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Revista da SPAGESP

versão impressa ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP vol.16 no.1 Ribeirão Preto  2015

 

ARTIGOS

 

A diversidade nos modelos de mente e uma nova Psicopatologia

 

Diversity in models of minds and a new Psichopathology

 

La diversidad en los modelos de mente y una nueva Psicopatología

 

 

Lazslo Antonio Ávila1

Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto-SP, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho discute a contemporaneidade, partindo da indagação de qual seria o "ZeitGeist", o espírito norteador de nossa época. Após levantar algumas das questões que inquietam e perturbam a sociedade contemporânea globalizada, apresentamos dois pontos para a reflexão: 1) a proposta de uma nova Psicopatologia, com um rol distinto e outro modo de conceber a norma e o desvio no funcionamento psíquico; e 2) o referencial grupo-analítico como uma ferramenta para refletir e intervir nas situações inter-subjetivas contemporâneas. Concluímos com algumas propostas básicas para o "tratamento" dessas novas apresentações dos transtornos mentais.

Palavras-chave: Psicanálise; Psicopatologia; vínculos; transtornos; contemporaneidade.


ABSTRACT

This paper discusses contemporaneity, questioning what would be our "ZeitGeist", the leading spirit of our time. After posing some of the questions that disturb our contemporary globalized society, we present two points for reflection: 1) the proposal of a new Psychopathology, with a distinct list and a new way of understating standards and deviations on the psychic functioning; 2) the referential analytic-group as a tool for reflecting and intervene in contemporarily inter-subjective situations. We concluded with some basic proposals for the "treatment" of these new presentations of mental disorders.

Keywords: Psychoanalysis; Psychopathology; bonds; disorders; contemporaneity.


RESUMEN

Ese trabajo discute la contemporaneidad, comenzando desde la indagación de cual seria el "ZeitGeist", el espíritu guía de nuestra época. Después de levantar algunas de las cuestiones que inquietan y perturban la sociedad contemporánea globalizada, presentamos dos puntos para la reflexión: 1) la propuesta de una nueva Psicopatología, con un rol distinto y otra manera de concebir la norma y el desvió en el funcionamiento psíquico; y 2) el referencial grupo-analítico como una herramienta para reflexionar e intervenir en situaciones inter-subjetivas contemporáneas. Se concluye con algunas propuestas básicas para el "tratamiento" de esas nuevas presentaciones de los trastornos mentales.

Palabras clave: Psicoanálisis; Psicopatología; vínculos; transtornos; contemporaneidad.


 

 

A cultura contemporânea apresenta tantos matizes e diferenças, que é muito difícil encontrar um único aspecto que a caracterize de modo essencial, aquilo que a filosofia alemã costuma denominar de "ZeitGeist", ou seja, o Espírito de uma época. O que seria hoje o nosso ZeitGeist? O computador? As redes sociais? A anomia social, com a decomposição do tecido social em todas as esferas? A imensa e vergonhosa diferença entre ricos e pobres? O fim do império americano? O inesperado fortalecimento e globalização do capitalismo? A destruição sistemática da natureza e dos habitats das outras espécies? A psiquiatrização da vida cotidiana? O aumento brutal da violência nas periferias? O poder do narcotráfico? A apatia política da juventude? A descrença generalizada nos mecanismos da política partidária e às vezes da própria democracia? A ascensão da China? O caos das grandes cidades em todo o mundo? O individualismo exacerbado?Ohiperconsumismo? O aumento dos casos de depressão e suicídio e das diversas patologias do vazio? O aquecimento global? As mudanças nas religiões, com o descenso do catolicismo, o aumento das religiões evangélicas e de diversas seitas, ou os conflitos no interior do islamismo? O retorno de formas de justiça com as próprias mãos, com o concomitante descrédito da Justiça? O medo cotidiano? Ou tudo isso e mais a incapacidade atual de pensarmos a nossa própria época e lhe dar um sentido?

Penso que uma das marcas características, comum a inúmeros fenômenos da contemporaneidade, seja exatamente a impossibilidade de uma síntese englobadora, uma fórmula definidora, uma resposta unificada para a complexidade, a diversidade, a heterogeneidade, a disparidade e a incongruência dos diversos elementos em jogo e em choque, no presente momento histórico. O que, hoje, é o mundo? Para onde caminha a humanidade? A civilização ainda pode alcançar progresso e distribuição equitativa das riquezas, ou caminhamos para formas ineditamente brutais de apropriação, expropriação, domínio e opressão? Quais são os mecanismos de controle que possam impedir o retorno à barbárie? O Poder está se transformando ou apenas se sofisticando? Há esperanças de um futuro digno para todas as populações humanas, ou veremos a África e partes da Ásia se destruírem em epidemias, guerras civis e lutas fratricidas? Os Estados atuais se manterão ou virão novas guerras, com novas e mais terríveis formas de destruição? A guerra tecnológica dos drones não tripulados continuará a ser desferida contra povos, sem domínio técnico, mas com dinheiro e capacidade para organizar atentados e guerrilhas modernas? Haverá esperanças de todos os povos terem uma pátria, ou deixarão de existir pátrias?

E quanto ao Dinheiro, esse Senhor da modernidade? Será que ele prosseguirá regendo as relações humanas ou seus dias estão contados? Haverá outras formas de convívio humano não regidas pelas trocas monetárias, outras formaseconômicas? Ressuscitarão as antigas trocas de bens e produtos, os "escambos", a solidariedade entre os despossuídos, ou mesmo entre todos os membros de cada sociedade? Haverá bens para todos, e de que tipo – bicicletas ou automóveis para todos? Como conservar o equilíbrio ecológico? Com quais fontes de energia se poderá contar? Haverá água? Bastará para todos? Será pacífica e equalitariamente distribuída?

Não sabemos nem como resolver os problemas atuais. Como pensar no futuro? O futuro chega todos os dias. Chega rápido demais. O presente se esfuma, é fugaz. Não conseguimos retê-lo, e nem usufruí-lo. A queixa generalizada é a de que a vida está rápida e intensa demais. Viver, hoje, cansa. Não apenas viver é perigoso, como dizia Guimarães Rosa, mas hoje o viver é tedioso. O tédio contemporâneo assumiu proporções filosóficas, quase metafísicas. Os objetosde consumo não conseguem satisfazer as necessidades continuamente criadas, continuamente excitadas. A decepção vem inevitavelmente, nunca nenhum objeto será capaz de obturar completamente o desejo.

Ao longo da história e vertiginosamente nas últimas décadas houve imensas transformações em todas as esferas da vida: no trabalho, no lazer, na estrutura, organização e função da família, nos modos de convívio entre vizinhos, nas relações intra e inter-institucionais, nos valores que sustentavam a vida cotidiana e estruturavam o caráter e a educação moral das crianças, e nos sistemas de regulação das formas de sociabilidade, configuradas e asseguradas pelo Estado e pelas diversas estruturas socioculturais que são o arcabouço das sociedades. Os estudos de Gallagher, Féres-Carneiro e Henriques (2013), Medeiros, Mishima-Gomes, Silva e Barbieri (2013),Gatti e Andréa (2012), Rocha (2012), Venosa (2011), Pagliuso e Bairrão (2011) e Rosário (2010), todos publicados neste mesmo periódico, são apenas alguns dos exemplos onde se pode constatar os efeitos dessa anomia no conjunto das relações familiares e comunitárias.

O mundo contemporâneo é complexo, em geral hostil, inseguro e instável e suas mutações vão muito além das decorrentes do avanço tecnológico. São transformações no próprio Homem, na sua auto-representação, nos seus projetos de futuro, nas suas obras e modelos mentais, nos seus medos e anseios, no seu modo de amar e de odiar, nos significados que ele atribui aos demais seres humanos, ao sexo, ao amor e à morte.

Nesse espaço limitado, querendo pensar em questões tão amplas e multifacetadas, quero me focar em duas ideias, ou dois labirintos de pensamentos: (1) A proposta de uma nova Psicopatologia, um rol distinto e um outro modo de conceber a norma e o desvio no funcionamento psíquico; (2) O referencial grupo-analítico como uma ferramenta para refletir e intervir nas situações intersubjetivas contemporâneas.

 

Outra Psicopatologia

German Berrios, o grande historiador da Psiquiatria, lançou um livro sobre a epistemologia da psiquiatria, no qual propõe:

Em sua forma atual, a disciplina da Psiquiatria foi construída durante o século XIX para lidar com a compreensão e manejo de categorias de comportamento e experiencias então consideradas desviantes, anormais ou "doentes". Algumas dessas categorias foram criadas, outras eram herdadas. Selecionar e descrever tais formas de comportamento também exigiram a construção de uma linguagem técnica (a psicopatologia descritiva) (Berrios, 2012, p. 4).

Complementarmente, Isaias Paim, em seu Curso de Psicopatologia, afirma:

A psiquiatria clínica constitui uma ciência aplicada às alterações psíquicas e seus problemas correlatos, como o diagnóstico, o tratamento e a profilaxia das doenças mentais. Enquanto a Psicopatologia tem um âmbito mais restrito, visando conhecer os fenômenos psíquicos patológicos e, assim, oferecer à psiquiatria as bases para a compreensão de sua origem, mecanismo e futuro desenvolvimento (Paim, 1975, p. 12).

A Psicopatologia tem diferentes definições. Alguns autores clássicos, como Jaspers e Schneider, propuseram os modelos sobre os quais se edificaram as concepções contemporâneas. Geralmente se considera que a Psicopatologia é o campo de estudos das perturbações mentais, dos transtornos que afetam as funções cognitivas, afetivas, volitivas e atitudinais. Decorrentes de diferentes pressupostos teóricos, existem diversas concepções psicopatológicas atuais e, portanto, diferentes atribuições sobre seus elementos conceituais e operacionais.

Mas as diferentes Psicopatologias são filhas do Tempo. Seus métodos e conceitos se alteram ao sabor das modas intelectuais e das novas propostas decorrentes de avanços no conhecimento científico geral. Também o contexto cultural afeta de modo marcante suas concepções.

Aqui eu quero ousar uma proposta de reorientação do que se define como transtorno mental e/ou comportamental e/ou de conduta social. Gostaria de esboçar um protótipo de tipos psicopatológicos, que devido a suas ideias e ações acarretam graves consequências na vida interpessoal e comunitária, e que mesmo que não apresentem, aparentemente, os sinais e sintomas do que classicamente vem sendo definido como psicopatológicos, ainda assim deveriam, nessa nova classificação, serem considerados portadores de psicopatologias:

1) Os que enriquecem financeiramente a um nível muito superior ao que efetivamente produzem, seja através de operações financeiras ou de diferentes formas de apropriação do trabalho ou dos bens alheios.

2) Os que matam nas guerras. Tanto os mandantes, diretos ou indiretos, quanto os que apertam os gatilhos, lançam as bombas, ou controlam as armas. Também se incluem aqui os traficantes de armas e os fabricantes legais de armas, especialmente aquelas que matam civis, como as minas terrestres.

3) Os que matam nas "guerras" urbanas: sejam criminosos ou policiais. Narcotraficantes, milícias, pessoas que lincham, matadores contratados, policiais civis e militares que deliberadamente decidem pelo extermínio, assim como aqueles indivíduos que roubam, sequestram e matam.

4) Os que matam ou agridem devido a razões religiosas ou étnicas. Sejam indivíduos, grupos ou Estados.

5) Os governantes que exploram os povos, submetendo-os às diferentes formas de opressão, que vão dos baixos salários à corrupção tolerada e praticada, à não aplicação das verbas públicas nos itens de saúde, educação, transportes, segurança, etc., desviando-os para suas campanhas eleitorais ou diretamente para suas contas particulares. Esse item se refere aos corruptos em geral, mas, com diferentes matizes e intensidades, tem se aplicado a quase toda a classe política, já que esta tem se demonstrado insensível e incapaz de promover o bem comum, pelo menos nos países menos desenvolvidos.

6) Os que matam no trânsito. Tanto com a arma de seu automóvel, ônibus ou caminhão, como nas discussões por vagas de estacionamento, "fechadas", ou insultos proferidos.

7) O abusador sexual. Isso inclui os pedófilos, os pais incestuosos, os exploradores da prostituição, os jovens e adultos que induzem suas parceiras ao álcool ou outras drogas, limitando sua liberdade e seu juízo crítico. Não é exclusivamente masculino, mas é preponderantemente feito por homens. Numa classificação ampla inclui também os que produzem propagandas e diversas outras formas midiáticas de sexualização mercantilizada.

8) Os responsáveis pela informação escrita, falada, televisiva e através da Internet. São psicopatologias da irresponsabilidade, do não assumir um papel consistente de crítica aos erros manifestos e às incúrias, os maus usos do dinheiro público, as catástrofes que poderiam ter sido evitadas. A má-fé da desinformação exatamente pelos que estão na posição de informadores.

9) Os fabricantes de cigarros, de pesticidas e demais produtos nocivos à saúde, que auferem lucros das doenças. Menção especial deve ser feita a alguns fabricantes de produtos farmacológicos, especialmente psicotrópicos, que muitas vezes ocultam e medicalizam problemas sociais.

10) Os responsáveis pelo planejamento e execução de muitos outros produtos da indústria, que em nome da ampliação dos lucros, determinam características tais como embalagens que se rompem, orifícios que derramam mais conteúdo do que o necessário, componentes intencionadamente frágeis, "obsolência planejada", e muitos outros recursos dos quais decorrem perdas, desperdícios e prejuízos.

11) Etc..

Essa lista ou classificação não se destina a "demonizar" os ricos, ou os capitalistas, ou os políticos, mas a caracterizar como verdadeira psicopatologia essas ações que implicam em profundo egoísmo, em indiferença às necessidades e sofrimentos das demais pessoas, em apatia e descaso com tudo o que não se refira direta e unicamente aos interesses próprios do sujeito ou de sua corporação. É preciso considerar como "doença" toda atitude em que a relação do indivíduo com os demais o leva a pensar, sentir e agir de forma que priva os demais de sua dignidade, de suas condições de humanidade, tornando-os objetos ou alvos de descarga dos impulsos agressivos e narcisistas.

Proponho, então, que se tome como "transtorno" não aquilo que afeta o individuo em sua interioridade, mas principalmente aquilo que afeta suas relações com os demais, implicando em prejuízos não à sua qualidade de vida ou funcionalidade e sim, principalmente, naquilo que prejudica, danifica ou destrói as condições de vida dos demais e o convívio humano. Uma psicopatologia, enfim, do individuo como ser social, como membro da espécie, como parte solidária do conjunto humano.

 

A teoria e a técnica da grupanálise

E como "tratar" ou "curar" esses transtornos assim redefinidos? Evidentemente o foco deve se desviar da noção de indivíduo, como fim em si mesmo, ou como unidade básica de análise da personalidade, do comportamento, ou da saúde mental. O grupo é maior que o indivíduo e a coletividade é composta pelos grupos. O grupo é a verdadeira matriz onde se constitui e se desenvolve a singularidade de cada ser humano. Nossa definição última, como salientaram Horkheimer e Adorno (1978), não é a de "átomos sociais" autônomos e autossuficientes, mas de seres definidos por suas relações, seres necessariamente e organicamente, situados no interior de redes intersubjetivas.

Por isso, o que é normal ou patológico passa por uma consideração do que é o bem-estar, incluindo o bem-pensar, o bem-sentir e o bem-agir, frente aos demais. Se somos seres constituídos e construídos na alteridade; se somos humanos apenas e somente se somos humanizados por nossas interações; se aquilo que chamamos de felicidade, de prazer, de alegria e de realização sempre se dá no contexto da vida interpessoal, então também aquilo que é saudável ou perturbado deveria ser definido a partir do que é positivo e benéfico para o grupo como um todo, e quando possível, para o grande grupo que é a coletividade humano.

Freud (1921/1973) salientou com grande ênfase que o indivíduo isolado é uma abstração, e em sua obra fundamental Psicologia das massas e análise do Ego (mal traduzida em português como Psicologia de grupo e análise do Ego), afirma com todas as letras:

Na vida anímica individual aparece integrado sempre, efetivamente, 'o outro', como modelo, objeto, auxiliar ou adversário e, deste modo, a psicologia individual é ao mesmo tempo e desde o princípio psicologia social, em um sentido amplo, porém plenamente justificado (p. 2563).

Também no O Ego e o Id, Freud (1923/1973) lança uma interessante hipótese para conectar a vida psíquica individual com a vida coletiva:

Os acontecimentos do Ego parecem, a princípio, não ser suscetíveis de constituir uma herança, porém quando se repetem com frequência e intensidade suficientes em indivíduos de gerações sucessivas, se transformam, por assim dizer, em acontecimentos do Id, cujas impressões serão conservadas hereditariamente. Deste modo abriga o Id em si inumeráveis existências do Ego, e quando o Ego extrai do Id seu Super-Ego, não faz, talvez, senão ressuscitar antigas formas do Ego (p. 2716).

O grande esforço teórico e metodológico de Freud levou-o à construção do grande edifício da Psicanálise, mas não a responder a todas as questões a que seu trabalho clínico e conceitual conduziu e, portanto, foi prosseguido por inúmeros autores, tanto diretamente vinculados às ideias do criador, como orientados a novas formas de indagação e reflexão. Um desses ramos é o denominado Psicanálise das Configurações Vinculares (uma apresentação dessa concepção pode ser encontrada na coletânea editada por Fernandes, Svartman, & Fernandes, 2003).

Os grupos, tanto como concepção teórica como enquanto instrumentos técnicos, por sua própria ética, devem ser utilizados para a promoção dessa forma de saúde mental que é participar da vida coletiva, das questões que vão além do indivíduo e o tornam consciente de seu papel frente aos demais. A integridade psíquica e a harmonia das funções da personalidade são fruto das conexões adequadas, produtivas e benéficas do indivíduo com os "outros" que fazem parte de seu grupo interno (os objetos internos) e de suas relações externas com os grupos da família, do trabalho, da cidade (Ávila, 2003,2007a, 2007b, 2008, 2009).

Para auxiliar esses indivíduos "doentes", incapazes de se realizarem plenamente como indivíduos integrados, células interdependentes do organismo social, é preciso "curar" o egoísmo, a intolerância, a ganância, o ódio e o instinto de domínio que sustenta o desejo pelo Poder. É preciso enfrentar a cobiça, a inveja, a destrutividade. É necessário reorientar os desejos e impulsos para o compartilhar e não para o se apropriar. É preciso construir formas de convívio humano onde a própria participação no que é coletivo, a própria satisfação por poder contribuir para o bem comum, seja vivida como a verdadeira satisfação e realização do indivíduo. Não a posse, mas a partilha. Não o acúmulo, mas a distribuição. Não a avareza, mas a generosidade. Não ao Poder destrutivo e sim à paciente e amorosa construção de um mundo intersubjetivo onde todos possam sentir-se em casa.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Lazslo Antonio Ávila
E-mail: lazslo@terra.com.br

Recebido: 21/03/2015
Aceito: 15/05/2015

 

 

1 Lazslo Antonio Ávila é psicólogo, grupanalista, mestre e doutor, pós-doutorado pela University of Cambridge, professor livre docente da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, SP, membro do NESME e da SPAGESP.

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