sucesso não menos ambíguo, tão paradoxalmente eficaz quanto ela (LACAN, 2003, p. 106)

Apesar do sucesso dos Aliados, o povo francês não viveu um sentimento pleno de vitória devido à destruição que o país fora acometido. Lacan, psicanalista atento, soube nomear a “atmosfera” emocional que pairava nos céus da Normandia. A guerra trouxe efeitos devastadores, marcados nos corpos e mentes francesas.

Em contrapartida, na Inglaterra o clima era outro. Diz Lacan que o povo inglês viveu o “real” da vitória e a experiência feliz do término do confronto. E então, reconhece Lacan que a psiquiatria inglesa havia mobilizado durante a guerra um procedimento novo e adequado à situação que vivia o país:

É preciso colocar em posição central o campo do que foi realizado pelos psiquiatras na Inglaterra para a guerra e através dela, do uso que eles fizeram de sua ciência, no singular, e de técnicas, no plural; e do que tanto uma quanto as outras receberam dessa experiência (LACAN, 2003, p. 108).

A guerra mobiliza grupos. E em meio aos grupos os ingleses desenvolveram o trabalho com grupos. Lacan entrou em contato com esse trabalho e na leitura de um artigo de Bion e Rickman vislumbrou um momento fértil no trabalho com os grupos dizendo: “Nele encontro a impressão de milagre dos primeiros avanços freudianos: encontrar no próprio impasse de uma situação a força viva da intervenção” (LACAN, 2003, p. 114).

Estava aí marcado o grande encontro; os grupos rivais da França e Inglaterra, que precisaram se unir para enfrentar as “Potências do Eixo”, viviam à época um momento de “espelhamento” de um em relação ao outro. Pelo menos por parte de Lacan, houve uma identificação, um momento de vinculação intelectual, marcado por um encontro de admiração com o trabalho psiquiátrico de Bion e Rickman, no qual Lacan reconheceu o gênio da criação de seus colegas ingleses, e no trabalho prático reconheceu também sua fonte de inspiração: a psicanálise.

No trabalho com grupos Lacan reconheceu, como traz a citação anterior, uma marca do trabalho freudiano e o reconhecimento de “elementos” da psicanálise:

E foi aí que interveio o espírito do psicanalista que iria tratar a soma dos obstáculos que se opunham a essa tomada de consciência como sendo resistência ou desconhecimento sistemático cuja manobra ele havia aprendido no tratamento de indivíduos neuróticos (LACAN, 2003, p. 113).

E ainda:

(...) Bion tinha até mais meios de agir sobre o grupo do que o psicanalista tem sobre o indivíduo, já que, ao menos por direito e como líder, ele fazia parte do grupo. Mas era justamente isso que o grupo realizava mal. Por isso, o médico deveria servir-se da inércia fingida do psicanalista e se apoiar no único controle de fato que lhe era facultado, o de manter o grupo ao alcance do seu verbo (LACAN, 2003, p. 114)

No trabalho com grupos há “resistências” e o médico, o coordenador, assumiu a posição da “inércia” do psicanalista, ou poderíamos pensar em termos da posição do “lugar” do analista, que é o lugar determinado pela transferência. Bion e Rickman não assumiram o papel de líderes, mas sim se situaram na posição de ouvintes, receptivos ao verbo que é tão caro à psicanálise.

Vemos, então, que nesse momento de encontro entre figuras importantes da psicanálise francesa e inglesa o trabalho com grupos configurou-se como um “espaço” comum de reconhecimento. A psicanálise estava ali presente no trabalho de Bion e Rickman e, assim, Lacan pôde reconhecer e admirar essas duas figuras, por conta da presença da prática fundada por Freud. Apesar da guerra que pairava na atmosfera européia, e da “guerra dos cem anos” que, em sua versão ideológica e intelectual, persistia entre franceses e ingleses, houve um momento de um verdadeiro encontro, que pelo texto de Lacan ganhou uma forma vincular: Bion e Rickman aparecem na obra de Lacan como autores respeitáveis e reconhecidos psicanalistas.

 

LACAN E OS GRUPOS

Em minha opinião, o que é mais interessante desse encontro entre Bion e Lacan, e que merece destaque, é que na mesma obra de Lacan (2003), intitulada Outros Escritos, encontramos no texto que trata do “Ato de fundação”, em que Lacan funda a Escola Francesa de Psicanálise, um dado que remete ao encontro com os psiquiatras ingleses e com o trabalho com grupos.

A respeito da formação dos psicanalistas dessa Escola, Lacan determina que o trabalho de formação será mantido por pequenos grupos:

Para a execução do trabalho, adotaremos o princípio de uma elaboração apoiada num pequeno grupo. Cada um deles (temos um nome para designar esses grupos) se comporá de no mínimo três pessoas e no máximo cinco, sendo quatro a justa medida. MAIS UM encarregado da seleção, da discussão e do destino a ser reservado ao trabalho de cada um (LACAN, 2003, p. 235).

A formação grupal que Lacan propôs neste “Ato de Fundação” recebeu o nome de Cartel e até hoje nas instituições de inspiração lacaniana essa prática é mantida e o grupo de três a cinco pessoas Mais-Um continua a ser um dos pilares da formação de psicanalistas.

Segundo Gonçalves (2006), o cartel é fruto direto do encontro entre Lacan e Bion, sendo assim o trabalho psicanalítico com grupos &– que na escola inglesa foi aplicado ao campo da psicoterapia e que ganhou a forma de “grupanálise”, constituindo o grupo como uma verdadeira prática psicanalítica &– na escola francesa ganhou o estatuto de um veículo de formação, mas que continha a semente do trabalho de Bion e Rickman. Da mesma forma que os ingleses tratavam o “inconsciente” relativo ao grupo, nos cartéis o “inconsciente” também é o foco da atenção desse Mais-Um, que é o componente que ocupa o lugar de escuta da produção inconsciente do grupo, produção que se manifesta em uma específica determinação de tempo, setting, pela transferência e pelo desejo.

Gonçalves comenta que mesmo depois de desligar-se da Escola que ele mesmo fundou, Lacan continua a investir no cartel e nunca abriu mão desse recurso. Investindo na “Causa Freudiana” (GONÇALVES, 2006), Lacan aprimorou a formalização do cartel levando em conta a “lógica do discurso que lhe permitirá apostar no funcionamento, submetendo e substituindo o grupo, aos efeitos de discurso” (GONÇALVES, 2006, p. 4).

Lacan conheceu o dispositivo grupal, incorporou-o ao seu ensino e deu-lhe forma de acordo com sua própria leitura do inconsciente. Reconheceu a potencialidade do recurso do trabalho em grupo e inseriu-o no processo de transmissão da psicanálise. Uma idéia surgida em solo inglês acabou germinando entre franceses, que a cultivam e aprimoram até os dias de hoje na manutenção de cartéis nas escolas de inspiração lacaniana.

 

FECHAMENTO

O encontro entre Bion e Lacan não é a única aproximação entre as escolas francesas e inglesas. Há várias aproximações entre autores e teses que possibilitam agrupar contribuições tanto de uma escola quanto de outra. Ao expor a aproximação entre Bion e Lacan meu intuito foi mostrar que essa aproximação pode, às vezes, nos fazer saltar de algumas posições cristalizadas pelas disputas ideológicas que muitas vezes ofuscam o olhar científico, filosófico e “buscante”.

Quando conheci Emílio Rodrigué no ano de 2003 e expus a ele meus interesses tanto pelo trabalho com grupos como pelo estudo de Lacan, ele logo me perguntou: “Mas você estuda Lacan e grupos?” Naquele momento descobri que havia uma aparente lacuna entre o pensamento e prática lacaniana e o trabalho com grupos. Acredito que deve haver motivos para essa distância. Pelo que eu saiba Lacan não desenvolveu os cartéis para fins clínicos. Os cartéis ficam vinculados ao ensino de psicanalistas. Mas será que não podemos aproveitar das contribuições que se seguiram na estruturação destes cartéis, acrescidos da “roupagem” lacaniana, em nosso trabalho terapêutico com grupos?

A história me aponta uma direção. Lacan reconheceu em Bion e Rickman a prática psicanalítica e isso se deve ao fato de que existem certas invariantes na psicanálise que se mostram tanto na clínica individual como grupal, no trabalho com adultos ou crianças, em diferentes escolas sejam na França, Inglaterra ou América do Sul. Se centralizarmos nossa observação na “descoberta freudiana” tal como fez Lacan, podemos encontrar pontos de encontro e idéias férteis em diversos lugares; basta estarmos abertos a enxergar.

Acho que o encontro desses dois mestres é um exemplo. É preciso termos em mente nosso objetivo maior e realizar o caminho que Lacan reconheceu como a marca freudiana. Nos impasses procurar a “força da intervenção”. Se há impasses entre escolas, entre grupos, será que não poderíamos fazer da busca pela superação desses impasses um movimento criativo e reconhecer a diversidade, a diferença e os espaços de interseção presentes na psicanálise? Talvez, olhando de perto, as coisas sejam mais parecidas.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LACAN, J. Outros escritos. Rio de Janeiro: JZE, 2003.        [ Links ]

GONÇALVES, D. M. F. Cartel: um pouco de história. Disponível no site: www.campolacaniano.com.br/forum Consultado em 15 de outubro de 2006.        [ Links ]

REZENDE, A. M. Bion e o futuro da psicanálise. Campinas-SP: Papirus, 1993.        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Alexandre Mantovani
E-mail: alexmantova@hotmail.com

Recebido em 06/12/05.
1ª Revisão em 30/01/06.
Aceite Final em 19/03/06.

 

 

1 Psicólogo. Mestre e doutorando pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da FFCLRP-USP. Membro da SPAGESP.