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Revista da SPAGESP

versão impressa ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP vol.16 no.1 Ribeirão Preto  2015

 

EDITORIAL

 

A psicoterapia no século XXI e os renovados desafios nos campos da família e da saúde mental

 

 

Fabio Scorsolini-Comin1

Universidade Federal do Triângulo Mineiro, Uberaba-MG, Brasil
Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo, Ribeirão Preto-SP, Brasil

Endereço para correspondência

 

 

É com muita satisfação que apresento à comunidade científica o primeiro número do ano de 2015 da Revista da SPAGESP (Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo). Este número vem aquecido por importantes discussões realizadas no XI Congresso Latino Americano de Psicoterapia e II Congresso Brasileiro de Psicoterapia, ocorridos em São Paulo entre os dias 19 e 22 de agosto de 2015 e promovidos pela Associação Brasileira de Psicoterapia (ABRAP) e pela Federação Latino-Americana de Psicoterapia (FLAPSI). Nesses eventos, que tiveram por objetivo central a reflexão sobre a psicoterapia no século XXI, muitos desafios foram abordados em diferentes espaços de interlocução. Esses desafios, obviamente, têm nos conduzido a diferentes estratégias para a atuação clínica, considerando o contexto sociocultural no qual estamos imersos e a diversidade de cenários, abordagens e temas que têm sido trazidos à baila. Nesse sentido, os campos de família e saúde mental, presentes neste número, apresentam-se como contextos privilegiados para importantes discussões que se articulam com instituições, tais como escolas, universidades, instituições de acolhimento, hospitais e centros de saúde, por exemplo, em uma visão ampliada das potencialidades da atenção psicológica em diálogo constante com suas áreas afins.

Este número é aberto com o estudo teórico de Lazslo Antonio Ávila, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, intitulado "A diversidade nos modelos de mente e uma nova psicopatologia". Tendo como marco a contemporaneidade e as aceleradas transformações observadas e experienciadas, são trazidas propostas básicas para o tratamento dessas novas apresentações dos transtornos mentais.

Mariane Ranzani Ciscon-Evangelista, Mariane Lima de Souza e Paulo Rogério Meira Menandro, da Universidade Federal do Espírito Santo, buscaram compreender as principais dificuldades, conquistas e a natureza da rede social de apoio de estudantes de pós-graduação, utilizando-se como fonte de informação textos presentes na seção "agradecimentos" de teses de doutorado. No percurso dos pós-graduandos, a rede de apoio foi composta por profissionais relacionados ao desenvolvimento do estudo (professores e técnicos), bem como amigos, familiares e colegas de doutorado.

No campo da saúde mental em sua interface com a educação, Marta Regina Gonçalves Correia-Zanini e Edna Maria Marturano, da Universidade de São Paulo, verificaram a manifestação de sintomas de estresse em alunos do 1º ano do Ensino Fundamental. O estudo revelou que mais de 50% das crianças investigadas mostraram sintomas de estresse, o que corrobora a consideração de que a transição para o ensino fundamental é uma fase potencialmente estressora.

Zoraide Margaret Bezerra Lins, Nádia Maria Ribeiro Salomão, Samuel Lincoln Bezerra Lins, Terezinha Féres-Carneiro e Ana Cristina Eberhardt, pesquisadores ligados à Universidade Federal da Paraíba e à Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, analisaram a compreensão que mães e pais têm sobre o seu papel e o do seu cônjuge na criação dos filhos, revelando atribuição de papéis tradicionais às figuras materna e paterna.

No campo da saúde pública, Marina Zanella Delatorre e Ana Cristina Garcia Dias, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, verificaram os conhecimentos de universitários sobre métodos contraceptivos e sua utilização na primeira relação sexual. As autoras destacaram a influência dos papéis de gênero e de fatores como o contexto do relacionamento e o tempo de atividade sexual nessas práticas sexuais.

Aline Nogueira de Lira, Normanda Araújo de Morais e Georges Daniel Janja Bloc Boris, da Universidade de Fortaleza, investigaram as vivências cotidianas de mulheres lésbicas e seus filhos. Os autores destacam a importância das vinculações sociais e afetivas, buscando uma compreensão da parentalidade para além da orientação sexual dessas mães.

No campo da adoção e do acolhimento familiar, Flávia Angelo Verceze, Júlia Montazzolli Silva, Karoline Martins de Oliveira e Maíra Bonafé Sei, da Universidade Estadual de Londrina, discutem intervenções psicanalíticas desenvolvidas no contexto de um projeto de extensão universitária. As autoras concluíram que a psicoterapia familiar pode cumprir uma função importante na adaptação da família à chegada do novo membro.

Lorrany de Oliveira Gonçalves, Cintia Bragheto Ferreira, Daniela Sacramento Zanini, Caroline Luiza Bailona Vasconcelos e Sara Stéfanny Souza Gonçalves, ligadas à Universidade Federal de Goiás e à Pontifícia Universidade Católica de Goiás, descrevem as estratégias de enfrentamento utilizadas por doentes, cuidadores e profissionais de saúde no campo das doenças crônicas, corroborando a literatura na área, que destaca o cuidado como sendo uma dimensão relacionada especificamente às mulheres, reforçando estereótipos.

Para finalizar este número, Nicole Medeiros Guimarães Eboli, Patrícia Leila dos Santos, Ana Maria Pimenta Carvalho e Sonia Regina Pasian, da Universidade de São Paulo, apresentam uma revisão da literatura científica sobre os fatores de risco e proteção envolvendo psicopatologia infantil e cuidados parentais em filiações adotivas, com destaque para o adequado processo de seleção, preparo e acompanhamento psicológico dos pais adotivos.

Este número, portanto, corporifica a diversidade de enfoques existentes no campo da atenção psicológica nas áreas de família e saúde mental. Espero que essas contribuições sejam disparadoras de importantes reflexões e debates nos meios acadêmicos e nas comunidades de práticas. Boa leitura a todos e todas.

 

 

Endereço para correspondência
Fabio Scorsolini-Comin
E-mail: fabioscorsolini@gmail.com

 

 

1 Fabio Scorsolini-Comin é editor da Revista da SPAGESP e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Triângulo Mineiro.

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