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Revista da SPAGESP

versão impressa ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP vol.16 no.2 Ribeirão Preto  2015

 

ARTIGOS

 

Relacionamentos conjugais na atualidade: percepções de indivíduos em casamentos de longa duração

 

Marital relationships nowadays: individuals' perceptions in long-term marriages

 

Relaciones conyugales en la actualidad: percepciones de individuos en casamientos de larga duración

 

 

Crístofer Batista da Costa1; Clarisse Pereira Mosmann2

Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo-RS, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Diferentes formas de ser casal coexistem na atualidade, provocando questionamentos sobre a direção que as relações amorosas terão em longo prazo. Objetivou-se compreender a percepção de pessoas em casamentos de longa duração sobre os relacionamentos conjugais na atualidade. Trata-se de um estudo qualitativo exploratório e descritivo, realizado com nove pessoas. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo e os resultados apontam que, na percepção dos participantes, o contexto atual repercute nas relações amorosas através de processos de aproximação e ruptura. Essas repercussões são alvo de críticas dos participantes, as quais baseadas em juízos de valor, engessam possíveis avanços reflexivos. Os relacionamentos amorosos passam por um período de transição que pode estar associado às mudanças sociais, econômicas e culturais. Tais alterações não são positivas ou negativas mas refletem a complexidade de um fenômeno que precisa permanecer sob foco de investigação.

Palavras-chave: casamento; relações familiares; intimidade; mudança.


ABSTRACT

Nowadays, the are different forms of being a couple, arising questions on the direction love relationships with have in the long term. This article was aimed at comprehending the perception of people in a long-term marriage about marital relationships nowadays. This is a qualitative, descriptive and exploratory study carried with nine people. Data were submitted to content analysis and results show that, according to participants, our current context affects love relationships processes of getting closer and rupture. These repercussions are target of criticism of the participants, who, based on moral judgments, prevent any improvements. Love relationships go on a transition period, which could be associated to social, economical and cultural changes. These changes are neither negative nor positive, but reflect the complexity of a phenomenon that needs to remain under investigation.

Keywords: marriage; family relations; intimacy; change.


RESUMEN

Diferentes formas de parejas coexisten hoy en día, provocando dudas sobre la dirección de las relaciones a largo plazo. El objetivo fue entender la percepción de personas en casamientos a largo plazo sobre las relaciones de pareja en la actualidad. Se trata de un estudio cualitativo de carácter exploratorio y descriptivo, realizado con nueve personas. Los datos fueron sometidos al análisis de contenido y enseñan que, en la percepción de los participantes, el contexto actual se refleja en las relaciones amorosas a través de procesos de acercamiento y separación. Estas repercusiones son foco de críticas de los participantes, sostenidas en juicios de valor, que encarcelan posibles avances de reflexión. Las relaciones amorosas pasan por un período de transición que puede estar vinculado a los cambios sociales, económicos y culturales. Tales cambios no son positivos ni negativos, sino que reflejan la complejidad de un fenómeno que debe seguir siendo objeto de investigación científica.

Palabras clave: casamiento; relaciones familiares; intimidad; cambio.


 

 

Os relacionamentos conjugais são foco de investigação de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, haja vista que a qualidade da relação pode ser preditora de longevidade, de saúde e de doenças (Féres-Carneiro & Diniz-Neto, 2010; Sandberg, Miller, Harper, Robila, & Davey, 2009). A importância do tema se reflete no aumento das taxas de nupcialidade, 1,4% a mais que em 2011, entre pessoas solteiras e divorciadas, sendo que nos recasamentos houve crescimento de 21,8% (IBGE, 2012).

As transformações nas relações conjugais e a melhoria no acesso aos serviços de justiça, tanto para a formalização da união quanto para o divórcio, têm impulsionado os acréscimos apontados. Soma-se a isso, a diminuição na duração média das uniões maritais que em 2013 foi de 15 anos (IBGE, 2013). De acordo com esses dados, pessoas solteiras permanecem buscando o casamento, as que já viveram a experiência têm formalizado o divórcio e se recasado e as uniões têm durado menos tempo. Conclui-se que o desejo de viver a dois está entre os planos de vida dos respondentes, mesmo quando, devido à complexidade da relação, houve uma separação.

Segundo o IBGE (2013), casamentos com mais de 15 anos de duração estão acima da média nacional e de acordo com a literatura casamentos de longa duração são aqueles que duram mais de 20 ou 25 anos (Norgren, Souza, Kaslow, Hammerschmidt, & Sharlin, 2004). Com base nessas informações, foram considerados cônjuges em casamentos de longa duração, neste estudo, pessoas casadas a um tempo superior a 20 anos.

Pesquisa que analisou 74 consultas, realizadas em sites de aconselhamento amoroso no Brasil, aponta a insegurança, a dúvida e a incerteza como as principais queixas das pessoas que procuram o serviço. Buscam-se soluções rápidas e eficazes para problemas delicados e complexos da vida amorosa (Bezerra & Justo, 2010). Segundo os autores, os relacionamentos íntimos acontecem muito rápido, são breves e marcados pelo descompromisso. Os critérios para a aproximação amorosa são, geralmente, beleza e poder aquisitivo.

Nessa direção, estudo realizado com oito jovens, com idades entre 18 e 23 anos, encontrou entre os relacionamentos amorosos a predominância de questões como individualidade, liberdade, descartabilidade, superficialidade, busca de romantismo e igualdade de gêneros (Smeha & Oliveira, 2013). Os autores postulam que transformações culturais e sociais influenciam o modo de pensar e o comportamento dos indivíduos.

Compreende-se o casamento como uma dimensão diferente desses relacionamentos apontados como passageiros, marcados pela rapidez e pelo "descompromisso" (Bezerra & Justo, 2010; Smeha & Oliveira, 2013). Por outro lado, as experiências amorosas dessa geração de jovens impactariam futuros relacionamentos conjugais em que se tem o objetivo de chegar ao casamento e constituir família?

Evidências empíricas sustentam que se unir maritalmente permanece entre os planos dos jovens adultos, embora não seja o objetivo de vida central dessas pessoas. Essa realidade pode estar associada à maior liberdade sexual, visto que não é necessário casar para ter uma vida sexual ativa, ao exercício da união conjugal mais tardiamente, ao investimento tanto do homem quanto da mulher na carreira profissional e à permanência junto à família de origem durante mais tempo (Falcke & Zordan, 2010; Silveira & Wagner, 2006).

As mudanças citadas por Smeha e Oliveira (2013) são consideradas, em sua maioria, positivas na esfera da conjugalidade, pois representam maior cumplicidade, igualdade e envolvimento mútuo dos parceiros para a manutenção do casamento (Coutinho & Menandro, 2010). Para estes últimos autores, o casamento passa pela heterogeneidade de posturas e de valores, em que padrões tradicionais de ser casal se fundem com tendências atuais e com os novos papéis que homens e mulheres assumem socialmente.

Os relacionamentos amorosos passam por uma ressignificação de modelos e pela subjetivação do indivíduo por padrões diferentes de individualidade. Esse processo sofre também com a velocidade que as "relações cibernéticas" implicam à vida dos indivíduos, interferindo na construção da intimidade entre os parceiros conjugais e provocando instabilidade e volubilidade nas relações amorosas que, fragilizadas, tendem a sucumbir. Trata-se de um período de mudanças sociais, econômicas e culturais que se refletem no indivíduo e nas relações conjugais e familiares (Guedes & Assunção, 2006). É um momento de transição desafiador que, na esfera conjugal, Giddens (1993) denominou de amor fluído, que se nutre da satisfação mútua que determinará sua duração.

Além disso, a análise deste fenômeno deve considerar o desenvolvimento técnico-científico, perpassado pela difusão de informações por meio da mídia, especialmente, a televisiva (Carvalho, 2010). Segundo o autor, a mídia se tornou um poderoso mecanismo de subjetivação do indivíduo, difunde sentido e forma opiniões e valores. Setton (2002) defende que a mídia provoca significativo impacto na vida das pessoas, dividindo, com a instituição familiar e escolar, uma responsabilidade pedagógica. Para a autora, o indivíduo recebe uma formação mesclada, porém, híbrida e fragmentada.

Os casais precisam avaliar em que medida estímulos midiáticos interferem nos valores, projetos de vida e na dinâmica marital. Segundo Bolze, Schmidt, Crepaldi e Vieira (2013), alguns cuidados podem ser tomados para proteger e fortalecer o vínculo conjugal diante de possíveis estressores, citam: o respeito, a validação dos sentimentos do outro, a flexibilidade e a gratidão pelos esforços do cônjuge em prol do casamento. Oliveira, Falcone e Ribas Júnior (2009) apontam a empatia, indicativa de maiores níveis de satisfação e ajustamento conjugal, influenciando a qualidade do relacionamento. Quando um parceiro possui níveis elevados de empatia é capaz de colocar-se no lugar do outro, compreendendo seus pensamentos e sentimentos, fazendo o cônjuge se sentir acolhido e validado.

Estudo sobre qualidade conjugal realizado por Rizzon, Mosmann e Wagner (2013) com 102 participantes, encontrou correlação positiva entre satisfação e as variáveis intimidade e decisão/compromisso. Segundo a pesquisa, a longo prazo, a decisão/compromisso contribui para que os parceiros se sintam mais seguros nos momentos de crise, fortalecidos diante das dificuldades e conscientes de que o relacionamento não é uma experiência passageira. No entanto, os participantes apresentaram baixos níveis nas variáveis paixão e intimidade.

Por outro lado, evidências de uma pesquisa explicativa e longitudinal, realizada com 172 casais norte-americanos, apontam que o desejo de mudança repercute em maiores níveis de satisfação conjugal a longo prazo se comparados à decisão/compromisso de somente manter a estabilidade conjugal sem o engajamento em comportamentos de mudança (Schoebi, Karney, & Bradbury, 2012). Este resultado pode ajudar a explicar porque os participantes do estudo brasileiro (Rizzon et al., 2013) referiram baixos níveis de paixão e intimidade. Podem não estar se envolvendo em comportamentos e ações com o desejo de tornar o relacionamento melhor e se aproximar do parceiro intimamente, mas apenas estar casado por interesses econômicos, sociais, familiares, entre outros.

Outros estudos sobre conjugalidade (Scorsolini-Comin, Santos, & Souza, 2012; Scorsolini-Comin & Santos, 2012) indicam que parceiros próximos e unidos serão capazes de compartilhar ideias e projetos de vida e concordar sobre condutas, valores e decisões que tomadas em conjunto alcançam maiores níveis de satisfação conjugal. Estes resultados corroboram pesquisa que encontrou, em casamentos de longa duração, o aumento da satisfação associado à proximidade entre os parceiros, à coesão e à utilização de estratégias de resolução de conflito construtiva (Norgren et al., 2004).

As pesquisas comprovam, quanto maior a satisfação com o relacionamento, maior a satisfação com a própria vida (Scorsolini-Comin & Santos, 2010; ScorsoliniComin et al., 2012; Scorsolini-Comin & Santos, 2012). É consenso na literatura que a conjugalidade é uma das vivências mais complexas do ciclo de vida de uma pessoa (Carvalho, 2010; Féres-Carneiro, 1998; Rizzon et al., 2013; Smeha & Oliveira, 2013). Nesse contexto questiona-se como construir e conservar um relacionamento conjugal sólido e com bons níveis de satisfação frente aos desafios de se viver a dois no momento atual.

A percepção de aspectos positivos no casamento repercute na resolução construtiva dos problemas, enquanto focar nos erros e nas áreas de conflito reverbera negativamente (Veldorale-Brogan, Lambert, Fincham, & Dewall, 2013). Schoebi et al. (2012) apontam que comportamentos de mudança exigem maior investimento dos cônjuges a curto prazo, porém, mais benefícios a longo prazo, inversamente ao que acontece com o mero desejo de permanecer casado. Tais fatores são opostos à intolerância, à inconstância, ao descompromisso e ao imediatismo, característicos do contexto atual (Bezerra & Justo, 2010; Guedes & Assunção, 2006; Oltramari, 2009; Smeha & Oliveira, 2013).

De fato, mudanças sociais, econômicas e culturais contribuem à subjetivação do indivíduo e às formas de ser casal (Cheng, 2010). Entretanto, o impacto provocado pelas alterações é divergente entre os estudos. Alguns autores apontam um contexto deletério à conjugalidade (Bezerra & Justo, 2010; Carvalho, 2010; Setton, 2002; Smeha & Oliveira, 2013) enquanto outros compreendem as transformações como um processo de aperfeiçoamento das relações íntimas e de igualdade entre os gêneros (Bauman, 2004; Coutinho & Menandro, 2010).

Para Giddens (1993) o casamento foi, de certa forma, protegido pelos padrões socialmente estabelecidos e aceitos, que impunham estabilidade às relações e manutenção da instituição familiar. Na última década, o reforçamento da individualidade, a efemeridade e o imediatismo, vem fazendo com que os relacionamentos amorosos se mantenham, principalmente, pelo desejo, pela satisfação e pelo compromisso firmado entre os parceiros.

Além disso, variáveis de proteção e variáveis de risco ao casamento não constituem um corpus homogêneo de conhecimento, pois estão compartimentalizadas e não explicam como reverberam na conjugalidade ao longo do tempo de casamento (Bolze et al., 2013; Norgren et al., 2004; Oliveira, et al., 2009; Rizzon et al., 2013; Schoebi et al., 2012; Scorsolini-Comin & Santos, 2012; Scorsolini-Comin et al., 2012; Veldorale-Brogan et al., 2013). Como manter o interesse e o investimento no casamento ao longo do tempo? Quais estratégias ajudariam a proteger o relacionamento de estressores ambientais e a manter a satisfação com o casamento? Para problematizar tais questionamentos e analisar características de um grupo, conforme preconizado por Scorsolini-Comin e Santos (2012), o objetivo deste estudo foi compreender a percepção de pessoas em casamentos de longa duração sobre os relacionamentos conjugais na atualidade.

 

MÉTODO

Delineamento

Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório e descritivo. Analisaram-se as experiências e significações que emergiram da interação entre os participantes de um grupo focal com o objetivo de conhecer o fenômeno, obter novas percepções, identificar as relações existentes entre os elementos e descrever as características encontradas (Gibbs, 2009; Turato, 2008).

Participantes

Os participantes foram selecionados de uma amostra de 200 pessoas que participaram de um estudo maior. Os respondentes que marcaram a opção "tenho interesse em participar de outras pesquisas" foram contatados. Os participantes foram nove indivíduos: cinco mulheres e quatro homens, heterossexuais, vivendo em união estável com outras pessoas que não os membros do grupo e com filhos. A idade mínima dos participantes foi de 40 anos e a máxima de 57 anos (m=51; DP=6,32); o tempo de união variou de 20 a 32 anos (m=27,11; DP=7,33); quanto à escolaridade, quatro participantes cursaram ensino médio ou técnico e cinco o ensino superior; todos exerciam atividade remunerada, trabalhando de seis a 14 horas/dia (m=9,33; DP=2,39); a remuneração pelo trabalho variou de 2 e 4 salários mínimos (n=4), de 6 e 10 (n=2) e de 10 e 15 salários (n=3); o número de filhos foi de um a quatro, sendo que a idade da prole variou de dois a 31 anos de idade.

Instrumento

Os dados foram coletados por meio de grupo focal, os quais são geralmente pequenos e acontecem em ambiente não diretivo onde se discutem temas específicos. Nos grupos há influência mútua entre os participantes através da interação, propiciando a emersão de questões individuais e coletivas, enriquecedoras do material de análise. Os participantes são selecionados de acordo com o objetivo do estudo que determinará as características do grupo (Flick, 2009; Minayo, Souza, Constantino, & Santos, 2008).

Coleta de dados

Foram contatadas por telefone as 38 pessoas que aceitaram participar, aproximadamente um ano depois de terem participado do estudo maior. Destas, 17 declinaram do convite, 21 confirmaram e nove compareceram no dia agendado para a realização do grupo focal. Na ligação telefônica os participantes foram convidados para um encontro em que se debateriam temas relacionados ao cotidiano da vida conjugal, como os motivos dos conflitos conjugais e as estratégias utilizadas para resolvê-los. Dois moderadores conduziram o grupo focal que aconteceu em espaço reservado na instituição de ensino à qual o projeto maior está vinculado. O encontro iniciou às 19h30min e terminou às 22h.

Análise dos dados

As conversações no grupo focal foram transcritas integralmente e examinadas por meio do método de análise de conteúdo, técnica que utiliza um conjunto de procedimentos sistemáticos, metodicamente explícitos e replicáveis através dos quais são feitas inferências válidas de um texto (Gibbs, 2009). As etapas que compuseram o processo de análise, segundo Bauer (2008), foram: a) leitura detalhada e repetida do material transcrito com o objetivo de conhecer integralmente o texto; b) identificação das unidades de sentido; c) categorização temática das unidades de sentido; d) agrupamento das categorias inter-relacionadas em eixos temáticos, definidos a posteriori, para melhor articular a apresentação e discussão dos dados; e) identificação de intenções particulares, considerando o conteúdo manifesto, a interpretação e as inferências com base na experiência do pesquisador e à luz da teoria sistêmica.

Procedimentos éticos

A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição de Ensino e aprovada sob o parecer nº 495.313. O TCLE, lido e assinado pelos participantes, informou que o encontro seria gravado em áudio e vídeo, entretanto, seria preservada a identidade dos membros do grupo. Os participantes foram informados que poderiam desistir de sua participação antes de assinar o TCLE sem nenhum prejuízo e que o risco de participar era sentir-se mobilizado em alguma temática abordada sendo, nestes casos, avaliada a situação e feitos os encaminhamentos necessários. Seguiu-se todas as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas, envolvendo seres humanos, conforme orientações das Resoluções 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (2012) e 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia (2000).

 

Resultados e Discussão

Três eixos temáticos emergiram da análise de conteúdo realizada: a) Expectativas em relação ao casamento; b) Conjugalidade: mídia e repercussões da sociedade atual e c) Construção e proteção da conjugalidade. As discussões em cada eixo temático foram exemplificadas apenas com as falas mais representativas do conteúdo exposto. Para preservar a identidade dos participantes, seus nomes foram substituídos pelos seguintes códigos: homens, H-1, H-2, H-3 e H-4 e mulheres, M-1, M-2, M-3, M-4 e M-5.

Expectativas em relação ao casamento

Os participantes do grupo referiram que o casamento é um evento natural na vida do ser humano e, portanto, é esperado que, em determinada fase da vida, as pessoas se unam maritalmente, constituam família e tenham filhos. Disseram que as expectativas sobre o casamento mudam ao longo do tempo, pois dependem da fase do ciclo vital, mas que ser feliz continua sendo a principal delas. O casamento, segundo a discussão realizada no grupo, deve pautar-se na realidade, afinal, será constituído de momentos de felicidade. Paixão, desejo, necessidade de estar mais tempo junto, bem como, raiva, impulsividade e medo, podem caracterizar o início de um relacionamento, ao passo que companheirismo, amizade, segurança e cuidado serão construídos gradativamente.

Dentro de uma naturalidade do ser humano ele necessita de um companheiro ou uma companheira né. Eu acho que ter família é o sonho de todo mundo, ter um filho é uma continuidade é o que leva a buscar uma união (H-4).
Eu acho que são fases da tua vida. Então quando tu chega aos 20 anos tu esperava uma coisa, hoje com 54 tu espera outra coisa. O objetivo, a tua expectativa é que esse relacionamento te traga felicidade, a partir do conhecimento que tu vai tendo, da emoção, do amadurecimento
(M-3).
A felicidade é a consistência, o poder se relacionar, a comunicação, o respeito, a cumplicidade, o carinho, a compreensão do casal, de um para com o outro. Eu acho que nesse período de namoro, noivado e lua de mel é uma felicidade sentimental, é aquela coisa do medo, aquela paixão
(H-1).

As expectativas que existem, principalmente, no início do casamento e as mudanças que acontecem ao longo do tempo de união já foram expressivamente investigadas na literatura (Rizzon et al., 2013; Scorsolini-Comin & Santos, 2010; Scorsolini-Comin et al., 2012; Scorsolini-Comin & Santos, 2012) e são confirmadas neste estudo. Entretanto, se efetivamente as necessidades individuais se sobrepõem às conjugais (Guedes & Assunção, 2006; Smeha & Oliveira, 2013) e os modelos familiares tradicionais já não exercem tanta influência nas escolhas do indivíduo (Giddens, 1993) pode ser que tenha havido uma alteração nas expectativas que perpassam os relacionamentos amorosos. Talvez, os parceiros estejam buscando igualdade e complementariedade para uma experiência mais significativa de intimidade, vivência da conjugalidade por um período maior de tempo antes da chegada dos filhos e do exercício da parentalidade e apoio do cônjuge para a realização de projetos de vida pessoais.

Conjugalidade: mídia e repercussões da sociedade atual

Neste eixo temático são apresentadas duas categorias: a influência da mídia sobre o indivíduo e sobre a conjugalidade e as repercussões das características da sociedade atual nas relações amorosas. O conteúdo da primeira categoria emergiu de forma recorrente na discussão do grupo focal. Discutiu-se a reprodução de padrões/modelos de felicidade, incongruentes com o que, de fato, é um relacionamento e que é preciso limitar a entrada de determinadas informações, filtrando o que é útil e o que é nocivo ao casamento, para proteger a conjugalidade, "é que eles estão vendendo [referindo-se à mídia] uma ideia de felicidade e as pessoas acreditam" (H-3).

Aí começa a mostrar uma novela onde tá lá aquela gurizada enxergando tudo por normalidade, caso de separação, traição, é normal. Só que essa normalidade que a mídia bota, essa geração tá se criando com isso, tá difícil (H-4).
Influencia o comportamento [referindo-se à mídia]. Eu tenho a minha menina de seis anos e eu converso bastante com ela. E ela as vezes me chama e me diz 'mãe eu posso olhar este programa'? Eu digo, 'pode filha, ou não pode, esse não pode, esse não é pra tua idade'. Então ela mesma troca de canal (M-4).

Apesar de se compreender que a mídia influencia as relações entre as pessoas e de que tal influência pode ser negativa, a discussão no grupo demonstrou que os participantes conseguem avaliar criticamente a situação e manter determinados critérios, vivendo paralelamente à cultura midiática (Setton, 2002). Além disso, os participantes conversaram sobre as repercussões que esse mesmo contexto provocará nas relações da geração atual de jovens. O grupo apontou o egoísmo, a intolerância frente às diferenças e frustrações, a mudança nas expectativas sobre os relacionamentos amorosos, a permissividade para se aproximar, para substituir ou para se separar intimamente de alguém e a rapidez com que as relações íntimas iniciam e terminam.

Muitas vezes os casamentos não dão certo, principalmente hoje, porque a gente é muito imediatista. E essa questão assim da felicidade é uma coisa tão vendida pra todo mundo que as pessoas querem muito ser feliz. Eu quero ser feliz, eu quero ter aquela vida de facebook, eu quero que tudo seja maravilhoso e daqui um pouco isso não é assim. Essa felicidade, isso não existe, essa coisa de que tá sempre tudo bem, tudo maravilhoso (M-3).
Hoje em dia as pessoas não se aturam mais rapaz, estão um ano e já não querem mais nem saber, acho que o patamar tá por ai hoje. Já não tá acontecendo mais... [referiu-se aos casamentos de longa duração dos participantes do grupo], porquê casa, separa, casa, separa, então, já casa pra separar mesmo. Pra eles [referindo-se à geração mais jovem] é só curtir, né? (H-3).

A percepção dos integrantes do grupo sobre as características e tendências das relações íntimas na atualidade corrobora alguns estudos (Bezerra & Justo, 2010; Oltramari, 2009; Smeha & Oliveira, 2013) e opõe-se a outros (Coutinho & Menandro, 2010; Féres-Carneiro & Diniz Neto, 2010; Giddens, 1993). As mudanças de comportamento e a forma como as pessoas se relacionam amorosamente são também uma reflexão feita por Bauman (2004) e apontam a fragilidade de relações que emergem em um contexto de transformações sociais significativas e que podem estar impactando especialmente as gerações mais jovens (Cheng, 2010; Guedes & Assunção, 2006).

Ademais, as pressões inevitáveis das urgências da sociedade atual sobre as relações amorosas (Guedes & Assunção, 2006) podem estar relacionadas ao quanto os parceiros permitem ou evitam que tendências e "modernismos" influenciem negativamente seus relacionamentos. Estas questões podem interferir na conciliação de objetivos pessoais e conjugais, na expectativa em torno de um modelo de parceiro/relação idealizada, no uso que se faz das redes sociais, seja pela aproximação fácil entre os contatos ou pelo excesso de exposição, na flexibilidade do "ficar amoroso", com distintos níveis de compromisso, nas novas formas de ser casal e na estabilidade de um relacionamento monogâmico desafiado por oportunidades de envolvimento sexual e romântico sedutoras (Bezerra & Justo, 2010; Coutinho & Menandro, 2010; Falcke & Zordan, 2010; Féres-Carneiro, 1998).

Hoje é muito natural a prematuridade do rompimento do casamento porque não existe uma consistência né. Permanecer casado é uma grande conquista (H-1).
E o problema é que isso é uma coisa normal hoje e, pra nós, uma geração conservadora, fica numa hipocrisia esse tipo de vida, por isso, é tão difícil pra gente aceitar. Mas se tu não aceitar, de certa forma, tu vai tá excluindo hoje essa geração da tua família, do teu contato
(H-4).
É que falta muito comprometimento da nossa juventude, dessa geração. Eu acho que é muito pouco comprometimento, áh eu gostei e vou tentar, se der deu, se não der... Hoje vem as dificuldades e as pessoas não sabem superar né, não procuram superar as dificuldades, é mais prático tu terminar (M-4).

Por outro lado, as pessoas podem estar buscando relações íntimas que contribuam integralmente às suas vidas e não apenas para mudar o status de solteiro (Féres-Carneiro & Diniz-Neto, 2010). O contraste no discurso de um grupo de participantes em casamentos de longa duração e as mudanças que percebem nos comportamentos individualizados e nos relacionamentos íntimos suscitam questionamentos. A geração de pessoas que participou deste estudo foi desafiada a se adaptar e a educar filhos em um contexto marcado por profundas transformações sociais, econômicas e culturais. Tal fato repercutiu na juventude atual que tem, de um lado, valores familiares tradicionais, e de outro, características de uma sociedade fortemente imediatista e centrada no indivíduo, precisando tentar conciliar essas forças aparentemente opostas (Bauman, 2004; Giddens, 1993).

Além disso, embora não tenha sido avaliada a satisfação conjugal, os participantes do grupo relataram vivenciar casamentos de longa duração e se sentir felizes. Esse discurso pode estar associado à educação que receberam ou aponte questões de desejabilidade social, muitas vezes, presentes em discussões de temas especialmente em contexto grupal. De fato, não se sabe se pessoas em casamentos de longa duração se separariam caso o relacionamento deixasse de ser uma vivência prazerosa, considerando questões como filhos, patrimônio, relações sociais e familiares.

Construção e proteção da conjugalidade

Neste eixo temático são apresentadas e discutidas duas categorias. A primeira se refere ao tempo de adaptação e de ajustamento entre os cônjuges e a segunda ao investimento dos parceiros em comportamentos que protegem o casamento. Os participantes do grupo referiram que no início do relacionamento amoroso são enfrentadas dificuldades mais acentuadas, quando os parceiros se conhecem e tentam se adaptar ao jeito de ser um do outro. Com o passar do tempo de união, por meio da convivência e do conhecimento entre o casal, o relacionamento tende a melhorar porque se aprende a lidar de forma mais construtiva com os conflitos.

Esse período de namoro, de noivado, isso aí quase que não existe hoje na sociedade, é um troço relâmpago né. Então, quando passa essa fase ali da lua de mel, do convívio, do acordar, do dormir com a mesma pessoa, ô tu ronca, tu tem chulé, tu solta pum, tu atira a roupa fora, não arruma, enfim. Vão se ajustando as coisas, né. A gente teve tempo pra se conhecer, teve esse período de maturação, de convivência (H-1).
Tem que se adaptar. Eu e o meu marido fomos nos conhecer depois de casados, porque nós namoramos muito pouco tempo. Nós tínhamos 24 anos, cada um não sabia muito bem o que queria e daí então nós fomos nos conhecer. Então pra nós foi tudo um aprendizado. Pra mim foi assim um crescimento, foi conhecimento, paciência, ai tu pega assim tudo aquilo de conhecer, quando tu começa namorar, tudo isso eu passei depois que eu casei (M-5).

Segundo a discussão no grupo, a conjugalidade é uma experiência que precisa de amadurecimento e está associada ao tempo de união (Norgren et al., 2004). Sendo assim, a fluidez dos relacionamentos e a suposta clareza que os jovens têm sobre a incompatibilidade de uma relação (Bezerra & Justo, 2010; Guedes & Assunção, 2006; Oltramari, 2009; Smeha & Oliveira, 2013) poderia ser um entendimento imaturo e precipitado?

Por outro lado, décadas atrás, a solteirice e a separação eram avaliadas negativamente, principalmente, entre as mulheres, vítimas de preconceito diante de tais fatos. Buscava-se um casamento e se permanecia casado independentemente do quão satisfatória fosse a experiência marital (Coutinho & Menandro, 2010; Giddens, 1993). Afirmar que as relações íntimas de casais jovens caracterizam mudanças mais positivas ou negativas no se refere ao casamento pode ser um limitador por se tratar de uma discussão que se mostra mais complexa. Talvez, seja mais coerente, compreender o período atual como um momento de transição em todos os seguimentos da sociedade e que, portanto, não são negativos ou positivos em sua totalidade.

Foi discutido no grupo que a conjugalidade é uma área de investimento permanente. Segundo os participantes, a satisfação com o casamento sofre oscilações, pois naturalmente existem conflitos que podem desgastar a relação. No entanto, com o passar dos anos, por que se adquire maturidade e/ou por tentativa e erro, o casamento vai se tornando uma experiência mais estável, sem tantos altos e baixos. Destacam que é importante saber lidar com os conflitos e com as crises conjugais de forma construtiva, afinal, uma relação estável e feliz exigirá dos cônjuges esforço, dedicação, comprometimento, clareza sobre as dificuldades e atenção permanente.

Eu acho que os conflitos nos nossos casamentos serviram pra nós dialogar e passar isso para os filhos, a coisa não é assim, tudo na vida é muita luta, tudo na vida tem horário, tem disciplina, tem conquista, tem busca, tem dedicação. É uma série de coisas né, e isso eu acho que vai de um casamento estruturado, de um casamento com diálogo, talvez com discussão, mas discussão construtiva e não destrutiva (M-1).
Existe, dentro da relação, toda uma continuidade de trabalho. Quando existe os mesmos valores nos dois e buscam os mesmos ideais se constrói essa relação a cada momento, a cada patamar, a cada dificuldade. Vai aprendendo o que é a relação, como cada um enfrenta a situação, e ai a gente vai se conhecendo (H-4).

Esse resultado corrobora a literatura (Falcke & Zordan, 2010; Féres-Carneiro, 1998; Rizzon et al., 2013) sobre os desafios inerentes aos relacionamentos amorosos. Chama atenção o consenso entre os participantes do grupo de que os conflitos diminuem e a relação fica mais harmoniosa com o passar do tempo de união. A convivência pode ter provocado efeitos positivos no relacionamento conjugal dos participantes ou a diminuição dos conflitos e o aumento dos níveis de satisfação estão associados às variáveis de proteção do casamento destas pessoas (Bolze et al., 2013; Norgren et al., 2004; Oliveira et al., 2009).

Tais variáveis foram denominadas, neste estudo, de comportamentos que fortalecem a conjugalidade. Foi referido pelos participantes que o aprendizado na relação conjugal acontece por meio das crises, das dificuldades e dos problemas e que uma relação sólida não se abala frente aos desacordos conjugais que ocorrem no dia-adia. "Vai ficando sólido, com o passar dos anos, vem a solidez. Se o casal tá unido, se o casal é feliz, ele vai saber passar por cima das dificuldades junto" (M-4). "Eu acho que o diálogo e as discussões no casamento levam a uma estrutura familiar mais forte" (M-1).

Tu busca um patamar que ao longo da jornada que vai sendo traçada, vai criando cada vez mais esse nível de equilíbrio entre os dois. E coisas triviais abalam cada vez menos esse nível de equilíbrio. Claro, é por isso que eu digo, vai elevando esse nível de equilíbrio (H-4).

Esse dado pode evidenciar que a coesão entre os parceiros é um fator de proteção da conjugalidade diante dos conflitos e eventuais momentos de crise (Scorsolini-Comin et al., 2012; Scorsolini-Comin & Santos, 2012; Norgren et al., 2004). Não seriam os conflitos e crises, por si só, causadores de uma possível ruptura ou desentendimento mais acentuado, mas todo um contexto em que os cônjuges estão imersos e sobre o qual interagem sistemicamente outras variáveis (Rizzon et al., 2013).

Foi consenso no grupo que respeito, compreensão, demonstrações de afeto, de cuidado e de preocupação com o parceiro e reconhecimento de atitudes positivas são elementos importantes na conjugalidade. Os participantes referiram que é necessário ter momentos exclusivos enquanto marido e mulher, realizando programas apreciados pelo cônjuge e incluindo-o nas próprias atividades de lazer, simplesmente pelo prazer de estar junto, mas também preservar a individualidade, reservando momentos para si.

Tem que respeitar né e até mesmo participar, às vezes, daquilo que tu não gosta. Mas estar junto ali pra pessoa saber que tu tá ali, tá sendo companheiro, até pra discutir a novelinha. Mas isso é vice-versa né, não são só os homens estarem olhando novela com as mulheres, um exemplo, não! As mulheres também têm que participar daquilo que os homens gostam (M-4).
Como não sobra tempo pra nós aqui, na função do trabalho dela, do meu trabalho, envolvimento nos finais de semana, a função toda dos filhos, as vezes chutamos tudo, largamos tudo e vamos sete, oito, dez dias pra algum lugar. Estamos fazendo isso com mais frequência pra ter esse espaço nosso, longe até dos filhos (H-4).

Além de corroborar outras pesquisas (Bolze et al., 2013; Oliveira et al., 2009; Schoebi et al., 2012), identifica-se, na discussão do grupo, que comportamentos e atitudes aparentemente simples repercutem positivamente na conjugalidade. Por meio desses dados pode-se compreende-se que viver a dois é uma experiência complexa, desafiadora e exige aprendizado sobre como lidar com os percalços que surgirão inevitavelmente ao longo do casamento (Falcke & Zordan, 2010; Rizzon et al., 2013). Os participantes deste estudo, pessoas em casamentos de longa duração, média de 27 anos, apontam alternativas que não demandam recursos financeiros expressivos, abdicações ou "provas de amor". Estar atento às necessidades do parceiro, ser criativo e investir em momentos a dois podem ser opções promissoras e com satisfatória repercussão no casamento (Féres-Carneiro, 1998).

 

Considerações finais

Os resultados encontrados nesta pesquisa permitem considerar que, de fato, mudanças sociais, econômicas e culturais repercutem, em alguma medida, nas relações amorosas. Tais alterações podem ser um período de transição e, portanto, não são necessariamente positivas ou negativas, mas preconizam atenção e postura crítica frente ao diferente e ao desconhecido, e que poderá reverberar especialmente entre os casais mais jovens.

Conclui-se que algumas afirmações tendenciosas sobre os processos de aproximação e ruptura amorosa e das repercussões das características da sociedade atual nos relacionamentos conjugais não contribuem à reflexão sobre o fenômeno. Pensamentos rígidos engessam possíveis avanços, pois centram-se na crítica superficial caracterizada pelo enquadramento deste ou daquele comportamento em certo ou errado, dentro ou fora da norma social.

Os participantes do grupo focal partilharam percepções e experiências vividas em casamentos de longa duração, característica que pode ser considerada um ponto forte do estudo. As discussões envolveram toda uma trajetória de vida conjugal permeada por dificuldades, por crises e conflitos, mas também persistência, dedicação, cuidado, afeto e, sobretudo, desejo e investimento mútuo em torno de um projeto de vida a dois.

Por ser um estudo realizado com um grupo de pessoas bastante específico, os resultados encontrados devem ser compreendidos com cautela. Trata-se de um tema que envolve um conjunto expressivo de variáveis que poderiam ser investigados e discutidas numa perspectiva quantitativa. É importante que pesquisadores e psicoterapeutas avaliem as especificidades de cada relacionamento conjugal e considerem a influência das transformações sociais na vida das pessoas o que complexifica ainda mais o trabalho em termos de pesquisa e da clínica psicológica. Os resultados e reflexões feitas neste artigo não esgotam o tema em questão que devido a sua amplitude e constante atualização precisa permanecer sob investigação da ciência.

 

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Endereço para correspondência

Crístofer Batista da Costa
E-mail: cristoferbatistadacosta@gmail.com

Recebido: 27/05/2015
1ª revisão: 21/07/2015
Aceito: 10/08/2015

 

 

1 Crístofer Batista da Costa é mestre e doutorando em Psicologia Clínica pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos.
2 Clarisse Pereira Mosmann é doce
nte do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica da Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

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