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Revista da SPAGESP

versión impresa ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP vol.9 no.2 Ribeirão Preto dic. 2008

 

EDITORIAL

 

Novas perspectivas no cenário nacional da grupoterapia

 

Manoel Antônio dos Santos 1

 

Temos o privilégio de colocar em circulação mais um número da Revista da SPAGESP. Trata-se do volume 9, número 2, que reúne um acervo de contribuições originais de autores que se destacam no cenário nacional da grupoterapia.

O volume é aberto com o artigo intitulado A alienação mental e suas (re)produções na contemporaneidade, de autoria de Leandro Anselmo Todesqui Tavares e Francisco Hashimoto, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Os autores fazem uma reflexão acerca do conceito de “alienação mental” forjada no decorrer do século XVIII, momento em que a loucura é denominada e reconhecida como doença mental. O artigo convida a pensar sobre os dispositivos alienadores na atualidade, em especial as práticas médicas com relação à subjetividade, incluindo aí a crescente medicalização indiscriminada dos indivíduos.

O artigo seguinte, As vicissitudes das pulsões nas escolhas amorosas contemporâneas, de Antonios Terzis, Gustavo Presídio de Oliveira, Maria Aparecida Orlandi e Carla Pontes Donnamaria, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas - PUCCAMP, discute as vicissitudes das pulsões nas escolhas amorosas do sujeito, por meio da “análise da narrativa”, inspirada em Kaës. Os autores apontam para a necessidade de revisão do panorama do vínculo amoroso atual e a inserção de um olhar que remeta ao desenvolvimento psicossexual internalizado na infância.

Ainda sobre a temática do amor na contemporaneidade, Fernanda Kimie Tavares Mishima, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, no artigo A experiência do vínculo amoroso: Ser um ou ser dois?, retoma a diferenciação entre o amar e o gostar, o vínculo experienciado pelo ego e pelo id, considerados à luz da psicanálise winnicottiana. A autora reforça que, na relação analítica, é possível pensar que é o vínculo com o outro que possibilita o desenvolvimento da autonomia e confiança, por meio do oferecimento de um ambiente suficientemente bom, holding e apoio ao estilo de ser pessoal.

Grupos de apoio amplo: Ancoragem e apoio psicológico em grupos terapêuticos, de Alexandre Mantovani, da Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo, discute as funções de apoio emocional em grupos psicanalíticos, baseando-se no conceito de ancoragem. O artigo é ilustrado com material clínico obtido a partir de experiências com grupos denominados de Grupos de Apoio Amplo, que ocorreram em uma clínica social universitária.

O próximo artigo, intitulado Possíveis intervenções e avaliações em grupos operativos, de Isabel Cristina Carniel, da Universidade Paulista, apresenta algumas modalidades de atendimento grupal em psicologia, como os grupos realizados na área da educação, clínica e trabalho, destacando os grupos focais como uma prática pertinente aos diferentes campos de atuação da Psicologia. A autora destaca a importância do grupo operativo como método de coleta e análise de dados em pesquisa.

No artigo Reorganização familiar após a enfermidade fatal de um filho: O pai como cuidador, Érika Arantes de Oliveira-Cardoso e Manoel Antônio dos Santos, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, analisam as repercussões desencadeadas na vida de um pai que, devido ao grave adoecimento de seu filho, viu-se obrigado a se adaptar às condições adversas impostas pelo tratamento. Os autores reforçam a necessidade do psicólogo oferecer um plano de atendimento individualizado, respeitando a singularidade do indivíduo.

No próximo artigo, intitulado Sociabilidade grupal entre jovens de camadas populares: Subjetividade e gênero, de Eduardo Name Risk e Geraldo Romanelli, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, os autores discutem a constituição da subjetividade e masculinidade de jovens do sexo masculino pertencentes às camadas populares, a partir das relações de sociabilidade vividas por eles. Concluem que a dimensão da masculinidade, que não deve ser reduzida à virilidade, perpassa as trocas sociais, compondo afetividades diversas, evidenciando a complexidade da sensibilidade grupal desses jovens.

O artigo Re-significando o grupo e a velhice, de Camila Caparroti Rotiroti Dal Picolo e Beatriz Silveiro Fernandes, da Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo, encerra esse número. Trata-se de relato crítico de experiência de psicoterapia de grupo com idosos em instituição asilar. As autoras defendem a necessidade de reflexão do psicoterapeuta sobre o objetivo do grupo, as adaptações necessárias para desenvolver um grupo com idosos e a flexibilidade em relação aos aspectos técnicos envolvidos nesse contexto.

As publicações aqui reunidas repercutem a pluralidade salutar que se encontra na prática da grupoterapia. Nesse sentido, contribuem para delinear novas perspectivas no cenário nacional. Desejamos a todos uma leitura profícua das contribuições disponibilizadas por este fascículo.

 

 

1 Professor Doutor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Editor da Revista da SPAGESP - Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo, e-mail: masantos@ffclrp.usp.br.