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Revista da SPAGESP

versión impresa ISSN 1677-2970

Rev. SPAGESP vol.16 no.2 Ribeirão Preto  2015

 

ARTIGOS

 

Envelhecimento positivo como construção social: práticas discursivas de homens com mais de sessenta anos

 

Positive aging as a social construction: discursive practices of men over sixty years

 

Envejecimiento positivo como una construcción social: prácticas discursivas de los hombres mayores de sesenta años

 

 

Sofia Teodoro dos SantosI,1; Laura Vilela e SouzaII,2

IUniversidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG, Brasil
II
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto-SP, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo deste estudo foi descrever os sentidos produzidos com homens com mais de 60 anos sobre seus recursos pessoais para um envelhecer bem-sucedido, a partir da perspectiva construcionista social da investigação apreciativa. Para tanto, um encontro grupal foi realizado com seis homens com idade entre 61 e 81 anos. Perguntas apreciativas sobre histórias de superação pessoal e recursos atuais na construção de um bem-estar conduziram a conversa. A análise do encontro ressaltou os sentidos produzidos sobre o envelhecimento satisfatório: a valorização das redes sociais de apoio, a importância de continuar estudando, de estar em contato com os acontecimentos contemporâneos, de ser reconhecido profissionalmente mesmo após a aposentadoria, de ser útil às pessoas de sua comunidade, de cuidar do próprio corpo e realizar atividades físicas com companhia. A intencionalidade dos pesquisadores no posicionamento dos participantes como pessoas com histórias valiosas a serem compartilhadas sobre uma velhice positiva e a estrutura da conversa possibilitaram que os sentidos sobre um envelhecimento positivo pudessem ser produzidos e explorados.

Palavras-chave: envelhecimento; homens; construcionismo social.


ABSTRACT

The aim of this study is to describe the meanings produced by men over sixty on their personal resources for successful aging, from the perspective of appreciative inquiry social construction. Thus, a group meeting was held with 6 men aged 61 to 81 years. Appreciative questions about stories of personal achievement and current resources in building well-being led the conversation. The analysis of the meeting stressed the meanings produced about satisfactory on aging: the assessment of social support networks, the importance of further study, the contact with contemporary events, the professional recognition even after retirement, the possibility to be useful in your community, the care with the body and performing physical activities while accompanied. The intent of the researchers in considering the participants to be people with valuable stories to be shared on positive aging and the conversations' structure allowed meanings on the topic to be created and explored.

Keywords: aging; men; social construction.


RESUMEN

El objetivo de este estudio fue describir los sentidos producidos con hombres con más de sesenta años sobre sus recursos personales para un envejecimiento exitoso, a partir de la perspectiva construccionista social de la investigación apreciativa. Por tanto, un encontró grupal fue realizado con seis hombres con edad entre 61 y 81 años. Preguntas apreciativas sobre historias de superación personal y recursos actuales en la construcción de un bienestar direccionaron la conversa. El análisis del encuentro resalto los significados producidos sobre envejecimiento exitoso: la valorización de la redes sociales de apoyo, la importancia de continuar estudiando, de estar en contacto con los acontecimientos contemporáneos, de ser reconocido profesionalmente, aun después de la jubilación, de ser útil a las personas de su comunidad, de cuidar del propio cuerpo y realizar actividades físicas con compañía. La intencionalidad de los investigadores en el posicionamiento de los participantes como personas con historias valiosas para ser compartidas sobre un envejecimiento positivo y la estructura de conversaciones positiva puedan ser producidos y explorados.

Palabras clave: envejecimiento; hombres; construccionismo social.


 

 

Nas próximas quatro décadas a população idosa corresponderá a um quinto da população mundial (Irigaray & Schneider, 2008). Sabe-se que países como o Brasil, cuja população já foi composta por muitos jovens, enfrentam um processo sucessivo de envelhecimento da população que provoca transformações na base de sua pirâmide etária (Carvalho & Garcia, 2003). Segundo Moreira Jr. e Japur (2003), a longevidade é um dos fenômenos que mais contribuiu para que o envelhecimento se torne uma das grandes preocupações sociais. Além disso, o decaimento das taxas de fecundidade influencia na composição desse quadro, sendo que daqui a alguns anos, com a diminuição das taxas de mortalidade na velhice, o processo de envelhecimento será acelerado (Carvalho & Garcia, 2003).

A rapidez com que ocorre o aumento da expectativa de vida e o crescimento da população idosa no mundo, de acordo com Veras (2007), suscita várias indagações sobre o assunto, sendo fundamental o questionamento ético e político de se as pesquisas na área têm fomentado qualidade aos anos adicionais de vida das pessoas. Morais (2009) argumenta que a crescente atenção para o estudo sobre o envelhecimento da população em geral é uma grande oportunidade de reavaliação dos conceitos atualmente apregoados nos meios científicos sobre a terceira idade.

O processo de envelhecimento tem assumido diversas conceituações na literatura da área (Morais, 2009). Para Carvalho e Garcia (2003), o envelhecimento de determinada população refere-se às transformações na composição etária da mesma e depende de aspectos sociais, biológicos, econômicos, culturais, entre outros. Calasanti (2005) aponta que o processo de envelhecimento é traduzido na gerontologia a partir de duas visões contrastantes, uma relativa às bases biológicas do envelhecimento e a outra que destaca a velhice como um fenômeno sociocultural. De forma geral, nessa literatura, a maior parte dos estudos constrói o envelhecimento como um período de declínio e perdas na vida das pessoas, especialmente, perdas biológicas, constantemente associadas ao adoecimento e ao declínio físico (Smith, Borchelt, Maier, & Jopp, 2002).Assim, os idosos são descritos como pessoas com menor satisfação com a vida e menos afetos positivos.

Essa forma de significar o envelhecimento deve-se muito às teorias do desenvolvimento humano que definem o ciclo vital com seu início marcado por ganhos e seu término marcado por declínio (Cupertino, Rosa, & Ribeiro, 2006; Luz & Amatuzzi, 2008). Segundo Calasanti (2005), os estudos que constroem a velhice como um período de perdas ressaltam que as pessoas ao envelhecerem têm considerável diminuição do senso positivo de bem-estar e da autoestima, e tentam evitar a velhice e as modificações físicas decorrente do passar dos anos, o que acaba por alimentar a indústria do antienvelhecimento. O autor ressalta ainda que o ideal de um corpo jovem provoca a exclusão do grupo social dos idosos, relaciona saúde à aparência física e envolve esforços financeiros e tecnológicos para postergar as marcas da idade. Dessa forma, o envelhecimento é considerado, a partir dessa inteligibilidade, como um processo de desvantagens culturalmente aceito, que todo ser humano deve enfrentar caso viva por muito tempo.

De acordo com Moreira Jr. e Japur (2003), as descrições psicológicas e das demais disciplinas científicas sobre os idosos os posicionam, em muitos momentos, como passivos frente à vida, construindo a velhice como uma fase cercada por dificuldades e limitações. Outros discursos, contudo, explicam a terceira idade a partir de diferentes sentidos. Gergen e Gergen (2010) apontam que em geral, a infância é entendida como um período de desenvolvimento, a fase adulta é quando se atinge a maturidade e a terceira idade é quando a vida entra em declínio. Neste sentido, os mesmos autores questionam sobre a possibilidade de construções alternativas à compreensão negativa do envelhecimento, tomando-o como uma construção social.

Luz e Amatuzzi (2008) afirmam que o envelhecimento pode ser considerado como um processo de acúmulo de maior habilidade para a realização dos planos de vida. Morais (2009) aponta o envelhecimento como um processo que envolve inúmeras oportunidades para se adquirir novos conhecimentos. Esta autora ressalta que atualmente é mais comum encontrar idosos saudáveis em nossa sociedade, tornando fundamental estudos que rompam com a concepção da velhice como período marcado pela inatividade e pela valorização das narrativas dessa população com relação aos recursos encontrados para a construção de uma velhice positiva. Cupertino, Rosa e Ribeiro (2006) defendem uma velhice que pode ser vivida com alegria, saúde e bemestar.

Luz e Amatuzzi (2008) destacam as habilidades de adaptação das pessoas com mais de cinquenta e nove anos para reformularem seus planos de vida a partir das situações em que se encontram. Esses autores apontam em sua pesquisa como as pessoas idosas podem se mostrar otimistas utilizando-se do aprendizado de vida acumulado para lidarem com os acontecimentos. Irigaray e Schneider (2008) afirmam que os idosos têm a possibilidade de encontrar novas saídas para os problemas advindos do envelhecimento (tanto físico como social). Smith et al. (2002) apontam que é possível que os idosos mantenham um senso positivo de bem estar, ou seja, algo que indique o sucesso advindo do envelhecimento.

A partir das transformações de sentidos tanto com relação ao que vai ser entendido como desenvolvimento, quanto ao que se descreve como envelhecimento, formas mais positivas de descrição dessa fase são disponibilizadas. Com essas transformações, novos posicionamentos dos idosos são valorizados, com importantes modificações nas descrições identárias dessas pessoas e na forma de se entender o que é um bom envelhecimento. Na busca por alternativas ao sentido da velhice como um período marcado pela inatividade (Morais, 2009), autores questionam, por exemplo, a definição de um bom envelhecimento a partir da ausência do diagnóstico de doenças (Smith et al., 2002), considerando-se a crítica ao discurso biomédico em saúde. A necessidade de compreender essa transformação que marca o envelhecimento contemporâneo nos estimula a refletir acerca das categorias de descrição de si e dos termos postos em campo para descrever esse processo (Silva, 2008).

O discurso construcionista social, aqui adotado, oferece recursos para investigações científicas sobre a terceira idade que tenham como foco aspectos apreciativos. Nesse discurso, a realidade é entendida como sendo construída a partir das trocas linguísticas entre as pessoas (Gergen, 1997). Dessa forma, a compreensão de uma verdade ou realidade é substituída pela valorização de verdades e realidades plurais, que são localmente produzidas. Com a atenção centralizada nas práticas discursivas das pessoas em relação, é possível desconstruir e reconstruir as narrativas por meio das quais as pessoas vivem e descrevem a si mesmas e ao mundo. Quando um estudo com foco apreciativo é proposto, não se pretende negar a presença dos problemas ou minimizar sua importância, mas perceber que eles são produzidos na linguagem e nas relações nas quais as pessoas se engajam. Fazer perguntas sobre problemas convida respostas que elaboram, expandem e refinam uma realidade de problemas. Fazer perguntas sobre o que é valorizado e sobre experiências de sucesso é elaborar, expandir e construir possibilidades (Souza, McNamee, & Santos, 2010). Diferentes realidades sobre o processo de envelhecimento podem ser fomentadas com a defesa do sentido de velhice como construção social (Moreira Jr. & Japur, 2003).

Sendo assim, o atual estudo visa à produção de conhecimentos que possam responder a escassez de produções sobre a terceira idade construída positivamente. De forma específica, nos interessam as narrativas apreciativas sobre o envelhecimento produzidas nas conversas com homens com mais de sessenta anos. A escolha da população masculina é fruto da constatação da pouca quantidade de estudos na literatura da área que se interessaram por ouvir essas pessoas, ainda que pesquisas que levam em conta diferenças de gênero sejam consideradas de extrema importância (Beaulieu et al., 2007; Courtenay, 2000; Santos & Brito, 2008).

Alguns estudos descrevem os homens com mais de sessenta anos como tendo estilo de vida menos saudáveis que o das mulheres e indicam a necessidade de se entender a razão dessa diferença (Courtenay, 2000). Esses estudos almejam a criação de estratégias de promoção de saúde mais adequadas a essa população e circunscrevem a definição de velhice a partir de uma conceituação a priori, influenciada pelo discurso biomédico tradicional em saúde, que define o que vai ser considerado como comportamento de risco, como beber demasiadamente, não fazer consultas médicas regulares, fumar e comer açúcar, sal ou gordura em excesso. Indo além de uma produção de conhecimento que foque apenas esses aspectos, propomos, como defendido por Beaulieu et al. (2007), oferecer uma escuta qualificada para que as pessoas que vivem essa fase de vida possam descrevê-la a sua forma, dando seus próprios qualificadores para o que vai ser considerado uma boa terceira idade, quais elementos a compõem, quais são as práticas que os fomentam e quais são os parâmetros que os definem.

Entende-se que uma investigação sobre a terceira idade que se utilize do discurso construcionista social pode gerar novos recursos conversacionais que disponibilizem para a população em geral novas formas de descrição da velhice. Sendo assim, o objetivo deste estudo é compreender os sentidos produzidos com homens com mais de sessenta anos sobre o envelhecimento positivo.

 

Método

Participantes

Participaram da pesquisa seis idosos do sexo masculino, com idade entre 61 e 81 anos que considerassem suas vivências do envelhecimento satisfatórias. O mais jovem participante foi Julio, 61 anos, um viúvo recasado que trabalha como mestre de obras. Alex, 68 anos é dentista aposentado e solteiro. Ian, 69 anos é escritor e técnico eletricista e casado. Diego, 71 anos trabalha como zelador e é casado. Regis, 74 anos é aposentado, cantor e casado. Eric, por sua vez, é aposentado, mágico e viúvo.

Procedimentos para a construção e análise dos dados

O convite para a participação na pesquisa aconteceu pelo uso da estratégia da "bola de neve", na qual homens que consideravam ter uma vivência de envelhecimento bem sucedida indicaram outros homens que também descreviam sua vivência de envelhecimento como bem sucedida. As pessoas indicadas foram consultadas para que os pesquisadores pudessem saber se elas estavam aptas a participar da pesquisa. Assumindo os pressupostos construcionistas sociais em pesquisa, a avaliação sobre uma experiência de velhice satisfatória deveria ser feita pelo próprio participante.

A primeira pessoa a ser convidada a participar da pesquisa, para que se iniciasse a bola de neve de indicações subsequentes, foi um participante da Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Gatti (2005) propõe entre seis e 12 participantes num grupo. Foram contactados oito idivíduos, contudo dois senhores não compareceram ao grupo sendo que, um deles não justificou a ausência e o outro contactou as pesquisadoras afirmando que trabalharia no dia combinado.

O primeiro contato foi realizado via telefone e uma entrevista de apresentação da pesquisa e dos objetivos do grupo a ser empreendido foi agendada. As entrevistas foram realizadas, em sua maioria, na casa dos participantes ou em uma sala do Centro Educacional da Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Optou-se pelo uso do encontro grupal como estratégia de produção de dados pela riqueza que essa modalidade de conversa permite com relação a trocas entre os participantes e polissemia (Rasera & Japur, 2007).

O grupo foi iniciado com a apresentação das duas pesquisadoras, que naquele momento ocupavam também o lugar de coordenadoras do grupo. Foi feito contrato de sigilo, combinado o horário de acordo com a disponibilidade dos participantes determinado o tempo médio que cada um teria para expor suas experiências. Foi criado intencionalmente uma estrutura de conversa onde pudessem ser co-construídos sentidos apreciativos sobre o envelhecimento (Souza, McNamee, & Santos, 2010). Os participantes foram posicionados como homens que poderiam contribuir para a pesquisa e cujas histórias poderiam oportunizar que outras pessoas vissem outro jeito de pensar o processo de envelhecimento.

A estrutura da conversa foi dividida em três momentos: 1) o compartilhamento em duplas de um desafio que eles enfrentaram nos últimos tempos e que foi superado, com destaque para os recursos pessoais e do meio que permitiram essa superação; 2) conversa sobre o que atualmente permitia que os participantes tivessem um envelhecimento bem sucedido e 3) resgate dos elementos necessários para permanecerem felizes. Na medida em que o diálogo ia se desenvolvendo, perguntas de apoio eram realizadas e/ou formuladas, buscando atender o objetivo principal doa pesquisa, qual seja, compreender os sentidos construídos pelos participantes para o tema abordado.

O encontro grupal foi audiogravado por meio do uso de aparelhos digitais posicionados em diferentes lugares da sala de modo a garantir a gravação da voz de todos os participantes. A análise do encontro e dos relatos de observação foi realizada inspirando-se em estudos construcionistas na área (McNamee & Hosking, 2012; Souza, 2011). Os passos da análise consistiram de: (a) transcrição do grupo realizado; (b) leitura flutuante e reflexiva das transcrições visando à construção de categorias que nortearam a análise de todo o material; (c) identificação dos sentidos produzidos na conversa e (d) análise dos sentidos identificados.

Cuidados éticos

Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa da UFTM. Antes do início do grupo, os participantes leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), o qual continha, inicialmente, informações sobre a pesquisa e seus objetivos. Para caracterização dos participantes, foram utilizados nomes fictícios.

 

Resultados

Os sentidos sobre envelhecimento satisfatório foram agrupados em três eixos: 1) sentidos gerais sobre o envelhecimento, 2) recursos pessoais para um envelhecimento positivo e 3) facilitadores externos para um envelhecimento positivo.

1) Sentidos gerais sobre o envelhecimento

A análise da transcrição do grupo permitiu a identificação de repertórios para se falar sobre o envelhecimento. Alex foi quem inaugurou os comentários no grupo: Alex: "Véio, esse termo não deveria existir, né? Eu detesto esse termo. Vocês que estuda psicologia não teria jeito de mudar a velhice, termo idoso, terceira idade e velho, não?"

Logo após a fala do Alex, as pesquisadoras, coordenadoras do grupo, apontaram que era justamente esse o objetivo da pesquisa, encontrar outras formas de descrever aquilo que hoje é nomeado de envelhecimento. A partir desse comentário, Alex fala: Alex: "Pessoal preocupa mais com a doença né, com o lado ruim, tem coisa boa pra olhar, não tem?"

Ao serem convidados a um diálogo sobre aspectos positivos do envelhecimento, os sentidos propostos pelo grupo levam em consideração a 'imutabilidade' do espírito durante a terceira idade. Apontam este como um aspecto positivo a ser considerado diante da aparente generalização do termo velho tanto para a mente quanto para o corpo.

2) Recursos pessoais

Foram identificados sentidos referentes aos recursos pessoais que possibilitam a experiência de um envelhecer bem sucedido. Os recursos pessoais apareceram, principalmente, quando os participantes do grupo foram convidados a adjetivar outro participante a partir do relato de uma experiência pessoal de sucesso.

O sentido de esforço vai sendo inicialmente construído na conversa como algo referente à persistência e perseverança dos participantes diante de situações difíceis que conseguiram superar. Julio aborda tal aspecto:

Esse homem aqui [Eric], pelo que ele falou pra mim aqui, ele é um homem de persistência e perseverança.... Ele é uma pessoa que batalhou há muitos anos fazendo a caridade pras pessoas, depois teve uma recaída, depois começou tudo de novo, e hoje é um homem prospero. E a esposa dele também faleceu, a mesma história da minha, então ele tá com a mesma persistência e perseverança, fazendo as mágicas, fazendo as caridades, então ele é um grande homem, ele é um homem perseverante.

Respondendo ao que foi dito pelo Julio e adjetivando o mesmo a partir da história que ouviu, Eric também aponta sentidos sobre recursos pessoais de esforço: Eric: Ele [Julio] "é um grande homem, porque ele perdeu a esposa, lutou, acreditou em Jesus, o nosso Pai que é Deus, então ele ta de parabéns."

Pode-se dizer, então, que, algumas vezes, o sentido que levou os participantes do grupo a se considerarem homens com sucesso no processo de envelhecimento estão diretamente ligados a um movimento pessoal de esforço, batalha, luta, merecimento e força de vontade, ainda que tenham contribuições ambientais, por vezes estes aspectos são apontados como principais expoentes de um envelhecimento positivo. Não apenas um esforço pessoal, mas também a capacidade de adquirir conhecimento, seja por vontade própria, por habilidades pessoais, entre outros, ou mesmo por meio de estudo ou vivências, o conhecimento que têm e/ou adquiriram durante seu desenvolvimento é um dos sentidos observados no grupo:

Diego: Eu só tive minha vida melhor depois que eu casei.... Foi melhorando, eu fui adquirindo alguma coisa, gosto de estudar alguma coisa, entendeu? Aprender alguma coisa, então foi assim que minha vida melhorou. Hoje eu tenho a vida melhor, boa... Por essas condições, entendeu?

Diego considera ter uma vida melhor devido ao gosto que tem pelos estudos. Ian, por sua vez, denomina a busca por estudo ou aquisição de conhecimento como uma constante "atualização" na vida:

E ele como no meu caso também, é... ta sempre se atualizando né? Pretende continuar se atualizando. Eu acho isso maravilhoso. É aquele negócio, não é só pescar, e parece que ele gosta de pescar, mas não é só ir com ele pra beira do rio pescar, então to aposentado e vou pra beira do rio pescar, né? Ou então vou pra um buteco beber cerveja, jogar dominó com os amigos, não, isso aí é bom ué, um lazer, mas a pessoa não vai ficar só nisso.

A possibilidade de compartilharem o conhecimento que têm é algo, também, considerado importante:

Ian: Eu me sinto realizado toda vez que eu participo, cada vez que eu sou contactado, quando eu recebo um e-mail por exemplo, de uma pessoa que conhece meu trabalho. Então quer dizer, eu no momento eu acho bom, eu acho que tá de acordo, que ta de bom tamanho. É, pelo que eu estudei, pelo que eu aprendi, pela minha posição na sociedade, eu acho que ta muito bom.

O cuidado com o corpo também foi diretamente apontado pelos participantes do grupo. Como comenta Eric:

É como ele disse, eu passei, não comia carne, não bebo, não fumo, eu tive fábrica de bilhar aqui em Uberaba, eu fazia 12 mesas por semana... Mas não acostumei com jogo nenhum, detesto jogo, tudo pra mim ter vida boa. Eu gosto de uma amizade sadia, e assim eu fui sem... Alimentando pouco, correndo demais, entende? E assim foi a minha vida até o fim da vida.

Ser capaz e ter disponibilidade para fazer algo de bom por outras pessoas também foi levantado como um sentido para um envelhecimento saudável: Eric: "Sempre pensando que o homem pra viver, ele tem que fazer a caridade. Se ele não fizer a caridade ao próximo, ele só vai pra trás."

3) Facilitadores externos de um envelhecimento positivo

Durante a conversa foram ressaltados quatro sentidos com relação aos fatores externos que favorecem um envelhecimento positivo. Como já explicitado, três participantes eram, a época da pesquisa, alunos da UATI. Um deles, Ian, revela a importância da participação dele nessa Universidade como um dos fatores que colabora para um envelhecimento positivo: Ian: "Lá na UATI tem muita coisa de bom, além da convivência, do contato com os amigos e com os colegas de aula né, porque isso é muito importante. Porque alargou-se o leque... alargou-se o leque de relacionamentos."

Percebe-se que ele relaciona a UATI com a promoção da convivência, do contato com os amigos e com "os colegas de aula", além de citar que lá ele ampliou seus relacionamentos. Alex também fala dos benefícios de sua participação na UATI:

Tô aprendendo a tocar flauta... É bom, é muita alegria lá, que a gente sente lá da turma né? Então eu acho que isso aí é.... Daí só pelo fato da gente estar fazendo curso la na UFTM já dá um certo status, não dá?

Alex refere-se a UATI como uma atividade que promove alegria, mas que também oferece um status social, pois, ele pode afirmar que está fazendo um curso de uma Universidade pública reconhecida na cidade, aspecto valorizado socialmente.

Além das alianças sociais de convívio e amizade na comunidade, o matrimônio também foi um sentido identificado nas falas de alguns participantes como favorecedor de um envelhecimento positivo, como pontuado por Diego:

Meus pais era muito ruim pra mim, eu fico até emocionado [pausa]... Então, eu tive vontade até de largar meus pais, entendeu? Eu só tive minha vida melhor depois que eu casei... Que eu casei, que eu adquiri meus filhos...

Na fala de Eric é interessante ver a forma como ele faz referência à esposa como alguém importante para seu sucesso, não apenas por ser esposa, mas por proporcionar a ele companhia e ajuda.

Cheguei aqui, no circo arranjei uma princesa pra mim, que foi a minha princesa e depois meu esteio. Casei, casei e foi meu esteio. Ela que me ajudou, ela era mais velha do que eu, tudo que ela falava eu obedecia pra mim ter vida boa. E assim eu fui tendo vida, aquela vida boa.

A existência de princípios e valores estabelecidos durante a vida também foi identificado como um sentido que colabora para um envelhecimento positivo. Como aponta Julio:

Os meus pais me ensinou coisas maravilhosas, desde pequeno, que hoje tá gravado na minha mente, com idade de 7 anos, o que meu pai falava comigo ta gravado aqui, com idade de 7 anos... Ele me ensinou o princípio e hoje eu to nessa idade que eu to pelo princípio que meu pai me ensinou, e minha mãe...

Os entrevistados associam o sucesso no processo de envelhecimento à religiosidade/espiritualidade:

Fui buscar meu criador, que é o nosso criador né, que foi Jesus, e aí depois disso pra cá, que eu entreguei a minha vida pra Ele, tudo na minha vida mudou. Eu não tinha casa, pagava aluguel, não tinha nada. Hoje eu tenho casa própria, tenho meu carro, tenho tudo de bom na minha vida.

 

Discussão

A partir dos fragmentos de fala apresentados, percebe-se que, segundo os participantes do grupo, o termo velhice faz referência direta ao corpo velho em consonância com alguns discursos disponibilizados na literatura da área. Com relação à crítica do uso dos termos para se descrever os homens com mais de sessenta anos, Freitas, Queiroz e Sousa (2010) buscaram identificar o significado da velhice e da experiência de envelhecer para idosos rurais do Ceará. Os resultados do estudo apontam que, para os idosos a velhice traz muitas perdas, principalmente quando acometidos pelo adoecimento. Contudo, afirmam que são felizes pelas conquistas pessoais e materiais, além da família que conseguiram formar. Exemplos como este demonstram como a criação de um ambiente positivo permite que relatos positivos do processo de envelhecimento surjam.

Manifestações culturais provocaram mudanças significativas nos hábitos, crenças e termos que caracterizam esse período da vida (Silva, 2008). No que se refere à nomenclatura 'velho', pode-se dizer que não é mais adequada para designar esses 'jovens senhores', visto que o termo 'velho', até o final da década de 1950, estava associado principalmente à decadência física e incapacidade produtiva. Mas a partir da década de 1960 foi substituído por 'idoso' e a sociedade passou então a assimilar a idéia de velhice associada à arte do bem viver (Silva, 2008).

Ainda sobre a questão dos termos utilizados para explicar o envelhecimento, Wachelke (2009) afirma que diferentes estudos com jovens e adultos não-idosos foram desenvolvidos acerca das representações sociais sobre o envelhecimento e os resultados mostram a existência de dois pólos opostos para representar a velhice: perdas ou ganhos. O mesmo autor afirma que isto se refere a um contraste entre o enfraquecimento, o surgimento de sinais fisícos e doenças e a aproximação da morte, e por outro, o reconhecimento da sabedoria e da constatação de que em geral, envelhecer equivale a ter uma vida mais tranquila.

Outro estudo desenvolvido por Santos e Meneghin (2006) evidenciou que o conhecimento de alunos universitários do curso de enfermagem sobre o envelhecimento é baseado no senso comum, ressaltando os estereótipos encontrados na sociedade tais como o de dependência, abandono, tristeza e desvalor. Poucas são as referências ao "envelhecimento com qualidade" e "às novas possibilidades de envelhecer". As crenças citadas pelos participantes são referentes ao processo de envelhecer relacionando-o, quase que unicamente, a perdas. Essas perdas são associadas não apenas aos aspectos físicos, mas, principalmente, ao papel do idoso na família e na sociedade.

Sobre a possibilidade de aproveitar coisas boas no processo de envelhecimento, Anderson (2009) discorre que problemas são criados na linguagem e sustentados por comportamentos coordenados reciprocamente na linguagem. É comum que na literatura sejam criados e desenvolvidos diferentes sentidos sobre o processo de envelhecimento. Sua legitimidade, em alguns momentos, é medida com relação a maior representatividade numérica das pesquisas e/ou dados, que enfocam, como já visto anteriormente, nos prejuízos, perdas e aspectos negativos da velhice. Contudo, quando é dado espaço para que outras narrativas do eu surjam, permite-se que as pessoas retratem suas próprias vidas de forma diferente (Gergen & Gergen, 2008).

A ideia de que o envelhecimento é algo apenas físico apareceu também num estudo elaborado por Silva, Fossatti e Portella (2007), que inclusive foi realizado com homens idosos sobre a visão que os mesmos têm do envelhecimento, tal estudo aponta que os mesmos destacam a perda da força muscular em detrimento de outras transformações durante o processo de envelhecimento. O atual trabalho, não desconsiderou a existência de mudanças/transformações físicas, contudo com a mudança do foco para os ganhos do envelhecer, outras narrativas de sucesso puderam ser exploradas. Foi justamente a intencionalidade em criar este ambiente que permitiu que as questões positivas do envelhecimento surgissem.

Com base no grupo realizado é possível identificar que existem recursos pessoais utilizados para promoção de um envelhecimento positivo por parte dos participantes. Pode-se dizer que, compartilhar o conhecimento que tem, por exemplo, remete-se, possivelmente, à capacidade/habilidade de transmitir tradições e de se prolongar através da comunicação de suas aptidões.

No que se refere aos facilitadores externos para um envelhecimento positivo, Freitas, Queiroz e Sousa (2010) afirmam que o processo de envelhecimento é constantemente associado à ausência de papéis sociais valorizados e o isolamento. Contudo, os resultados do atual trabalho demonstram que o processo de envelhecimento positivo é justamente a criação de vínculos na comunidade e comumente a presença de uma outra pessoa no seu dia a dia (no caso a esposa e a família). Por um lado, a literatura aborda a velhice como um período em que as pessoas perdem seus papéis sociais e se isolam, neste sentido, o atual estudo não desconsidera isso, apesar de permitir a avaliação de que, mesmo diante desta condição, é possível a experiência de envelhecimento positivo. Tem-se como exemplo, também, o estudo realizado por Oliveira, Pasian e Jacquemin (2001) com mulheres idosas sobre a vivência ativa. Neste caso, o casamento aparece como uma variável significativa na determinação das qualificações dessa etapa de vida. Percebe-se que a possibilidade de ter companhia durante o processo de envelhecimento é algo positivo.

 

Considerações finais

Pôde-se identificar a partir dos dados construídos com a realização do grupo, aspectos positivos envolvidos no processo de envelhecimento. Enquanto a maioria dos estudos se desdobra em viéses que apontam o enfraquecimento, as perdas e o lado negativo da velhice, existe a necessidade de se desenvolver estudos que permitem a valorização do que existe de positivo nesta estapa da vida.

A estrutura da conversa foi fundamental para que as trocas entre os participantes pudessem acontecer de forma mais colaborativa. A intencionalidade dos pesquisadores no posicionamento dos participantes como pessoas com histórias valiosas a serem compartilhadas sobre uma velhice positiva possibilitou que múltiplos sentidos e realidades sobre um envelhecimento positivo pudessem ser produzidos e explorados.

Este estudo, ainda que deva ser entendido a partir do microcosmo conversacional que gerou os sentidos aqui discutidos, pode colaborar para se pensar nos diferentes viéses do processo de envelhecimento. É um convite para a discussão sobre o que existe de positivo à partir da fala dos sujeitos diretamente ligados ao fenômeno. Estes resultados oferecem conhecimento aos profissionais envolvidos no cuidado a essa população, além de permitir o desenvolvimento de repertórios linguísticos para as trocas cotidianas entre as pessoas para a definição da velhice como algo positivo.

 

Referências

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Endereço para correspondência

Laura Vilela e Souza
E-mail: lauravilelasouza@gmail.com

Recebido: 28/03/2015
1ª revisão: 10/06/2015
Aceito: 09/08/2015

 

 

1 Sofia Teodoro dos Santos é psicóloga pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro e mestranda em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia.
2 Laura Vilela e Souza é docente do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo.

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