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Revista da SPAGESP

versión impresa ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP vol.14 no.2 Ribeirão Preto  2013

 

EDITORIAL

 

Novos olhares para os grupos, a família, o jovem, a saúde mental e o futuro

 

 

Fabio Scorsolini-Comin1

Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba-MG, Brasil

 

 

É com muita satisfação que apresento à comunidade acadêmica o mais recente número da Revista da SPAGESP. O ano de 2013 foi de especial crescimento para o nosso periódico. Primeiramente, destaco a conquista de mais um indexador, o ProQuest Social Science Journals. Além desse indexador, a recente avaliação do periódico como B2 na área de Psicologia no Qualis CAPES vem coroar um importante movimento da revista no sentido do seu amadurecimento e da ampliação da sua visibilidade entre seus pares. A avaliação da CAPES deve ser comemorada como um índice de reconhecimento da comunidade acadêmica, o que também nos coloca diante de importantes desafios para os próximos números, como a valorização de nossa política editorial e a melhoria contínua de nossas publicações.

O recente crescimento da revista tem nos permitido receber artigos de diferentes instituições brasileiras, ampliando nosso diálogo com professores, pesquisadores e profissionais que atuam nas áreas de grupo, família, instituições, psicanálise e/ou saúde mental. Desse modo, a exemplo de alguns artigos que compõem a presente edição, é necessário um olhar cada vez mais voltado ao novo, ao jovem e ao futuro, em um exercício de abertura às transformações que podem trazer avanços para os próximos anos deste periódico.

O número 2 do volume 14 da Revista da SPAGESP é aberto com o artigo intitulado "Planos para o futuro: Percepções de filhos adultos coabitantes com os pais", da autoria de Iris Massena Gallagher, Terezinha Féres-Carneiro e Celia Regina Henriques, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. O estudo aborda a fragilidade dos vínculos entre os jovens contemporâneos e o prolongamento da convivência familiar, enfocando os planos para o futuro dos filhos adultos que moram com os pais. O imediatismo e a falta de compromisso em relação aos planos para o futuro é um dos aspectos destacados pelas autoras a partir de entrevistas com jovens cariocas.

Também com destaque para o relacionamento entre pais e filhos, mais especificamente no contexto da escolha da carreira, o estudo "Carta aos pais: Uma estratégia de comunicação dos filhos sobre a escolha da carreira", de Maria Manuela da Costa Manaia, Ana Paula Medeiros, Gabriel Aparecido Gonçalves-dos-Santos e Lucy Leal Melo Silva, da Universidade de São Paulo, retratam uma intervenção grupal realizada em um serviço-escola com adolescentes. A partir de cartas escritas por esses jovens e endereçadas aos seus pais, foi possível observar algumas influências familiares no processo de escolha da carreira.

O estudo empírico "Crianças e adolescentes encaminhados para psicoterapia pela escola: Percepções de genitores e professores", escrito por Fernanda R. de Souza e Clarisse P. Mosmann, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos, investigou a percepção de genitores e professores acerca dos problemas emocionais e de comportamento de crianças e adolescentes encaminhados para psicoterapia em um município do Rio Grande do Sul. As autoras concluíram que não houve diferenças significativas na avaliação feita por parte de pais e mães, mas sim entre genitores e professores, o que destaca a necessidade de constante diálogo entre família e escola, conforme vem sendo apontado em outros estudos.

Na sequência, o artigo "Análise qualitativa do uso de manual informativo para familiares em UTI", de Karin Aparecida Casarini, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, e de Maria Auxiliadora Martins, Anibal Basile-Filho e Ricardo Gorayeb, da Universidade de São Paulo, relata os efeitos do uso de um manual sobre a compreensão das informações e comportamentos dos familiares nas visitas aos pacientes. Comparando grupos que receberam e que não receberam o manual, os autores concluíram que o instrumento foi importante para ampliar a compreensão das informações sobre o funcionamento da UTI, maior domínio de termos técnicos e comportamentos mais ativos dos familiares.

O artigo "Luto: Questões do manejo técnico na clínica psicanalítica", de Renata Cristina Ribeiro Gibran, da Universidade Federal de São Carlos, e Rodrigo Sanches Peres, da Universidade Federal de Uberlândia, discute questões do manejo técnico da clínica psicanalítica individual com adultos enlutados. A partir de uma revisão narrativa, os autores apontam que tanto a psicanálise clássica quanto as psicoterapias de orientação psicanalítica são potencialmente proveitosas em casos de enlutamento. Embora se considere que os fenômenos transferenciais e contratransferenciais podem assumir características peculiares, não é recomendado um manejo técnico diferenciado, resguardando-se os objetivos táticos próprios de cada uma das práticas que se situam no campo da clínica psicanalítica.

"Gestão participativa? Grupos operativos com profissionais da saúde/assistência social de Uberaba", da autoria de Rafael De Tilio, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, busca compreender a dinâmica das atividades laborais e de gestão do trabalho de integrantes de equipes multiprofissionais de saúde e assistência social de Uberaba, Estado de Minas Gerais, para ressignificar e requalificar suas habilidades técnico-interventivas. A partir de grupos operativos, destacou-se a formulação de novas estratégias de enfrentamento e a necessidade de estreitar o diálogo entre profissionais, gestores e usuários.

O estudo intitulado "Potencial informativo e desafios técnicos do Teste Wisconsin de Classificação de Cartas", de José Humberto da Silva Filho, da Universidade Federal do Amazonas, Sonia Regina Pasian, da Universidade de São Paulo, e Larissa Leite Barboza, da Faculdade Martha Falcão, discute as dificuldades metodológicas relativas à aplicação e à análise desse instrumento, considerado internacionalmente como padrão de referência para exame das funções executivas do cérebro. As sugestões trazidas pelos autores são no sentido de ampliar o potencial informativo do teste, bem como estimular sua adequada utilização em diferentes contextos.

O estudo teórico "Processos grupais em 'O Senhor das Moscas': Uma análise pichoniana", de Maíra Lopes Almeida e Emerson Fernando Rasera, da Universidade Federal de Uberlândia, analisa a situação grupal do filme "O senhor das Moscas" a partir da teoria de Pichon-Rivière. Ao abordar a luta de crianças pela sobrevivência, o filme é discutido a partir dos conceitos pichonianos de papéis, tarefa e tipos de líderes, com destaque para o modo como os processos grupais influenciam o desenvolvimento da narrativa.

Para finalizar este número, o estudo "Práticas em um CAPS de Minas Gerais: O relato de uma experiência", de Yasmin Livia Queiroz, da Universidade de São Paulo, Cintia Bragheto Ferreira, da Universidade Federal de Goiás, e Alerrandra Manuela Ferreira Silva, da Faculdade Pitágoras, parte de uma questão norteadora para a prática: os CAPS têm conseguido prestar assistência de acordo com os princípios da Reforma Psiquiátrica? A partir de observações, entrevistas e diários de campo, as autoras colocam em destaque os entraves sociais, políticos e relacionais que distanciam as práticas institucionais do que é preconizado pela Reforma, apontando que sua efetiva implantação é multifatorial. A sugestão é a criação de espaços de discussão acerca do tema.

Encerramos este número com um agradecimento especial aos nossos parceiros de trabalho, assessores e autores que nos apoiaram ao longo de todo este ano. Além disso, reforçamos o convite para que 2014, ano em que a Revista da SPAGESP comemora seus 15 anos de existência, seja um período de muitos diálogos, produções, parcerias e encontros entre pesquisa, prática e formação profissional. Que possamos lançar ao futuro olhares renovados e que busquem na divulgação científica um espaço de encontro e de compartilhamento de saberes, reflexões e inovações.

Por fim, desejo a todos e todas uma leitura proveitosa dos artigos que encerram esta última edição de 2013.

 

 

1 Professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). Editor da Revista da SPAGESP – Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo, e-mail: scorsolini_usp@yahoo.com.br.